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1 Aula 7 – Mandado de Segurança Por direito líquido e certo se entende aquele que independe de qualquer outra prova além das apresentadas por ocasião da petição inicial. Assim sendo, falta de demonstração cabal dos fatos junto com a inicial implica na rejeição do writ. Na lição de Hely Lopes Meirelles direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto ser exercitado no momento da impetração (Meirelles: 76). Não há espaço para dilação probatória. Da lição de Alexandre de Moraes, retira-se que a natureza jurídica do mandado de segurança é a de ação constitucional, de natureza civil, cujo objeto é a proteção de direito líquido e certo. A natureza civil não se altera, nem tampouco impede o ajuizamento de mandado de segurança em matéria criminal, inclusive contra ato de juiz criminal, praticado no processo penal O mandado de segurança é um instrumento de garantia sem paralelo no direito estrangeiro. O impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, domiciliada ou não no país, além das universalidades reconhecidas por lei (espólio, massa falida) e os órgãos públicos despersonalizados, mas dotados de capacidade processual (chefia do Poder Executivo, Mesas do Congresso Nacional, Assembléias, Ministério Público). O prazo para impetração é de 120 dias. Reafirme-se que a pessoa jurídica de direito público sempre será parte legítima para integrar a lide em qualquer fase, pois suportará o ônus da decisão proferida em sede de mandado de segurança (Moraes: 158, 161). É possível a concessão de liminar em mandado de segurança. Não é preciso esgotar todas as instâncias administrativas para o ingresso, embora não se admita a medida se o ato administrativo, por força de efeito suspensivo, 2 ainda não estiver causando lesão (art. 5º, I, Lei nº1533/51). A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede, porém, o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade, nos termos da Súmula 429 do STF. Conforme dito antes, a construção jurisprudencial do STF sobre o mandado de segurança é extensa, valendo destacar algumas de suas súmulas: o mandado de segurança não substitui a ação popular (súmula 101); é competente, originariamente, o STF para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União (súmula 248); o mandado de segurança não é substituto de ação de cobrança (súmula 269); não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição (súmula 267); concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretéritos, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria (súmula 271); não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de mandado de segurança (súmula 272); o STF não é competente para conhecer de mandado de segurança contra atos dos Tribunais de Justiça dos Estados (súmula 330); Por fim, é pacífico o não-cabimento do writ contra decisão judicial com trânsito em julgado (súmula 268) e contra lei em tese (súmula 266). O mandado de segurança tanto pode ser repressivo de uma ilegalidade já cometida, como preventivo quando o impetrante puder sofrer violação de direito líquido e certo por parte de autoridade. Pode ainda ser individual ou coletivo. Ao contrário do mandado de segurança individual, o coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, bem como por organização sindical, entidade de classe ou 3 associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. Não se deve confundir mandado de segurança coletivo com mandado de segurança individual com vários autores, ou seja, enquanto o mandado de segurança coletivo visa à defesa de interesses de seus membros ou associados e, por isso mesmo, não há nem mesmo necessidade de autorização dos seus integrantes (o texto constitucional já dá tal autorização). No segundo caso, os direitos continuam individuais, apenas sendo postulados em uma única ação (litisconsórcio ativo em mandado de segurança individual). Michel Temer levanta questão interessante no que tange à formação de coisa julgada material da decisão que julgar o mandado de segurança coletivo, ou seja, uma decisão desfavorável em mandado coletivo impediria a impetração do writ individual de um filiado a uma organização coletiva (partido político, associação, organização sindical ou entidade de classe). A resposta é a seguinte; se a decisão for favorável faz coisa julgada, se desfavorável não faz, o que significa dizer que fica autorizado o mandado individual quando a organização coletiva tiver insucesso (Temer: 203).
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