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CCJ0022-WL-B-LC-ECA - Aula 02 - Direito à Vida e à Saúde

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AULA 2 
 
 
DIREITO À VIDA E À SAÚDE 
Antes de iniciarmos esta etapa, vamos fazer uma breve explanação acerca da 
sistemática adotada pelo legislador estatutário, que, antes de regulamentar qualquer direito 
fundamental, procurou estabelecer normas para nortear o seu aplicador em relação ao 
direito em questão. 
Partindo dessa premissa, do art. 1º ao 6º, traçou regras de caráter geral a serem 
aplicadas a todos os direitos. 
 
 
COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1 A 14 DO ECA 
 Art. 1º. 
- A lei se inicia sob o manto da Doutrina da Proteção Integral. 
- Partindo-se da idéia de que “doutrina” significa um conjunto de princípios que servem de 
base a um sistema qualquer (político, religioso, filosófico, científico etc.), temos que a 
proteção dessa lei é de aplicação ampla e irrestrita. 
 
 Art. 2º. 
- Apesar de indicar como únicos beneficiários da norma as crianças e os adolescentes 
ADMITEM DE FORMA EXCEPCIONAL A APLICAÇÃO DO E.C.A. ÀS PESSOAS ENTRE 
18 E 21 ANOS DE IDADE (ex: art. 36, 40 e 121, § 5º, da Lei 8.069/90). 
- Obs: Não mais existe a discussão sobre a revogação do parágrafo único do art. 2º da Lei 
8.069/90 pelo CC: 
1º) Primeiro, porque o CC é uma norma geral e, como tal, não revoga norma especial. 
2º) Segundo, porque o CC se destina apenas a regulamentar os atos da vida civil, e, por 
conseguinte, ele somente revoga as legislações extravagantes naquilo em que 
estiverem vinculadas à prática de ato da vida civil, o que significa que não revogou o 
disposto nos art. 40 e 121, § 5º, e sim apenas o disposto no art. 36 do ECA. 
 
 Art. 3º. 
- Define o OBJETIVO DA LEI, como o de facultar a todas as crianças e adolescentes o 
desenvolvimento físico, mental, espiritual e social em condições de liberdade e de 
dignidade. Apesar da clareza da lei, o que vemos nas ruas do nosso país é uma realidade 
muito diferente: crianças e adolescentes são desrespeitados desde o seu nascimento. 
 
 Art. 4º. 
- Indica os responsáveis pela garantia dos direitos fundamentais como sendo a família, a 
comunidade, a sociedade em geral e o poder público 
- Enumera os próprios direitos fundamentais 
- § único: Delimita o significado de PRIORIDADE ABSOLUTA. 
- Quanto a esses direitos fundamentais, que nada mais são do que os direitos fundamentais 
inerentes a qualquer pessoa humana, diferenciam-se dos demais direitos fundamentais, 
em razão da PRIORIDADE ABSOLUTA. Esta característica é muito importante no 
confronto de direitos. 
 Ex.: Imaginem que haja um único aparelho respirador num hospital e dele necessitem 
um bom velhinho, muito amado e querido pela comunidade, e um adolescente infrator, 
muito temido pela comunidade. Pelo princípio da prioridade absoluta, o aparelho terá 
de ser colocado no adolescente infrator. Vejam! Vocês poderiam indagar: o velho, 
segundo o Estatuto do Idoso, também não tem prioridade absoluta? Sim, porém esta 
previsão para os velhos existe na lei infraconstitucional, ao passo que, para os 
menores, esta previsão ocorre tanto em sede constitucional como infraconstitucional. 
 
Se o confronto de direitos se der entre criança ou adolescente, prevalecerá o direito da 
criança, por ser mais vulnerável. 
 
 Art. 5º. 
- A lei prevê a possibilidade de punição para todos aqueles que atentarem por ação ou 
omissão aos direitos fundamentais. 
 
 Art. 6º. O legislador fechou com chave de ouro estas disposições gerais, ao trazer 
regras específicas de interpretação e determinar o que deve ser levado em conta na 
interpretação de seus dispositivos: 
1) OS FINS SOCIAIS - que estão contidos no art. 3º; 
2) AS EXIGÊNCIAS DO BEM COMUM - formação de uma sociedade justa e solidária; 
3) A CONDIÇÃO PECULIAR DE PESSOA EM DESENVOLVIMENTO - não devemos 
encarar crianças e adolescentes como adultos ainda que seus atos se assemelhem 
aos de adultos. 
 
 Art. 7º. 
- O legislador procurou resguardar esse direito desde a fase gestacional. Essa peculiaridade 
faz com que esta Lei se diferencie das demais, na medida em que garante o direito de 
nascer. Logo, se um feto necessitar de uma operação ainda no ventre materno para nascer 
com saúde, por se tratar de um direito subjetivo do feto, o Estado é obrigado a garantir-
lhe esta operação, sob pena de ser obrigado a tal por força de sentença judicial. 
 
 Art. 8º. 
- Na tentativa de garantir o desenvolvimento saudável do feto, o legislador estatutário criou 
duas obrigações básicas para o SUS (Sistema Único de Saúde): 
atendimento segundo os critérios específicos referentes à gestante, preferencialmente pelo 
mesmo médico, e apoio alimentar. 
 
 Art 9º. 
- Aqui se tem a garantia do aleitamento materno a todas as crianças, inclusive aos filhos de 
mães submetidas a medida privativa de liberdade. 
 
 Art. 10. 
- Quanto aos hospitais públicos ou particulares, foram criadas cinco obrigações. Deve ser 
ressaltado que, como essas obrigações se constituem em direito subjetivo do bebê, a 
inobservância a elas poderá ensejar ou a propositura de ação civil pública ou ação de 
obrigação de fazer. As obrigações são: 
- Manter o registro dos prontuários por 18 anos: 
- Esta preocupação deixa clara a intenção do legislador de pôr fim à cultura do não registro 
das crianças sob o pretexto da falta ou do extravio de documento. Assim, para resolver a 
falta de registro de uma criança, devemos partir de duas perguntas: 
1ª) Se ela nasceu em casa ou no hospital. 
2ª) Se a mãe guardou a declaração de nascido vivo (vulgo papel amarelo). Se o 
documento se extraviou, basta solicitar a segunda via, para então proceder ao 
registro. Se não nasceu no hospital, aí se terá de propor ação baseada em prova 
testemunhal. 
 
1. Identificação do recém-nascido por meio da impressão plantar ou digital. Esta 
preocupação visa a evitar a troca dos bebês nos hospitais. 
2. Realização do teste do pezinho, que tem fim meramente preventivo. Hoje, além 
desse teste, são feitos outros, como o da córnea. 
3. Fornecer a declaração de nascido vivo com as intercorrências do parto. Toda 
criança, ao nascer, é submetida ao teste do Apgar, que varia de 10 a 00. 
Assim, dependendo da nota obtida, ela não poderá ser liberada do hospital e deverá 
permanecer numa UI (unidade intensiva) ou UTI-neonatal. 
4. Alojamento conjunto com a mãe. Sendo um direito subjetivo, não pode a direção 
do hospital negar-se a permitir que a mãe acompanhe o neném sob o pretexto 
de não ter um local apropriado. 
 
 Art. 11. O legislador também garante às crianças e aos adolescentes tratamento médico 
universal e igualitário, inclusive aos portadores de deficiências. Nessa obrigação, inclui-se o 
fornecimento de medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, 
habilitação ou reabilitação. Isso nos leva a concluir que, em se tratando de obrigação do 
Estado, o não cumprimento da obrigação ensejará a propositura de uma ação de obrigação 
de fazer. Não podemos esquecer que, para alguns tipos de medicamentos, a obrigação é do 
Estado e, para outros, é do Município. Devemos certificar-nos sobre de quem é a obrigação, 
para evitar a argüição de ilegitimidade de parte. 
 
 Art. 12. Também é garantido à criança e ao adolescente o direito de permanência de um 
dos pais ou responsáveis. Se o pai ou responsável não tiver equilíbrio para acompanhar o 
menor enfermo, poderá ser substituído por outro em condições. Basta que o hospital, por 
meio de seu serviço social, comunique o juiz da Infância e Juventude, para que ele tome as 
medidas cabíveis. 
 
 Art. 13. Na linha de garantia ao direito de saúde, o legislador estatutário, de forma 
prudente, obrigou á todos os estabelecimentos hospitalares a comunicar os casos de suspeita 
ou confirmação de maus tratos contra crianças ou adolescentes. O descumprimento dessa 
norma caracteriza infração administrativa, prevista no art. 245 do ECA. 
 
 Art.14. Como medida de prevenção, o ECA determina ao SUS a promoção de programas 
de assistência médica e odontológica, para as enfermidades que afetem a população infantil, 
bem como de campanhas de educação sanitária, além das campanhas de vacinação 
obrigatórias. 
Atenção: acesse sua disciplina on-line para participar do Fórum de Discussão, tirar suas 
dúvidas e realizar os exercícios de autocorreção desta aula. Isto é essencial para fixar o 
conteúdo e marcar sua presença na aula. 
 
 
EXERCÍCIOS 
1) Assinale a alternativa correta: 
I - Em caso de suspeita de maus tratos, os estabelecimentos de atenção à saúde (ou seu 
profissional) tem o dever de comunicar essa suspeita ao Conselho Tutelar. 
II - Qualquer criança, inclusive de mãe detenta, faz jus ao aleitamento materno. 
III - A vacinação de crianças é medida obrigatória, exceto por motivo de crença religiosa. 
IV - É assegurado à gestante, por meio do SUS, o atendimento prenatal e perinatal. 
R: Corretas as alternativas I, II e IV.

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