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Responsabilidade Civil

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CURSO DE DIREITO
RESPONSABILIDADE CIVIL
Prof. Luiz Carlos Secca
Cel 22 – 992175773
Email lcsecca@secca.adv.br
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Prof. Luiz Carlos Secca
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Programa da Disciplina
Evolução Histórica da Responsabilidade Civil
Elementos Essenciais da Responsabilidade Civil
Responsabilidade Civil Contratual
Responsabilidade Civil Extracontratual
Responsabilidade Civil da Administração Pública
A Culpa
Relação de Causalidade
O Dano e sua liquidação
Meios de Defesa e Excludentes da Ilicitude
Responsabilidade Civil Automobilística
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Referências
Programa de Responsabilidade Civil – Sérgio Cavalieri Filho – Ed. Atlas
Direito Civil Brasileiro, V.4 – Carlos Roberto Gonçalves – Ed. Saraiva
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Avaliação
 A1 e A2
 Prova múltipla
 Prova discursiva
 Oito questões. 
 Valor 04 pontos.
 S/ consulta a lei.
 Três questões. 
 Valor 06 pontos.
 C/ consulta a lei.
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Breve Histórico
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 Fases
Reação imediata
Vindita imediata (alei de Talião)
 Primórdios da humanidade – vingança privada
 Período da composição – compensação econômica
 Período c/ autoridade soberana
 Período Romano – Estado assume a função de punir – Lex Aquilia 
 Vedação de justiça c/ as próprias mãos.
 Composição passa ser obrigatória
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Responsabilidade
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 Conceito
 Dever jurídico
 Originário ou primário
 Sucessivo ou secundário
 Distinção entre obrigação e responsabilidade
“É o dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário.”
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 Espécies de responsabilidade
 Responsabilidade civil e penal
 Responsabilidade contratual e extracontratual
 Responsabilidade subjetiva e objetiva
 Responsabilidade nas relações de consumo
 Exclusão de Ilicitude
 Exercício regular de um direito
 Legitima defesa
 Estado de Necessidade
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 R. Civil
 Extracontratual
 Contratual
 Subjetiva
 Objetiva
 Culpa provada
 Culpa presumida
 Abuso de direito
 Atividade de risco – fato do serviço
 Fato do produto
 Fato de outrem
 Fato da coisa
 Estado e dos prestadores de serviços públicos
 Relações de consumo
 Obrigação de resultado
 Obrigação de meio
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Pressupostos da Responsabilidade
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 Comportamento
 Conduta
 Ação
 Ação
 Nexo de imputação (dolo ou culpa; risco)
 Nexo causal
 Dano
“É toda reação dos seres vivos nas suas relações com o meio ambiente, numa unidade de tempo.”
“É a capacidade humana de se conduzir consciente de sua autodeterminação”.
“É a decorrência da capacidade de se conduzir, pressupõe sempre uma finalidade eleita pelo sujeito, isto é, a escolha de um alvo ou objetivo que pretende atingir”.
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 Responsabilidade direta
 Responsabilidade indireta 
 Ação
 Ação comissiva
 Ação omissiva
“A ação de terceiros que causa diretamente os danos”. 
“Movimento de exteriorização da conduta consistente em um movimento corpóreo. Comportamento positivo”.
“Consiste numa inatividade, isto é, numa abstenção da prática de atos. Comportamento negativo”.
 Responsabilidade
“A ação consiste em ato ilícito do próprio responsável que causa diretamente os danos”.
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 Nexo de imputação
 Culpa (lato sensu) = erro de conduta
 Dolo conduta qualificada com a intenção de lesionar. Conduta voluntária e resultado voluntário.
 Culpa conduta destituída da intenção de lesionar. Conduta voluntária e resultado involuntário.
“É o critério pelo qual se liga o fato danoso ao agente, isto é, a culpa ou o risco”.
 Importante: Na conduta culposa o resultado era previsto ou previsível, porque o agente deixou de agir com o devido cuidado.
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 Imprudência
 Negligência
 Imperícia
“Falta de cuidado por conduta omissiva”.
“Falta de cuidado por conduta comissiva”.
“Falta de habilidade no exercício de habilidade técnica”.
 Culpa grave 
 Culpa leve
 Culpa levíssima
“É aquela em que o agente atua com falha grosseira ao dever de cuidado, com descuido injustificável, ante uma situação em que o resultado era previsto”.
“É a falta a um dever de cuidado ordinário, comum a qualquer pessoa”.
“É o mero descuido, pela ausência de habilidade ou de conhecimento para determinada tarefa”.
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 Culpa in eligendo 
 Culpa in vigilando
 Culpa in custodiando
“Caracteriza-se pela má escolha dos empregados ou prepostos por parte do patrão”.
“Caracteriza-se pela falta de atenção e cuidado para com o comportamento das pessoas que estavam sob a guarda ou responsabilidade do agente”.
“Se refere ao descumprimento do dever de guarda de animal ou coisa”.
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 Culpa presumida
 Culpa concorrente
 Culpa contra a legalidade
“Criada por lei, tendo em vista que em vários casos é muito difícil ou até impossível a prova da culpa, uma presunção relativa e admitindo a inversão do ônus da prova”.
“Decorre da concorrência de eventos, isto é, uma conduta culposa do agente e a conduta culposa da vítima produzindo um resultado danoso”.
“Considera que a simples inobservância de regra expressa de lei ou regulamento serve para configurar a culpa do agente, sem necessidade de outras indagações.”
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 Risco
 Modalidades de risco
“É perigo, é probabilidade de dano”.
 Risco proveito
 Risco profissional
 Risco excepcional
 Risco integral
“A pessoa que tira proveito ou vantagem da atividade perigosa é responsável pelos danos dela decorrente”.
“Esta relacionado às relações de trabalho, responsabilizando o empregador pelos danos causado ao empregado, em decorrência da atividade por este desenvolvida”.
“Se refere às atividades que, por sua natureza, representam um elevado grau de perigo, tanto para as pessoas que as desempenham diretamente, como para os demais membros da coletividade”.
“É o grau mais elevado de responsabilidade objetiva, não admitindo nenhum tipo de exclusão, mesmo na ocorrência de caso fortuito ou força maior”.
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 O nexo de causalidade
 Teorias sobre o nexo de causalidade
“É o elo que liga o dano ao seu fato gerador. É a relação de causa e efeito”.
Diferença entre nexo de causalidade e nexo de imputação
“O NI liga dano e o agente, diz respeito aos aspectos subjetivos, enquanto o NC se refere aos aspectos objetivos da conduta”.
 Teoria da equivalência dos antecedentes.
 Teoria da causalidade adequada.
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Teoria da equivalência dos antecedentes.
 Teoria da causalidade adequada.
“Não se pode distinguir entre causa, isto é, aquilo de que algo dependa para existir; e condição, ou seja, o que permite que a causa produza os seus efeitos (conditio sine qua non)”. 
“Estabelece que a causa é tão somente aquele antecedente mais adequado à produção do resultado”.
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 Culpa concorrente
 Interferência de terceiros: co-participação e solidariedade
 Condições fáticas pré-existentes, concomitantes ou supervenientes
 Concorrência de causas ou concausas
“São fatos que concorrem para produção do evento danoso, juntamente com a conduta daquele que é apontado como responsável, podendo resultar da interferência da própria vítima, de terceiros ou de condições fáticas preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
“Ocorre quando a conduta da vítima concorre com a do agente para produção do evento (art. 945, CC)”.
“Ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem efetivamente para o resultado, simultaneamente ou sucessivamente (art. 942, CC)”.
“Ocorre quando outras condições venham se somar à conduta do agente para dar causa ao dano”.
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 Excludentes do nexo de causalidade
 Fato exclusivo da vítima
 Fato de terceiro
 Caso fortuito e força maior
“Se ficar demonstrado que o evento danoso teve como causa adequada a conduta da própria vítima, desaparece o nexo da causalidade”.
“Uma vez demonstrada que o evento danoso se atribui a terceira pessoa, que não a vítima nem o agente aparente, desaparece o nexo de causalidade”.
“No caso fortuito, o evento pode ser atribuído a causa desconhecida ou a fato de terceiro; Na força maior, o evento é atribuído a natureza”.
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 O dano
 Danos
 Patrimoniais ou materiais
 Extrapatrimoniais
 Emergente (damnum emergens)
 Lucro cessante (lucrum cessans)
“É a lesão de um bem ou interesse juridicamente tutelado, seja ele material ou moral, ou a diminuição dos valores que dele provêm, causado por ação ou omissão de um agente”.
 Dano material
“Consiste na lesão concreta que atinge interesses relativos a um patrimônio, acarretando sua perda total ou parcial”.
“Importa em efetiva e imediata diminuição no patrimônio da vítima em decorrência de ato danoso praticado pelo ofensor”.
“Traduz reflexo futuro do ato danoso sobre o patrimônio da vítima, consistindo em perda do ganho esperado, na frustração da expectativa de lucro, na potencial diminuição de seu patrimônio”.
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 Dano
 Danos individuais
 Danos coletivos ou transindividuais
 Dano
 Direto
 Dano reflexo ou de ricochete
“É o dano suportado pela própria vítima da ação lesiva”.
“Ocorre quando a vítima sofre as conseqüências ou reflexos do dano causado a um terceiro”. 
“Danos a coletividade propriamente dita, a diversos indivíduos de uma comunidade ou ainda a uma pessoa jurídica, com reflexos para seus integrantes”.
“Danos a uma determinada pessoa”.
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 Tipos de interesses transindividuais
 Interesse difuso
 Interesse coletivo
 Interesses individuais homogêneos
“Atinge um número indeterminado de pessoas”.
“Se dirige a uma comunidade com destinatários determináveis”.
“Os indivíduos atingidos são perfeitamente identificáveis”.
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 Modalidades de Reparação
 Reparação natural
 Reparação específica
 A reparação em dinheiro ou por equivalente
“Ocorre pela restauração do objeto danificado ou sua recolocação para fins de extração da diminuição patrimonial ou, nos casos de danos morais, quando possível a reparação pelos mesmos meios pelos quais se deu a ofensa”.
“Ocorre em decorrência da criação de situação aproximada ao status quo ante”.
“É a mais comum, tendo em vista que os outros tipos de indenização, na maior parte das vezes, não são mais possíveis
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“Têm legitimidade para exercitar o direito ao ressarcimento aquele que suporta o prejuízo, ou seja, a vítima, herdeiros da vítima, familiares e dependentes econômicos no caso de homicído, companheira e pessoa jurídica (art.943, CC e art. 43. CPC)”.
“Tem legitimidade o autor material do dano, que é, em caso de responsabilidade subjetiva, aquele que atuou negligência, imprudência ou imperícia, ou, tratando-se de responsabilidade objetiva, o que assumiu o risco do exercício de determinada atividade”.
 Legitimidade ativa para pleitear a reparação de danos
 Legitimidade passiva para reparar os danos
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 Reparação do dano material
 Perda de chance
 Dano material direito e indireto
 Juros e correção monetária
“Mediante a reposição natural (in natura) quando no bem é restituído àquele estado em que se encontra antes do fato danoso (status quo ante) ou através de prestação pecuniária de caráter compensatório.”
“Ocorre nos casos em que o ato ilícito praticado por outrem retira da vítima a oportunidade de vir, futuramente, a experimentar situação superior à atual.”
“O direto causa imediatamente um prejuízo no acervo patrimonial do lesado, enquanto o indireto atinge interesses jurídicos extrapatrimoniais ou patrimoniais da vítima, mas que lhe causa reflexo de forma mediata em seu patrimônio.”
“Arts. 404 e 406, CC.”
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 Espécies de dano moral
 Legitimidade para interpor ação de reparação por danos morais
 Dano moral indireto
 Quantificação do dano moral
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 Natureza jurídica da indenização por danos morais
 Critérios para a reparação do dano moral
 Prova do dano moral
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 Dano moral às pessoas jurídicas
 Dano estético
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Excludentes de Responsabilidade Civil
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 Ausência de conduta
 Ausência de dano
Ausência de nexo de causalidade
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 Ausência de nexo de imputação
 Prescrição e decadência
 Previsão em lei
 Cláusula de isenção de responsabilidade ou cláusula de não indenizar
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Os Efeitos no Civil da Sentença Penal
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Indenização em Caso de Homicídio
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“O direito à vida constitui-se em direito da personalidade e, por isso, tem caráter extrapatrimonial. Todavia, indiretamente, sua violação pode resultar em lesões patrimoniais, tanto a título de danos emergentes quanto de lucros cessantes (dano material indireto)”. 
“A interrupção do natural processo vital humano por outrem constitui 
ilícito previsto tanto no Código Civil, em seu art. 948, como no Código Penal, em seu art. 121”. 
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“O art. 948, CC, tem-se que a enumeração das verbas indenizatórias não é exaustiva, não se admitindo interpretação restritiva em matéria de liquidação de danos causados por homicídio.”
 Indenização em caso de homicídio 
 Despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família (art. 948, I, CC).
 Despesas de tratamento inclui-se tudo quanto for comprovado nos autos do processo indenizatório a título de custos hospitalares, gastos com remédios, com transportes para consultas e demais tratamentos que visavam a recuperação da vítima.
 Despesas de funeral são as inerentes ao sepultamento, como aquisição de jazigo, ataúde e demais custos desta natureza. Indenizações a título de danos emergentes, cuja jurisprudência predominante tem fixado uniformemente em cinco salários mínimos, por se tratar de gastos inevitáveis e que, mais cedo ou mais tarde, fatalmente recairão sobre todos os seres humanos.
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Despesas com o luto da família compreendem a aquisição de vestes lúgubres, prática que há muito já caiu em desuso na sociedade, mas também em razão de realização de cerimônias religiosas para o sufrágio da alma do falecido, na indenização pela tristeza da perda de um ente querido, dentre outras que se puder verificar no caso concreto, tudo condizente com os padrões econômicos que tinha a vítima.
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O art. 948, II, do CC/2002, dispõe que o causador do homicídio fica obrigado a prestar alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável de sua vida, se esta não houvesse sido interrompida.
A doutrina critica a manutenção no texto atual da expressão “na prestação de alimentos às pessoas a quem o defunto os devia”, porque pode levar à confusão entre crédito de reparação e crédito de alimentos, dando margem ao entendimento segundo o qual somente aos titulares de direito a alimentos pode ser deferida a reparação do dano, ao passo que esta deve ser bem mais abrangente.
O direito à reparação pode ser reconhecido tanto aos titulares de direito a alimentos como àqueles que a qualquer título recebiam auxílio econômico permanente da vítima, tais como auxílio à educação, assistência, dentre outros.
Prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia
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Tem-se adotado como expectativa média de vida de uma pessoa a idade de setenta anos, em que pese haver tendência de maior longevidade nos tempos atuais, podendo essa média ser elevada quando da análise do caso concreto.
Neste caso, a fixação do montante da pensão devida a título de lucros cessantes é dosada na medida dos parâmetros fixados pela jurisprudência.
Expectativa média de vida
“O pensionamento fixado judicialmente deve ter por base os proventos normalmente auferidos pela vítima e sua provável
expectativa de vida, abatendo-se as despesas que tinha consigo própria, estas fixadas em trinta e três por cento de seus ganhos, segundo reiterado entendimento dos pretórios”.
Expectativa média de vida
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“Devem integrar a indenização, se a vítima era empregada celetista ou equiparada ou estatutária, seguindo-se o entendimento de que a verba ressarcitória deve ser capaz de atender todas as necessidades cotidianas dos dependentes da vítima na mesma medida em que eram atendidas antes de sua morte”.
“A pensão deve ser reajustada sempre que houver modificação no valor do salário mínimo ou do piso salarial da categoria profissional à qual pertencia a Vítima”.
Súmula 490 do STF
O 13.° salário e acréscimos decorrentes de férias
Importante: A fixação de indenização pode tornar-se difícil na hipótese de o morto não ter trabalhado em emprego fixo ou não ter sido assalariado, recebendo remunerações variáveis a cada mês. Neste caso, o razoável seria extrair-se uma média de seus ganhos nos últimos doze meses, para que sirva de base para a fixação do pensionamento.
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“Na hipótese de a vítima ter deixado vários dependentes, a jurisprudência admite o direito de acrescer entre eles. À medida que cada um dos dependentes vem a completar a maioridade ou a morrer, sua cota é acrescida ao montante geral e rateada entre os demais dependentes sobrevivos, de maneira a se preservar sempre a integralidade da pensão, pois presume-se que a vítima, se viva fosse, assistir-lhes-ia melhor”.
Importante: A idade para cessação da dependência, para fins de pensionamento, tem sido relativizada pela jurisprudência, e às vezes estendida até que os dependentes completem vinte quatro ou vinte e cinco anos, idade provável da conclusão de seu curso superior ou em que venham deixar a residência familiar em virtude de casamento, união estável ou por estabelecerem-se financeiramente, mediante proventos de seu próprio trabalho.
Pluralidade de dependentes da vítima
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Indenização por morte de pessoa menor, inválida ou que não desenvolvia atividade remunerada
Entendimento antes da CF/88 No caso de ter sido vítima de homicídio pessoa menor, inválida, ou que por qualquer outro motivo não exercia nenhuma atividade capaz de proporcionar-lhe algum proveito financeiro, à primeira vista não haveria que se falar em pagamento de pensão pelo homicida, pois esta refere-se à indenização por lucros cessantes, e tais pessoas não contribuíam para o sustento doméstico.
A partir da promulgação da Carta Magna de 88 passou-se a admitir, nestes casos, tão somente obrigação de indenizar por danos morais em decorrência da súbita perda de um ente querido da família.
Nos dias atuais passou-se da posição negativista para aquela segundo a qual, no caso de homicídio do menor, admitia-se indenização com base na expectativa de que o menor pudesse vir a alimentar seus pais futuramente.
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Não obstante o filho menor não ter contribuído financeiramente para o sustento do lar, a jurisprudência tem entendido, em certos casos, que tal menor representava potencial capacidade de contribuição no rateio das despesas domésticas.
Nestes casos, a indenização seria devida à sua família desde o momento que atingisse a idade laboral, que hoje inicia-se aos quatorze anos, na condição de aprendiz, e aos dezesseis anos, ao atingir a capacidade laboral plena, até os vinte e quatro ou vinte e cinco anos, quando deixaria a casa da família em razão de contrair casamento ou união estável, ou então finalizaria curso superior.
Considerações sobre o entendimento atual
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“Já há entendimento da Quarta Turma do STJ no sentido de que a indenização por morte de menor deve ser paga em sua integralidade até a data em que completaria vinte e cinco anos, e, a partir de então, a indenização paga à família passa a ser devida reduzida pela metade, extinguindo-se na data em que a vítima atingiria sessenta e cinco anos, ou cessando quando desaparecerem os dependentes”. 
Jurisprudência
Neste sentido o seguinte julgado: “Responsabilidade civil - Homicídio praticado por agente da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, no exercício da função - Responsabilidade objetiva da Municipalidade - vítima menor de idade, sem rendimentos comprovados - Presunção quanto à sua participação futura no rendimento familiar modesto - Valor da indenização material fixada em pensionamento dos autores até a idade provável da Vítima (65 anos)” (STJ - 4.a T. - REsp 6643 7/PR - Rel. Min. Barros Monteiro.
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“Não há que se falar em indenização à sua família, pois o mesmo ainda não atingira o início da personalidade civil, e a lei lhe salvaguarda apenas seus direitos. Deste modo não se reconhece a seus familiares direito à indenização por danos materiais/lucros cessantes”.
Morte do nascituro
Entendimento no passado a mulher que não exercia atividades lucrativas, da mesma forma inadmitia-se a condenação do homicida em verbas indenizatórias diversas daquelas destinadas às despesas referentes ao funeral e o luto da família; além do que, havia julgados no sentido de não ser devida indenização ao marido daquela mulher que só desempenhava atividades domésticas, porque os devidos trabalhos seriam compensados com as despesas que o marido teria para sustentá-la e mantê-la (RT 325/115)”.
A mulher do lar
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Num segundo momento passou-se a admitir indenização somente em favor da família daquela mulher que exercia atividade remunerada por trabalhos desempenhados fora do lar. 
Na atualidade passou-se a acolher o entendimento de ser devida indenização também da mulher que apenas ocupava-se com os afazeres domésticos. A justificativa se dá pela ausência da mulher, ainda que não exerça outras atividades além das domésticas, o que desorganiza a estrutura familiar, exigindo maior esforço econômico para a realização daquelas tarefas habituais que normalmente ficam a cargo das donas de casa.
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Cessa o dever de prestar alimentos ao cônjuge ou companheiro da vítima caso estes contraiam novo matrimônio ou união estável, implicando em extinção da necessidade do recebimento da verba indenizatória.
As hipóteses previstas art. 948 do CC/2002 não excluem outras reparações que se fizerem necessárias. A análise do caso concreto é que dirá a respeito da cumulação entre o pensionamento da família da vítima e a reparação por danos morais, sempre se tendo em mente que a ideia central da teoria da responsabilidade civil reside em que a indenização deve ser capaz de reparar os danos da maneira mais completa possível.
Considerações relevantes:
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Indenização em Caso de Lesões Corporais
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 Lesões corporais e o dever de indenizar (arts. 949, 950 e 951, CC).
A respectiva indenização por ofensa à incolumidade física de outrem compreende os chamados danos emergentes, que, no caso, são as despesas provenientes de tratamentos médico-hospitalares a que teve de se submeter a vítima, tais como despesas com hospitalização, medicamentos, transportes para tratamento, colocação de próteses, contratação de enfermeiros e fisioterapeutas..
Em sede de lucros Cessantes, a indenização a ser fixada pelo juiz deverá levar em consideração a diminuição de ganho decorrente de impossibilidade de exercício profissional habitual, perda de clientela etc. , avaliando-se o grau de incapacidade ocasionada e o provável tempo necessário para sua recuperação. Neste caso, a pensão a ser recebida pelo ofendido deve ser capaz de compensar a perda de proventos sofrida, sem afastar-se, contudo, dos limites do razoável. 
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 Distinções entre lesões corporais leves e graves (art. 129 do CP)
São aquelas que não deixam na vítima certas marcas, como a deformidade, o aleijão, o dano estético e a inabilitação para o exercício do trabalho
ou diminuição da capacidade laborativa.
Neste caso, a indenização compreenderá os danos emergentes e os lucros cessantes.
Lesões leves ou transitórias
Nos danos emergentes, obviamente, estão compreendidas as despesas de tratamento, incluindo-se tudo quanto necessário para a completa cura do ofendido, de modo a poder retornar àquele estado de saúde em que anteriormente à ofensa se encontrava.
Quanto aos lucros Cessantes, estes compreenderão aquilo que a vítima razoavelmente deixou de ganhar durante o período de convalescença.
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Importante: Nem sempre as lesões de natureza leve ensejam reparação por danos morais, mas há hipóteses em que tal verba poderá fazer-se presente. Neste caso, entretanto, a reparação por danos morais visará punir o ofensor muito mais pela conduta injuriosa do que propriamente pelas ofensas físicas.
Lesões graves (art. 129, § 1º, CP) 
São aquelas que tornem a vítima incapacitada para suas atividades habituais por mais de 30 dias; as que gerem perigo de vida, as que gerem debilidade permanente de um membro, sentido ou função; e as que acelerem o parto.
Nestes casos as despesas de tratamento e os lucros cessantes serão mais elevados nos casos de lesões de natureza grave, vez que abrangem todas as despesas médicas e hospitalares; além do que, a gravidade do dano que acarreta aleijão ou dano estético é fato a ser considerado pelo julgador para a fixação do quantum indenizatório do dano moral.
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 Inabilitação ou redução da capacidade laborativa
Segundo a doutrina penal, enquanto no caso de incapacidade por mais de trinta dias para as ocupações habituais configura-se lesões corporais graves, quando houver incapacidade permanente para o trabalho as lesões serão tidas como gravíssimas.
A incapacidade permanente para o trabalho deve ser entendida como aquela cujo limite temporal de sua duração não se pode precisar.
Há que se observar, outrossim, que, por conta da intensidade das lesões, poderá ocorrer agravamento das condições físicas da vítima, convertendo-se a incapacidade temporária em permanente, caso em que exame pericial complementar autorizará a majoração do pensionamento, exigindo-se, inclusive, reforço das garantias.
A indenização variará de acordo com o grau de incapacidade da vítima, a ser comprovado por perícia médica, e abrangerá as despesas com tratamentos e utilização de eventuais aparelhos ortopédicos, os lucros cessantes e um pensionamento proporcional à inabilitação laborativa sofrida pela vítima.
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Importante: Mesmo diante da incapacidade genérica, poderá restar algo em que o ofendido possa trabalhar, mesmo que de pouca remuneração. A solução deverá variar conforme o caso concreto, mas sempre no sentido de evitar, de um lado, o enriquecimento ilícito e, de outro, a insuficiência da reparação.
Incapacidade permanente para o trabalho
Incapacidade genérica
Incapacidade específica
“Para qualquer trabalho.”
“Aquela que impeça a vítima de exercer o seu trabalho cotidiano, aquele para o qual guarda maior aptidão”.
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O CC/2002, ao dispor, em seu art. 950, que: “Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas de tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente ao trabalho para que se inabilitou ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”.
A jurisprudência, ainda antes da vigência do CC/2002, já admitia o pagamento da indenização de uma só vez, mormente em casos em que o ofensor não possuía renda suficiente para a constituição do capital para que garantisse a reparação.
Considerações sobre a indenização
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A reparação em parcela única, segundo entendimento jurisprudencial somente terá cabimento se a indenização disser respeito às despesas com tratamentos e lucros cessantes até o fim da convalescença.
Em caso de a indenização referir-se ao pensionamento do ofendido, decorrente de sua inabilitação para o trabalho ou de sua depreciação, descabida será a pretensão ao pagamento em parcela única, sobretudo levando-se em consideração que tal pensão estende-se por toda a vida da vítima, e não por seu provável tempo de vida, havendo dificuldades para apurar-se o montante a ser pago em uma única parcela.
Nestes casos, deverão ser periódicas e vitalícias, ou enquanto durar a inabilitação ou depreciação. Todavia, as quantias periódicas já vencidas e ainda não pagas podem ser reclamadas em parcela única.
Importante:
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É necessário, contudo, que o ofendido comprove seus rendimentos habituais para que se possa obter a percentagem do pensionamento, levando-se em conta a depreciação que seu trabalho sofreu.
Em caso de o ofendido não poder comprovar seus rendimentos, vem entendendo a doutrina que a pensão deve basear-se em uma percentagem sobre o salário mínimo vigente, na proporção das lesões sofridas.
Questão de crucial relevância que se põe é no tocante à inabilitação permanente para o trabalho daquele que não puder comprovar o exercício
de nenhuma atividade laborativa.
O fato de o ofendido nunca ter exercido atividade laborativa não o tolhe
de um dia vir a exercê-la, de modo a poder prover seu sustento e de sua futura família. Novamente será 0 Caso concreto que oferecerá a melhor solução, levando-se em conta o contexto social da Vítima.
Deve a indenização ser fixada dentro das condições normais de subsistên-
Cia do ofendido sob forma de pensào Vítalícia, capaz de compensar a condiçào
de incapacidade laboral proveniente das lesões Corporais ou ofensa à sua saúde.
Deve ser Vitalícia a pensão, pois, se a Vítíma sobreviveu ao acidente, não cabe
ao juiz desde logo ñxar um termo ñnal para 0 pagamento da Verba, poís isto
importaria em estipular a expectativa de Vida do ofendido. l
Observa-se, todavia, que se 0 ofendído mostrava-se incapaz de laborar
antes de sofrer as lesóes corporais, Como no Caso do aposentado que não
exercia atividade suplementar, ou de quem, ao tempo das lesões, já possuía
problema de saúde incapacítante para o traba1ho, nào há que se falar em in~
denizaçào a título de lucros Cessantes. Neste Caso, a indenização será regida
pela regra geral do arL 949, nào se lhe aplicando, portanto, 0 mandamento
do arL 950 do CC.
Os danos físicos e psíquicos nào podem traduzir~se em lucros cessan-
tes, devendo 0 ofendído ser indenizado apenas pelas despesas relativas à sua
recuperação e por eventuaís danos morais ou estéticos.
Mas, apesar de sua inabilítaçào para 0 trabalho, se a Vítima exercia
outras atividades, como as domésticas, que a partir das lesões passam a ser
executadas por terceiros, o prejuízo torna~se evidente e, portanto, passível
de indenizaçà0.
4. DEFORMIDADES OU ALEIJÕES
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 Deformações ou aleijões
O CC/2002 disciplina em um único dispositivo as lesões leves e graves. Seu art. 949 não faz menção à deformidade e ao aleijão, trazendo previsão genérica de indenização por danos emergentes e lucros cessantes, além dos demais prejuízos sofridos.
O CP tipifica como lesões corporais graves, no inciso III do § 1.° de seu art. 129, aquelas que impliquem em debilidade permanente de membros, sentidos ou funções.
Os membros são braços, antebraços, mãos, pernas, coxas e pés.
Sentidos são visão, audição, paladar, tato e olfato.
As funções dizem respeito às atividades dos órgãos do corpo humano, tais como a função respiratória. urinária, digestiva, circulatória e reprodutora.
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 Enfermidade incurável
Importante: O fato de a vítima não aceitar submeter-se a tratamentos de risco não faz cessar para o ofensor o dever de indenizar os danos causados.
Quando a lesão é passageira, ainda que sem termo
previsto, vale dizer, havendo possibilidade de recuperação da vítima, cessará o dever de indenizar com sua recuperação e final da respectiva convalescença.
Para tanto, deverá ser feito exame complementar a requerimento de quem presta a indenização, caso a vítima não tome a iniciativa de comunicar sua cura ao respectivo juízo.
Importante:
“O CP prevê como lesões corporais gravíssimas, no inciso II do § 2.° de seu art. 129, aquelas que acarretam ao ofendido enfermidade incurável assim entendida aquela para a qual a medicina não apresenta tratamento capaz de extingui-la sem riscos para a vítima”.
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 Deformidade permanente e dano estético
A quarta espécie de lesão corporal de natureza gravíssima, prevista no inciso IV do § 2.° do art. 129 do CP, é aquela que acarreta deformidade permanente à vítima, significando o dano estético permanente, irreparável e perceptível capaz de causar-lhe impressões vexaminosas. 
Não se refere somente àquelas lesões que causem danos estéticos faciais, compreendendo também todas aquelas que podem desfigurar o corpo de outrem de forma duradoura, irreparável e grave.
O dano estético vem recebendo especial atenção da doutrina e jurisprudência, de modo a se buscar meios viáveis para sua reparação, apesar das dificuldades práticas em fixar-se o provimento indenizatório, diante da unicidade do dano como causa e da duplicidade de suas repercussões – moral e patrimonial - como efeito.
Da mesma forma que na enfermidade incurável não está obrigada a vítima a submeter-se a tratamento médico-cirúrgico de risco para remediar os danos estéticos sofridos.
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“Em que pesem judiciosas posições no sentido de não se tratar de uma terceira espécie de dano, ao lado do dano material e do dano moral, mas apenas de possível consequência deste último, já há entendimento das Turmas da Seção de Direito Privado do STJ no sentido de, em casos especiais, poder haver cumulação de danos morais com danos estéticos, ambos considerados parcelas autónomas da fixação da verba indenizatória. Tal entendimento é adotado nos casos em que as causas do dano moral e do dano estético forem diversas e passíveis de apuração em separado”. 
Importante: O dano estético, independentemente de a vítima ser indenizada por despesas com tratamento e pensões por inabilitação para o trabalho ou ocupações, deve ser reparado em parcela autônoma.
Neste sentido é a Súmula 387 do STJ:
“São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”
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Neste sentido entendeu-se no REsp 116372/MG, sob a relatoria do Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira:
“A amputação traumática das duas pernas causa dano estético e deve ser indenizado cumulativamente com o dano moral, neste considerados os demais danos à pessoa, resultantes do mesmo ato ilícito”.
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Indenização em Casos de Usurpação e Esbulho
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Em seu art. 161, o CP protege a posse e a propriedade imóvel, impedindo que outrem suprima ou desloque tapumes, marcos ou quaisquer outros sinais indicativos de linha divisória, com o fim de apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. 
A privação possessória de coisa móvel na esfera criminal é tipificada como furto ou roubo (arts. 155 a 157), a depender, respectivamente, de haver ou não emprego de violência pelo autor do ilícito.
Na esfera civil, conforme expressa previsão do art. 952 do CC, a prática dos atos ilícitos de usurpação, esbulho e turbação faz surgir para o prejudicado o direito de reclamar indenização e a restituição da coisa desapossada, e, em caso de impossibilidade de restituição, o direito de receber indenização pelo equivalente além das perdas e danos, estas compreendendo tanto os danos emergentes como os lucros cessantes.
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Os termos usurpação e esbulho são empregados como equivalentes pelo código civil, dizendo respeito à posse violenta ou fraudulenta de coisas alheias. Ocorre esbulho possessório quando alguém vê-se desapossado de seus bens móveis ou imóveis, violenta ou clandestinamente.
O art. 952 do CC dispõe que a indenização em decorrência de esbulho consiste na restituição da coisa esbulhada, além do pagamento pelas deteriorações por ela sofridas, ou então no pagamento do valor equivalente, em caso de impossibilidade de restituição.
O remédio processual adequado é a ação de reintegração de posse, em caso de esbulho, permitindo que o pedido de reintegração de posse venha acompanhado de pedido de indenização por perdas e danos, além de lucros cessantes.
Usurpação ou Esbulho
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Se o esbulho se der em um veículo, a indenização por perdas e danos poderá abranger, por exemplo, as avarias que passar a apresentar após o ato ilícito, seu menor valor de mercado, o aumento de quilometragem rodada, o desgaste do motor e o decurso do tempo.
Se considerarmos que o veículo seja utilizado como táxi, seu proprietário ou possuidor terá direito de perceber do infrator indenização pela média do que normalmente auferiria a título de diárias.
No caso de esbulho de imóveis, indeniza-se, os danos à pintura, suas pertenças e benfeitorias, a depender do caso concreto.
Contudo, ainda assiste ao prejudicado o direito de reclamar pelos lucros cessantes, vale dizer, por aquilo que comprovadamente deixou de ganhar durante o período de tempo em que esteve privado da coisa.
Na hipótese do imóvel, admitindo-se que seja destinado a locação de temporada para veraneio, os lucros cessantes poderão versar sobre os dias que seu proprietário ou possuidor deixou de alugá-lo, caso exercesse posse tranquila sobre o mesmo.
Exemplos
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A impossibilidade de se restituir a coisa, a indenização compreenderá seu valor econômico, tendo por base a cotação ou fixação no respectivo mercado.
Conforme se extrai do parágrafo úníco do art. 952, “Para restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele”.
Na Verdade, a coisa tem um único valor. Ocorre que, para seu dono, poderia ter valor maior do que o de mercado, em decorrência da afeição a ele votada.
Importante:
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Quanto ao primeiro, tem-se a regra geral de se estimar seu valor comparando-a com outra de idêntica qualidade, quantidade e espécie, tempo de uso e demais características pertinentes. 
No que se refere à estimativa pelo valor de afeição, revela-se um sobre valor pelo que a coisa significava para seu dono em termos de estima, tradição e apego familiar. A indenização pelo valor de afeição traduz-se em um acréscimo capaz de compensar o dissabor da perda, que ultrapasse a perda material ordinária.
É frequentemente utilizado pela doutrina o exemplo de alguém emprestar a ou trem objeto de família, o qual foi passado de geração em geração, e que, por ocasião da cessação do comodato, tal peça não seja restituída a seu dono.
Indenização pela perda da coisa e por seu valor de afeição.
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Lapidares são as palavras de Silvio Rodrigues (Direito civil, 2003, V. 4, p. 247), ao expor: “Ora, é óbvio que, recebendo o valor da coisa, a vítima estará ressarcida do dano patrimonial. Se, além disso, recebe dinheiro para compensá-la do valor de afeição, estará recebendo a reparação de um dano moral, pois o excesso recebido nada mais é do que o preço do dissabor derivado de ficar a vítima privada de uma coisa, com a qual estava ligada por memórias felizes e recordações agradáveis”.
Deste modo, como a estimativa do Valor de afeição da coisa é feita mediante arbitramento do magistrado no caso concreto, segundo os limites legais, o valor deste não pode exceder o valor material da coisa.
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 Indenização em caso de turbação possessória
Enquanto o esbulho traduz-se na perda da posse da coisa contra a vontade de seu possuidor, a
turbação possuí menor espectro, traduzindo-se apenas em embaraços ao exercício da posse.
Em que pese não haver referência à indenização em caso de turbação possessória, é pacífica a doutrina em admiti-la quando outrem leve a cabo atos de perturbação, incômodo, inconveniência ou qualquer outro ato de embaraço do tranquilo exercício dos direitos inerentes à posse. Tal interpretação faz-se mediante análise do disposto no caput do art. 927 e do art. 944, ambos do CC/2002, os quais preceituam a regra geral do justo dever de indenizar pela prática de atos ilícitos que causem danos a terceiros.
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Indenização em Caso de Injúria, Difamação ou Calúnia
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 O direito à honra
“Dispõe o art. 953 do CC acerca da responsabilidade por danos causados por ofensa a honra de outrem. As figuras de calúnia, difamação e injúria encontram-se tipificadas, respectivamente, nos arts. 138, 139 e do CP, donde deve-se extrair os elementos de configuração de cada uma das modalidades delitivas em questão”.
“A honra consubstancia-se no conjunto de atributos morais, físicos, intelectuais e demais dotes da pessoa, atributos estes que a torna merecedora de apreço na vida em sociedade”.
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“Este delito de consiste na falsa imputação a outrem de prática de conduta definida como crime”. 
A honra pode ser classificada em subjetiva e objetiva.
Honra subjetiva e o sentimento de cada um a respeito de seus próprios atributos internos e externos, ou seja, trata-se da ideia que cada um faz de si mesmo.
Honra objetiva consiste na reputação, no pensamento e opinião que as pessoas tem a respeito dos atributos internos e externos de outrem.
Conclusão: Compreendem-se na ofensa a honra objetiva os delitos de calúnia e difamação, enquanto a ofensa a honra subjetiva é levada a efeito pela injúria.
Calúnia
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Importante: Narra-se o fato descrito como crime com suas circunstâncias de tempo, lugar e execução. Caso o fato narrado seja verdadeiro, não haverá calúnia, e tal imputação ensejará em início de investigação policial em desfavor do imputado.
Difamação
É a imputação de qualquer fato ofensivo a reputação de outrem, desde que não configure crime, pois então já estará abrangido pela calúnia.
A imputação depreciativa deve referir-se a fato certo, determinado, individualizado e identificado, não a caracterizando imputações vagas, imprecisas ou indefinidas.
“É a ofensa à honra subjetiva de outrem mediante atribuição, não de um fato, mas de qualidades negativas. Não ha imputação de fato criminoso, mas sim manifestação de opinião desfavorável em relação ao ofendido”.
Injúria
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No cotidiano, verifica-se a injúria em ofensas verbais ou por meio de gestos, com o uso de palavras depreciativas, de baixo calão, comentários desairosos, atribuição de aspectos negativos etc.
É exigindo que cheguem a conhecimento de terceiros para a tipificação dos delitos de calúnia e difamação. 
No que pertine ao delito de injúria, mostra-se irrelevante a veracidade ou falsidade das qualidades negativas atribuídas a outrem.
Considerações relevantes:
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Calúnia
Difamação
Injúria
CONDUTA DO AGENTE
imputação de fato falso, definido como crime
imputação de fato falso, que não seja definido como crime
Imputação de qualidades negativas
OBJETO JURÍDICO
Honra objetiva
Honra objetiva
Honra subjetiva
CONSUMAÇÃO
Quando chega ao conhecimento de terceiro
Quando chega ao conhecimento de terceiro
Quando chega ao conhecimento da vítima
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 A reparação civil por danos causados à honra de outrem.
A reparação por calúnia, injúria ou difamação consiste na indenização pelos danos que delas resultarem ao ofendido. Tais danos podem consistir em prejuízos materiais emergentes, em lucros cessantes ou em danos morais.
Em se tratando de danos patrimoniais, a vítima deve provar o prejuízo econômico advindo da ofensa a sua honra. Todavia, dificilmente consegue-se provar a ocorrência de prejuízos materiais ou sua quantificação, fato este que faz com que sejam concebidos como simplesmente de ordem moral. Neste caso, tem aplicação o disposto no parágrafo único do art. 953 do CC, arbitrando o juiz indenização equitativa na conformidade das circunstâncias do caso.
Parte da doutrina não considera tal indenização como sendo a título de danos morais, mas sim de danos patrimoniais presumidos.
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Fato é que o dano moral visa compensar a ofensa a um valor existente na esfera interior da pessoa, maculada em seu conceito de respeito e consideração, bem como em sua imagem perante o meio social.
A indenização deve seguir a fórmula geral que visa, tanto quanto possível, levar a integral reposição do status quo ante.
Quando a ofensa a honra de outrem representar danos unicamente morais, é assegurada a vítima a sua reparação, arcando o causador com a indenização equitativamente, fixada pelo juiz tendo-se em vista as peculiaridades do caso concreto.
Observa-se que, na maior parte dos acontecimentos concretos, as ofensas a honra de outrem ensejam, com mais frequência, a caracterização de danos morais do que de danos materiais.
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 A indenização por calúnia, injúria e difamação na Lei de imprensa.
A ofensa a honra por meio da imprensa repercute mais largamente na coletividade, de sorte a atingir com maior intensidade a estima e o conceito do ofendido perante a sociedade.
Além de prejuízos materiais, o ofendido, na maioria das vezes, sofre danos morais. A jurisprudência tem afirmado que, nesses casos, o dano moral e presumido.
A Lei de Imprensa (Lei 5.250, de 09.02.1967), prevê em seu art. 49, “Aquele que no exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de informação, com dolo ou culpa, viola direito, ou causa prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar (...)”.
O direito de reclamar indenização por dano moral, segundo o art. 56 da Lei de Imprensa, decai no prazo de três meses contados da publicação da ofensa.
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A ofensa irrogada por via da imprensa aplica-se o disposto na Lei 5250/1967, em que pese não mais persistir o sistema de indenizações previamente tarifadas, consoante a súmula 281 do STJ: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa”. Segundo o que dispõe a Lei de Imprensa, essa indenização variaria de acordo com o tipo da conduta ilícita praticada por jornalistas.
Consoante o disposto no art. 51 da referida lei, a indenização por injúria seria no valor de cinco vezes o maior salário mínimo da região em caso de publicação ou transmissão que ofenda a dignidade ou decoro de outrem.
Seria de dez vezes o maior salário mínimo da região em caso de difamação, imputando-se a vítima fatos ofensivos à sua reputação.
Jornalistas
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Em caso de calúnia, a indenização seria no valor de vinte vezes o salário mínimo da região, quando o jornalista falsamente imputasse a outrem fato definido como crime, ou imputasse crime verdadeiro nos casos em que a lei não admite a exceção da verdade, ou seja, que se prove a veracidade do fato.
Já no que concerne às empresas jornalísticas ou que explorem meios de comunicação em geral, a Lei de Imprensa, em seu art. 52, limita a indenização ao décuplo de cada um dos casos acima mencionados se praticados culposamente. 
Isso significa que a indenização de injúria praticada por empresa de comunicação seria fixada em até cinquenta salários mínimos, em até cem salários mínimos na difamação e em até duzentos salários mínimos em caso de calúnia.
Empresas jornalísticas
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Na fixação da indenização observará o juiz a intensidade do sofrimento do ofendido, a gravidade, a natureza e a repercussão da ofensa, a posição social e política do ofendido, a intenção do ofensor, sua condição econômica etc.
Deveras, a CF assegura o direito a indenização
por dano moral decorrente de violação de direitos da personalidade, mormente nos incisos V e X de seu art. 5.º. Em nenhum desses dispositivos a Magna Carta estipula limites ao arbitramento da indenização por dano moral.
Com referência ao dano moral, a reparação de ofensa irrogada pela imprensa também pode ser feita in natura, mediante publicação na imprensa, às custas do ofensor, de retratação ou da sentença condenatória que a reconhece.
A ação deve ser intentada em face do jornal, do periódico, do veículo de comunicação, em face do jornalista, do diretor ou redator-chefe, a depender de quem tenha sido o ofensor no caso concreto. 
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Todavia, na hipótese de a violação ocorrer mediante publicação de impresso sem periodicidade, responsabiliza-se o autor do escrito, ou da pessoa física ou jurídica que veicula-lo, se no impresso não constar o nome do autor.
Segundo o que dispõe a Súmula 221 do STJ, “são civilmente responsáveis pelo ressarcimento do dano decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação”.
Quanto aquele prazo decadencial de três meses, parte da jurisprudência o entende inconstitucional, por não se coadunar com a ideia de amplitude da reparação dessa espécie de dano. É que não se pode compreender um prazo tão restrito para um dano tão amplo, principalmente quando o ofendido, estando ausente na data da publicação, em viagem ao exterior, por exemplo, ficar sem direito de pleitear danos morais, somente lhe sendo lícito reclamar eventual reparação material.
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Indenização Decorrente de Ofensa à Liberdade Pessoal
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 Direito à liberdade (art. 5º/CF).
“É o direito subjetivo que todo ser humano tem de, livremente, conduzir sua vida de acordo com sua vontade, de modo a fazer ou não fazer tudo aquilo que o ordenamento jurídico permite ou não proíbe.”
 Previsão legal (art. 954, CC).
 Hipóteses (art.954, § único)
 Cárcere privado;
 Prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
 Prisão ilegal.
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 Cárcere privado.
“É o meio de que uma pessoa se vale para privar outra, total ou parcialmente, de sua liberdade de locomoção.”
 Sequestro e cárcere privado (art. 148, CP).
 Detenção e retenção.
 Prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé (at. 340, CP).
“Ocorre quando surge acusação falsa, inventando-se a prática de ato descrito como crime, de modo a decretar a prisão cautelar ou homologar prisão em flagrante.”
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 Prisão ilegal
“É aquela decretada sem fundamento legal ou com inobservância das formalidades exigidas em lei, por autoridade incompetente, por erro judicial ou por excesso de prisão.”
“Trata-se de responsabilidade civil objetiva do Estado por atos de seus agentes (art. 37, § 6º, CF). Sendo assegurado o direito regressivo em face dos agentes que agiram com dolo ou culpa.”
 Importante: Não cabe indenização àquele acusado que tem a sua prisão cautelar decretada licitamente e que posteriormente vem a ser absolvido ou nos casos de condenação que vem a ser reformada pela instância superior.
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Responsabilidade por Ato Próprio
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“Decorre exclusivamente do ato pessoal do causador do dano, seja em razão de violação de direito, seja pela constatação de prejuízo ao patrimônio.”
 Previsão legal (arts. 186 e 927, CC).
 Pode ser subjetiva ou objetiva.
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 Indenização decorrente de cobrança de dívida não vencida ou já paga.
 Demanda por dívida não vencida art. 939, CC).
 O vencimento antecipado da dívida pode decorrer de previsão legal (art. 1. 425, CC), ou por convenção das partes;
 Trata-se de abuso de direito (art. 187, CC);
 O comportamento doloso do credor é absolutamente necessário para a condenação prevista no 939, CC;
 A responsabilidade é subjetiva.
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 Demanda de dívida já paga (art. 940, CC).
 Não se aplica o mencionado artigo em caso de protesto ou inserção de nome em cadastro de devedores;
 É obrigatória a comprovação da má-fé do devedor para aplicação das penas do art. 940, CC (Súmula 159 do STF);
 Os arts. 939 e 940, CC não se confundem com as penas por litigância de má-fé estabelecidas nos arts. 16 a 18, CPC, vez que estabelecem sanção civil de direito material, enquanto as do CPC têm natureza formal;
 A desistência da ação antes da contestação da lide, exime o autor das penas previstas nos arts. 939 e 940, CC.
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 Responsabilidade civil nas relações de família.
 Responsabilidade no rompimento do noivado.
 Responsabilidade no matrimônio e na união estável.
 Promessa de casamento (esposais).
 Todos são livres para terminar um relacionamento, mas não lhes é permitido causar humilhação, expor ao ridículo ou causar sofrimento desnecessário a outras pessoas.
 A infração aos deveres conjugais pode, além de permitir o rompimento do vínculo, dar ensejo ao dever de reparação de eventuais danos, se tal infração implicar em humilhação ao ofendido.
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 Responsabilidade afetiva na relação paterno-filial.
O art. 226, § 7º, CF impõe aos pais os deveres de assistência e educação aos filhos;
O art. 19, L. 8.069/90 (ECA) menciona a necessidade de que a criança seja criada no seio de uma família;
Com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana, não cumprindo os pais com sua incumbência, desrespeitando o direito de seu filho, surgirá para aqueles o dever de indenizar por abandono afetivo, em razão da privação injustificada do convívio da criança e seus genitores.
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 Responsabilidade civil por dano atômico e dano ambiental.
 Responsabilidade por dano atômico ou nuclear.
 Responsabilidade por dano ambiental.
Dano nuclear é definido pela contaminação do meio ambiente por materiais radioativos, resultantes de produção ou utilização de combustíveis nucleares.
Responsabilidade objetiva - risco integral (art. 21, XXIII, CF).
A exploração da atividade nuclear é monopólio da união.
O dano ao meio ambiente consiste na “degradação da qualidade ambiental” ou “alteração adversa das características do meio ambiente” (art. 3º, II, da Lei 6.938/1981).
É dever reparar o dano ambiental (art.225, § 3º, CF).
Responsabilidade objetiva (art. 14, § 1º, L. 6.938/1.981).
Risco integral – doutrina X jurisprudência. 
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Responsabilidade por Ato de Terceiro
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“Verifica-se sempre que o representante responde pelas consequencias jurídicas da conduta de outrem (art. 932, I ao V, CC).”
 Representação
 Legal (pais, tutores e curadores).
 Voluntária (por mandato) art. 942, § único, CC.
 Responsabilidade por ato de terceiro = Responsabilidade por ato de outrem = Responsabilidade por representação.
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 Responsáveis (art. 932, I ao V, CC)
 Pais;
 Tutor e curador;
 Empregador e comitente;
 Donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos de albergues;
 Os que gratuitamente houverem participado nos produtos de crime.
 Importante: A responsabilidade por ato de terceiro constitui-se de duas relações regidas por fundamentos jurídicos distintos. A primeira é formada entre o verdadeiro causador do dano e a vítima, regida pela responsabilidade subjetiva. A segunda é formada entre o responsável e a vítima, aplicando-se, neste caso, a responsabilidade objetiva.
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 Responsabilidade dos pais pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
 Responsabilidade advinda do vínculo do poder familiar e é uma consequência natural do risco inerente à condição de ser pai;
 O direito de guarda correspondem os deveres de assistência e orientação, que consistem em propiciar condições mínimas de sobrevivência e de conhecimento para o desenvolvimento do menor e, dever de vigilância que tem por escopo suprir as falhas decorrentes dos deveres precedentes;
A ausência de coabitação que efetivamente impede a fiscalização ilide a responsabilidade;
 A emancipação voluntária não afasta a responsabilidade, torna-a, solidária conforme dispõe o Enunciado 41 JDC/CNJ, somente a legal eximirá os pais de responsabilidade;
 A lei prevê a responsabilidade do próprio incapaz na forma do art. 928 e seu § único, CC e Enunciado 39 JDC/CNJ;
 A transferência de guarda para terceiros, seja para fins empregatícios ou educacionais, a responsabilidade também será transferida.
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 Responsabilidade dos tutores e curadores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
 A tutela ocorre em caso de falecimento ou ausência dos pais dos pais, bem como perda de seu poder familiar e a curatela refere-se aos nascituros e aos maiores de idade passíveis de interdição;
 Aplicam-se à hipótese em tela, no que couber, as mesmas considerações feitas no item precedente, observando-se que o grau de vigilância do responsável varia de acordo com o discernimento ou doença do tutelado ou curatelado.
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 Responsabilidade do empregador ou comitente por atos de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.
 Teoria do risco-proveito
 Relação empregatícia e de preposição
 
 
“Com base nesta teoria, o empregador deve responder pelos atos do seu empregado porque, ao contratá-lo para desenvolver atividade em seu benefício, cria o risco de que este cause dano a alguém.”
 Empregado é o trabalhador que presta serviço nos moldes da legislação trabalhista: com subordinação hierárquica, habitualidade e mediante remuneração.
 Preposto é a pessoa que presta serviço cumprindo ordens de natureza diversa, com ou sem remuneração, de modo temporário ou permanente.
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 Importante: A súmula 492 do STF permite a responsabilização da locadora de veículos pelo dano causado pelo locatário.
 Excludentes de responsabilidade do empregador
 Nos casos de desvio e abuso de atribuições em que a vítima tinha conhecimento do fato;
 Força maior e caso fortuito;
 Ato praticado fora do exercício das atribuições do empregado ou preposto;
 Ato praticado completamente diverso de suas funções ou praticado em seu próprio interesse.
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 Responsabilidade dos donos de hotéis, hospedarias, casa ou estabelecimentos onde albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos.
 A responsabilidade das empresas hoteleiras:
 Contrato de hospedagem é aquele no qual a empresa hoteleira, mediante remuneração, obriga-se fornecer hospedagem, eventual alimentação, alem de outros serviços aptos a tornar a estadia do hóspede mais confortável;
 A empresa tem o dever de vigilância sobre as bagagens e objetos trazidos pelo cliente;
 A empresa hoteleira responde pelo prejuízo gerado por hóspede a hóspede, a terceiro (vice-versa) e a empregado do estabelecimento (vice-versa, desde que ocorrido no período da estadia e aos limites físicos do estabelecimento;
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 Continuação:
 O contrato de hospedagem tem natureza consumerista (art. 14 e 17, CDC);
 Placas indicando que o estabelecimento não se responsabiliza por danos provocados pelos hóspedes não ilidem a responsabilidade da empresa hoteleira (cláusula abusiva art. 51, I, CDC);
 A vigilância da bagagem dos hóspedes decorre da configuração do contrato de depósito necessário (art. 649 caput e seu § único, CC);
 Furtos em cofres fechados no quarto do hóspede impõe a inversão do ônus probatório em favor da empresa;
 Hospedagem não remunerada tem a responsabilidade suavizada, mas não afasta o dever mínimo de segurança.
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 Responsabilidade dos hospitais, clínicas psiquiátricas e outros estabelecimentos semelhantes.
 Responsabilidade das instituições de ensino.
“Devem zelar pela incolumidade física de seus pacientes, respondendo sempre que estes venham a sofrer algum dano por parte de empregados ou terceiros e vice-versa.”
“Danos provocados por alunos a terceiros ou empregados da instituição e vice-versa, dentro do colégio ou fora dele, sendo os alunos incapazes e em alguns casos mesmo capazes, acarretará a obrigação de indenizar por infração do dever de vigilância.”
 Responsabilidade dos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a quantia corrente.
“Ninguém pode locupletar-se com o que não lhe pertence, respondendo solidariamente pela quantia da qual tirou proveito.”
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 Ação regressiva movida pelo responsável em face do causador do dano.
 Importante: Gastos extraordinários decorrentes do ressarcimento do prejuízo poderão ir à colação, sendo descontados da herança, a fim de não prejudicar direito dos demais descendentes (ar. 2.010, CC).
 Importante: O art. 462, § 1º, da CLT, determina que o desconto salarial dos prejuízos causados pelo empregado somente é lícito se esta possibilidade for acordada previamente ou se este agiu com dolo.
“O responsável tem direito regressivo em face do causador do dano, salvo se for seu descendente (art. 934, CC).”
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Responsabilidade por Fato da Coisa ou do Animal
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“Responsabilidade ligada a uma conduta específica que é o dever de guarda das coisas e dos animais. Trata-se de uma conduta omissiva do guardião”.
Guardião é aquele que tem um certo poder sobre a coisa ou o animal, um poder de direção.
Coisa entregue aos prepostos detentores:
Ação omissiva do preposto fato da coisa ou animal.
Ação comissiva do preposto fato de terceiro (art. 932, III, CC).
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Responsabilidade objetiva ou culpa presumida
1ª corrente
2ª corrente
“A responsabilidade é objetiva, pois quem utiliza uma coisa, e dela tira proveito, suporta os riscos causados por esta coisa, independente da prova de culpa”.
“A culpa do guardião é presumida porque houve falha no dever de guarda, invertendo-se o ônus da prova”.
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Responsabilidade por fato do animal
“Dono ou detentor respondem pelos danos provocados pelo animal (art. 936, CC)”.
Importante: O detentor é equiparado ao dono nas hipóteses em que não é possível determinar o dono”.
A responsabilidade do dono ou do detentor não é solidária.
A responsabilidade é objetiva.
Importante: O guardião só se libera provando que houve culpa da vítima ou força maior.
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Responsabilidade pela ruína de edifício ou construção
O art. 937, CC contempla a hipótese em que o prédio acabado ou ainda em construção vem abaixo, por falta de reparos ou manutenção, causando danos a terceiros.
Essa é uma Clara modalidade de responsabilidade por fato da coisa, conforme os pressupostos anteriormente assentados, pois o evento não decorre de uma ação do dono, mas de sua omissão quanto ao dever de guarda e cuidado.
O aspecto mais importante desse dispositivo é determinar desde logo que a responsabilidade é do dono do prédio ou construção, não cabendo discutir sobre a interferência de outros agentes, como a construtora, a empreiteira, a administradora etc. O dono tem o dever de indenizar as vítimas, podendo, se for o caso, buscar seu ressarcimento junto a essas outras pessoas ou empresas, conforme as suas relações contratuais.
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No primeiro caso, cabe ação do proprietário contra o construtor, com base no art. 618, CC, ou ainda com base nos arts. 12 e 14 do CDC.
Os Vizinhos e os terceiros têm ações contra o proprietário, seja com base no art. 937 ora em exame, seja com fundo no direito de vizinhança (arts. 1.277 e 1.299, CC). 
A ruína de um prédio pode causar danos ao proprietário, aos vizinhos ou a terceiros:
“A ruína de que cuida este artigo não precisa ser total podendo se referir a pedaços, como rebocos das paredes, telhas, vidros etc., que se desprendam do
prédio ou da construção e se precipitem ao chão, provocando danos a terceiros”.
A lei prescreve dois requisitos para caracterizar a hipótese do art. 937, CC:
Que ocorra ruína do prédio ou construção; 
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 Responsabilidades de coisas caídas do prédio ou lançadas fora do lugar
O art. 938 estabelece a responsabilidade do morador pelos danos causados em virtude de coisas que caírem do prédio ou que forem lançadas em lugar impróprio.
O que chama a atenção desde logo, no cotejo deste artigo com o anterior, é que na hipótese tratada a responsabilidade não é do proprietário, mas sim do habitante, que pode ser o dono, mas também o inquilino, o comodatário etc.
Assim, caso o imóvel esteja alugado ou emprestado, a responsabilidade é do inquilino ou comodatário, conforme o caso. 
Que tal se deva à falta de reparos cuja necessidade fosse manifesta.
“Este requisito dá a entender que o dono do edifício ou construção pode se eximir da responsabilidade, se demonstrar que a ruína ocorreu por outra causa, que não a falta de reparos; ou, mesmo que seja por essa causa, a necessidade dos reparos não era manifesta. Sérgio Cavalieri Filho rebate com acerto essa interpretação!”
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Importante: Pode ocorrer, no entanto, que o fato seja causado por um visitante ou por um hóspede, caso em que quem responde é o morador, que pode ser o proprietário, o inquilino ou o comodatário, o qual tem ação de regresso contra o causador direto do dano.
A expressão prédio, compreende não só as casas e apartamentos residenciais, como também aquelas destinadas ao exercício de atividades profissionais, como escritórios, lojas comerciais e instalações industriais.
A hipótese abrange as coisas que caem e as que são lançadas, ou seja, tanto aquelas que caem acidentalmente, como as que são lançadas por ato voluntário do morador. 
Considerações relevantes
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Responsabilidade relacionadas a veículos
“São hipóteses claras de responsabilidade por fato da coisa, relacionadas à falha no dever de guarda e cuidado”.
Responsabilidade por falha na guarda ou na manutenção dos veículos
“Os automóveis, especificamente, são máquinas que necessitam de adequada manutenção para que funcionem adequadamente. Além disso, quando não estão em uso, devem ser desligados, imobilizados, trancados e guardados em locais adequados, para que não se coloquem em movimento inadvertidamente”.
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Não se pode dizer que esses casos de coisas que caem ou são lançadas dos veículos em movimento devem ser resolvidos pela regra geral da responsabilidade por culpa, pois, a toda evidência, aquele que conduz um veículo deve cuidar para que partes da carga ou outros objetos não caiam nem sejam lançadas do veículo em movimento. 
É uma modalidade de dever de guarda que muito se aproxima da hipótese tratada no art. 938, CC.
Neste caso, uma vez admitida a aplicação do artigo em questão, basta a vítima demonstrar o dano e o nexo causal, não cabendo nenhuma discussão.
Responsabilidade por coisas caídas ou lançadas dos veículos
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Responsabilidade por fato do veículo emprestado
Responsabilidade por fato da coisa (veículo) subtraída
Se a guarda se transferiu inteiramente, a responsabilidade é do comodatário (comodato transferido por um ato formal);
Se não passou de mera detenção, é do dono comodante (comodato transferido por um ato formal).
No entanto, deve-se indagar sobre a natureza do empréstimo:
“Uma hipótese muito frequente é aquela em que a coisa é furtada ou roubada e o ladrão vem a causar danos para terceiros”.
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Argumenta-se que o dever de guarda vincula-se ao direito de propriedade e só pode ser transferido por ato jurídico, como a locação ou o comodato (Aguiar Dias).
Sendo assim, a guarda não seria transmitida com o furto ou roubo, de modo que o ladrão se apresentaria como mero detentor.
Sérgio Cavalieri Filho argumenta que a subtração (furto ou roubo) retira a coisa da esfera de vigilância do dono, o qual perde a condição de possuidor.
O ladrão, portanto, não seria um mero detentor, mas possuidor da coisa subtraída. Sua posse é viciada, mas é posse e, sobretudo, lhe confere um poder de direção sobre a coisa. 
Pergunta: A questão é saber se o proprietário-guardião deve responder pelos danos causados pelo ladrão?
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Uma hipótese muito frequente e aquela em que objetos se desprendem dos veículos em movimento e atingem as propriedades próximas das rodovias, causando danos de varias ordens.
É uma hipótese de difícil tratamento, porque comporta inúmeras variantes.
Pode acontecer, por exemplo, que uma calota de um carro se desprenda e atinja um animal de uma propriedade fronteiriça, matando-o. 
Neste caso é responsabilidade objetiva por fato da coisa, imputável ao dono do carro.
Responsabilidade nos transportes, por danos às propriedades fronteiriças
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Mas é bem possível que não se consiga identificar o dono do veículo, porque e intenso o tráfego nas rodovias e, em geral, os carros que perdem uma calota não param por esse motivo.
Nesse caso, parece ser possível a responsabilização da empresa que explora a rodovia, uma vez que a sua atividade implica em risco para as propriedades fronteiriças.
Outra hipótese pode ocorrer com danos provocados pela queda da carga de um caminhão, com danos para a vegetação e para os animais das propriedades fronteiriças.
Tratando-se de dano ambiental, a responsabilidade é objetiva, cabendo ao transportador e dono da carga o dever de indenizar, nos termos da legislação especial que rege essa matéria (Lei 9605/1998).
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Mas, se na mesma hipótese, o derramamento da carga provocar apenas danos comuns, como, por exemplo, o fechamento de uma estrada por onde o proprietário do imóvel escoa sua safra, a responsabilidade é do transportador, na modalidade objetiva impura, em que cabem as excludentes do nexo causal.
Pode acontecer ainda que um motorista perca o controle de seu veículo, saia da estrada e ingresse numa propriedade fronteiriça, matando um animal ou destruindo a pastagem. Nesse caso, não se cuida de fato da coisa, relativa ao dever de guarda, mas de responsabilidade por culpa.
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Responsabilidade Civil por Abuso de Direito
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Responsabilidade Civil do Estado
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Atualmente, a responsabilidade civil do Estado é prevista no art. 37, § 6.º, da Constituição Federal, nos seguintes termos: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
A responsabilidade do Estado é objetiva pelos danos causados por seus agentes, em razão do serviço público (art. 37, § 6.º, CF). Essa responsabilidade se funda na teoria do risco administrativo, segundo a qual toda atividade administrativa gera riscos para as pessoas. 
Situação atual da responsabilidade objetiva do estado, no Brasil
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Substituição de funcionário público por agente
É importante destacar que a substituição do termo funcionário público, presente no texto anterior, por agente, no texto atual, implica em aumentar o alcance dessa expressão, de modo a compreender não apenas as pessoas titulares de cargos públicos, sob regime estatutário, mas toda e qualquer pessoa encarregada de realizar serviço público.
Não importa que o ato tenha sido praticado por servidor público propriamente dito ou por funcionário contratado, funcionário de fato, ou temporário, nem que se trate de membro do alto escalão do Governo ou de trabalhador mais simples da Administração. Importa apenas que o agente causador do dano esteja a serviço do Estado (Di Pietro, p. 476).
Importante:
Esclareça-se que, em princípio, a responsabilidade do Estado só se caracteriza se o ato danoso for praticado pelo funcionário durante o serviço. Todavia, em certos casos, e possível demonstrar que, embora o agente não estivesse a serviço do Estado, o ato foi praticado em razão do cargo ou função, o que caracteriza a responsabilidade do Estado.
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Em princípio, o serviço público pressupõe um movimento do Estado no sentido de executar uma tarefa, ou seja, um conjunto de ações.
As ações podem ser comissivas ou omissivas, mas é preciso ter presente a noção do exercício de uma atividade, comportando essas duas modalidades de ação.
Se o Estado, no exercício de uma determinada atividade, causa danos a terceiros, responde pelos prejuízos, não importando se a ação foi omissiva ou comissiva.
Por outro lado, a omissão do Estado pode se referir ao não exercício da atividade, como, por exemplo, a não implementação de programas sociais de complementação de renda. Os danos decorrentes da falta dessa atividade, como a miséria e até a morte de pessoas, só podem ser atribuídos ao Estado mediante demonstração de sua culpa.
Com base nisso, e possível afirmar que, embora a responsabilidade do Estado seja objetiva, ainda subsiste um resquício de responsabilidade subjetiva para as hipóteses em que o Estado deixa de implementar a atividade administrativa.
Responsabilidade por omissão do Estado
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O art. 37, § 6.º, da CF de 1988, atribui expressamente a responsabilidade objetiva, além das pessoas jurídicas de direito público, às empresas públicas e as sociedades de economia mista, assim como às empresas privadas que realizavam serviços públicos mediante concessão, permissão ou autorização.
Isso não quer dizer, no entanto, que a atribuição de responsabilidade objetiva a essas empresas afaste a responsabilidade do Estado pelos danos decorrentes da prestação do serviço público. Não se pode perder de vista que, em se tratando de serviço público, a obrigação de presta-lo é do Estado, que pode fazê-lo diretamente ou por meio de empresa contratada para esse fim.
Se o Estado se desincumbe dessa obrigação por meio de empresa privada, cabe a esta, em primeiro lugar, responder objetivamente pelos eventuais danos que causar a terceiros na execução do serviço, seja por força do texto constitucional, seja em razão do art. 25 da Lei das Concessões (Lei 8.987, de 13 de fevereiro de 1995). As empresas respondem em nome próprio e com os seus patrimônios.
Responsabilidade por danos causados pelas empresas prestadoras de serviço público
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Nessa hipótese a responsabilidade do Estado é subsidiária, uma vez que foi sua a opção de prestar o serviço por meio de empresa privada e, principalmente, porque foi sua a escolha daquela determinada empresa. Assim, na hipótese nada incomum de restar impossível a responsabilização da empresa, por motivo de insolvência, subsiste a responsabilidade do Estado.
Responsabilidade por danos decorrentes de obras públicas
Se o Estado, ao invés de executar diretamente uma obra, prefere confiar a execução a uma empresa privada, é sua a responsabilidade pelo fato da obra e pela execução, podendo, contudo, acionar a empresa contratada, em caso de culpa desta e de acordo com o contrato firmado.
Não se pode deixar de ver uma falha no sistema de responsabilidade estatal, de que cuida o art. 37, § 6.º, da Constituição Federal, visto que o citado dispositivo, por um lapso, trata de maneiras distintas as empresas prestadoras de serviço público e as construtoras contratadas para executar obras públicas.
As primeiras respondem objetivamente pelos danos causados na prestação do serviço público, ao passo que as segundas, por não serem mencionadas no dispositivo constitucional, só respondem posteriormente, se o Estado lhes mover ação regressiva, mediante prova de sua culpa.
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O Estado, em sua atividade regular de administração da coisa pública, tem sob seus cuidados determinadas coisas consideradas perigosas por si só, como explosivos, armas, animais, usinas nucleares etc. Além disso, o Estado deve manter estabelecimentos prisionais para abrigar pessoas condenadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade.
Em ambos os casos, o Estado é objetivamente responsável pelos eventuais danos que causar aos particulares, seja por mera falha no dever de guarda, seja pelo risco que essas situações encerram.
Responsabilidade pela guarda de coisas e pessoas perigosas
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Determinadas coisas sob a guarda do Estado não são consideradas perigosas em si, mas há coisas sob a guarda estatal consideradas perigosas e possuem elevado grau de risco, como é o caso dos explosivos, das armas etc. Em ambos os casos, há responsabilidade objetiva do Estado, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição. 
Quanto aos danos são relativos a atividades nucleares, nesses casos se configura responsabilidade objetiva pura, sobre a qual não se admite excludentes nem ação regressiva contra o causador direto do dano.
Responsabilidade pela guarda de coisas perigosas
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“Do mesmo modo que o Estado tem responsabilidade pelos danos decorrentes das coisas que tem sob sua guarda, responde também pela guarda de pessoas consideradas perigosas, como presidiários, menores infratores e pessoas recolhidas a manicômios. Este e um tema que ganha relevo nos dias atuais, em virtude do crescimento da violência, principalmente nos grandes centros urbanos”.
Responsabilidade pela guarda de pessoas perigosas
“O Estado só pode agir a posteriori, quer dizer, só pode perseguir e prender o criminoso após o cometimento do crime. No entanto, uma vez detido o criminoso e confiado o mesmo à guarda do Estado, nasce para este o dever de mantê-lo no cárcere para que não volte as ruas e não torne a causar danos às pessoas. Sob esse prisma, é possível vislumbrar alguma responsabilidade do Estado se, por falha no dever de guarda, algum criminoso foge do presídio e volta a cometer crimes”.
Pergunta-se: Sendo o Estado responsável pela segurança pública, pode ele ser responsabilizado pelos danos sofridos por uma vítima de assalto a mão armada.
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“Todavia, é preciso constatar o liame causal entre o evento danoso e a falha no desempenho da atividade estatal. Assim, considerando que a manutenção de um presídio em determinada cidade representa um risco para a coletividade, se os presos fogem e passam a saquear a cidade, cometendo uma onda de delitos relacionada a fuga, parece evidente a responsabilidade do Estado pelos danos causados aos particulares. Mas, por outro lado, se os crimes são cometidos muito tempo depois, em outras localidades distantes e sem nenhuma relação com a fuga, não se pode estabelecer nexo causal entre os crimes e a falha no dever de guarda, com o que fica afastada a responsabilidade do Estado”.
Importante:
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Ainda em relação ao dever de guarda de pessoas, mas sob outra perspectiva, merece consideração a responsabilidade do Estado pela vida e pela
saúde dos presos e internos que mantém sob sua custódia. É muito comum,
principalmente durante rebeliões nas cadeias públicas, que os presos venham
a se agredir mutuamente e, não raro, acabem se matando uns aos outros. A
primeira vista, parece evidente que, nessas situações, o Estado e responsável
objetivamente pelos danos causados, cabendo ao custodiado ou à sua família,
se morto, pleitear o ressarcimento correspondente.
Cabe considerar, contudo, que a morte de presidiário, na maioria dos
casos, é provocada pelos demais presos, ou seja, se deve a fato de terceiros
alheios aos quadros da Administração Pública, razão pela qual fica afastada
a responsabilidade objetiva do Estado, por ausência de nexo causal entre o
evento-morte e a atividade administrativa. A culpa de terceiros é uma das
excludentes da responsabilidade objetiva.
Seria então

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