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CCJ0052-WL-O-LC-Ambito Juridico - A Responsabilidade Civil da Indústria Fumageira

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Civil
 
A responsabilidade civil da indústria fumageira
Fátima Pereira Moreira de Abreu
Resumo: A questão a ser debatida no presente trabalho em forma de monografia é a responsabilidade civil da indústria fumageira, em sede dos consumidores, haja vista que 
o produto que ela comercializa é altamente tóxico e maléfico à saúde  , e sua ingestão causa dependências psíquicas e físicas não tendo assim o consumidor o livre-arbítrio 
em interromper o uso pois a sua abstinência causa muitos transtornos interferindo na razão. Por estes dentre outros motivos que a indústria fumageira tem de ser 
responsabilizada civilmente quando seu produto acarretar em danos ao consumidor.
Palavras-chave: Indústria fumageira- responsabilidade civil- consumidor.
Resumo: introdução; 1 A idéia do livre-arbítrio; 1.1 O Surgimento da Indústria do Cigarro; 2 Real composição do cigarro; 3 Produto nocivo à saúde do consumidor; 4 A 
responsabilidade civil do fabricante de cigarro; 4.1 A Responsabilidade Civil; 4.2 A Responsabilidade Subjetiva; 4.3 A Responsabilidade Objetiva; 5 O fumante como 
consumidor; 5.1 Conceito de Consumidor; 5.2 A Proteção Conferida ao Consumidor; Conclusão.
Introdução
A motivação para a escolha do presente tema, leva em consideração pesquisas recentes sobre os males provocados pelo cigarro, e pela má fé da indústria fumageira que há 
muito tempo já tinha o conhecimento das implicações causadas pelo cigarro e não difundia essa informação, se valendo da idéia de que na época não era obrigada em 
virtude de Lei a prestar esse tipo de informação.
Pode até ser de que a indústria fumageira não era compelida a certos tipos de esclarecimentos sobre o uso de seu produto ao consumidor, só que o tipo de produto 
comercializado por ela tem de ser analisado sobre um outro prisma, pois, em tese eles vendem VENENO, ou seja, um produto composto de polônio, chumbo, níquel, 
benzeno, nicotina, monóxido de carbono, de fato não existe a possibilidade de acarretar benefícios à saúde, ele mata, e gradativamente.
A indústria fumageira para tentar se esquivar da responsabilidade de indenizar suas vítimas tem utilizado da tese de que existe o livre-arbítrio, ou seja, que depende da 
vontade imparcial do consumidor em continuar ou não a fazer uso de cigarros, só que essa tese cai por terra quando analisada a real composição do cigarro, que possui em 
sua fórmula a Nicotina (reconhecida como droga pela Organização Mundial de Saúde), esta é responsável por escravizar o consumidor ao vício, sendo uma substância 
altamente venenosa e viciante.
A responsabilidade civil objetiva é a que ampara o fumante como consumidor, este em tese tem o dever de provar o nexo causal, a norma violada e o dano que a ele foi 
ilicitamente causado, ou seja, no caso em testilha, deve se provar o consumo de cigarro, a norma legal a ser violada, e o dano (doença) que o uso do cigarro acarretou, para 
que haja a responsabilidade civil em face da indústria tabagista.
O art. 10 do CDC deixa bem claro que o fornecedor não pode colocar a venda produto que acarreta alto grau de periculosidade a saúde (cigarro se enquadraria aqui), mas 
como seria impossível a proibição da comercialização do cigarro, haja vista que vivemos num mundo capitalista sua arrecadação gira em torno de 1,25 bilhões de fumantes 
no mundo, tentamos uma outra solução, o art.9° do CDC, menciona o dever de informar com clareza e de forma ostensiva sobre o consumo desse tipo de produto e é o que 
deve ser respeitado, mas mesmo com esse dever de informar não se pode eximir a responsabilidade do fabricante, pois quem aufere bônus tem que arcar com seu ônus.
1 A idéia do livre-arbítrio
A indústria do fumo vem se validando da teoria do livre-arbítrio, para tentar se eximir da responsabilidade sobre os males que o cigarro acarreta ao fumante. Essa teoria se 
baseia na idéia de que o fumante opta em consumir ou não o produto, sem qualquer influência do meio interno ou até externo, ou seja, o indivíduo se torna fumante por sua 
e livre vontade, permanecendo no hábito por escolha própria, sendo assim excluída a responsabilidade do fabricante por culpa exclusiva da vítima.
Segundo o ilustre Dr. Lúcio Delfino 
“[...] o cigarro é um produto imperfeito juridicamente, e isso por albergar alguns vícios. Um deles se refere à informação. Ainda hoje, mesmo diante das louváveis medidas 
antitabagistas implementadas pelo Governo Federal, a informação sobre a natureza e os riscos do cigarro não atingiu a qualidade exigida pelo Código de Defesa do 
Consumidor. O legislador consumerista conferiu à informação importância notória, referindo-se a ela em diversas oportunidades. Basta, para assim perceber, que ela, a 
informação, não só integra o rol de princípios da Política Nacional de Relações de Consumo (CDC, art. 4º, IV), como também representa verdadeiro direito básico do 
consumidor (CDC, art.6º, III). A Lei 8.078/90 também estabelece importantes referências sobre a informação nos art. 8º, parágrafo único, 9º, 12, 14, 19 e 31.”
O fumante é um consumidor, e por isso carece de todos os benefícios e garantias oferecidos pelo CDC, no caso em tese, o consumidor de cigarro não se valida das 
informações verídicas acerca dos males acarretados pelo hábito de fumar.
Há de se ressaltar que muitas pessoas que adquiriram o hábito de fumar desconheciam totalmente os males provocados por ele, aliás, ad argumentandum, se fazia uma 
enorme publicidade sobre os prazeres do tabaco, de como era moderno e saudável fumar, pois sempre se associava o fumo a esportes, a pessoas saudáveis, felizes, ou seja, 
fumar trazia satisfação. A política anti-tabagismo começou a ser implantada a pouco tempo, passando a divulgar dados científicos sobre o potencial maléfico da pratica de 
fumar, deixando as claras para o consumidor o que realmente o tabagismo causa.
A questão a ser discutida acerca do livre arbítrio não gira em torno somente da opção do consumidor em fumar, mas sim em dar ou não continuidade a prática do tabagismo, 
haja vista que se prova cientificamente a dependência química e psíquica que o cigarro trás, não deixando o consumidor optar independentemente de qualquer coisa se quer 
ou não continuar fumando, pois a abstinência gera uma série de distúrbios psíquicos que interfere na razão.
A jurisprudência neste sentido é faiscante: 
“RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. INDÚSTRIA FUMAGEIRA. DOENÇA RELACIONADA DIRETAMENTE AO TABAGISMO. TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE (DOENÇA DE 
BUERGER). LIVRE ARBÍTRIO, EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO E LICITUDE: O livre arbítrio não serve para afastar o dever de indenizar das companhias fumageiras pelas 
mesmas razões que não se presta para justificar a descriminalização das drogas. O homem precisa ser protegido de si mesmo, quando lidamos com produtos que podem 
minar a capacidade de autodeterminação.”
1.1 O Surgimento da Indústria do Cigarro
Antes de Cristo o tabaco já era utilizado na América Central pelos índios, mais com fins terapêuticos e até religiosos, em 1560, Jean Nicot um embaixador francês em 
Portugal, com intuito de ajudar a Rainha Catarine de Médice a se curar de fortes enxaquecas envio-lhe sementes do tabaco, sendo expandido o hábito de fumar por toda 
Europa. 
No início do século XX o tabaco começou a ser industrializado e comercializado alcançando toda Europa, estava lançada aí a grande e milionária indústria tabagista, que vive 
das mazelas dos seus consumidores viciados.
 É cediço que há muito tempo a indústria do tabaco já é detentora de informações científicas acerca dos malefícios causados pelo uso do cigarro, desde a década de 30 já 
havia publicações sobre os perigos do uso do fumo e mesmo detentora de tais informações ao consumidor nada fora repassado, havendo ai uma grande omissão, é certo de 
que antes essa informação não era obrigatória, mas  a questão vai longe, onde então estaria  a boa- fé da empresa, uma vez que ela já sabia que estava vendendo “ veneno” 
 
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Página 1 de 4A responsabilidade civil da indústria fumageira - Civil - Âmbito Jurídico
17/11/2013http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6100
e ao consumidor nada fora esclarecido, talvez ad argumentandum, vender cigarros com rótulo “VOCÊ ME FUMA E EU TE CONSUMO”  não cairia muito bem quando a principal 
idéia de marketing era de liberdade, saúde, poder...
2 Real composição do cigarro
O cigarro tem mais de quatro mil componentes dentre eles podemos destacar:
Nicotina é o componente que causa a dependência do fumante. Segundo a enciclopédia Wikipédia 
“Nicotina é o nome de uma substância alcalóide básica, líquido de cor amarela com cheiro desagradável e venenoso, que constitui o princípio básico do tabaco. Provoca 
cancro nos pulmões devido à metalização que ocorre no DNA (liga um radical metila, CH³).”
Segundo informações obtidas no site www.qcmec.org os males provocados pela nicotina são in verbis:
“Nicotina age de duas maneiras distintas: tem um efeito estimulante e, após algumas tragadas profundas, tem efeito tranquilizante, bloqueando o stress. Seu uso causa 
dependência psíquica e física, provocando sensações desconfortáveis na abstinência. Em doses excessivas, é extremamente tóxica: provoca náusea, dor de cabeça, vômitos, 
convulsão, paralisia e até a morte. A dose letal (LD50) é de apenas 50 mg/kg.” 
Na indústria, é obtida através das folhas do tabaco, e é utilizada como um inseticida (na agricultura) e vermífugo (na pecuária). Pode ainda ser convertido para o ácido 
nicotínico e, então, ser usado como suplemento alimentar.
Dados estatísticos indicam que há uma clara correlação entre o número de cigarros fumados diariamente e o risco de morte por câncer no pulmão e doenças 
cardiovasculares. De acordo com a American Cancer Society, "...more people die every year from smoking-related diseases than from AIDS, alcohol, car accidents, fires, 
drugs, murders and suicides combined." Numerosos estudos comprovam que o consumo de tabaco causa diversos males à saúde, mas, mesmo assim, todos os dias milhares de 
jovens e adolescentes começam seu caminho à dependência química da nicotina. Embora existam muitos centros de apoio à recuperação dos drogados (muitos mesmo na 
internet), e uma enorme campanha educativa para a prevenção ao vício, o número de fumantes não diminui com o passar dos anos. As pessoas assumem, conscientemente, o 
risco real de contrair inúmeros males, tal é o efeito de dependência criado pela nicotina. (grifamos).
Metais pesados: polônio, chumbo. As plantas naturalmente retiram do solo certa concentração de urânio, onde estão contidos o polônio e chumbo, mas quando o homem 
passa a consumir diariamente o cigarro ele aumenta muito a sua exposição a esse material, pois este material está presente na folha do tabaco, sendo inalado e levado para 
dentro do organismo humano. Segundo o centro de pesquisa IPEN, retirado do site www.inca.gov.br “o chumbo e o polônio emitem radiação alfa, que provoca a destruição 
do tecido ao redor da irradiação”. O fumante primário tem um agravante maior, pois o reabastecimento dos elementos radioativos no pulmão formam uma espécie de 
estoque destes produtos. No Brasil, cerca de 80 mil pessoas morrem anualmente por causa do cigarro e 90% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao tabagismo.
Monóxido de carbono: segundo o site www.universia.es o monóxido tem o seguinte efeito: 
“O monóxido de carbono é um gás contaminante. Extremamente tóxico sócio à combustão e um dos componentes mais perigosos da fumaça dos cigarros. Está demonstrado 
que a presença de níveis elevados de monóxido de carbono reduz a eficiência do sistema cardiovascular e eleva o risco de formação de coágulos sanguíneos e de transtornos 
no desenvolvimento do feto nas mulheres grávidas. Sumamente tóxico, ainda que incolor e inodoro, o monóxido do carbono é, das centos de substâncias tóxicas que contém 
a fumaça do fumo, uma das mais nocivas tanto para os fumantes como para os não fumantes. Os níveis de CO nos organismos dos fumantes superam o umbral de exposição 
ao CO a partir do qual se ativam as alertas nas cidades da UE (8,5 ppm); entre os não fumantes, existe uma relação direta entre o nível de CO no ar espirado e a duração da 
exposição ao tabagismo passivo.”
Níquel, benzeno, formaldeído, extraído do site www.uol.com.br, a seguinte informação:
“Níquel. Usado na produção de aço inoxidável, ligas, moedas, galvanoplastia e pilhas alcalinas. Armazena-se no fígado, rins, coração, pulmões, ossos e dentes. Sua inalação 
desencadeia alterações no estômago e intestinos, aumenta as chances de infecções respiratórias e câncer.
Benzeno. É produzido durante a queima do cigarro. Utilizado como pesticida, na composição do detergente e da gasolina.
Também considerado cancerígeno. Ao ser inalado é absorvido pelos pulmões onde provoca danos irreversíveis a longo prazo, como o enfisema e a asma em crianças filhas de 
pais fumantes. Transportado por todo o corpo em especial para o fígado. A exposição ao benzeno pode provocar leucemia entre 2 a 50 anos.
Formaldeído. Utilizado na conservação de cadáveres e na fabricação de produtos químicos para matar bactérias, fertilizantes, corantes e desinfetantes.”
A fumaça do cigarro em ambientes fechados possui concentrações de formaldeído que podem chegar a níveis 3 vezes maiores, quando comparadas com o ar livre. Provoca 
doença respiratória, reações alérgicas como asma, coceira nos olhos, além de tonturas, diminuição da coordenação motora, dores de garganta e alteração do sono. Suspeito 
de ser cancerígeno para os seres humanos.
Em suma podemos destacar as seguintes doenças relacionadas com o uso do tabaco:
a) câncer de pulmão 
b) doenças coronarianas
c) bronquite crônica e enfisema pulmonar 
d) câncer na garganta
e) envelhecimento precoce
f) enrijecimento da aorta
g) deixa o hálito com odor fétido
h) provoca doenças no ossos
i) nas mulheres acelera a menopausa
A tromboangeíte obliterante (doença de buerger), é uma doença que só esta relacionada aos fumantes, quanto a isso a jurisprudência é pacífica:
“RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. INDÚSTRIA FUMAGEIRA. DOENÇA RELACIONADA DIRETAMENTE AO TABAGISMO. TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE (DOENÇA DE 
BUERGER). NEXO CAUSAL: A literatura médica é praticamente unânime ao afirmar que a doença da qual diz o autor padecer – tromboangeíte obliterante – manifesta-se 
apenas em fumantes, ou seja, o tabagismo é conditio sine qua non para o desenvolvimento da doença. Daí a grande diferença deste caso para outros que aportaram nesta 
Corte. De outro lado, em que pese o perito oficial, em seu laudo, ter afirmado que não poderia diagnosticar com certeza a ocorrência da doença, todos os elementos 
indicam que o autor sofre de TAO, desde as suas condições pessoais até os sintomas, e as conseqüências experimentadas se amoldam às lições da literatura médica acerca da 
moléstia.”
3 Produto nocivo à saúde do consumidor
A legislação consumerista da grande ênfase no que tange a comercialização de produtos que venham a prejudicar a saúde do consumidor, e até do consumidor em potencial, 
visando à informação clara e efetiva quanto a sua utilização, in verbis:
“Art. 8º – Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos á saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e 
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam 
acompanhar o produto.”
Página 2 de 4A responsabilidade civil da indústria fumageira - Civil - Âmbito Jurídico
17/11/2013http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6100“Art 9º – O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou a segurança devera informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito de 
sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.“
“Art 10º – O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à 
saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá 
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produto ou serviço à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal deverão 
informá-los a respeito.”
A questão a ser analisada tange no seguinte: o cigarro não acarreta um risco ou periculosidade em potencial, ele é de fato o próprio risco, pois sua utilização não trás 
benéfico algum ao consumidor, só acarreta problemas físicos e psíquicos.
Nesta esteira, o artigo 9º do CDC enfatiza bem no que se trata de responsabilidade do fabricante em produtos nocivos à saúde, ele deve expor claramente os males 
acarretados pelo uso do seu produto, pois bem, antes da vigência do CDC no Brasil, não se era obrigado por lei ao fabricante de cigarro rotular o seu produto como 
prejudicial à saúde, pelo contrário, como é sabido por todos, as propagandas veiculadas ao cigarro sempre eram ligadas a idéia de saúde, longevidade, vitalidade, coisa esta 
inverídica e que a própria indústria tabagista já tivera conhecimento através de comprovações por pesquisas cientificas, agindo esta de má fé para com seus consumidores, 
haja vista que escondia a sete chaves o real poder de morte do seu produto.
Em suma, mesmo não sendo obrigado por Lei a indústria do tabaco tinha o dever ético de passar ao consumidor o que ela tinha descoberto, não sendo assim tão omissa e 
macabra ao vender veneno com rotulo de saúde.
4 A responsabilidade civil do fabricante de cigarro
4.1 A Responsabilidade Civil
Segundo o ilustre mestre Rui Stoco in Tratado de Responsabilidade Civil, 5ª Edição, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 2001, p. 89 “A noção da responsabilidade pode 
ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém por seus atos 
danosos”.
Existirá a obrigação de reparar sempre que o direito de outrem for violado ou ferido, bastando que haja o nexo causal que ligaria o infrator ao atingido, o bem violado, a 
sanção legal aplicável à espécie, a reparação cabível para se tentar restabelecer o status quo ante.
A responsabilidade civil vai cominar numa obrigação, esta pode ser de dar, fazer ou não alguma coisa, ressarcir (indenização) ou reparar danos (reparação), suportar sansão 
penal, gerando assim para o causador do dano um dever a ser cumprido perante a esfera pública, esta poderá ser direta se quem ocasionou o dano é o próprio responsável a 
sua composição, ou indireta se o responsável pela composição não é o quem deu causa ao ilícito, mas de alguma forma é responsável por ele.
O homem é ser social, e isso implica numa série de atividades, dentre as quais umas são mais perigosas e insalubres que outras; diante dessa analise se constata que algum 
tipo de atividade merece uma atenção redobrada acerca da responsabilidade dos agentes que exploram esse ramo. Não significa que nos outros tipos de atividades não 
exista a responsabilidade civil, só que quando a atividade por si só produz um risco maior ela carece de outros olhares, até no que tange ao equilíbrio entre as partes.
4.2 A Responsabilidade Subjetiva
 A corrente que sustenta a responsabilidade subjetiva se baseia nas condições de: o lesado deverá demonstrar que o causador do dano agiu com culpa (ação ou omissão), que 
houve vulnerabilidade da norma positivada e entre os fatos ocorridos existia o nexo causal. 
4.3 A Responsabilidade Objetiva
A responsabilidade objetiva veio para tentar minimizar as lacunas criadas pela teoria subjetiva que, com o evoluir dos tempos deixava a desejar, haja vista que a muitas 
reparações deixaram de ser feitas pela carência de provas aliada a vulnerabilidade do lesado.
Para que se aplique a teoria objetiva é necessário: o nexo causal, a norma a ser violada; e a culpa que na subjetiva deveria ser provada aqui já vem presumida, onde há uma 
inversão; quem deverá provar a sua não culpa é o lesionador para tentar se esquivar do dever de reparar.
Essa teoria veio para tentar equiparar as relações, pois muitas das vezes o lesado não tem meios, nem condições técnicas e financeiras de provar a culpa do lesionador, 
sendo atingindo por esse beneficio os consumidores ou equiparados que se encontram vulneráveis e hipossuficiente, sendo a inversão do ônus da prova uma faculdade que 
ele faz jus de pleitear.
5 O fumante como consumidor
5.1 Conceito de Consumidor
Segundo o promotor de justiça Plínio Lacerda Martins in “O conceito de consumidor no direito comparado, retirado no site www.jusnavigandi.com.br”
“A relação jurídica é um vínculo que une duas ou mais pessoas caracterizando-se uma como o sujeito ativo e outra como passivo da relação. Este vínculo decorre da lei ou do 
contrato e, em conseqüência, o primeiro pode exigir do segundo o cumprimento de uma prestação do tipo dar, fazer ou não fazer. Se houver incidência do Código de Defesa 
do Consumidor na relação, isto é, se uma das partes se enquadrar no conceito de consumidor e a outra no de fornecedor e entre elas houver nexo de causalidade capaz de 
obrigar uma a entregar a outra uma prestação, estaremos diante de uma relação de consumo.
O legislador definiu no art. 2, o conceito jurídico de consumidor padrão estabelecendo como sendo consumidor qualquer pessoa natural ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final, ou seja, para seu uso pessoal ou de sua família, não comercializando o serviço ou produto.
Verificamos a princípio que o art. 2 estabelece o conceito de consumidor denominado standard ou stricto sensu, onde consumidor seria a pessoa física ou jurídica que 
adquire o produto como destinatário final,ante de uma relação de consumo.”
5.2 A Proteção Conferida ao Consumidor
O CDC veio para tentar equiparar as partes, vez que o consumidor é parte vulnerável na relação de consumo e carece de proteção e alguns benefícios da lei, que estabelece, 
in verbis:
“Art.9° O fornecedor de produtos ou serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou a segurança devera informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito de 
sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.”
“Art. 10° O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à 
saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá 
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão às expensas do fornecedor de produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento da periculosidade de produtos ou serviços à saúde, segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios deverão informá-los a respeito.” 
Pelo exposto, chega-se a conclusão de que o consumidor está amparado quanto ao potencial ofensivo que certos produtos ou serviço em tese poderiam causar.
Página 3 de 4A responsabilidadecivil da indústria fumageira - Civil - Âmbito Jurídico
17/11/2013http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6100
O que se deve analisar sobre essa proteção em relação ao consumo de cigarro e se ele se enquadra dentro dessa proteção, pois além de tornar o consumidor um dependente 
o deixa a mercê de uma serie de implicações no seu consumo muito aquém de um produto normal.
Muitas medidas vêm sido tomadas por órgãos públicos sobre a que a questão da responsabilidade civil do fabricante de cigarro, no site: www.mundodoscigarros.blogspot:
“Promotor move ação bilionária contra indústria do cigarro. 
Segunda-feira, 13 de agosto de 2007, 14:55 
Petição pode obrigar Souza Cruz e Philip Morris Brasil a ressarcir municípios e Estados por gastos com saúde.
SÃO PAULO - As duas maiores fabricantes de cigarros do País, a Souza Cruz e a Philip Morris Brasil, se tornaram os principais alvos de mais uma ação pública de indenização 
por conta dos prejuízos causados pelo cigarro a fumantes ativos e passivos. A petição, que obrigaria as duas empresas a ressarcir municípios, Estados e o DF pelos gastos com 
saúde a tratamentos contra o tabagismo, foi movido pelo promotor João Lopes Guimarães Júnior.
Como noticiado pelo Estado em fevereiro, ambas empresas foram obrigadas, em decisão em primeira instância da 19º Vara Cível de São Paulo, a indenizarem todos os 
fumantes do Estado, como resultado de uma ação coletiva proposta pela Associação de Defesa da Saúde do Fumante (Adesf). O valor da ação era estimado em R$ 30 bilhões. 
As fabricantes recorreram e o processo aguarda julgamento no Tribunal de Justiça de SP (TJ-SP).”
O autor da nova proposta, membro da Promotoria do Consumidor de São Paulo, afirma que qualquer dano aos fumantes ou não-fumantes é responsabilidade exclusiva das 
fabricantes de cigarros. Segundo o promotor, que se baseia no Novo Código Civil brasileiro para mover a ação, "quando alguém desenvolve uma atividade que cria risco para 
terceiros, assume uma responsabilidade, e, em caso de dano, é obrigado a indenizar os danificados".
Por meio de nota, as fabricantes esperam a intimação oficial do Ministério Público antes de prestar qualquer esclarecimento.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, a Souza Cruz afirma apenas que "a comercialização de cigarros no Brasil é atividade lícita" e "que os riscos associados ao consumo de 
cigarros são de amplo conhecimento público há décadas".
Guimarães Júnior explica que seu pedido tem por objetivo também fazer com que cada pessoa que se sinta prejudicada em decorrência do fumo possa entrar com um pedido 
de indenização contra as empresas, tendo em vista que vendem um produto que comprovadamente é nocivo à saúde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a nicotina, principal componente do cigarro, é a substância que mais vicia no mundo. Além disso, suas mais de 4.700 
substâncias - entre elas metais pesados como chumbo e arsênico - são capazes de causar 50 tipos de doenças diferentes, principalmente cardiovasculares, hipertensão, 
enfarte, angina e derrame.
Dados mostram que quase metade da população masculina mundial seja fumante. Entre a população feminina, 12% consomem a droga. Uma pesquisa da Santa Casa de 
Misericórdia, do Rio, e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgada no início do mês, revela que 66% dos brasileiros fumaram em algum momento da vida e, hoje, 
20% da população é fumante.
Conclusão
Diante de todo o exposto pode se chegar à conclusão que o cigarro efetivamente é uma droga, pois além de conter substâncias viciantes (tanto psíquicas como físicas), seu 
uso acarreta uma série de implicações na saúde do usuário que se vê a merece de uma indústria legalizada que vende um produto sem benefício algum pra saúde.
Há de ser ressaltar que a indústria fumageira arrecada no Brasil arrecada 6,2 bilhões de reais de impostos anuais, e que no mundo existe aproximadamente 1,25 bilhões de 
fumantes que mantém esse ciclo vicioso, enriquecendo os poderosos, calando os Governantes assim matando os consumidores. 
A indústria fumageira já é sabedora há muito tempo das reais implicações do uso contínuo do cigarro, e mesmo detentora de tais informações ela vendia um produto com 
rótulo de saúde, prazer, status, usando de má fé para com o consumidor que se via as cegas;  a pouco tempo que a legislação específica obrigou o fabricante a informar de 
forma clara os malefícios do cigarro.
A idéia da responsabilidade civil em torno do fabricante de cigarros gira em torno da sua responsabilidade como fabricante, este tem de arcar com os danos que seu produto 
causar aos consumidores, sendo amparados pela responsabilidade objetiva, que beneficia ao hipossuficiente.
Em suma, o cigarro faz vitimas, não há outra definição, pois todos que entram em contato com ele saem prejudicados.
 
Bibliografia:
DELFINO, Lucio; O fumante e o livre-àrbitrio: um polêmico tema envolvendo a responsabilidade civil das indústrias do tabaco. São Paulo. Editora Nota Dez, 2007.
.wikipédia  Disponível em: www.wikédia.com.br  . Acesso em 03/07/2008.
Rui Stoco in Tratado de Responsabilidade Civil, 5ª Edição, Editora revista dos tribunais, São Paulo, 2001, p. 89.
MARTINS, Plínio Lacerda. O conceito de consumidor no direito comparado. Disponível em: site www.jusnavigandi.com.br. Acesso 20-08-2008.
A responsabilidade civil do fabricante de cigarro, disponível em: site: www.mundodoscigarros.blogspot: acesso em 15-09-2008.
 
Fátima Pereira Moreira de Abreu
Advogada, formada pela Faculdade de Direito Nova Iguaçu em 2005, Conciliadora do Juizado Especial Criminal de Porciúncula RJ de 2004 a 2005, Pós-graduanda pela 
Faculdade de Direito de Campos/RJ em processo civil e direito civil.
Informações Bibliográficas
 
ABREU, Fátima Pereira Moreira de. A responsabilidade civil da indústria fumageira. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XII, n. 63, abr 2009. Disponível em: <
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6100
>. Acesso em nov 2013. 
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