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1 Aula – 8 Diferenças entre o Estado de Sítio e o Estado de Defesa O Estado de Defesa e o Estado de Sítio são espécies do gênero Estado Democrático de Direito Excepcional que têm como ponto em comum a mesma finalidade, qual seja, a de superar a crise que abala o Estado facilitando o “retorno ao status quo ante”.1 Inobstante isso, não compreendem termos sinônimos apesar de incorporarem algumas características coincidentes,2 pois alojam causas e efeitos próprios e inconfundíveis. As principais diferenças são tratadas a seguir: Quanto à intensidade da crise o Estado de Defesa é uma modalidade excepcional para situações mais brandas que as enfrentadas pelas medidas de Sítio. As medidas do Estado de Defesa só podem ter eficácia por trinta dias renováveis por mais trinta dias, enquanto que durante o Sítio as medidas podem ser renováveis a cada trinta dias ou enquanto durar a declaração do Estado de Guerra ou a agressão armada estrangeira. Quanto à vigência, o Estado de Defesa é decretado pelo Presidente da República e entra em vigor imediatamente sob condição resolutiva de decisão do Congresso Nacional que poderá aprová-lo ou não. Por seu turno, o Estado de Sítio não entra em vigor sem autorização prévia do Congresso Nacional ao Presidente da República para decretá-lo. Desta feita, neste último caso, no 1 MORAIS, Alexandre. Direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 647. 2 CF/88 - Art. 60. § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de (...) de estado de defesa ou de estado de sítio. 2 qual as medidas apresentam intensa gravidade, o Presidente da República solicita autorização ao Congresso Nacional antes de sua decretação. Neste estudo tivemos por desideratum a iluminação dos institutos do Estado de Defesa e do Estado de Sítio previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que uma vez decretados instituem o Estado Democrático de Direito excepcional. Vimos que ambos os institutos podem ser oficialmente proclamados pelo Estado Democrático de Direito desde que, além de preenchidos os pressupostos fático-constitucionais, igualmente sejam manejados para o alcance das finalidades estabelecidas na carta superior do estado brasileiro, ou seja, mirem na realização do bem comum, a garantia das instituições democráticas, e sirvam à Constituição, à democracia e à liberdade. Sem visar à simples repetição das conclusões que foram alcançadas no curso do estudo, resumem-se abaixo os pontos mais importantes do mesmo, pois são imperativos indeclináveis do Estado de Direito: O emprego de medidas de salvaguarda do Estado se justifica apenas em um regime democrático e de direito. O Estado de Defesa e o Estado de Sítio são medidas excepcionais e excepcionalíssimas respectivamente, que devem ser manejadas apenas e quando da ocorrência de ameaça ou rompimento da normalidade pressuposta pela ordem constitucional do Estado de Direito Democrático. O aconselhamento ou opinião dos Conselhos da República e de Defesa Nacional não vinculam a decisão Presidencial. 3 O Direito Constitucional positivo veda que os direitos fundamentais sejam abolidos,3 no entanto, não veda que seu exercício seja contido. A contenção de seu exercício deve ser sempre temporária e justificada pela ocorrência de situação fática caracterizadora de crise constitucional valorada pelo Poder Executivo, fiscalizada politicamente pelo Congresso Nacional e juridicamente pelo Poder Judiciário. As medidas tomadas durante o Estado Democrático Excepcional devem ser proporcionais às necessidades, e diretamente vinculantes da conduta dos agentes e executores. Logo que se verificar o desaparecimento das circunstâncias que tornaram úteis e necessárias o emprego das medidas excepcionais, a normalidade constitucional deve ser imediatamente restabelecida. 3 Art. 60, § 4°, inciso IV, Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.
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