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Tributário Em 7 Dias DIA 01

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DIREITO TRIBUTÁRIO EM 7 DIAS 
 
Alexandre Machado 
 
2017 
 
O presente material tem o objetivo de proporcionar o aprendizado dos 
principais pontos da disciplina Direito Tributário. O autor não assume 
qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, 
em decorrência do uso desta apostila. 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................... 5 
DIA 01 ....................................................................................................................................................... 6 
DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................ 6 
Conceito de direito tributário ............................................................................................. 6 
Receitas do Estado ............................................................................................................... 6 
CONCEITO DE TRIBUTO.......................................................................................................... 7 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.................................................................................................. 9 
Características da competência tributária ....................................................................... 10 
Espécies tributárias ........................................................................................................... 13 
Classificação da competência tributária .......................................................................... 15 
Panorama das espécies de tributo.................................................................................... 16 
Impostos ......................................................................................................................... 16 
Impostos de competência da União ......................................................................... 19 
Impostos de competência dos Estados e do Distrito Federal ................................ 20 
Impostos de competência dos Municípios (e do Distrito Federal) ........................ 20 
Impostos nos Territórios Federais ........................................................................... 21 
Taxas ............................................................................................................................... 21 
Contribuições de melhoria ............................................................................................ 22 
Contribuições especiais ................................................................................................. 24 
Empréstimos Compulsórios .......................................................................................... 25 
Bitributação e bis in idem ................................................................................................. 26 
LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR (Parte I) ............................................................... 26 
Princípios Tributários ....................................................................................................... 27 
Princípio da legalidade .................................................................................................. 27 
Exceções ao princípio da legalidade ......................................................................... 30 
Princípios da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal ......................... 31 
Exceções ao princípio da anterioridade anual ........................................................ 32 
Exceções ao princípio da noventena ........................................................................ 33 
Princípios da anterioridade e da noventena x medidas provisórias ..................... 35 
Revogação de benefícios fiscais ................................................................................ 37 
Alteração do prazo para recolhimento de tributo .................................................. 37 
Princípio da isonomia .................................................................................................... 38 
Princípio da capacidade contributiva .......................................................................... 39 
 
4 
 
Princípio da irretroatividade ........................................................................................ 40 
Princípio da irretroatividade e a Lei Complementar nº 118/2005 ....................... 42 
Princípio da irretroatividade e a Súmula 584 do STF ............................................. 44 
Princípio da vedação ao confisco.................................................................................. 45 
Multa tributária .......................................................................................................... 46 
Princípio da liberdade de tráfego ................................................................................. 46 
Princípio da uniformidade geográfica .......................................................................... 46 
Princípio da vedação à concessão de isenções heterônomas..................................... 47 
Princípio da não discriminação .................................................................................... 48 
Princípio da transparência ............................................................................................ 48 
 
 
 
5 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá, meu amigo ou minha amiga! Seja bem-vindo ao “Direito Tributário Em 7 Dias”. 
Este livro está estruturado estrategicamente para lhe ajudar a concluir o estudo 
dos principais pontos da matéria em uma semana e o melhor: sem fazer muito 
esforço. 
 
Lendo cerca de quarenta páginas por dia, em sete dias você chega ao fim do 
material e até lá, certamente, terá acumulado uma bagagem enorme de 
conhecimentos essenciais para o bom desempenho nesta disciplina. Então, como 
você pode ver, este livro foi preparado especialmente para quem não tem tempo e 
para quem não gosta de estudar. A intenção aqui é, exatamente, facilitar o processo 
de aprendizagem, utilizando a linguagem mais simples possível e evitando 
complicar qualquer parte da matéria. 
 
E se eu for uma pessoa que tenho tempo e que gosto de estudar? Acho que 
quarenta páginas é muito pouco... E se eu quiser ler mais do que isso? Excelente! 
Neste caso, você provavelmente concluirá o estudo em menos de uma semana! Já 
pensou? 
 
Bom... Sem mais delongas, vamos ao que interessa! É hora de começar o estudo, 
porque o nosso prazo de sete dias já está correndo. Vamos lá? 
 
 
6 
 
DIA 01 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Conceito de direito tributário 
 
O direito é dividido em dois grandes ramos: o direito público e o direito privado. 
No direito privado, nós temos como regra a livre manifestação da vontade, a 
liberdade contratual, a igualdade entre as partes e a disponibilidade dos interesses, 
uma vez que estamos tratando de interesses particulares. O direito público, por sua 
vez, é norteado por dois princípios fundamentais: a supremacia do interesse 
público sobre o interesse particular e a indisponibilidade do interesse público. 
 
Podemos afirmar, então, que o direito tributário é um ramo do direito público. E 
por que a gente pode ter certeza disso? Porque a ele se aplicam estes dois 
princípios fundamentais que acabamos de comentar. 
 
Primeiramente, a supremacia do interesse público sobre o particular é visualizada 
quando pensamos que a lei impõe ao particular a obrigação de pagar o tributo, 
independentemente de sua vontade, além de conferir à administração pública 
poderes para fiscalizar o pagamento, aplicar punições a quem descumprir as 
normas,entre outros. 
 
Em segundo lugar, a indisponibilidade do interesse público pode ser visualizada 
tanto no fato de os fiscais estarem obrigados a cobrar os tributos das pessoas 
(ainda que se comova com determinada situação em que alguém se encontre) 
quanto na exigência de lei específica para concessão de benefícios fiscais. 
 
Assim, o direito tributário é o ramo do direito público que rege a instituição, 
fiscalização, cobrança e arrecadação dos tributos, atividades que, por sua vez, têm 
objetivo de gerar receitas para auxiliar o Estado na busca pelo interesse público. 
 
Veja que nós estamos falando em “Estado” aqui não como São Paulo, Rio de Janeiro, 
Bahia, Minas Gerais, mas sim como sinônimo de Brasil. Ou seja, estamos falando do 
Estado Brasileiro. 
 
Receitas do Estado 
 
Como você certamente já sabe, o Estado é responsável por prover os mais diversos 
serviços para a sociedade. Para exercer suas funções, ele precisa dinheiro. Mas 
como é que ele faz para ganhar essa grana? Basicamente, o Estado possui duas 
formas de ganhar dinheiro. Ou seja, ele possui dois tipos de receitas: as receitas 
originárias e as receitas derivadas. 
 
As receitas originárias são obtidas quando o poder público atua como um agente 
privado (e não como agente público). É o que ocorre, por exemplo, quando o 
Estado tem uma empresa pública que explora atividade econômica ou quando o 
Estado aluga um imóvel de sua propriedade a uma pessoa qualquer. Estas receitas 
 
7 
 
originárias são chamadas assim porque elas têm origem no patrimônio do 
próprio Estado. 
 
Já nas receitas derivadas, o poder público utiliza a lei para obrigar os particulares 
a pagarem alguma coisa aos cofres públicos. Os tributos estão dentro dessa 
categoria. Como essas receitas têm origem no patrimônio do particular (já que os 
contribuintes são obrigados a pagar os tributos), e não no patrimônio do Estado, 
elas são chamadas de receitas derivadas. Em outras palavras, elas são derivadas 
do patrimônio do povo, que paga tributos ao governo. 
 
E quem é que arrecada esses tributos? Depende da esfera de governo. Quanto aos 
tributos federais, a Secretaria da Receita Federal é responsável pela arredação. Já 
quanto aos tributos estaduais (agora, sim, estamos falando em SP, RJ, BA, MG...) e 
municipais, nós temos as Secretarias de Fazenda Estaduais e Municipais. Para 
simplificar, nós vamos chamar esses órgãos do governo responsável pela 
arrecadação, fiscalização e cobrança dos tributos de “Fisco”. Então, o Fisco é um 
nome genérico que se dá ao órgão fiscal do governo, podendo ser a Secretaria da 
Receita Federal, no âmbito federal, ou as Secretarias de Fazenda, nos âmbitos 
estadual e municipal. 
 
CONCEITO DE TRIBUTO 
 
Assim como o direito civil tem o Código Civil, que é a principal lei da disciplina, boa 
parte do que a gente vai aprender sobre direito tributário está previsto em uma lei. 
E que lei é essa? É o chamado Código Tributário Nacional, também conhecido, de 
forma abreviada, como CTN. 
 
E lá no CTN uma das primeiras coisas que a gente vai encontrar é o conceito de 
tributo. Esse conceito de tributo é definido expressamente no art. 3º do CTN. 
 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada. 
 
Quanto ao art. 3º, em primeiro lugar, a gente tem que ter em mente que o tributo é 
uma prestação. Isso quer dizer que você vai entregar alguma coisa para o Estado a 
título de tributo. Mas o que é essa coisa que você vai entregar? Dinheiro! 
 
Então, dizemos que o tributo é uma prestação pecuniária, porque ele é pago em 
dinheiro. Existe uma única possibilidade de pagamento do tributo de forma diversa 
de dinheiro. Essa possibilidade está prevista no art. 156, XI, do CTN, que estabelece 
que é possível extinguir o crédito tributário por meio da dação em pagamento de 
bem imóvel (se for móvel, como um carro, por exemplo, não pode), desde que haja 
previsão em lei. Porém, você deve ter em mente que a regra geral é que o tributo 
deve ser pago em dinheiro. 
 
Em seguida, o CTN nos diz que o tributo é uma prestação pecuniária compulsória. 
Quando você pratica uma determinada situação prevista na lei, que é o que a gente 
 
8 
 
chama de fato gerador, você vai ter que pagar o tributo. Observe que você não tem 
a escolha de pagar ou não pagar. Você é obrigado a pagar. E o que significa “fato 
gerador”? Fato gerador é a ocorrência de uma determinada situação que faz surgir 
a obrigação de pagar o tributo. No caso do IPTU, por exemplo, você é obrigado a 
pagar o imposto se tiver a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel. 
 
O CTN continua o raciocínio estabelecendo que essa prestação pecuniária 
compulsória deve ser paga em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. 
Essa expressão “cujo valor nela se possa exprimir” se refere a uma situação que 
não existe mais. Antigamente, era possível pagar tributo com selo, estampilha ou 
processo mecânico. Hoje em dia, entretanto, isso caiu em desuso. De qualquer 
modo, como o art. 3º do CTN continua falando nisso, se a prova lhe perguntar do 
jeito que está escrito nele, pode considerar como correto, ok? 
 
Segundo o CTN, o tributo também não constitui sanção por ato ilícito. Ou seja, o 
tributo não é uma punição (pena, multa...) por um ato ilícito praticado. Você paga o 
tributo por praticar um fato gerador lícito, previsto na lei. Você nunca vai ver uma 
lei estabelecendo como fato gerador de tributo uma situação ilícita. 
 
Só que você precisa prestar atenção para não se confundir com uma coisa aqui. 
Imagine um traficante que ganha muito dinheiro vendendo drogas. Imaginou? 
Agora me responda o seguinte: o traficante deve pagar imposto de renda pelo 
dinheiro que ganhou vendendo drogas? Se você ficou em dúvida, eu te ajudo a 
responder: é claro que ele deve pagar! Mas vender drogas não é um ato ilícito? Sim. 
E a gente não acabou de dizer que tributo não constitui sanção por ato ilícito e que 
não pode ter fato gerador ilícito? Sim. 
 
Acontece que, se você observar bem, o fato gerador do imposto de renda é “auferir 
renda”. Logo, independentemente do fato de essa renda ter origem em uma 
atividade lícita ou ilícita, ela será tributada (até porque não seria justo tributar 
quem exerce atividade lícita e dispensar da obrigação de pagar o tributo aquelas 
pessoas que exercem atividade ilícita). Isso, no direito tributário, é chamado de 
princípio da “pecunia non olet” (que significa “dinheiro não tem cheiro”). Ou 
seja, o fato gerador previsto na lei sempre será uma situação lícita, mas, 
ainda que a atividade seja ilícita, se for verificada a ocorrência do fato 
gerador, surge o dever de pagar o tributo E isso ocorre por causa do 
princípio da “pecunia non olet”. É o caso do traficante que ganha dinheiro 
vendendo drogas (atividade ilícita) e tem que pagar imposto de renda, 
porque o fato gerador “auferir renda” ocorreu. Entendido? 
 
Na sequência, o art. 3º do CTN estabelece que o tributo deve ser instituído em lei. 
Nós podemos acrescentar que o tributo também pode ser instituído, em alguns 
casos, por instrumento com força de lei, que normalmente é a medida provisória 
(existem outros, mas eles nunca são usados). Então, todo tributo deve estar 
previsto em lei ou em instrumento normativo com força de lei (medida provisória). 
Se não estiver previsto em um desses dois, a cobrança do tributo é ilegal. 
 
Por fim, o tributo deve ser cobrado por atividade administrativa plenamente 
vinculada. Ou seja, o auditor-fiscal, quando for cobrar um tributo, não pode 
 
9 
 
escolher se vai cobrar ou não aquele tributo (não há espaço para o auditor decidir 
pela conveniência e oportunidade de cobrar ou deixar de cobrar). Não tem como o 
auditor ficar com penade alguém e deixar de cobrar o tributo. Ele deve sempre 
seguir o que está previsto na lei. 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
 
O que é competência tributária? É o poder de instituir e majorar tributos (ou 
seja, de criar e aumentar o tributo), atribuído pela Constituição Federal aos entes 
federativos (União, Estados, Distrito Federal e Município). A Constituição não cria 
tributo nenhum! É importante perceber isso. Ela apenas confere aos entes 
federativos a competência para criar e majorar os tributos. Além disso, é 
fundamental perceber que somente os entes federativos têm essa competência. 
Ninguém mais pode instituir ou majorar tributos, senão União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios. 
 
Você não pode confundir competência tributária com competência para 
legislar sobre direito tributário. Competência tributária é o poder de instituir e 
majorar tributos, conferido pela Constituição Federal aos entes federativos. A 
competência para legislar sobre direito tributário se refere à edição de leis que vão 
detalhar os tributos e as relações tributárias entre o Estado e o contribuinte. 
 
A competência para legislar sobre direito tributário está prevista no art. 24 da 
Constituição Federal. 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
 
Pela literalidade do art. 24 da Constituição, trata-se de competência concorrente 
entre União, Estados e Distrito Federal (observe que os Municípios não estão 
aqui). O § 1º do art. 24 nos diz que, no âmbito da legislação concorrente, a 
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Cabe então aos 
Estados e Distrito Federal suplementar as normas gerais editadas pela União. 
Porém, inexistindo lei federal sobre normas gerais (ou seja, se a União for omissa 
na sua competência de estabelecer normas gerais), os Estados exercerão a 
competência legislativa plena (e não somente suplementar), para atender a suas 
peculiaridades. Caso uma lei federal sobre normas gerais sobre determinado 
tributo seja elaborada posteriormente, ela suspenderá a eficácia da lei estadual, 
mas apenas no que esta lhe for contrária. Prevalece, portanto, a legislação federal, 
ficando suspensa a eficácia da lei estadual ou distrital quanto aos pontos que 
colidirem com a lei federal. É importante notar que a lei federal não tem o poder de 
revogar a legislação estadual ou distrital, mas apenas de suspender a sua eficácia. 
 
Visto isso, você pode ser perguntar: “ah, mas os Municípios não têm 
competência para legislar sobre direito tributário”? 
 
O art. 30 da Constituição Federal dispõe o seguinte, nos incisos I e II: 
 
10 
 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
 
Ou seja, com base no art. 30, os Municípios também possuem competência 
para legislar sobre direito tributário, mas apenas nos casos dos incisos I e II (ou 
seja, quando se tratar de assuntos de interesse local e quanto se tratar de 
suplementar a legislação federal e estadual no que couber). 
 
Características da competência tributária 
 
Nós vimos que a competência tributária é o poder de instituir ou majorar tributos, 
conferido pelas Constituição aos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios). Só que o ente que recebe essa competência não pode fazer o que 
quiser com ela. Por isso, existem alguns limites. 
 
A primeira característica da competência tributária é a facultatividade. Além 
de indelegável, a competência tributária é FACULTATIVA. Como assim? O ente 
federativo pode optar por instituir ou não um determinado tributo de sua 
competência. A instituição dos tributos é facultativa. A própria Constituição 
Federal diz que os entes federativos “poderão” instituir tributos (e não que eles 
“deverão” instituir tributos”). 
 
Um exemplo dessa facultatividade é o fato de a União não ter instituído o imposto 
sobre grandes fortunas até hoje. 
 
Um detalhe que pode causar dúvida são as disposições da Lei de 
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000). O art. 11 da lei 
estabelece que é requisito essencial da boa gestão fiscal instituir e arrecadar todos 
os tributos previstos na Constituição e veda a realização de transferências 
voluntárias para o ente que não instituir e arrecadar todos os impostos de 
sua competência. 
 
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão 
fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da 
competência constitucional do ente da Federação. 
 
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o 
ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. 
 
Ora, mas a gente não acabou de ver que o exercício da competência tributária é 
facultativo? Agora você vem me dizer que, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, a 
competência tributária é obrigatória? Não é nada disso! Em que pese a lei 
estabeleça a necessidade de os entes instituírem os tributos de sua 
competência constitucional, isso não prejudica a característica da 
 
11 
 
facultatividade, já que esta é dada pela Constituição (que tem hierarquia 
normativa superior à lei complementar). 
 
No entanto, nós devemos chamar atenção para a sanção estabelecida pela Lei de 
Responsabilidade Fiscal para os entes que não instituírem todos os impostos de 
sua competência. De acordo com o art. 11, parágrafo único, da Lei Complementar 
nº 101/2000, é vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que 
não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Observe que 
apenas as transferências voluntárias ficam vedadas. Além disso, a sanção se 
refere apenas à não instituição de impostos. Ou seja, não se aplica a vedação 
de transferências voluntárias para o ente que não institua outros tributos 
que não sejam impostos. 
 
Reforçando o nosso entendimento, o STF também entende que o parágrafo único 
do art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal não apresenta qualquer conflito com o 
fato de a competência tributária ser facultativa, uma vez que ele veda tão somente 
a realização de transferências voluntárias (e não de transferências obrigatórias, 
que nada mais é do que o repasse obrigatório de uma parte da arrecadação 
tributária de um ente federativo para outros, na forma determinada pela 
Constituição). 
 
A segunda característica é a da indelegabilidade. A competência tributária é 
INDELEGÁVEL. Ou seja, um ente não pode transferir a outro ente a 
competência para instituir um determinado tributo. A repartição das 
competências tributárias entre os entes tem o objetivo de garantir uma autonomia 
financeira decorrente da arrecadação a cada um deles, sem depender do repasse 
de verbas dos demais. Se fosse possível a transferência desse poder de instituir 
tributos, essa autonomia financeira seria prejudicada. 
 
Em razão dessa característica, se algum ente deixa de exercer sua 
competência tributária para instituir algum tributo, isso não autoriza que 
outro ente institua o tributo que não é de sua competência. A competência é 
daquele ente (e somente dele). É exatamente isso o que estabelece o art. 8º do CTN. 
 
Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa 
jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha 
atribuído. 
 
Apesar de a competência tributária ser indelegável, a capacidade ativa 
tributária pode ser delegada. E o que é capacidade tributária ativa? É a 
capacidade para cobrar, arrecadar e fiscalizar o tributo ou executar leis e decisões 
administrativas em matéria tributária. A capacidade tributária ativa pode, sim, 
ser delegada, mas apenas a outras pessoas jurídicas de direito público. 
Observe que apenas pessoasjurídicas de direito público podem receber a 
delegação da capacidade ativa tributária (as pessoas jurídicas de direito privado 
não podem). E o que é uma pessoa jurídica de direito público? São os entes 
federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), que compõem o que se 
chama de Administração Direta, e algumas entidades integrantes da chamada 
 
12 
 
Administração Indireta (Autarquias e Fundações Públicas). Por outro lado, pessoas 
jurídicas de direito privado são as empresas. É isso que nos diz o art. 7º do CTN. 
 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções 
de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou 
decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa 
jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da 
Constituição. 
 
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que 
competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. 
 
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da 
pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. 
 
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de 
direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. 
 
O ente que possui a competência tributária também terá a capacidade ativa 
tributária. Mas se ele optar por delegar alguma coisa, saiba que apenas a 
capacidade ativa tributária (cobrar, arrecadar, fiscalizar, executar...) pode ser 
delegada. A competência tributária (que é o poder de instituir e majorar tributos) 
não pode ser delegada! 
 
O art. 7º, § 1º, do CTN, estabelece que a pessoa que receber a delegação da 
capacidade tributária ativa também receberá as garantias e os privilégios 
processuais. Um exemplo disso é o prazo em dobro para apresentar defesa e 
para apresentar recursos que o Código de Processo Civil atribui à Fazenda 
Pública. Esse privilégio processual, por exemplo, também acompanharia a 
delegação da capacidade tributária ativa. 
 
A delegação da capacidade tributária ativa pode ser revogada a qualquer 
tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público delegante. É o 
que diz o § 2º do art. 7º. 
 
O § 3º, por sua vez, dispõe que não constitui delegação de competência atribuir 
a pessoas de direito privado a função de arrecadar tributos. A competência 
tributária, como já vimos, é indelegável, seja para pessoas jurídicas de direto 
público ou de direito privado. Mas o que esse § 3º quer dizer, então? Ele não quer 
dizer que é possível atribuir a capacidade tributária ativa a pessoas jurídicas 
de direito privado, não! Não entenda errado. Como vimos, a capacidade ativa 
tributária pode ser delegada apenas para pessoas jurídicas de direito 
público. Esse § 3º apenas está dizendo que é possível que uma pessoa 
jurídica arrecade um tributo e que isso não faz com que ela tenha 
competência tributária. Seria o caso de um banco ou instituição financeira que 
recebe pagamentos de tributos, por exemplo. Nesse caso, o banco estaria 
arrecadando tributo, mas isso não faz com que ele tenha competência tributária e 
nem capacidade tributária ativa. 
 
 
13 
 
A terceira característica da competência tributária é a incaducabilidade. A 
competência tributária é INCADUCÁVEL. Isso quer dizer que o ente federativo 
que deixe de fazer uso de sua competência tributária não perde o poder de 
instituir e majorar os tributos atribuídos a ele pela Constituição. Caducar 
significa perder um direito pelo não uso. Se um direito é incaducável, isso significa 
que ele não se perde pela falta de uso. 
 
A União, por exemplo, não instituiu o imposto sobre grandes fortunas, mas nem 
por isso perdeu esse poder. Ela pode instituir a qualquer momento. 
 
Alguns autores utilizam também o termo “imprescritibilidade” para se 
referir a essa característica. Ou seja, a competência tributária não prescreve 
(não se perde com o tempo). Prescrição, caso você ainda não saiba, é a perda de um 
direito de ação pelo decurso do tempo. Por isso, podemos entender que é correto 
dizer que a competência tributária é IMPRESCRITÍVEL. 
 
A quarta característica da competência tributária é a inalterabilidade. A 
competência tributária é INALTERÁVEL. Isso quer dizer que a competência 
tributária não pode ser alterada por lei ou norma infraconstitucional (que está 
abaixo da Constituição). Ou seja, ela somente poderá ser alterada por emenda 
constitucional. 
 
Por fim, a quinta característica da competência tributária é a 
irrenunciabilidade. A competência tributária é IRRENUNCIÁVEL. Isso quer dizer 
que o ente federativo não pode abrir mão da sua competência tributária. Como 
vimos, a competência tributária é facultativa. Assim, o ente pode até deixar de 
exercer aquela atribuição, porque ele tem essa faculdade, mas não pode 
renunciar a ela. 
 
Espécies tributárias 
 
Atualmente, existem cinco espécies de tributo. Muita gente acha que imposto e 
tributo são sinônimos, mas não são. Imposto é uma das cinco espécies tributárias 
que existem no Brasil. 
 
 Impostos; 
 Taxas; 
 Contribuições de melhoria; 
 Contribuições especiais; 
 Empréstimo compulsório. 
 
É importante entender um pouco melhor essas espécies. Os impostos, taxas e 
contribuições de melhoria estão previstos expressamente tanto no CTN, quanto na 
Constituição Federal. Ocorre que as contribuições especiais e o empréstimo 
compulsório estão previstos apenas na Constituição (não há previsão dessas 
espécies no CTN, porque ele é uma lei mais antiga, elaborada em 1966, enquanto a 
Constituição é mais nova, tendo sido elaborada em 1988). 
 
 
14 
 
O CTN prevê apenas três espécies tributárias: impostos, taxas e contribuições 
de melhoria. Porém, o STF entende, com base na Constituição, que 
atualmente existem cinco espécies tributárias no Brasil (já que a 
Constituição acrescenta contribuições especiais e empréstimos 
compulsórios). Então, o STF, partindo da Constituição Federal, adota a teoria 
pentapartida (cinco espécies), enquanto o CTN adota a teoria tripartida (três 
espécies). 
 
E como é que a gente faz pra diferenciar cada uma dessas espécies? Pelo art. 4º do 
CTN, apenas o fato gerador do tributo será determinante para identificar a 
espécie tributária (ou seja, para saber se é imposto, taxa, contribuição de 
melhoria, contribuição especial ou empréstimo compulsório). 
 
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato 
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: 
 
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; 
 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. 
 
Reforçando a ideia de que apenas o fato gerador é suficiente para diferenciar as 
espécies tributárias, o art. 4º, I, do CTN estabelece que são irrelevantes para o 
enquadramento do tributo em determinada espécie a denominação que se 
dá a ele e também outras características formais que a lei venha a 
estabelecer. O nome que se dá ao tributo, então, será irrelevante para definir se 
ele é um imposto, taxa, contribuição de melhoria, contribuição ou empréstimo 
compulsório. 
 
No mesmo sentido, o art. 4º, II, diz que é irrelevante para qualificar o tributo a 
destinação legal do produto de sua arrecadação (ou seja, é irrelevante saber 
em que foi gasto o valor arrecadado). 
 
É importante observar, no entanto, que esse dispositivo foi criado numa época em 
que existiam apenas três espécies tributárias. Com a Constituição Federal de 
1988 e com a criação das contribuições especiais e dos empréstimos 
compulsórios, essa regra de que a destinação legal da arrecadação é 
irrelevante para diferenciar as espécies já não funciona tão bem. Por quê? 
Porque a arrecadação das contribuições especiais e dos empréstimos 
compulsórios é destinada a uma finalidade estabelecida emlei. Assim, a 
destinação legal do produto da arrecadação passou a ser relevante para 
distinguir contribuições e empréstimos compulsórios das outras três 
espécies de tributo. Por isso, entende-se que o inciso II do art. 4º deve ser 
aplicado somente aos impostos, taxas e contribuições de melhoria (que eram as 
únicas três espécies de tributo existentes quando o CTN foi elaborado), não sendo 
válido para contribuições e empréstimos compulsórios. 
 
 
 
 
15 
 
Classificação da competência tributária 
 
Embora este seja um assunto bem chato de estudar, de vez em quando as provas 
resolvem cobrar uma questão sobre isso. Por isso, é bom a gente ter um pouquinho 
de conhecimento, não é? Então, pra começar, você tem que saber que a 
competência tributária pode ser classificada em cinco tipos: comum, 
privativa, residual, extraordinária ou cumulativa. 
 
A competência comum é aquela que é atribuída pela Constituição a todos os 
entes federativos. Ou seja, ela se refere a tributos que todos os entes federativos 
podem instituir e cobrar, que são as taxas e as contribuições de melhoria. 
 
E os impostos? Eles não fazem parte da competência comum? Não! Como não, se 
todos os entes podem instituir impostos? Pois bem... De fato, todos os entes podem 
instituir impostos, mas cada um só pode instituir impostos específicos. A União não 
pode instituir o ICMS, por exemplo, porque este é um tributo de competência dos 
Estados. Da mesma forma, os Estados não podem instituir o IPI, porque ele é um 
tributo de competência da União. 
 
Por isso, a gente diz que os impostos estão inseridos na chamada competência 
privativa. A competência privativa é aquela que é atribuída com exclusividade 
pela Constituição a um único ente federativo. Além do caso dos impostos, nós 
podemos citar também as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios, 
todos de competência privativa da União. 
 
Outro detalhe que você tem que tomar cuidado para não se confundir é com a 
chamada competência residual. A competência residual diz respeito à 
atribuição para instituir novos impostos e contribuições, diferentes daqueles 
ou daquelas previstas na competência privativa. A competência residual é 
atribuída apenas à União. 
 
E os impostos extraordinários de guerra? Eles não fazem parte da competência 
residual? Não fazem! Na verdade, como o próprio nome sugere, eles fazem parte da 
chamada competência extraordinária. A competência extraordinária, assim 
como a residual, é atribuída exclusivamente à União. 
 
Por fim, temos a chamada competência cumulativa. Como o próprio nome sugere, 
competência cumulativa se refere situações em que um mesmo ente acumula 
competências tributárias. Será que dá pra explicar isso melhor? Claro que dá. 
 
A federação brasileira é dividida em União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
O Distrito Federal é muito parecido com os Estados, só que com uma diferença: ele 
não pode ser dividido em Municípios. Se ele não pode ser dividido em Municípios, 
quem é que fica responsável por cobrar os impostos municipais no seu território? 
Pra resolver esse problema, a Constituição atribui ao Distrito Federal não 
somente a competência tributária dos Estados, mas também a competência 
tributária dos Municípios. Assim, ele tem a competência cumulativa dos 
impostos estaduais e dos impostos municipais. 
 
 
16 
 
Outra situação em que isso pode acontecer é com os chamados Territórios 
Federais. Os Territórios Federais são locais que integram a União, mas que não 
fazem parte de nenhum Estado. E aí? Quem é que institui e cobra os impostos 
estaduais e municipais? De acordo com a Constituição Federal, os impostos 
estaduais nos Territórios Federais ficam sempre a cargo da União. Quanto 
aos impostos municipais, se o Território for dividido em Municípios (o que é 
permitido), a instituição e a cobrança caberá ao próprio Município. Porém, se 
ele não for dividido em Municípios, a instituição e a cobrança dos impostos 
municipais também caberá à União. 
 
Panorama das espécies de tributo 
 
A Constituição Federal indica quais tributos podem ser instituídos por cada 
um dos entes federativos. Certamente, você já sabe que o Brasil é uma federação. 
Isso significa que seu território é dividido em unidades federativas, da seguinte 
forma: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O objetivo aqui neste ponto é 
somente lhe dar um panorama dos tributos que existem no Brasil. Não precisa se 
preocupar em decorar nada disso, porque a gente vai repetir tudo ao longo do 
nosso estudo, tá? Eu só preciso que você tenha uma noção das espécies de tributo 
para facilitar o seu entendimento dos próximos temas. 
 
Impostos 
 
Os impostos em geral se inserem na chamada competência privativa. Isso 
significa que todos os entes federativos podem instituir impostos, mas a 
Constituição Federal indica exatamente quais impostos específicos cada um deles 
poderá instituir. Veja que cada ente tem a sua competência privativa para 
determinados impostos, não sendo possível que um ente invada a competência do 
outro. 
 
Só que a União detém competência extraordinária, podendo instituir os 
chamados impostos extraordinários de guerra, e também competência residual, 
podendo instituir os chamados impostos residuais. O Distrito Federal, por sua vez, 
detém competência cumulativa, acumulando os impostos atribuídos aos Estados 
e também aqueles atribuídos aos Municípios. 
 
A primeira característica dos impostos é que eles são tributos não vinculados. 
Tributo não vinculado é aquele em que não há qualquer contraprestação direta do 
ente federativo tributante em relação ao contribuinte. Por exemplo, quando eu 
pago uma taxa pela emissão de uma certidão, eu tenho uma contraprestação direta 
do Poder Público que é a emissão da certidão. No entanto, quando eu pago um 
imposto, eu não recebo nada em troca desse pagamento (pelo menos não 
diretamente). Portanto, contrapartida do Estado pelo pagamento do imposto 
ocorre de forma indireta (pode ser em forma de pavimentação das vias públicas, de 
contratação de servidores, de reforma de uma praça, etc...). 
 
Por isso, os impostos também são chamados de tributos unilaterais. Como falamos 
antes, é óbvio que os contribuintes devem obter um retorno indireto daquilo que 
estão pagando a título de imposto, mas não há uma contrapartida imediata 
 
17 
 
prestada pelo Estado. Eu não posso, por exemplo, reclamar que eu pago o IPVA 
(imposto sobre a propriedade de veículo automotor) em dia, mas as rodovias 
federais estão em péssimo estado, porque não existe uma contrapartida direta pelo 
pagamento do imposto. O valor arrecadado, na verdade, será gasto com despesas 
gerais do Poder Público (inclusive com a manutenção de rodovias). 
 
Temos, então, a segunda característica dos impostos é que eles possuem 
arrecadação não vinculada. Os impostos devem ser utilizados para custear 
despesas gerais do Estado. Assim, o valor arrecadado com impostos não pode ser 
destinado a órgão, fundo ou despesa previamente estabelecidos, ressalvados os 
casos em que a própria Constituição Federal determina o contrário. 
 
Eu não posso, por exemplo, achar absurdo o fato de o Poder Público cobrar IPVA 
(imposto sobre propriedade de veículo automotor) e deixar as estradas cheias de 
buracos. Por quê? Porque a arrecadação do imposto não é vinculada a nenhuma 
despesa previamente estabelecida. Não existe nenhum dispositivo de lei que diga 
que o valor arrecadado com o IPVA deve ser destinada à manutenção das vias 
públicas. 
 
Dando seguimento ao nosso conteúdo, os impostos podem ser criados por lei 
ordinária (ou por outro instrumento com força de lei, como medida 
provisória e lei delegada) ou lei complementar, a depender da espécie a 
respeito da qual se esteja tratando. 
 
Mas você sabe o que é lei ordinária e o que é lei complementar? Primeiramente, é 
importante dizerque não existe hierarquia entre lei ordinária e lei complementar. 
Ou seja, uma não vale mais do que a outra. A diferença entre elas é que a lei 
complementar precisa, para sua aprovação, de um quórum de maioria absoluta 
(metade do total de parlamentares + 1), enquanto que a lei ordinária precisa 
apenas de quórum de maioria simples (metade dos parlamentares presentes + 1). 
Então, a lei complementar é mais difícil de ser aprovada do que a lei ordinária. A 
Constituição exige expressamente que algumas matérias (assuntos) que ela 
considerou relevantes sejam tratadas por lei complementar (como no caso desses 
quatro tributos); quando a Constituição não diz nada, aquela matéria pode ser 
tratada tanto pode lei ordinária quanto por lei complementar. Em outras palavras, 
a lei complementar pode tratar das matérias reservadas à lei ordinária, mas a lei 
ordinária não pode tratar das matérias reservadas à lei complementar. 
 
Como a gente comentou, os impostos também podem ser criados por medida 
provisória. Medida provisória é um ato normativo que tem força de lei, expedido 
pelo Presidente da República em casos de urgência e relevância. Ela não é uma lei, 
porque lei somente pode ser expedida pelo Poder Legislativo, mas ela tem força de 
lei, porque pode tratar de matérias que são reservadas à lei ordinária (não pode 
tratar de matéria de lei complementar). 
 
Como nós ainda veremos, há apenas quatro tributos (sendo dois impostos) que 
exigem lei complementar para sua instituição e majoração, que são os seguintes: 
 
a) Empréstimo Compulsório (art. 148 da Constituição Federal); 
 
18 
 
b) Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da Constituição Federal); 
c) Imposto Residual (art. 154, I, da Constituição Federal); e 
d) Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º, da Constituição Federal). 
 
Nesses quatro casos, a instituição e majoração do tributo somente poderá 
acontecer por meio de lei complementar. 
 
Cuidado! Os impostos residuais e o imposto sobre grandes fortunas exigem 
LEI COMPLEMENTAR! Para os demais impostos, é necessária apenas lei 
ordinária. 
 
A Constituição Federal determina que uma lei complementar deve estabelecer 
normas gerais quanto à definição de tributos e de suas espécies, bem como, 
apenas em relação aos impostos, os respectivos fatos geradores, bases de 
cálculo e contribuintes. Observe que para os tributos em geral essa lei 
complementar deve estabelecer apenas definição dos tributos e de suas espécies, 
mas para os IMPOSTOS ela deve estabelecer também quais são os fatos geradores, 
as bases de cálculo e os contribuintes. 
 
A principal lei complementar que estabelece normas gerais quanto à definição de 
tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos é o Código 
Tributário Nacional. Embora o CTN seja uma lei ordinária (e não lei 
complementar), ele é datado de 1966, quando não havia exigência de lei 
complementar para definição de normas gerais sobre tributos, sendo anterior à 
Constituição Federal, que data de 1988. Por isso, dizemos que o CTN, embora seja 
formalmente lei ordinária, foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 com 
status de lei complementar (por tratar de matérias reservadas à lei 
complementar). 
 
Os impostos podem ser classificados, dentre outras formas, em reais ou 
pessoais. Impostos reais são aqueles que incidem sobre coisas (todos pagam a 
mesma coisa), ao passo que impostos pessoais são aqueles que consideram 
aspectos pessoais do contribuinte (cada contribuinte paga conforme a sua 
capacidade). 
 
Como você deve se lembrar, o art. 145, § 1º, da Constituição Federal estabelece o 
princípio da capacidade contributiva, que diz que sempre que possível, os 
impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade 
econômica (no sentido de capacidade contributiva) do contribuinte, facultado 
à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o 
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
 
Então, a Constituição determina, primeiramente, que sempre que possível os 
impostos deverão ter o atributo da pessoalidade. Em segundo lugar, estabelece 
também a graduação conforme a capacidade contributiva, o que está intimamente 
ligado ao caráter pessoal. 
 
 
19 
 
Observe que não é sempre que os impostos serão pessoais e graduados conforme a 
capacidade contributiva, mas sim SEMPRE QUE POSSÍVEL. Cuidado com isso na 
hora da prova, porque as bancas examinadoras gostam de fazer pegadinhas com 
esse negócio. 
 
A Constituição impõe a exigência de capacidade contributiva, sempre que possível, 
apenas para IMPOSTOS. No entanto, nada impede que esse princípio seja aplicado 
na criação de outros tributos (inclusive, o STF entende que ele deve ser aplicado a 
outros tributos). 
 
Veremos agora, rapidamente, quais são os impostos de cada ente federativo. 
 
Impostos de competência da União 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
 
I - importação de produtos estrangeiros (I.I.); 
 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados 
(I.E.); 
 
III - renda e proventos de qualquer natureza (IR); 
 
IV - produtos industrializados (IPI); 
 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores 
mobiliários (IOF); 
 
VI - propriedade territorial rural (ITR); 
 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar (IGF). 
 
Para ajudar a memorizar os impostos de competência da União, você pode lembrar 
do PÉ FRITO! Estranho imaginar um pé frito, não é? Mas ajuda... pode acreditar! 
Hahaha! 
 
 Imposto sobre Produtos industrializados 
 Imposto de Exportação 
 Imposto sobre Grandes Fortunas 
 Imposto de Renda 
 Imposto de Importação 
 Imposto Territorial Rural 
 Imposto sobre Operações financeiras 
 
Desses sete impostos de competência da União, apenas seis foram criados até o 
momento. E qual deles ainda não existe? O Imposto sobre Grandes Fortunas não foi 
criado. 
 
 
20 
 
Além desses sete, o art. 154 da Constituição Federal traz outros dois impostos que 
também só podem ser instituídos pela União: os impostos residuais e o imposto 
extraordinário de guerra. 
 
Art. 154. A União poderá instituir: 
 
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, 
desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de 
cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; 
 
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, 
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão 
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. 
 
Os impostos residuais (art. 154, I) se inserem na chamada competência residual, ao 
passo que o imposto extraordinário de guerra (IEG) se insere na chamada 
competência extraordinária. 
 
Impostos de competência dos Estados e do Distrito Federal 
 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos 
sobre: 
 
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos 
(ITCMD); 
 
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, 
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior (ICMS); 
 
III - propriedade de veículos automotores (IPVA). 
 
Os impostos de competência dos Estados e do Distrito Federal são apenas três: 
imposto sobre transmissão causa mortis – que nada mais é do que o recebimento 
de herança – e doação (ITCMD), imposto sobre circulação de mercadorias e 
serviços (ICMS) e imposto sobre propriedade de veículo automotor (IPVA). Como 
são poucos, você não teráproblemas em memorizá-los. 
 
Impostos de competência dos Municípios (e do Distrito Federal) 
 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
 
I - propriedade predial e territorial urbana (IPTU); 
 
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens 
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, 
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI); 
 
 
21 
 
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, 
definidos em lei complementar (ISS). 
 
Os impostos de competência dos Municípios também são três: imposto sobre 
propriedade predial e territorial urbana (IPTU), imposto sobre transmissão de 
bens imóveis por ato oneroso (ITBI) e imposto sobre serviços de qualquer 
natureza (ISS). 
 
O art. 147 da Constituição atribui ao Distrito Federal a competência para criar 
também os impostos que são atribuídos aos Municípios. Isso é chamado de 
competência cumulativa. 
 
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, 
se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os 
impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais. 
 
Assim, o Distrito Federal pode criar os seguintes tributos: ITCMD, ICMS, IPVA, 
IPTU, ITBI e ISS. 
 
Impostos nos Territórios Federais 
 
A gente já viu que cada ente federativo tem competência para instituir 
determinados impostos. Mas e os Territórios Federais? 
 
Os Territórios Federais não são entes federativos (eles são, na verdade, integrantes 
da União), mas neles os impostos dos Estados e Municípios também são cobrados. 
Neles, a competência para instituir impostos estaduais será sempre da União. 
Se o território for dividido em Municípios, caberá a cada Município instituir 
os impostos municipais. Se não houver divisão em Municípios, os impostos 
municipais nos Territórios também serão de competência da União. 
 
Taxas 
 
As taxas encontram-se previstas no art. 145, II, da Constituição Federal. 
 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos: 
 
(...) 
 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados 
ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
 
De acordo com o dispositivo constitucional, todos os entes federativos podem 
instituir taxas. E o que isso quer dizer? Quer dizer que as taxas são tributos que se 
inserem na chamada competência comum. As taxas, portanto, se inserem na 
competência tributária comum. 
 
 
22 
 
Como você pode observar, também, as taxas não exigem lei complementar para 
sua criação, o que significa que elas podem ser criadas por meio de lei 
ordinária. 
 
Mas quando é que uma taxa pode ser cobrada? As taxas só podem ser cobradas 
quando o Estado prestar uma atividade para a pessoa que estiver pagando. Por 
isso, diz-se que taxas são tributos vinculados (porque são vinculados a uma 
atividade do Estado em contrapartida ao seu pagamento). 
 
Ao contrário dos impostos, as taxas são tributos vinculados a uma atividade 
específica, demandando, portanto, uma contraprestação estatal com relação ao 
contribuinte que justifique a cobrança do tributo. Então, quando você paga uma 
taxa para emissão de uma certidão, você espera que o Poder Público preste uma 
atividade específica para você, que, no caso, é a emissão da certidão (que é um 
serviço público). Veja o que diz o art. 77 do CTN: 
 
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou 
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato 
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou 
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou 
posto à sua disposição. 
 
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos 
aos que correspondam a impôsto nem ser calculada em função do capital das 
emprêsas. 
 
De acordo com o art. 77 do CTN, as taxas podem ser instituídas em duas 
situações: 
 
a) em razão do exercício regular do poder de polícia; ou 
 
b) pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e 
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. 
 
Além disto, as taxas podem ser tributos de arrecadação vinculada ou não 
vinculada, considerando que não há nenhuma proibição estabelecida pela 
Constituição Federal quanto à destinação do produto arrecadado. No entanto, as 
custas e emolumentos (que são taxas de serviço), conforme o texto 
constitucional, têm sua arrecadação destinada exclusivamente (e 
obrigatoriamente) ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da 
Justiça. 
 
Contribuições de melhoria 
 
A contribuição de melhoria é um tributo cobrado quando o imóvel da pessoa 
é valorizado em decorrência de uma obra realizada pelo poder público. Isso 
pode ser extraído do art. 145, III, da Constituição Federal. 
 
 
23 
 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos: 
 
(...) 
 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. 
 
Assim como no caso das taxas, todos os entes federativos possuem competência 
para instituir contribuições de melhoria. Por isso, dizemos que elas se inserem na 
competência tributária comum. Veja o que diz o art. 81 do CTN: 
 
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo 
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que 
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada 
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para 
cada imóvel beneficiado. 
 
Como você pode observar, também, as contribuições de melhoria não exigem 
lei complementar para sua criação, podendo ser criadas por meio de lei 
ordinária. 
 
De acordo com a Constituição Federal, a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios poderão instituir contribuição de melhoria em decorrência de 
obras públicas. 
 
No entanto, não basta haver uma obra pública para que esteja permitida a 
cobrança da contribuição de melhoria, sendo imprescindível que, em virtude da 
obra, haja valorização imobiliária. De acordo com o STF, o termo “melhoria” 
deve ser entendido como valorização. Por isso, observa-se que o fato gerador do 
tributo não é a obra pública em si, mas, sim, a valorização imobiliária decorrente 
da obra. 
 
Então, a contribuição de melhoria somente pode ser instituída quando houver uma 
obra pública da qual decorra valorização imobiliária. 
 
A contribuição de melhoria visa a evitar o enriquecimento sem causa do particular 
que teve o seu imóvel valorizado em decorrência da obra pública e também do 
Estado (quando da cobrança da contribuição de melhoria). Por isso, o valor da 
contribuição de melhoria está sujeito a dois limites, que devem ser 
observados simultaneamente: o limite total e o limite individual. 
 
O limite total é o custo da obra. Ou seja, a soma do que todos os contribuintes 
vão pagar a título de contribuição de melhoria não pode ser maior do que o Estado 
gastou para realizar a obra. 
 
O limite individual, por sua vez, é a valorização do imóvel do contribuinte. Ou 
seja, o contribuinte não poderá pagar uma contribuição de melhoria com valor 
superior ao da valorização do seu imóvel. 
 
24 
 
 
Contribuições especiais 
 
A principal característica das contribuições especiais é que elas são tributos de 
arrecadação vinculada. Ou seja, o valor arrecadado por essas contribuições é 
destinado ao financiamento de situações específicas. 
 
As contribuições especiais abrangem as quatrosubespécies do quadro abaixo: 
 
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS 
 Contribuições sociais, que se dividem em: 
o Contribuições sociais para a seguridade social; 
o Contribuições sociais residuais (ou outras contribuições sociais); 
o Contribuições sociais gerais; 
 Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); 
 Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas; 
 Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública (COSIP). 
 
Como regra geral, as contribuições especiais são de competência privativa da 
União, nos termos do art. 149 da Constituição Federal. 
 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de 
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas 
respectivas áreas (...). 
 
Contudo, há duas contribuições que fogem a essa regra e, portanto, não são de 
competência privativa da União. 
 
A primeira exceção se refere às contribuições sociais previdenciárias do 
servidor público (art. 149, § 1º, da Constituição). As contribuições sociais 
previdenciárias serão de competência do ente a que pertence o servidor público. 
Se estivermos tratando de um servidor público estadual, por exemplo, será o 
Estado o ente federativo competente para instituir a contribuição social 
previdenciária que incidirá sobre a remuneração desse servidor. O mesmo 
raciocínio vale para os servidores dos demais entes federativos. 
 
A segunda exceção se refere à contribuição para o custeio do serviço de 
iluminação pública (COSIP). A COSIP é um tributo de competência dos 
Municípios e do Distrito Federal. Cuidado para não confundir e pensar que a COSIP 
é de competência dos Estados e do Distrito Federal. Isso está errado! A 
competência para instituir a COSIP é apenas dos Municípios e do Distrito Federal. 
 
25 
 
 
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, 
na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação 
pública, observado o disposto no art. 150, I e III. 
 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o 
caput, na fatura de consumo de energia elétrica. 
 
Outro detalhe importante é que, em regra, as contribuições especiais são 
instituídas por meio de lei ordinária. A única situação excepcional é a das 
contribuições sociais residuais, para as quais a Constituição Federal exige lei 
complementar, como nós veremos mais à frente. 
 
Empréstimos Compulsórios 
 
Os empréstimos compulsórios são tributos de competência privativa da União. 
Nenhum outro ente federativo poderá criar empréstimos compulsórios. 
 
Os empréstimos compulsórios são tributos de pagamento obrigatório, mas 
restituíveis (ou seja, o contribuinte paga, mas depois de um tempo recebe de volta 
o que pagou). Trata-se, como diz o nome, de um empréstimo forçado ao Estado. 
Apesar do nome “empréstimo”, é importante ressaltar que os empréstimos 
compulsórios são tributos. 
 
O empréstimo compulsório é um dos quatro tributos que não podem ser 
instituídos por lei ordinária, sendo exigida lei complementar para sua 
criação. Caso você não se lembre, os tributos que somente podem ser instituídos 
por lei complementar são os seguintes: 
 
a) Empréstimo Compulsório (art. 148 da Constituição Federal); 
b) Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da Constituição Federal); 
c) Imposto Residual (art. 154, I, da Constituição Federal); e 
d) Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º, da Constituição Federal). 
 
De acordo com o art. 148 da Constituição, o empréstimo compulsório pode ser 
criado em apenas dois casos: 
 
 para atender despesas extraordinárias (decorrentes de calamidade 
pública, guerra externa ou sua iminência); 
 
 para investimento público urgente e de relevante interesse nacional. 
 
É importantíssimo saber que esses NÃO são fatos geradores do empréstimo 
compulsórios, mas apenas os casos que permitem a sua instituição. O fato 
gerador do empréstimo compulsório é definido pela lei complementar que o criar. 
 
 
 
 
26 
 
Bitributação e bis in idem 
 
Dentro do tema da competência tributária, esses dois conceitos que são muito 
importantes para provas de concurso. 
 
Ocorre bitributação quando dois ou mais entes federativos tributam o mesmo fato 
gerador. Haveria aqui uma invasão da competência tributária de um ente por outro 
ou por outros. Por isso mesmo, a bitributação em regra é proibida, somente 
sendo admitida em alguns casos: 
 
 Imposto extraordinário de guerra (IEG) – o art. 154, II, da Constituição 
Federal, permite que a União, em caso de guerra externa ou sua iminência, 
crie o IEG, que poderá ter fato gerador idêntico ao de outro tributo já 
existente, inclusive dos tributos de competência de outros entes 
federativos. 
 
 ICMS na importação – o art. 155, § 2º, IX, a, da Constituição Federal, afirma 
que incide o ICMS na importação. Como nós já temos o imposto de 
importação (I.I.), que também recairá sobre produtos importados, trata-se 
de uma hipótese de bitributação permitida pela Constituição; 
 
 Tributação do mesmo fato gerador em países diferentes – é possível 
que dois países diferentes tributem um mesmo fato gerador, como ocorre 
comumente, por exemplo, no caso do imposto de renda. É perfeitamente 
possível que um brasileiro recebe dinheiro por um trabalho realizado na 
Alemanha tenha que pagar imposto de renda sobre esse valor tanto no 
Brasil quanto na Alemanha. Geralmente, os países celebram tratados 
internacionais entre si para evitar esse tipo de problema. 
 
Você não pode confundir bitributação com bis in idem. O bis in idem ocorre 
quando o mesmo fato gerador é tributado mais de uma vez pelo mesmo ente 
federativo. É o que ocorre com o lucro das pessoas jurídicas, por exemplo, sobre o 
qual incidem o imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ) e a contribuição 
social sobre o lucro líquido (CSLL). Então, o bis in idem é admitido no Brasil, ao 
contrário da bitributação. 
 
LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR (Parte I) 
 
A fim de evitar abusos, o ordenamento jurídico deve criar limites ao poder estatal. 
Assim, no que se refere à competência tributária, também existem limitações. 
 
As limitações ao poder de tributar se referem aos princípios tributários e às 
imunidades tributárias, que se encontram no art. 145, § 1º, e nos arts. 150 a 152 
da Constituição Federal. 
 
 
 
27 
 
Princípios Tributários 
 
Princípio da legalidade 
 
O princípio da legalidade encontra-se no art. 150, I, da Constituição. Segundo o 
princípio da legalidade, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Em outras 
palavras, qualquer tributo somente poderá ser instituído ou majorado por 
meio de lei. Inclusive, é esse o entendimento do STF, conforme se pode extrair da 
leitura da Súmula 574. 
 
Súmula 574 do STF - Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a 
cobrança do imposto de circulação de mercadorias sobre o fornecimento de 
alimentação e bebidas em restaurante ou estabelecimento similar. 
 
Embora a Constituição seja omissa, entende-se que os tributos também só 
podem ser extintos ou reduzidos por meio de lei, por conta do princípio do 
paralelismo das formas (que diz que o mesmo instrumento que cria é o adequado 
para extinguir). Por isso, não pense que é possível extinguir ou reduzir tributo por 
decreto, porque isso está errado! É bem possível que a banca examinadora do 
concurso público tente lhe confundir com essa pegadinha. Só pode extinguir ou 
reduzir tributo por lei. 
 
O art. 97 do CTN traz previsões adicionais sobre o princípio da legalidade, inclusive 
quando à extinção e à redução, elencando matérias que somente poderão ser 
tratadas em lei ordinária. 
 
Art. 97. Somente a leipode estabelecer: 
 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos 
artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, 
ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito 
passivo; 
 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o 
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a 
seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos 
tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. 
 
De acordo com o STF, o art. 97 do CTN apresenta um rol taxativo. Ou seja, ele traz 
uma lista com todas as matérias de direito tributário que necessariamente ser 
 
28 
 
tratadas por lei. Se a matéria não estiver no art. 97, isso significa que ela pode ser 
tratada por outros atos normativos de hierarquia inferior à da lei. 
 
Como esse art. 97 traz muitos conceitos novos para você, vamos falar rapidamente 
de cada um deles, mas não se preocupe em decorar nada disso. A intenção é só lhe 
dar uma ideia. 
 
“Fato gerador” é a situação prevista em lei que dá origem à obrigação de pagar o 
tributo. No caso do IPVA (imposto sobre a propriedade de veículo automotor), por 
exemplo, o fato gerador é a propriedade de veículo automotor. Já no caso do IPTU 
(imposto sobre a propriedade territorial urbana) o fato gerador é a propriedade 
de imóvel urbano. 
 
O segundo conceito é o de “sujeito passivo”. “Sujeito passivo” nada mais é do que a 
pessoa indicada pela lei para pagar o tributo. 
 
A “alíquota” pode ser um percentual ou um valor fixo que será utilizado para 
cálculo do tributo. Ela será multiplicada pela base de cálculo para chegarmos ao 
valor que deve ser pago. 
 
“Base de cálculo” é o valor sobre o qual vai incidir a alíquota. No caso do IPI 
(imposto sobre produtos industrializados), por exemplo, a alíquota incidirá sobre 
o valor do produto. Então, se o produto custa R$ 100,00, por exemplo, e a alíquota 
é de 10%, o valor do tributo a ser pago será de R$ 10,00 (10% de R$ 100,00). 
 
Por fim, as “penalidades”, no direito tributário, são multas. Essas multas podem 
ocorrer pelo pagamento do tributo em atraso (chamadas de “multas de mora”) ou 
pela violação à legislação tributária (chamadas de “multas por infração”). 
 
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de 
cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 
 
Ainda no art. 97, o § 1º nos diz que a modificação da base de cálculo do tributo que 
o torne mais oneroso é equiparada à majoração. Como só a lei pode majorar 
tributo, a modificação da base de cálculo que torne o tributo mais oneroso 
somente pode ser feita por meio de lei. 
 
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II 
deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. 
 
Em outras palavras, o § 2º diz que a correção monetária não se equipara à 
majoração do tributo. Por isso, a correção monetária (atualização do valor 
monetário) não precisa de lei. Ou seja, ela pode ser feita por decreto. 
 
No entanto, a atualização do valor monetário em percentual superior ao 
índice oficial de correção é considerada majoração e, por isso, só pode ser 
feita por lei. Por isso, para que a atualização monetária possa ser realizada 
por decreto, é necessário que ela esteja limitada ao índice oficial de correção 
monetária. Nesse sentido, temos a Súmula 160 do STJ. 
 
29 
 
 
Súmula 160 do STJ - É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante 
decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. 
 
De forma semelhante, a alteração do prazo para pagamento do tributo 
também não precisa de lei. Entende-se que essa mudança do prazo para o 
pagamento não se equipara à majoração do tributo. Assim, não sendo majoração e 
não sendo matéria prevista expressamente no art. 97, não há necessidade de lei, 
podendo ser realizada por meio de decreto. 
 
Os tributos, como regra geral, são instituídos e majorados por meio de lei 
ordinária. No entanto, há quatro tributos que exigem lei complementar para 
sua instituição e majoração, que são os seguintes: 
 
a) Empréstimo Compulsório (art. 148 da Constituição Federal); 
b) Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da Constituição Federal); 
c) Imposto Residual (art. 154, I, da Constituição Federal); 
d) Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º, da Constituição Federal). 
 
Em todos esses casos, a instituição e majoração do tributo somente poderá 
acontecer por meio de lei complementar. 
 
Como a gente já viu, existe diferença entre lei ordinária e lei complementar. 
Primeiramente, você deve se lembrar que não existe hierarquia entre lei ordinária 
e lei complementar. A diferença entre elas é que a lei complementar precisa, para 
sua aprovação, de um quórum de maioria absoluta (metade do total de 
parlamentares + 1), enquanto que a lei ordinária precisa apenas de quórum de 
maioria simples (metade dos parlamentares presentes + 1). Então, a lei 
complementar é mais difícil de ser aprovada do que a lei ordinária. A Constituição 
exige expressamente que algumas matérias (assuntos) que ela considerou 
relevantes sejam tratadas por lei complementar (como no caso desses quatro 
tributos); quando a Constituição não diz nada, aquela matéria pode ser tratada 
tanto pode lei ordinária quanto por lei complementar. Em outras palavras, a lei 
complementar pode tratar das matérias reservadas à lei ordinária, mas a lei 
ordinária não pode tratar das matérias reservadas à lei complementar. 
 
Nós falamos que os tributos em regra são instituídos por lei ordinária, exceto 
aqueles que exigem lei complementar para sua instituição. Ocorre que, de acordo 
com o art. 62, § 2º, da Constituição Federal, e em conformidade com o 
entendimento do STF, a medida provisória também poderá instituir e majorar 
tributos, desde que observados alguns requisitos. Caso você ainda não saiba, 
medida provisória é um ato normativo que tem força de lei, expedido pelo 
Presidente da República em casos de urgência e relevância. Ela não é uma lei, 
porque lei somente pode ser expedida pelo Poder Legislativo, mas ela tem força de 
lei, porque pode tratar de matérias que são reservadas à lei ordinária. A medida 
provisória tem prazo de validade de 60 dias, podendo ser prorrogada por mais 60 
dias (totalizando 120 dias). Se o Congresso Nacional quiser, ele pode converter 
essa medida provisória em lei. Se ele não quiser converter, a medida provisória 
perde validade após o decurso do seu prazo. 
 
30 
 
 
E quais são os requisitos para uma medida provisória instituir ou majorar tributo? 
 
Segundo o art. 62, § 1º, da Constituição, é vedada a edição de medida provisória 
que trate sobre matéria reservada a lei complementar. Assim, o primeiro 
requisito é que o tributo possa ser criado por lei ordinária. 
 
O segundo requisito é a regra do art. 62, § 2º, da Constituição, que estabelece que 
a medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos 
somente produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte (ou seja, no ano 
seguinte) se for convertida em lei até o último dia do ano em que foi editada, 
exceto quando se tratar de I.I., I.E., IPI, IOF e IEG. 
 
Observe que, pela literalidade, essa regra fala apenas em impostos (e não a 
qualquer espécie de tributo). Contudo, o STF entende que para instituir ou 
majorar outras espécies tributárias por medida provisória também é 
necessário respeitar esses dois requisitos cumulativamente. Sendo assim, esse 
segundo requisito se aplicaria para qualquer tributo (e não apenas para impostos). 
 
Se você não entendeu nada dessa parte de medida provisória,não se preocupe! 
Nós vamos retomar e aprofundar essa questão no próximo tópico, quando formos 
falar sobre princípio da anterioridade, ok? 
 
Exceções ao princípio da legalidade 
 
As exceções ao princípio da legalidade se referem a situações em que normalmente 
seria exigido o uso de lei ordinária, mas a Constituição expressamente diz que a 
questão pode ser tratado por ato do Poder Executivo (ou seja, por ato normativo 
infralegal – de hierarquia inferior à da lei). Já chamo sua atenção para o fato de que 
não existe nenhuma exceção ao princípio da legalidade quanto à instituição de 
tributo. Ou seja, todo e qualquer tributo deve ser instituído por lei (ou por 
instrumento com força de lei). Portanto, as exceções ao princípio da legalidade 
sempre se referem à alteração de tributos (jamais à sua instituição). 
 
O art. 153, § 1º, da Constituição Federal dispõe que é facultado ao Poder Executivo, 
atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar (seja majorar ou 
reduzir) as alíquotas do I.I., do I.E., do IPI e do IOF. Essas exceções visam a 
assegurar a efetividade da função extrafiscal desses tributos, possibilitando a 
alteração por meio de decreto. 
 
No caso do I.I. e I.E., o STF entende que é possível que as alíquotas desses 
tributos sejam alteradas por resolução da CAMEX (Câmara de Comércio 
Exterior), não sendo necessário que isso ocorra obrigatoriamente por 
decreto presidencial. 
 
Além dessas quatro exceções ao princípio da legalidade, nós temos outras duas. O 
Poder Executivo também poderá reduzir e restabelecer as alíquotas da CIDE-
combustível (art. 177, § 4º) e do ICMS-combustível, também chamado de 
ICMS-monofásico (art. 155, § 4º, IV, c). Observe que, no caso da CIDE-combustível 
 
31 
 
e do ICMS-combustível, somente é possível ao Poder Executivo reduzir e 
restabelecer as alíquotas desses tributos. No caso da CIDE-combustível, a 
redução e restabelecimento são feitos por decreto. Por outro lado, no caso do 
ICMS-combustível, a redução e restabelecimento são feitos por convênios 
celebrados no âmbito do CONFAZ. 
 
Princípios da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal 
 
Os princípios da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal encontram-se 
previstos no art. 150, III, b e c, da Constituição Federal. 
 
De acordo com o princípio da anterioridade anual (também chamado de 
princípio da anterioridade ou simplesmente de princípio da anterioridade), é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar 
tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou. Como já comentamos, o exercício financeiro nada mais 
é do que o período de um ano civil (de 1º de janeiro a 31 de dezembro). 
 
Você não pode confundir o princípio da anterioridade anual com o princípio da 
anualidade. O princípio da anualidade não existe mais no nosso ordenamento 
jurídico. Ele estabelecia que um tributo somente poderia ser cobrado se estivesse 
previsto na lei orçamentária anual. 
 
Por sua vez, segundo o princípio da anterioridade nonagesimal (também 
chamado de princípio da noventena ou de princípio da anterioridade mitigada), é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar 
tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada 
a lei que os instituiu ou aumentou. 
 
Em regra, os princípios da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal 
devem ser observados simultaneamente. Além disso, ainda que o tributo seja 
instituído ou majorado por medida provisória, será necessário respeitar esses dois 
princípios. 
 
O princípio da anterioridade anual existe desde a promulgação da Constituição. 
Ocorre que acontecia muito de o Poder Legislativo instituir ou majorar um tributo 
em 31 de dezembro de um ano e essa alteração já começava a valer a partir de 1º 
de janeiro do ano seguinte. E isso gerava uma surpresa muito grande para o 
contribuinte. Então, a Emenda Constitucional nº 42/2003, acrescentou o princípio 
da anterioridade nonagesimal à Constituição, a fim de conferir uma maior 
segurança a essas situações de instituição de novos tributos e de aumento dos já 
existentes. Esses dois princípios têm o objetivo de evitar surpresas ao contribuinte. 
 
Juntando esses dois princípios, nós temos que os novos tributos ou aumentos 
de tributos, em regra, somente podem ser cobrados a partir do exercício 
financeiro seguinte e depois de decorridos noventa dias da data de 
publicação da lei que instituiu ou majorou o tributo. É importante notar que, 
como regra geral, os dois princípios devem ser observados simultaneamente! Ou 
seja, se um tributo foi instituído ou majorado em dezembro de 2016, eu só poderei 
 
32 
 
cobrá-lo no exercício financeiro seguinte (2017, no caso) e também depois de 
decorridos noventa dias da data de publicação da lei. 
 
Você precisa ter atenção para um detalhe que é bem simples, mas importante. Os 
princípios da anterioridade anual e da noventena só precisam ser 
observados em casos de instituição ou majoração de tributo, uma vez que a 
sua finalidade é evitar surpreender o contribuinte. Assim, nos casos de extinção 
ou redução, não é necessário observá-los. 
 
Exceções ao princípio da anterioridade anual 
 
Não se submetem ao princípio da anterioridade anual o imposto de importação 
(I.I.), o imposto de exportação (I.E.) e o imposto sobre operações financeiras 
(IOF), por se tratar de tributos extrafiscais. Isso significa que esses impostos 
podem ser majorados e esse aumento pode ser cobrado sem precisar esperar o ano 
seguinte. 
 
Mas por que esses impostos não se submetem à anterioridade anual? Porque eles 
são impostos que possuem função predominantemente extrafiscal. Ou seja, a 
finalidade principal desses tributos não é arrecadar dinheiro, mas sim estimular ou 
desestimular um comportamento econômico. Por exemplo, se eu aumento o valor 
do imposto de importação de um determinado produto, esse produto vai ficar mais 
caro e a tendência é que as pessoas passem a importar menos. De forma 
semelhante, se eu diminuo o imposto de importação, a tendência é que as pessoas 
importem mais, porque esse produto vai acabar ficando mais barato. Conseguiu 
entender? A função dos impostos extrafiscais é estimular ou desestimular um 
comportamento na economia. 
 
Mas observe que o imposto sobre produtos industrializados (IPI) não está nessa 
lista. O imposto sobre produtos industrializados (IPI) é exceção ao princípio da 
anterioridade anual, mas, como veremos, se submete normalmente ao princípio da 
noventena. Sabe por que isso ocorre? Isso ocorre porque, apesar de o IPI ter uma 
função extrafiscal importante, sua função arrecadatória também possui grande 
relevância. 
 
Outras duas exceções ao princípio da anterioridade anual são o imposto 
extraordinário de guerra (IEG) e o empréstimo compulsório (EC) para 
atender despesas extraordinárias em razão de calamidade pública ou de guerra 
externa. Ou seja, esses dois tributos, quando instituídos ou majorados, não se 
submetem ao referido princípio. E por que eles são excluídos da anterioridade? Por 
conta da situação de urgência que permeia a sua criação. Se fosse necessário 
esperar até o ano seguinte para cobrar o imposto extraordinário de guerra, 
provavelmente a guerra já teria acabado quando o tributo começasse a ser 
cobrado. 
 
De acordo com o art. 148 da Constituição, o empréstimo compulsório pode ser 
criado para atender despesas extraordinárias ou para investimento público 
urgente e relevante. 
 
 
33 
 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios: 
 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência; 
 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional, observado

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