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Sociologia da Educação aula 3

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Quando trabalhamos as teorias das ciências sociais, sempre fazemos referências aos pensadores que construíram os clássicos fundamentais do pensamento sociológico.
Eles são considerados, de um modo geral, os autores fundamentais e mis expressivos, embora não sejam os únicos, mas são não obrigatórios. O pensamento de Durkheim deve ser considerado como um marco principal para a Sociologia da Educação. Seus Objetos de estudos ainda são temas presentes no dia a dia da escola e causam impacto na vida como um todo. É o caso de conceitos utilizados por eles tais como a coerção e controle social. Estes conceitos podem servir para a compreensão de fenômenos como a violência da escola, em decorrência de coerção e controle social.
AS teorias de Durkheim ainda são fortes aliadas dos professores quando se trata de reforçar o caráter cientifico das ciências sociais.
 !858 – Durkheim nasceu em Epinal, no noroeste da França, em 15 de abril de 1958. Filho de judeus, mas optou por não seguir o caminho do rabinato. Frequentou a escola normal Superior (École Normale Superieure) em paris e interessou – se por filosofia.
1887- Assumiu em Bordeaux a primeira cadeira de sociologia instituída na França.
1896 – Fundou o periódico L’Année Sociologique.
1902, passou a lecionar sociologia e educação na Sorbonne, onde foi auxiliar de Ferninand Buisson na cadeira de Ciência da Educação. 
 1906 -ocupou o cargo de Buisson. O Sociólogo estudou moral, psicologia da criança e história das doutrinas pedagógicas. Suas obras mais famosas são: As regras do método sociológico, A Divisão do Trabalho Social e o Suicídio.
 Em 1907, supostamente pela tristeza de ter perdido o filho na Primeira Guerra Mundial, que acorrera no ano anterior. Morre Durkheim.
Embora August Comte seja considerado o pai da sociologia moderna, Durkheim fez várias críticas as suas teorias. Segundo Durkheim no livro As Regras do método Sociológico, a lei dos três Estados, fundamental em toda a filosofia positivista, traz três erros fundamentais: É fruto de uma apreciação muito superficial sobre a história do gênero humano;
Identifica o terceiro estado como definitivo para a humanidade de uma forma, totalmente arbitraria e pressupõe a ideia de desenvolvimento linear da sociedade, o que só é concebível se supormos a existência de uma única sociedade.
Durkheim e seus colaboradores se esforçaram por emancipar a Sociologia das filosofias da sua época e constitui-la definitivamente como disciplina cientifica rigorosa. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o meto e as aplicações dessa nova ciência.
Em uma de suas obras fundamentais, “As regras do método sociológico” publicada em 1895, Durkheim formulou com clareza os tipos de acontecimentos sobre os quais o sociólogo deveria se debruçar: os fatos sociais. Estes constituíram o objeto da Sociologia.
Cristina Costa, no seu celebre livro: Sociologia, introdução à Ciências da sociedade nos ensina um pouco mais sobre Durkheim. Segundo ela, são três características que Durkheim distinguem nos fatos Sociais.
A primeira delas é a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem independentemente de suas vontades escolhas. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando esta subordinado a determinado código de leis. O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo está sujeito quando contra elas tenta se rebelar. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sanções prescrita pela sociedade, em forma de leis, na quais se identifica a infração e a penalidade subsequente. Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence. Diz Durkheim, exemplificando este último tipo de sanção: “Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas se o fizer, terei a ruina como resultado inevitável.
A educação desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos.
02 – A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentes de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, eles são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas, como a educação. Portanto, os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados da existência exterior as consciências individuais.
03 – A terceira características apontada por Durkheim é a generalidade. É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Desse modo, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.
Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais, a preocupação de Durkheim dirigiu-se para a conduta necessária ao cientista, a fim de que seu sentido tivesse realmente bases cientificas.
Para Durkheim, como para a todos os positivistas, não haverá explicado cientifica se o pesquisador não mantivesse certa distância e neutralidade em relação os fatos, resguardando a objetividade de sua análise. É preciso que o sociólogo deixe de lado sua pré-noçoes, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao conhecimento a ser estudado, pois eles nada tem de cientifico e podem distorcer a realidade dos fatos.
Procurando garantir `Sociologia um método tão eficiente quanto o desenvolvimento pelas ciências naturais, Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos pensassem ou declarassem a seu respeito. Tais formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas mascaram as leis organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista.
Para se apoderar dos fatos sociais, o cientista deve identificar, dentre os acontecimentos gerais e repetitivos, aqueles que apresentam características exteriores comuns. Assim por exemplo, o conjunto de atos que suscitam na sociedade reações concretas classificadas como “penalidades” constituem os fatos sociais identificáveis como “crime”, Vemos que os fenômenos devem ser sempre considerados em suas manifestações coletivas. Distinguindo-se dos acontecimentos individuais ou acidentais. A generalidade distingue o essencial do fortuito especifica a natureza sociológica dos fenômenos.
SOCIEDADE: UM ORGANISMO EM ADAPTAÇÃO
Para Durkheim, a Sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como encontrar remédios para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios.
Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. Assim, Durkheim afirma que o crime, por exemplo, é normal não só por ser encontrado em qualquer sociedade, em qualquer época, como também por representar a importância dos valores sociais que repudiam determinadas condutas como ilegais e as condenam a penalidades.
A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de determinada questão.
Diz Durkheim: 
"para saber se o estado econômico atual dos povos europeus, com sua característica ausência de organização, é normal ou não, procurar-se-á no passado o que lhe deu origem. Se estas condições são ainda aquelas em que atualmentese encontra nossa sociedade, é porque a situação é normal, a despeito dos protestos que desencadeia."
Partindo, pois, do princípio de que o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e que essa harmonia é conseguida através do consenso social, a "saúde" do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos e com a função destes na preservação dessa harmonia, desse acordo coletivo que se expressa sob a forma de sanções sociais. Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente.
Portanto, normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais.
A consciência coletiva
Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria, independente daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam suas "consciências individuais", seus modos próprios de se comportar e interpretar a vida, podem-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base do que Durkheim chamou consciência coletiva.
A definição de consciência coletiva aparece pela primeira vez na obra Da divisão do trabalho social: trata-se do "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade" que "forma um sistema determinado com vida própria".
A consciência coletiva não se baseia na consciência dos indivíduos singulares ou de grupos específicos, mas está espalhada por toda a sociedade. Ela revelaria, segundo Durkheim, o "tipo psíquico da sociedade", que não seria apenas o produto das consciências individuais, mas algo diferente, que se imporia aos indivíduos e perduraria através das gerações.
A consciência coletiva é, em certo sentido, a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como regras fortes e estabelecidas que delimitam o valor atribuído aos atos individuais. Ela define o que, numa sociedade, é considerado "imoral", "reprovável" ou "criminoso".
Morfologia social: as espécies sociais
Para Durkheim, a Sociologia deveria ter ainda por objetivo comparar as diversas sociedades. Constituiu assim o campo da morfologia social, ou seja, a classificação das espécies sociais.
Ele considerava que todas as sociedades haviam evoluído a partir da horda, a forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento onde os indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais. Desse ponto de partida, foi possível uma série de combinações, das quais se originaram outras espécies sociais identificáveis no passado e no presente, tais como os clãs e as tribos.
Também considerava que o trabalho de classificação das sociedades - como tudo o mais - deveria ser efetuado com base em apurada observação experimental. Guiado por esse procedimento, Durkheim estabeleceu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica como o motor de transformação de toda e qualquer sociedade.
Dado o fato de que as sociedades variam de estágio, apresentando formas diferentes de organização social que tornam possível defini-las como "inferiores" ou "superiores", como o cientista define os fatos normais e anormais em cada sociedade? Para Durkheim, a normalidade só pode ser entendida em função do estágio social da sociedade em questão:
Do ponto de vista puramente biológico, o que é normal para o selvagem não o é sempre para o civilizado, e vice-versa.” 
 
"Um fato social não pode, pois, ser acoimado de normal, para uma espécie social determinada senão em relação com uma fase, igualmente determinada, de seu desenvolvimento." (As regras do método sociológico, p. 52)
Solidariedade mecânica: Era aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam através da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência aqui exerce todo seu poder de coerção sobre os indivíduos.
Solidariedade orgânica: é aquela típica das sociedades capitalistas, onde, através da acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva se afrouxa. Assim, ao mesmo tempo em que os indivíduos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.
Sociologia cientifica
Durkheim se distingue dos demais positivistas, porque suas ideias ultrapassaram a simples reflexão filosófica e chegaram a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade.
Durkheim se distingue dos demais positivistas, porque suas ideias ultrapassaram a simples reflexão filosófica e chegaram a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade
Bibliogragia Resumida
Na adolescência, o jovem David Émile presenciou uma série de acontecimentos que marcaram decisivamente todos os franceses em geral e a ele próprio em particular: a 1º de setembro de 1870, a derrota de Sedan; a 28 de janeiro de 1871, a capitulação diante das tropas alemãs; de 18 de março a 28 de maio, a insurreição da Comuna de Paris; a 4 de setembro, a proclamação da que ficou conhecida como III República, com a formação do governo provisório de Thiers até a votação da Constituição de 1875 e a eleição do seu primeiro presidente (Mac-Mahon). Thiers fora encarregado tanto de assinar o tratado de Frankfurt como de reprimir os communards, até à liquidação dos últimos remanescentes no "muro dos federados". Por outro lado, a vida de David Émile foi marcada pela disputa franco-alemã: em 1871, com a perda de uma parte da Lorena, sua terra natal tornou-se uma cidade fronteiriça; com o advento da Primeira Guerra Mundial, ele viu partir para o front numerosos discípulos, alguns dos quais não regressaram, inclusive seu filho Andrès, que parecia destinado a seguir a carreira paterna.
Durkheim assistiu e participou de acontecimentos marcantes e que se refletem diretamente nas suas obras, ou pelo menos nas suas aulas. O ambiente é por vezes assinalado como sendo o “vazio moral da III República”, marcado seja pelas consequências diretas da derrota francesa e das dívidas humilhantes da guerra, seja por uma série de medidas de ordem política, dentre as quais duas merecem destaque especial, pelo rompimento com as tradições que elas representam. A primeira é a chamada lei Naquet, que instituiu o divórcio na França depois de acirrados debates parlamentares que se prolongaram de 1882 a 84. A segunda é representada pela instrução laica, questão levantada na Assembleia em 1879, por Jules Ferry, encarregado de implantar o novo sistema, como Ministro da Instrução Pública, em 1882. Foi quando a escola se tornou gratuita para todos, obrigatória dos seis aos treze anos, além de ficar proibido formalmente o ensino da religião. O vazio correspondente à ausência do ensino de religião na escola pública tenta-se preencher com uma pregação patriótica representada pela que ficou conhecida como “instrução moral e cívica”.
Ao mesmo tempo em que essas questões políticas e sociais balizavam o seu tempo, uma outra questão de natureza econômica e social não deixava de apresentar continuadas repercussões políticas e o que se denominava questão social, ou seja, as disputas e conflitos decorrentes da oposição entre o capital e o trabalho, valedizer, entre patrão e empregado, entre burguesia e proletariado. Um marco dessa questão foi a criação, em 1895, da Confédération Générale du Travail (CGT). A bipolarização social preocupava profundamente tanto a políticos como a intelectuais da época, e sua interveniência no quadro político e social do chamado tournant du siècle não deixava de ser perturbadora. Com efeito, apesar dos traumas políticos e sociais que assinalam o início da III República, o final do século XIX e começo do século XX correspondem a uma certa sensação de euforia, de progresso e de esperança no futuro. Se bem que os êxitos econômicos não fossem de tal ordem que pudessem fazer esquecer a sucessão de crises (1900-01, 1907, 1912-13) e os problemas colocados pela concentração, registrava-se uma série de inovações tecnológicas que provocavam repercussões imediatas no campo econômico. É a era do aço e da eletricidade que se inaugura, junto com o início do aproveitamento do petróleo como fonte de energia ao lado da eletricidade que se notabiliza por ser uma energia “limpa”.
Não é de se admirar que vigorasse um estilo de vida belle époque, com a Exposição Universal comemorativa do centenário da revolução, seguida da exposição de Paris, simultânea com a inauguração do metrô em 1900. O último quartel do século fora marcado, além da renovação da literatura, do teatro e da música, pelo advento do impressionismo, que tirou a arte pictórica dos ambientes fechados, dos grandes acontecimentos e das grandes personalidades da monumentalidade, enfim para se voltar aos grandes espaços abertos, para as cenas e os homens comuns para o cotidiano. Porque este homem comum é que se vê diante dos grandes problemas representados pelo pauperismo, pelo desemprego, pelos grandes fluxos migratórios. Ele é objeto de preocupação do movimento operário, que inaugura, com a fundação da CGT no Congresso de Limoges, uma nova era do sindicalismo, que usa a greve como instrumento de reivindicação econômica e não mais exclusivamente política. É certo que algumas conquistas se sucedem, com os primeiros passos do seguro social e da legislação trabalhista, sobretudo na Alemanha de Bismarck.
Mas se objetivam também medidas visando aumentar a produtividade do trabalho, como o “taylorismo” (1912). Também a Igreja se volta para o problema, com a encíclica Rerum Novarum (1891), de Leão XIII, que difunde a ideia de que o proletariado poderia deixar de ser revolucionário na medida em que se tornasse proprietário. É a chamada “desproletarização” que se objetiva, tentada através de algumas "soluções milagrosas", tais como o cooperativismo, corporativismo, participação nos lucros etc. Pretende-se, por várias maneiras, contornar a questão social e eliminar a luta de classes, espantalhos do industrialismo.
Enfim, estamos diante do “espírito moderno”. Na École Normale Supérieure, o jovem David Émile tivera oportunidade de assistir às aulas de Boutroux, que assinala os principais traços característicos dessa época: progresso da ciência (não mais contemplativa, mas agora transformadora da realidade). Progresso da democracia (resultante do voto secreto e da crescente participação popular nos negócios públicos), além da generalização e extraordinário progresso da instrução e do bem-estar. Como corolário desses traços, o mestre neokantiano ressalta as correntes de ideias derivadas, cuja difusão viria encontrar eco na obra de Durkheim: aspira-se à constituição de uma moral realmente científica (o progresso moral equiparando-se ao progresso científico); a moral viria a ser considerada como um setor da ciência das condições das sociedades humanas (a moral é ela própria um fato social); a moral se confunde enfim com civilização, o povo mais civilizado é o que tem mais direitos e o progresso moral consiste no domínio crescente dos povos cuja cultura seja a mais avançada.
Não é de se admirar que esta época viesse também a assistir a uma nova onda de colonialismo, não mais o colonialismo da caravela ou do barco a vapor, mas agora o colonialismo do navio a diesel, da locomotiva, do aeroplano, do automóvel e de toda a tecnologia implícita e eficiente, além das novas manifestações morais e culturais. Enfim, Durkheim foi um homem que assistiu ao advento e à expansão do neocapitalismo, ou do capitalismo monopolista. Ele não resistiu aos novos e marcantes acontecimentos políticos representados pela Primeira Guerra Mundial, com o aparecimento simultâneo tanto do socialismo na Rússia como da nova roupagem do neocapitalismo, representada pelo Welfare State.

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