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 Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação JurÃdica TEORIA E PRÃ�TICA DA REDAÇÃO JURÃ�DICA TÃtulo Teoria e Prática da Redação JurÃdica Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 10 Tema Fundamentação do Parecer: técnicas e estratégias argumentativas Objetivos - Identificar as caracterÃsticas do texto argumentativo e diferenciar essa produção textual da narração; - Reconhecer os principais tipos de argumento; - Compreender a organização lógica e o encadeamento dos argumentos. Estrutura do Conteúdo 1. Tipos de argumento 1.1. Argumento pró-tese 1.2. Argumento de autoridade 1.3. Argumento de senso comum 1.4. Argumento de oposição 1.5. Argumento de analogia 1.6. Argumento de causa e efeito 2. Seleção e organização dos tipos de argumento 3. Coesão seqüencial e coerência argumentativa Aplicação Prática Teórica Os argumentos são recursos linguÃsticos que visam à persuasão, ao convencimento. O argumento não é uma prova inequÃvoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como nas ciências exatas. O argumento implica juÃzo do quanto é provável ou razoável. A variedade de tipos de argumentos dinamiza o texto e aumenta a possibilidade de convencimento, uma vez que explora estruturas lógicas diferenciadas. ARGUMENTO PRÓ-TESE Caracteriza-se por ser extraÃdo dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese + porque + e também + além disso. Cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à tese escolhida. ?AnÃsio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, porque desferiu três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente contra uma pessoa desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de sentidos?. ARGUMENTO DE AUTORIDADE Argumento constituÃdo com base nas fontes do Direito e/ou em pesquisas cientÃficas comprovadas. ?A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponÃveis para que a vida seja sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicÃdio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro?. ARGUMENTO DE SENSO COMUM Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso; está amplamente difundida na sociedade. ?A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos nÃveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de AnÃsio. Preferiu pegar uma faca e, como um bárbaro, assassinar a mulher, evitando todas as outras soluções pacÃficas existentes, como a imediata separação que o afastaria definitivamente de quem o traiu. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa?. ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia permite antecipar as possÃveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais fortes da parte oposta. Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, admitindo-a como uma possibilidade de conclusão para, depois, apresentar, como argumento decisório, a perspectiva contrária. "Embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado AnÃsio, traindo-o com outro homem em sua própria casa, uma pessoa de bem, diante de situações adversas, reflete, pondera, o que a impede de agir contra os valores sociais. Eis o que nos separa dos criminosos. É certo que o flagrante de uma traição provoca uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a companheira, por sua desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabÃvel ao conflito amoroso". ARGUMENTO DE ANALOGIA É aquele que tem como fundamento estabelecer uma relação de semelhança entre elementos presentes tanto no caso concreto analisado quanto em outros casos já avaliados, ou seja, após apresentar as provas do caso concreto, desenvolve-se um raciocÃnio que consiste em aplicar o tratamento dado em outro caso ou hipótese ao caso ora avaliado. O objetivo dessa estratégia é aproximar conceitos ou interpretações a partir de casos concretos distintos, mas semelhantes. A analogia é também procedimento previsto no Direito como gerador de norma nos casos de omissão do legislador. "Qualquer pessoa tem dificuldade de negar que utilizaria qualquer meio para defender alguém que ama. Em casos de um assalto, por exemplo, uma mãe está perfeitamente disposta a matar o assaltante para defender a vida de seu filho. Para fugir de uma perseguição, o motorista de um carro é plenamente capaz de causar um acidente para evitar que algo de mal aconteça aos caronas que conduz. O que há de comum nestes e em tantos outros casos de que se tem notÃcia é que existe um sentimento de amor ou bem querer que impede que uma pessoa dimensione racionalmente as consequências do ato que pratica em favor da proteção de alguém." ARGUMENTO DE CAUSA E EFEITO Relaciona conceitos de causalidade e efeito com o objetivo de evidenciar as consequências imediatas de determinado ato (retirado das provas) praticado pelas partes. Excelente opção para estabelecer nexo causal entre condutas e resultados, quando se trata de Responsabilidade Civil e de Direito Penal. Caso concreto Ivan faleceu em 13.01.2003. Seu inventário foi aberto por seus filhos Gustavo e Flávio, herdeiros necessários do de cujus, oportunidade em que foi declarado que o mesmo era casado com Paula pelo regime da separação convencional de bens. Citada, na forma do art. 999 do CPC, Paula postula sua habilitação no processo de inventário, como herdeira necessária, bem como pleiteia a concorrência na partilha dos bens do de cujus, com fulcro nos art. 1.829, I e 1.845, ambos do CC/02, já que o legislador não excluiu da participação na sucessão o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens. Os herdeiros apresentam impugnação ao pleito de Paula, ao argumento de que o regime adotado pelo casal fora lavrado por escritura pública de pacto antenupcial, com todas as cláusulas de incomunicabilidade, razão pela qual a impugnada deveria ficar excluÃda da sucessão. Material de apoio: Sucessão do Cônjuge Sob a Égide do Atual Código: Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, em 11.1.2003, o cônjuge passou a ser considerado herdeiro necessário, e não apenas facultativo, juntamente com os descendentes e com os ascendentes, com fulcro no ar. 1.845 do CC. Além disso, passou a concorrer na sucessão do de cujus juntamente com a classe dos descendentes e com a classe dos ascendentes, conforme se coaduna da leitura do artigo 1.829, I e II do CC/02. O art. 1.829, I do CC estabelece que a sucessãolegÃtima será deferida ao cônjuge em concorrência com os descendentes, exceto se casado pelo regime da comunhão universal, da separação obrigatória ou da comunhão parcial, se o autor da herança não houver deixado bens particulares. Em razão de o regime da separação consensual ou convencional não se encontrar expresso na exceção do artigo supramencionado, controvérsia doutrinária e jurisprudencial surge sobre o tema. Explanação da Controvérsia: Uma primeira posição, que é defendida pela maioria da doutrina, dentre a qual se incluem os autores: Maria Helena Diniz, Washington de Barros Monteiro e Maria Helena Diniz, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens deve concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que esse regime não se encontra na exceção do art. 1.829, I do CC e o intérprete não pode restringir onde a legislador não o fez. Sustenta que caso fosse a pretensão do legislador excluir o direito sucessório cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens, teria o feito expressamente, da mesma forma que foi feito com o regime da comunhão universal e da separação obrigatória. Uma segunda posição, que é a que vem predominando no STJ, sustenta que o cônjuge casado pelo regime da separação convencional de bens não pode concorrer com os descendentes do autor da herança, uma vez que, antes de qualquer coisa, deve ser preservado o princÃpio da dignidade da pessoa humana, que se espraia, no plano da livre manifestação de vontade humana, por meio da autonomia da vontade, autonomia privada e da consequente autorresponsabilidade, bem como da confiança legÃtima que brota da boa-fé. Preconiza que se deve ter no Direito das Sucessões uma transmutação o regime que fora escolhido em vida, de forma que prevaleça a interpretação que prima pela valorização da vontade das partes na escolha do regime, mantendo essa escolha intacta tanto na vida quanto na morte. QUESTÃO Após a compreensão do conflito e a leitura das fontes primárias e secundárias que auxiliam a solução da lide, desenvolva uma ementa e uma fundamentação para o caso concreto. Sua fundamentação deverá apresentar, pelo menos, três parágrafos argumentativos diferentes. Escolha livremente entre as opções listadas na aula de hoje.
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