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CCJ0022-WL-B-LC-ECA - Aula 10 - Justiça da Infância e do Adolescente

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AULA 10 
 
JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
 
Com o objetivo de implementar uma nova concepção à Justiça da Infância e da 
Juventude, o legislador preocupou-se em regulamentar a sua formação, a competência do 
juiz da Infância e, ainda, cuidou dos serviços auxiliares. Além disso, traçou regras que 
garantem, às crianças e aos adolescentes, o acesso a essa justiça, tais como as referentes à 
capacidade, à gratuidade de justiça, aos recursos, etc. 
 
DA COMPETÊNCIA 
 
 Arts. 145 e 146 
- As varas da Infância e da Juventude não integram a denominada Justiça Especializada, e 
sim uma especialização da Justiça Comum. Pertence ao Poder Judiciário Estadual a 
atribuição de criação e instalação destes órgãos, conforme determina o art. 146 do ECA. 
 
 Arts. 147 e 148: Sob a rubrica “do juiz”, o legislador disciplinou os critérios específicos 
de FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA das varas da Infância e da Juventude, no que 
concerne à: 
I. MATÉRIA a ser decidida (art. 148). 
II. Ao TERRITÓRIO (art. 147). 
 
I. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA 
- Com base na regra processual de que a competência em razão da matéria é considerada 
absoluta e, como tal, não pode ser alterada, o legislador estatutário trouxe DUAS 
SITUAÇÕES DE COMPETÊNCIA ABSOLUTA no art. 148: 
 1ª hipótese (art. 48 caput) - cuida das matérias da competência exclusiva 
da Vara da Infância. 
 2ª hipótese (art. 148, § único) - cuida das matérias em que sua 
competência concorre com as da Vara de Família. 
 
Importante! 
As matérias constantes na 2ª hipótese (art. 148, § único), de regra, são 
conferidas às VARAS DE FAMÍLIA. Assim, torna-se necessário buscar um critério para 
que se saiba quando a competência recairá sobre a Vara de Família e quando recairá sobre a 
Vara da Infância. 
Nesses casos, a regra básica tem sido utilizar como norte a situação da própria 
criança, isto é: 
 A competência é da VARA DA INFÂNCIA caso a criança se encontre em uma das 
situações do art. 98. 
 A competência é da VARA DE FAMÍLIA caso a criança NÃO se encontre em uma 
das situações do art. 98. 
 
Ressalte-se que muitas vezes o aplicador da lei, face às situações que se 
apresentam, DA SITUAÇÃO DA CRIANÇA E O ARTIGO 98 
Há que ressaltar que, muitas vezes, em face das situações que se apresentam, O 
APLICADOR DA LEI TEM DE VERIFICAR SE A CRIANÇA ENCONTRA-SE NA SITUAÇÃO DO 
ARTIGO 98. O entendimento que já se firmou de longa data é o de que: 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo: 
Você recorda o caso do filho de uma famosa cantora de rock nacional, órfão de pai 
desde antes de seu nascimento e de mãe quando ainda era menor de idade? Nesta situação, 
a ação de tutela não deveria ter sido proposta na Vara da Infância e da Juventude da 
Comarca do Rio de Janeiro, porque o menor não se encontrava na situação do art. 98. Ou 
seja, ele já vivia, desde seu nascimento, sob os cuidados da autora da ação, que, além de 
companheira da destacada cantora, era mãe socioafetiva do menor. 
 
REGRA DO ARTIGO 209 
Esta regra merece atenção, porque trata, de forma específica, da competência para 
conhecer e julgar as AÇÕES CÍVEIS PÚBLICAS que tratem de LESÃO A DIREITOS 
TRANSINDIVIDUAIS de crianças e adolescentes. 
A norma legal trata de 2 hipóteses de competência do juiz da VARA DA 
INFÂNCIA: 
1. Em razão da MATÉRIA – que se extrai da expressão “competência absoluta”; 
2. Em razão TERRITORIAL – que decorre do local onde tenha ocorrido ou deva ocorrer 
a ação ou omissão. 
 
Observe: 
No art. 209, o legislador aponta ressalva para a competência da Justiça Federal e dos 
Tribunais Superiores, e deve o aplicador do direito seguir a regra contida no art. 109, CF e 
no art. 99 do CPC. Em outras palavras, nas causas onde há INTERESSES DA UNIÃO E 
DE ENTIDADES PÚBLICAS FEDERAIS (autarquias e empresas públicas), desloca-se 
a competência para a JUSTIÇA FEDERAL. 
 
II. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO TERRITÓRIO 
- Há 2 hipóteses previstas: 
 
1. Art. 147, I - A competência do juízo será fixada pelo DOMICÍLIO DOS PAIS OU 
RESPONSÁVEIS. 
- Responsável = Guardião, o tutor ou o curador 
- Ex: Em uma AÇÃO DE ADOÇÃO em que os autores já detenham a guarda jurídica do 
adotando, esta será proposta no FORO DO DOMICÍLIO DOS AUTORES, mesmo que os 
pais biológicos residam em comarca diferente. 
- Ex: Sendo proposta AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR, esta ação será 
proposta no DOMICÍLIO DOS PAIS OU RESPONSÁVEL. Aqui, o que se objetiva é atender 
ao interesse da criança. 
2. Art. 147, II – (1) Não havendo pais ou responsável, ou (2) estando eles em local incerto 
e não sabido, o foro competente será o do local onde se encontre a criança ou o 
adolescente. 
- Essa hipótese é SUPLETIVA do inciso I. 
- Ex: Em uma AÇÃO DE ADOÇÃO em que o adotando não possua pais ou responsável, ou 
que estejam em local incerto e não sabido, a ação será proposta na COMARCA ONDE 
ESTEJA A CRIANÇA. 
- Ex: Sendo proposta AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR, cujos pais se 
encontrem em local incerto e não sabido, a ação será proposta no LOCAL ONDE A 
CRIANÇA SE ENCONTRE. 
 
ALGUMAS OBSERVAÇÕES ESPECÍFICAS: 
 § 1º do art. 147 - Trata da COMPETÊNCIA PARA CONHECER E JULGAR AS AÇÕES 
SOCIOEDUCATIVAS. 
- O critério adotado é o do LOCAL DA PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL, e não o 
local do resultado. 
- Esse critério visa a facilitar a colheita de provas em função da proximidade e faz com 
que o processo tenha curso mais célere. 
- Já para o processo de execução para as medidas socioeducativas, o juízo competente 
será o mesmo que julgou a ação. 
 § 2º do art. 147 - Traz EXCEÇÃO à regra anterior, quando os pais ou responsáveis 
residam em comarca diversa do local onde tenha ocorrido o ato infracional. Neste caso, a 
lei determina que a medida pode ser delegada à autoridade competente da residência 
dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou 
adolescente. 
 § 3º do art. 147 - Cuida do juízo competente para o processo por INFRAÇÃO ÀS 
NORMAS ADMINISTRATIVAS do ECA. 
- Competente será o Juízo da Infância do local da sede da emissora ou rede. 
- Essa norma termina por determinar que a sentença terá eficácia para todas as 
emissoras e retransmissoras do respectivo Estado, o que se constitui numa heresia 
jurídica, porque, ao restringir a jurisdição, também restringe a atuação do Poder 
Judiciário, que, por sua vez, acaba violando a independência dos poderes do Estado. 
 
Alguns doutrinadores, entre os quais Walter Kengi Ishida, defendem a tese da NÃO 
APLICAÇÃO DA REGRA DA PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO, contida no art. 87 do CPC, 
aos processos que tramitam perante a Vara da Infância e da Juventude. Baseiam-se no 
PRINCÍPIO DO JUÍZO IMEDIATO, contido no texto do art. 147 e seus incisos, para 
defender que, se o processo tem início com base no critério do inciso I do art. 147 e 
posteriormente a criança é levada para localidade diversa da dos pais, deve-se 
utilizar a regra do inciso II do mesmo artigo, e os autos devem ser remetidos para 
o juízo do local onde estiver a criança. 
Não se pode concordar com tal posicionamento, por destoar de todo o sistema 
processual brasileiro e por total falta de amparo legal, já que O PRÓPRIO 
LEGISLADOR, NO ART. 152, REMETE O APLICADOR ÀS REGRAS PROCESSUAIS 
VIGENTES. 
 
 Art. 149 
Ainda no âmbito da competência do juiz, cuidou o legislador, no art. 149, da 
competência do juiz da Vara da Infância para disciplinar, por meio de PORTARIAS, e 
autorizar, mediante ALVARÁS, a entrada e a permanência da criança e do adolescente, 
desacompanhados dos pais ou responsáveis, em determinados locais, e para regulamentar a 
participação da criança ou do adolescente em espetáculos públicos. 
Sob esse aspecto, cuidou o legislador de estabelecer os parâmetros que visam a 
nortear o magistrado no momento da elaboração das portarias ou do exame dopedido de 
alvará. Como o estatuto não vinculou a validade dessas portarias à submissão de reexame a 
nenhum órgão, permitiu que a sua revisão seja feita por meio de recurso de APELAÇÃO 
(art. 199). 
 
 Art. 150 
Aqui, cuidou o legislador da formação dos serviços auxiliares, prevendo a formação 
de uma equipe interprofissional, com a finalidade de dar suporte às decisões do juiz da 
Infância. 
 
 
DOS RECURSOS 
Por ser um microssistema, o legislador estatuário cuidou das regras mínimas para os 
recursos a serem utilizados nos processos que tenham por objetivo matéria por ele 
regulamentada. 
 
Para uma melhor compreensão, acesse sua disciplina on-line, entre na Biblioteca da 
Disciplina, seção Material da Aula e leia o texto Dos recursos 
Para concluir esta aula, acesse sua disciplina on-line, entre Biblioteca da Disciplina, 
link Material de Aula, e leia o texto Regras gerais de acesso à Justiça da Infância e da 
Juventude. 
 
 
REGRAS GERAIS DE ACESSO À JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE 
Depois de delinear toda a rede de atendimento, começa o legislador a traçar as 
linhas mestras para garantir às crianças e aos adolescentes o acesso à justiça por especificar 
toda a parte processual do direito da Infância e da Juventude: normas referentes: à 
capacidade, à gratuidade de justiça, ao segredo de justiça, à competência, às ações e seus 
procedimentos, aos recursos e às partes que atuam nos processos (juiz, Mistério Público, 
advogado). 
As regras do Estatuto da Criança e do Adolescente, por ser lei especial, prevalecem 
sobre as leis tidas como gerais. A partir dessa premissa, dispôs o legislador, no art. 152, que 
as normas gerais processuais previstas nas legislações pertinentes se apliquem 
subsidiariamente às suas regras do ECA. 
Apesar de a Lei 8.069/90 ser uma excelente lei, extremamente avançada, o E.C.A. 
peca, em sua parte processual, pela falta de técnica legislativa e pela má distribuição da 
ordem dos assuntos, o que gera, para o aplicador, em determinados momentos, dificuldade 
em encontrar o dispositivo desejado. Esta falta de técnica faz com que grande parte dos 
operadores do direito encare o Estatuto como uma lei de segunda categoria. 
 
 Art. 142 
Aqui, começa o legislador a tratar da CAPACIDADE PROCESSUAL, praticamente 
repetindo as palavras do art. 8º do CPC, adotando a mesma linha do CPC no art. 142. Isso 
resulta em reforçar que: os absolutamente incapazes são representados, e 
 os relativamente são assistidos. 
 
Em seguida, cuidou da figura do CURADOR ESPECIAL, para superar possível 
conflito de interesses entre o incapaz e o seu representante legal ou a falta de representante 
legal. Tal como na legislação processual civil, a figura do curador especial é decorrente da 
aplicação do princípio do contraditório, na medida em que visa a garantir a ampla defesa. 
Como exemplo de curador especial na Vara da infância, podemos citar pedidos de 
emancipação, de registro tardio, suprimento de capacidade ou consentimento para 
casamento, ação de alimentos. 
 
Com relação à GRATUIDADE DE JUSTIÇA, apesar de o § 2º do art. 141 dispor 
acerca da gratuidade de custas e emolumentos para todos os processos da competência da 
Vara da Infância, esta norma há de ser interpretada nos moldes do art. 19 do CPA, já 
que a gratuidade de justiça é exceção em nosso sistema jurídico. Por tratar-se de norma de 
exceção, tem de ser interpretada restritivamente, ou seja, SOMENTE SERÁ CONCEDIDA A 
GRATUIDADE DE JUSTIÇA NA VARA DA INFÂNCIA QUANDO O PROCESSO EM CURSO 
TIVER POR OBJETO A PROTEÇÃO DO DIREITO DE UM MENOR. Se o objeto não for 
esse, haverá necessidade do recolhimento de custas e emolumentos. 
 
 Arts. 143 e 144 
- Não obstante o legislador estatutário ter tratado da regra processual relativa ao SEGREDO 
DE JUSTIÇA, nos art. 143 e 144, ele se referiu única e exclusivamente aos procedimentos 
e PROCESSOS PARA APURAÇÃO DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL. 
 Como conseqüência do sigilo do processo e da investigação, é vedada a divulgação do 
nome, da imagem ou de qualquer outro dado que possa identificar o autor do ato 
infracional. 
- Segundo o disposto no § do art. 143, a violação dessa regra configura a prática da infração 
administrativa prevista no art. 247 do Estatuto. 
- Deve ser ressaltado que não estão amparadas pela regra do art. 143 as VÍTIMAS DO 
ATO INFRACIONAL, mesmo que sejam crianças ou adolescentes, já que a regra é 
específica para o autor do ato infracional. 
- A regra constante no art. 144 é decorrência lógica do art. 143, quando estabelece que a 
expedição de qualquer CERTIDÃO REFERENTE A ALGUMA AÇÃO SOCIOEDUCATIVA 
só se dará mediante REQUERIMENTO JUSTIFICADO. 
- No que se refere aos processos dos adolescentes carentes, o ECA não traz regra 
expressa sobre o segredo de justiça, mas, em face da disposição constante do art. 152, 
que remete para a legislação processual vigente, torna perfeitamente possível a aplicação 
do art. 155 do CPC, que cuida desse tema. 
 
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: 
I - em que o exigir o interesse público; 
Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, 
alimentos e guarda de menores. 
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às 
partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao 
juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do 
desquite. 
 
 
 
AULA 11 
 
DO MINISTÉRIO PÚBLICO E A PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES 
INDIVIDUAIS, DIFUSOS OU COLETIVOS 
Sabe-se que, a partir da Constituição de 1988, o MP passou a ter uma atuação muito 
mais voltada para a solução dos problemas sociais. Nessa esteira, ao estabelecer o rol de 
atribuições no art. 201 o legislador estatuário elegeu o MP como o grande ator na defesa dos 
direitos das crianças e adolescentes, permitindo-lhe atuar tanto na esfera judicial como 
extrajudicial. 
 
1. ATRIBUIÇÕES JUDICIAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Promover as ações socioeducativas; promover as ações de alimentos, suspensão e 
destituição de poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiões; 
promover a inscrição da hipoteca legal e a prestação de contas de tutores e curadores; 
promover ação civil pública; promover as medidas judiciais cabíveis; impetrar mandado de 
segurança, mandado de injunção e habeas corpus; propor ação representação administrativa 
para apuração de infrações às normas de proteção. 
 
2. ATRIBUIÇÕES EXTRAJUDICIAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Conceder remissão como forma de exclusão do processo; promover inquérito civil; instaurar 
procedimentos administrativos; instaurar sindicância, requisitar diligências investigatórias e 
requisitar instauração de inquérito policial; promover medidas extrajudiciais para o efetivo 
exercício dos direitos fundamentais; inspecionar as entidades e programas destinados aos 
menores; requisitar força policial bem como serviços públicos ou particulares para o 
desempenho de suas funções. 
 
DO ADVOGADO 
O ECA seguiu as determinações constantes dos tratados e convenções internacionais 
ao garantir às crianças e aos adolescentes a DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO 
CONSTITUÍDO OU ATRAVÉS DA DEFENSORIA EM CASO DE HIPOSSUFICIÊNCIA (art. 206 e 
207). 
Merece destaque a regra contida no § 2º do art. 207: a falta do defensor do 
adolescente infrator a um ato processual, previamente designado, não implica no 
adiamento do ato. Quanto a esse tema, destacam-se dois aspectos importantes: 
1. Presença do advogado durante a oitiva informal do adolescente infrator pelo 
órgão do MP - o entendimento prevalente é no sentido de se PERMITIR A PRESENÇA 
DO ADVOGADO, desde que ele não interfira no depoimento de seu cliente. 
2. Atuaçãodo advogado junto ao Conselho Tutelar - o entendimento é no sentido de 
que, como os procedimentos que têm em curso perante o Conselho Tutelar também são 
acobertados pelo manto do SEGREDO DE JUSTIÇA, essas informações somente 
podem ser fornecidas pelo Conselho Tutelar para atender requisições judiciais e 
do MP. 
 
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS OU COLETIVOS 
Ao tratar de ações para a garantia dos direitos dos menores, o legislador agrupou-as 
em ações individuais e coletivas. Visto que as ações coletivas protegem um grupo maior de 
pessoas, iniciaremos nosso estudo com as ações coletivas. 
Continue sua aprendizagem a partir da leitura do texto Da proteção judicial dos 
interesses individuais, difusos ou coletivos. Ele está disponível na Biblioteca da 
Disciplina, seção Material de Aula. 
 
 
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS OU COLETIVOS 
Observe: 
A enumeração do art. 201 é EXEMPLIFICATIVA e não taxativa. 
O legislador também prevê ser obrigatória a intervenção do MP em todos os 
processos em curso na Vara da Infância, sob pena de NULIDADE (art. 202 e 204). 
Ainda nessa linha, o legislador determina que as manifestações do Ministério Público 
devem ser fundamentadas (art. 205). 
 
Como é sabido por todos, os interesses difusos, coletivos e individuais 
homogêneos correspondem à 3ª geração de direitos fundamentais. Para atender a essa 
nova modalidade de direitos, fez-se necessário que o ordenamento jurídico criasse novos 
instrumentos para a sua proteção, como a ação popular e a ação civil pública. 
 
1. AÇÃO POPULAR 
- Criação pela Lei 4.717/65 
- Legitimado ativo: o cidadão 
- Objeto: a anulação ou decretação de nulidade dos atos lesivos ao patrimônio 
público. 
2. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
- Criação pela Lei 7.347/85 
- Legitimado ativo: o MP , as autarquias, a sociedade de economia mista, a empresa 
pública e as associações constituídas há pelo menos um ano 
- Objeto: a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio artístico, 
histórico, turístico e paisagístico ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. 
 
Na linha de garantir os direitos metaindividuais dos menores, o legislador estatutário 
disciplinou da AÇÃO CIVIL PÚBLICA em seu art. 210, divergindo apenas no que diz 
respeito aos FINS DAS ASSOCIAÇÕES, que deve ser o de “DEFESA DOS INTERESSES E 
DIREITOS PROTEGIDOS PELA LEI 8.069/90.” 
Também, aqui A LEGITIMAÇÃO É CONCORRENTE, AUTÔNOMA E DISJUNTIVA, 
dando possibilidade a cada um dos concorrentes proporem a ação INDIVIDUALMENTE 
OU EM LITISCONSÓRCIO, inclusive entre os membros do MP. 
Visto que são graves as situações de violação de direitos metaindividuais – que, de 
regra, necessitam de proteção judicial - a lei prevê a CONCESSÃO DE LIMINAR (art. 213 
§1º). Essa providência cautelar pode ser PRÉVIA À AÇÃO CIVIL PÚBLICA OU INCIDENTAL, 
sendo que para a concessão da liminar é OBRIGATÓRIA A OITIVA DO PODER 
PÚBLICO. 
 
Quanto ao OBJETO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA, o legislador estatutário seguiu a 
mesma técnica contida na Lei 7.347/85, ou seja, apenas indicou um ROL 
EXEMPLIFICATIVO e não taxativo em seu art. 208, enumerando oito situações de 
desrespeito aos direitos dos menores. 
 
Quanto ao ÓRGÃO COMPETENTE PARA CONHECER ESTA AÇÃO, o legislador 
adotou a regra da competência territorial em seu art. 209, ressalvadas a competência da 
Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores. 
Diante da importância da matéria em litígio, o legislador estatutário também 
permitiu ao juiz da causa JULGAR EXTRA PETITA nas obrigações de fazer e não 
fazer, aplicando astreintes, mesmo que o autor não as tenha pedido (art. 213 e §§2º e 3º), 
in versis: 
“... ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do 
adimplemento.” 
 
Na trilha da Lei 7.347/87, no art. 223, o legislador estatutário previu a possibilidade 
de INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO CIVIL, sob a presidência do Ministério Público, com a 
finalidade de verificar a existência de LESÃO DE DIREITO METAINDIVIDUAL. Ao término 
do inquérito civil, o MP poderá optar por: 
1) Intentar a ação civil pública, ou 
2) Realizar o termo de ajustamento de conduta ou 
3) Promover o seu arquivamento. 
 A promoção desse arquivamento, segundo os moldes do § 1º do art. 223, deverá 
ser FUNDAMENTADA com a exposição dos fatos e os motivos que levaram ao seu 
entendimento. 
 Controle desse arquivamento (§ 2º do art. 223): Feito pelo Conselho Superior do 
Ministério Público, devendo o MP que promoveu o arquivamento remeter os 
autos ao Conselho para homologação, no prazo de 3 dias, sob pena de falta 
funcional. 
 Previu ainda o legislador que, enquanto o Conselho Superior não se manifestar, 
qualquer dos legitimados para a propositura da ação civil pública poderá se 
manifestar nos autos e, inclusive, acrescentar peças (art. 223, § 3º). 
 Finalmente, estabelece a lei que, após o arquivamento, o inquérito somente será 
reaberto com FATOS NOVOS. 
 
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC) 
- Instrumento que permite ao CAUSADOR DA LESÃO fazer uma COMPOSIÇÃO 
EXTRAJUDICIAL DO CONFLITO EM QUESTÃO, de forma a se buscar a execução 
específica da obrigação. 
- Legitimidade para negociar o TAC: 
1) MP 
2) Todos aqueles que têm legitimidade para propor a ação civil pública 
 (art. 211). 
- A lei atribuiu ao TAC a NATUREZA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL e, como 
conseqüência, poderá ser executado diretamente em caso de descumprimento (§ 5º do 
art. 211). 
 
 
 
 
OUTRAS AÇÕES PREVISTAS NO ECA 
- Ainda dentro do capítulo da proteção dos direitos metaindividuais, o legislador estatutário 
cuidou dos DIREITOS INDIVIDUAIS, instrumentalizados através de outras ações como a 
ação mandamental e a ação para cumprimento de obrigação de fazer (art. 212). 
- O MP somente terá legitimidade para propor ação que vise à defesa dos direitos 
individuais do menor quando: 
1) Não possua representante legal 
2) Mostre-se omisso ou 
3) Não cumpra com a sua obrigação legal. 
- Diante do texto do art. 212, a conclusão que se chega é que NÃO É CABÍVEL A 
UTILIZAÇÃO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA A DEFESA DE DIREITOS 
INDIVIDUAIS. 
 
1. AÇÃO MANDAMENTAL (§ 2º do art. 212) 
- Cabimento: Contra ATOS ILEGAIS OU ABUSIVOS de (1) autoridade pública ou (2) agente 
de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público, que lesem DIREITO 
LÍQUIDO e certo previsto no ECA. Rege-se pelas normas da lei do MS (Lei 1.533/51). 
- Aspectos importantes nessa ação: 
a) Autoridade - é aquela pessoa que desempenha uma FUNÇÃO PÚBLICA COM PODER 
DE DECISÃO. 
b) Direito líquido e certo - é aquele que pode ser exercido e, por conta disso, pode ser 
comprovado plenamente no ato da impetração da ação. 
c) Juiz competente - será o Juízo da Infância do local onde estiver ocorrendo a 
violação do direito (art. 209). Ex: Decorrem das situações ligadas à educação, 
como obtenção do histórico escolar para transferência do aluno que se encontra com 
a mensalidade atrasada, ou pedido para fazer prova na hipótese de o aluno se 
encontrar suspenso. 
 
2. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER 
- Como toda modalidade obrigacional, estas ações decorrem de duas fontes: 
a) A LEI 
b) A CONVENÇÃO DAS PARTES 
- No âmbito da Vara da Infância, estas ações decorrem mais da OBRIGAÇÃO LEGAL do que 
do contrato. 
- A Vara da Infância somente terá competência para conhecer dessas ações quando um 
direito fundamental estiver sendo violado (art. 209). 
 Ex: Escola pública que possua sala de aula em péssimo estado de conservação; falta 
de docente em determinada escola; entrega de medicamentos; tratamento 
especializado etc.

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