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 Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação JurÃdica TEORIA E PRÃ�TICA DA REDAÇÃO JURÃ�DICA TÃtulo Teoria e Prática da Redação JurÃdica Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 15 Tema Figuras de linguagem e estratégias argumentativas. Objetivos - Reconhecer as figuras de linguagem como estratégia persuasiva; - Utilizar tal estratégia na construção da fundamentação do Parecer. Estrutura do Conteúdo 1. Figuras de linguagem; 2. Estratégias argumentativas. Aplicação Prática Teórica Sabemos que a construção de um texto exige determinadas competências daquele que o produz. Dentre elas, podemos citar o domÃnio do vernáculo, dos mecanismos de coesão e de organização lógica da expressão. O texto jurÃdico, tendo em vista, especialmente, inserir-se em um contexto de rigor técnico, exige do advogado que o redige objetividade e clareza. Tal rigor justifica-se, além de outras razões, pelas conseqüências promovidas na vida do cidadão que o conteúdo expresso por esse texto possa ocasionar. Isso não representa dizer que não se possa utilizar uma linguagem que, embora esteja atenta à clareza, seja inovadora, com a intenção de tornar o texto menos denso, esfriando-o e, assim, mais prazeroso ao receptor. Em especial no texto argumentativo, em que o primeiro objetivo do orador é estabelecer um vÃnculo com o auditório, deve aquele construir o seu discurso de forma a torná-lo acessÃvel e atraente a este. Vencido esse primeiro objetivo, deve construir os argumentos de forma a persuadir esse auditório de que a tese do orador é a mais verossÃmil dentre outras teses. Para tal tarefa, ele conta com as figuras de retórica que, segundo Reboul[1], desempenham um papel persuasivo, isto é, são mecanismos de que se vale o orador para encaminhar o raciocino do auditório, surpreendendo-o com construções criativas, ou melhor, que fogem ao comum. Dessa forma, ele as receberá com surpresa e aguçará a sua atenção para o que o orador diz. Especialmente quando o auditório é constituÃdo de pessoas comuns, sem conhecimento especÃfico do direito, como no Tribunal do Júri, é comum que o orador se utilize de figuras para conseguir a sua adesão. Observem, no quadro, alguns tipos de figuras de retórica que podem servir à argumentação: TIPO DEFINIÇÃO EXEMPLO Metáfora ?Quando entre a leitura 1 e 2 houver uma intersecção de traços semânticos?.[2] A desigualdade é a argamassa dos muros que erguemos para nos protegermos dos demais.[3] MetonÃmia ?Quando entre as duas possibilidades de leitura existir uma relação de inclusão?.[4] ?Há os que, como os cariocas, temem a violência da cidade?.[5] Ironia ?Quando se afirma no enunciado e se nega na enunciação?.[6] ?Pobre vive amontoado em favelas, quase em estado natural, numa alegre promiscuidade que rico só pode invejar?.[7] Preterição ?Quando se afirma no enunciado e se nega explicitamente na enunciação?.[8] Não pretendo emitir opinião sobre o comportamento do Autor, mas penso que ele foi inconseqüente. AntÃtese ?oposições figurativas ou temáticas num determinado texto?.[9] O bem e o mal caminham juntos. Paradoxo ?Quando se unem figuras ou temas contrários ou contraditórios numa mesma unidade de sentido?.[10] O bom diabo não sabe que cometeu um crime. Hipérbole ?O enunciado intensifica o que a enunciação atenua?.[11] Há mil razões para condenar o réu. Eufemismo ?O enunciado atenua o que a enunciação enfatiza?.[12] Jeli passou dessa para melhor. QUESTÃO Você lerá alguns trechos extraÃdos das falas da defesa dos irmãos Gomes e de Suely Rutter, publicados na internet[13] e também da acusação. Observe que algumas figuras retóricas foram utilizadas. Destaque-as e registre o possÃvel efeito persuasivo que elas produzem. a) Segundo o defensor Carlos Peixoto, ela chegou a fugir para a casa do pai do namorado, que não deixou que ela ficasse lá. "Quem não quis fugir com ela foi o Daniel, aconselhado pelo pai, porque ela não ia ter mais o dinheiro da famÃlia. Ela não ia receber mais a grana", acusa. "Duda comandava tudo, e ela pagava tudo. Estava atrás de dinheiro, grana!", completa Borges. b) Peixoto diz, também, que ela nunca poderia ter sido a mentora do crime. "Uma menina tão inteligente não ia cometer o crime com 18 anos. Ela cometeria com 17, porque com 21 já estaria na rua", afirma. "Ela era um passarinho de gaiola. De repente, abriu, soltou e foi fácil de o gato pegar".[14] c) Rosita Veiga, advogada de defesa de Carlos: "Peco que vocês reflitam em relação à s qualificadoras. Devemos ser justos, sim. Mas o remédio tem que ser na medida certa. Porque se não for feito dessa forma, a Justiça não vai existir".[15] d) Promotor Miranda: "Porque eles se completavam, eles se seguravam perfeitamente. As coisas estão sob o nosso controle. As ações dessa empresa, Gomes e Rutter, correspondem a cotas iguais. Foi o casamento perfeito, o cérebro e a coragem. Oh, ela me dizia que era violentada pelos pais. Ora, ela vivia com os pais, passeava com os pais. E ela disse que não estava namorando mais. A famÃlia Rutter sai soltando rojão. E não foi porque os Gomes eram pobres". e) Promotor Miranda: "Só negando completamente a realidade nós podemos afirmar que um tenha dominado o outro. São tão desesperadamente arrependidos que estavam tomando sol na piscina. A irmã chega para o irmãozinho, cuja herança ela renuncia apenas quatro anos depois do crime! Eles são tão arrependidos que tiveram que ser ouvidos três vezes para confessar! Eu quero ver alguém localizar uma garrafa de bebida alcoólica na casa no dia do crime. É o primeiro casal alcoólatra que não tinha bebida em casa". f) Promotor Miranda: "Pediu a metade do seguro, eu quero contar todos os bens da casa, da minha casa, mas eu não tenho interesse no dinheiro. É um inventário que se arrasta há quatro anos. Mas eu não quero dinheiro. Pede para ser nomeada inventariante, para administrar os bens, mas eu não tenho interesse pelos bens. E, por fim de tudo, eu peço a metade do seguro do pai que eu matei". g) Promotor Miranda: "De repente, acontece um tsunami processual. Acordo num pesadelo e vejo Suely solta. Quando eu vejo aquilo, penso que o mundo está começando a girar ao contrário. Ela foi à praia, passeou, tomou sol! Ela estava de férias da cadeia, caminhou placidamente na praia, mas muito arrependida... Mas na praia, pulando ondinha!". [1] REBOUL, Olivier. Introdução à retórica. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2000. [2] FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.118. [3] Adaptação de uma frase registrada por Rosiska Darcy de Oliveira, em 18/07/06, no Jornal O Globo. [4] FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.118. [5] OLIVEIRA, Rosita Darcy. O medo e os muros, O Globo, Rio de janeiro, 18/07/06. [6] FIORIN, , José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.79. [7] VERISSIMO, Luiz Fernando. O presidente tem razão. Correio Brasiliense, BrasÃlia, 2 dez. 1998.) Nesta crônica, VerÃssimo critica uma frase de Fernando Henrique: ?É chato ser rico?. [8] FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.82. [9] Idem, p. 120. [10] Idem, p. 122. [11] Idem, p. 86 [12] Idem, ibidem [13]DisponÃvel em: http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/29667.shtml. Acesso em: 01 de setembro de 2008. [14] DisponÃvel em: <http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/29667.shtml>. Acesso em 01 de setembro de 2008. [15] DisponÃvel em:<http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/29911.shtml>. Acesso em: 01 de setembro de 2008.
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