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CCJ0052-WL-A-PA-12-TP Redação Jurídica-106793

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			 Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação Jurídica
			 TEORIA E PR�TICA DA REDAÇÃO JUR�DICA
			
		
		
			Título
			Teoria e Prática da Redação Jurídica
			 
			Número de Aulas por Semana
			
				
			
			Número de Semana de Aula
			
				12
			
 
 Tema
		 Produção de Parecer: conclusão e parte autenticativa.
		
		 Objetivos
		 
- Produzir a parte final do parecer jurídico;
- Relacionar o "entendimento" da ementa com a conclusão;
- Compreender a conclusão do parecerista como resposta objetiva ao questionamento requerido pelo consultante;
- Distinguir a conclusão do parecer (opinião) da conclusão da petição (pedido);
- Desenvolver capacidade crítica e de debate.
		
		 Estrutura do Conteúdo
	 
1. "Entendimento" da ementa do parecer e conclusão da peça.
2. Parecer: peça de consulta.
3. Petição: peça de pedir.
4. Parte autenticativa.
	
	 Aplicação Prática Teórica
 
A conclusão, como parte integrante do parecer, deve ser a síntese da opinião que o parecerista fundamenta como resposta a uma consulta. Essa parte da peça deve estar em consonância com a ementa, em que se apresentou o entendimento pela expressão "Parecer favorável a...". É importante lembrar que é inoportuno pedir na conclusão do parecer, pois esse procedimento deve ser realizado em peças de pedir, como a petição inicial, por exemplo.
Também não é aconselhável "guardar" alguma informação relevante para a conclusão, sem que tenha sido exposta na fundamentação. A conclusão não é lugar de informação nova; caso contrário ainda seria fundamentação.
Deve-se apenas retomar, objetivamente, a resposta à consulta realizada.
A autenticação consiste apenas em datar e assinar a peça. Todos os documentos utilizados na fundamentação da tese podem ser juntados.
 
Caso concreto
Dijanira Baptista foi fumante inveterada por trinta anos. Ela era casada com Mauro Costa e tinha dois filhos: Mauro Costa Jr. e Paulo Baptista Costa. Em 28 de setembro de 1999, faleceu em decorrência de câncer pulmonar, provocado pelo fumo excessivo do cigarro de marca Hollywood, da companhia Souza Cruz S.A.
Seus familiares alegam que a companhia de cigarros sempre ocultou informações e dados sobre a nocividade do cigarro à saúde. A vítima fumava dois maços de cigarro por dia, cerca de 500.000 cigarros em trinta anos, e que tal fato, aliado à falta de informações sobre o produto nocivo, teria sido o responsável pelo contraimento da doença.
Além do mais, só recentemente as companhias são obrigadas a restringir o horário de veiculação de propagandas e a emitir comunicado de que o fumo é prejudicial à saúde. Isso, infelizmente, não chegou a impedir que Dijanira se tornasse viciada em cigarros, uma vez que era fumante de longa data, motivo pelo qual a família pleiteia indenização por dano.
Após a descoberta do câncer, lutou duramente contra o vício: "Minha mãe tentou parar de fumar, mas as crises horríveis de abstinência e a depressão atrapalharam muito. Quando conseguiu vencer o vício, a metástase estava diagnosticada".
Paulo Gomes, advogado representante da Souza Cruz, afirma que a empresa cumpre as determinações legais e que seu produto apresenta todas as informações aos consumidores. Em relação às propagandas, sustenta que a apresentação de jovens saudáveis em ambientes paradisíacos não é prática apenas da indústria tabagista: "Desconheço a existência de publicidade que vincule produtos a modelos desgraciosos ou cenários deprimentes, que causem repulsa ao público-alvo. Ademais, os consumidores têm o livre-arbítrio de escolher o que consumir e o quanto consumir".
Segundo o advogado da família, os estudos comprovam a nocividade do cigarro, que contém mais de quatro mil substâncias químicas: "Entre elas está o formol usado na conservação de cadáver, o fósforo, utilizado como veneno para ratos e o xileno, uma substância cancerígena que atrapalha o crescimento das crianças. Se o cigarro não mata de câncer, há 56 outras doenças causadas por seu uso e exposição. É óbvio que a propaganda é indutora de seu consumo".
 
0007423-12.2002.8.19.0042 - APELACAO TJRJ
DES. MARIO DOS SANTOS PAULO - Julgamento: 01/06/2010 - QUARTA CAMARA CIVEL 
1. RESPONSABILIDADE CIVIL.2. DANOS MATERIAIS E MORAIS.3. TABAGISMO. USO PROLONGADO DE CIGARROS.4. PROPAGANDA ENGANOSA.5. ANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, NÃO HAVIA NORMA LEGAL SOBRE O FUMO, TEMA ENCARTADO NO ART. 220 DA NOVA CARTA POL�TICA, REMETENDO A REGULAMENTAÇÃO PARA LEI ORDIN�RIA, QUE DEVERIA TER SIDO EDITADA EM DOZE MESES, CONFORME ART. 65 DO ADCT, MAS QUE SÓ VEIO A LUME EM 1996, SOB O NÚMERO 9294.6. DE LONGA DATA, H� DÉCADAS, SÃO CONHECIDOS OS EFEITOS NEGATIVOS DO H�BITO DE FUMAR, ANTES SOCIALMENTE ACEITO E INCENTIVADO.7. A PARTIR DA VIGÊNCIA DA NOVA CARTA MAGNA OS FABRICANTES PASSARAM A DIVULGAR ALERTAS DESTACANDO OS PERIGOS À SAÚDE, E A PROPAGANDA NEGATIVA SE TORNOU MAIS INTENSA A PARTIR DAS REGRAS GENÉRICAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, INTENSIFICANDO-SE APÓS A LEI ESPEC�FICA, SEMPRE OBEDECIDO O ORDENAMENTO JUR�DICO PELAS EMPRESAS DO RAMO.8. A INDUSTRIALIZAÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E PROPAGANDA DO TABACO SÃO ATIVIDADES L�CITAS E REGULAMENTADAS.9. FUMAR, E MANTER-SE FUMANTE, É ESCOLHA PESSOAL, CORRENDO O INTERESSADO OS RISCOS, POSTO QUE INSISTENTEMENTE ALERTADO POR FRENÉTICA E PERMANENTE, CAMPANHA CONTR�RIA.10. CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR, PELOS EVENTUAIS MALEF�CIOS EXPERIMENTADOS.11. DE OUTRO LADO, AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO EFETIVA DO NEXO CAUSAL, ASSIM COMO DE UTILIZAÇÃO EXCLUSIVA DOS PRODUTOS DA RÉ.12. SENTENÇA QUE MERECE PREST�GIO.13. RECURSO IMPROVIDO. 
 
0121082-93.2000.8.19.0001 - APELACAO TJRJ
DES. MARIA AUGUSTA VAZ - Julgamento: 02/03/2010 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL 
TABAGISMO 
MORTE DA VITIMA 
NEXO CAUSAL NAO CONFIGURADO 
ATIVIDADE LICITA 
EXERCICIO REGULAR DE DIREITO 
RESPONSABILIDADE CIVIL. TABAGISMO E MORTE DO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE COMERCIALIZAÇÃO E FATO DANOSO. LAUDO PERICIAL NESSE SENTIDO. ATIVIDADE L�CITA E EXERC�CIO REGULAR DE DIREITO. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR.Não se pode reconhecer o liame de causalidade entre o hábito do tabagismo e o óbito do fumante, como, aliás, expressamente o afirmou o laudo pericial. Tendo a morte ocorrido logo após a vigência do CDC, todas as práticas comerciais de publicidade e fornecimento abusivo de cigarro pela ré, suscitadas pela autora e que supostamente teriam causado o óbito do seu marido, ocorreram antes do advento desse diploma legal, remetendo-se o juízo de Responsabilidade Civil ao Código Civil de 1916, em vigor á época de todos os acontecimentos. Não há dúvidas sobre os efeitos nefastos do consumo de cigarro sobre a saúde dos consumidores, mas a sociedade e, principalmente, o legislador constitucional (artigo 220, §4º da CRFB) e infraconstitucional (Lei 9294/96) reconhecem a legitimidade e a licitude da fabricação, comercialização e publicidade do cigarro. As atividades comerciais e industriais ligadas ao cigarro são lícitas no Brasil, configurando objeto de extensa regulamentação e disciplina, nos quesitos de precificação, propaganda, tributação, exportação e informação ao consumidor. Não há ato ou fato ilícito na industrialização e venda de cigarros, o que define a atividade da ré como exercício regular de um direito, nos moldes e limites impostos pelo ordenamento jurídico. Como bem sabido e expresso no artigo 5º, II, da CRFB, inexiste obrigação de fazer ou de se omitir que possa ser imposta sem que haja previsão em lei para tanto. Não cumpre ao magistrado fazer juízo de moralidade, custo-benefício e justiça social da política sanitária, criminale de saúde nacional, sob pena de travestir-se em legislador, mas sim respeitar e impor a vontade legislativa que, em princípio, reflete a da população. E nesse tocante, a livre iniciativa deve ser respeitada, pois não está ultrapassando qualquer limite imposto pelo ordenamento jurídico. Em última instância, a escolha pelo hábito de fumar não é de ninguém a não ser do consumidor, que inaugura a conduta por sua livre a desvinculada escolha. Sentença que se confirma. 
Ementário: 23/2010 - N. 19 - 17/06/2010
Precedente Citado : TJRJ AC 2003.001.22442,Rel.Des. Horácio Ribeiro Neto, julgada em 14/10/2003;AC 2003.001.03822, Rel. Des. Laerson Mauro, julgadaem 12/08/2003; AC 2003.001.04184, Rel. Des. GaldinoSiqueira Netto, julgada em 30/04/2003 e AC 2002.001.09153, Rel. Des. Murilo Andrade de Carvalho,julgada em 26/09/2002. 
 
Código Civil:
Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188 Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido.
 
Código de Proteção e Defesa do consumidor:
Art. 4 - A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transferência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
(...)
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho;
 
Art. 6 - São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
(...)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
 
Art. 8 - Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fiuição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único - Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.
 
Art. 9 - O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
 
Art. 10 - O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou pericu10sidade à saúde ou segurança.
 
QUESTÃO
Debata o caso concreto oralmente em sala, a partir das fontes apresentadas e de outras que julgar pertinentes, e redija uma resposta formal a uma consulta quanto à possibilidade de uma empresa tabagista ser responsabilizada civilmente pela reparação aos danos causados à saúde de seus consumidores.

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