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* Profa. Dra. Lúcia Elvira Alvares Dept. Histologia e Embriologia Aula 7A – Introdução à Organogênese * Organogênese Definição: Etapa do desenvolvimento embrionário que resulta na formação de diferentes tecidos e órgãos que vão compor o corpo do indivíduo após o nascimento. Depende da interação (“conversa”) entre os três folhetos germinativos (ecto, meso e endoderma). No homem, a organogênese começa na 4ª semana do desenvolvimento. * Ectoderma Mesoderma Endoderma Folhetos germinativos Após a formação dos folhetos germinativos, inicia-se o processo de subdivisão do corpo do embrião em regiões com destinos específicos. * Ectoderma de revestimento Mesoderma paraxial SOMITO Mesoderma intermediário Notocorda Celoma Endoderma + Mesoderma lateral visceral Ectoderma + Mesoderma lateral parietal Tubo Digestivo Tubo Neural * * Os dobramentos embrionários reposicionam os tecidos do embrião, possibilitando novas interações teciduais. * O desenvolvimento requer escolhas!! Durante o desenvolvimento, o potencial das células modifica-se gradual e progressivamente, tornando-se menos amplo. * Níveis de comprometimento celular Especificação: quando isoladas e mantidas em um meio neutro, longe do embrião, as células desenvolvem-se mais ou menos de acordo com seu destino normal. * Níveis de comprometimento celular Determinação: há uma mudança estável no estado interno da célula. Há comprometimento com um destino específico. Contudo, este estado é lábil. * Níveis de comprometimento celular Diferenciação: expressão de proteínas específicas, levando à mudanças morfológicas e bioquímicas das células. Processo irreversível!! * Formação dos primórdios ou botões de órgãos Pequenos grupos de células em cada camada germinativa vão produzir órgãos ou parte deles. Qualquer órgão inicia seu desenvolvimento como um grupo de células segregadas de outras do embrião. Esse grupo de células é chamado de rudimento ou “botão” do respectivo órgão. Extremidade ectodérmica anterior Botão de membro anterior Botão membro posterior Somito * Processos biológicos associados à Organogênese Crescimento: sucessivas divisões celulares promovem o aumento de tamanho de tecidos e órgãos 2) Morfogênese: desenvolvimento de forma. Ocorre através da movimentação e/ou reorganização de células, muitas vezes em consequência de uma interação epitélio-mesenquimal. 3) Diferenciação: as células adquirem destinos específicos (ex. fibra muscular, neurônio) e passam a executar funções específicas, permitindo a maturação dos processos fisiológicos. * Morfogênese Interação epitélio-mesenquimal Processo que envolve troca de informações entre um epitélio e um mesênquima, levando à modificação estrutural dos tecidos do embrião Epitélio * Órgãos complexos são gerados pela troca informacional entre tecidos. Isto acontece por meio de indução, mediada por fatores capazes de sofrer difusão. Processo muitas vezes recíproco. Lembre-se “Tudo o que você modifica, modifica você”. Interações epitélio-mesenquimal Epitélio Mesênquima * Natureza dos sinais indutores Sinalização justácrina Indução de indutores de uma célula para outra Matriz de uma célula induz modificação em outra célula Contato entre células indutoras e células “respondedoras” * Mecanismos de indução parácrina Célula indutora (sinalizadora) Célula-alvo A célula indutora secreta um sinal A célula-alvo tem um receptor expresso na membrana, que interage com o sinal secretado Interações entre o sinal e o receptor desencadeiam uma cascata de sinalização intra-celular Genes específicos são ativados resultando em mudança no comportamento da célula-alvo * Organogênese Em resumo: Diferentes grupos de células tornam-se órgãos rudimentares através da organogênese Este processo envolve o dobramento, divisão e agrupamento de células no corpo do embrião Depende intrinsicamente de sinais moleculares para que possa ocorrer * Prof. Dra. Lúcia Elvira Alvares Dept. Histologia e Embriologia Instituto de Biologia - UNICAMP Aula 7B – Desenvolvimento de Derivados Ectodérmicos * Ectoderma Ectoderma superficial Crista neural Tubo neural Epiderme Cabelo Unhas Glândulas sebáceas Epitélio olfativo Epitélio da boca Cristalino, córnea Sistema nervoso periférico Medula da adrenal Melanócitos Cartilagens faciais Dentina dos dentes Encéfalo Medula espinhal Neurônios motores Retina Hipófise neural Derivados ectodérmicos * Consequências da Neurulação (1) a formação do tubo neural, que origina o SNC (2) a formação da crista neural, que origina o sistema nervoso periférico, em adição a múltiplos tipos celulares (3) a formação da epiderme, que recobre todo o embrião. Aortas dorsais * Divisões do sistema nervoso humano * Qual é o papel do Sistema Nervoso? Todos os animais precisam “perceber” o seu meio ambiente (sistema sensorial) e reagir em resposta (sistema motor) Células nervosas (neurônios) provêem a base celular destas funções O papel do Sistema Nervoso Central é processar as informações sensoriais e coordenar a resposta motora. * Desenvolvimento do SNC Nódulo primitivo Membrana bucofaríngea A placa neural sofre especificação regional precocemente Região do encéfalo Região da medula nervosa * Visão geral do tubo neural Mesencéfalo Prosencéfalo Vesículas cefálicas primárias: Prosencéfalo ou encéfalo anterior. 2) Mesencéfalo ou encéfalo médio Rombencéfalo ou encéfalo posterior Medula espinhal Rombencéfalo Final 3a semana Medula espinhal * Células neuroepiteliais do tubo neural Paredes do tubo neural = epitélio psedo-estratificado Abrigam as células neuroepiteliais, que estão em intensa atividade proliferativa As células neuroepiteliais são multi-potentes http://www.med.unc.edu/embryo_images/unit-nervous/nerv_htms/nerv002a.htm * Células neuroepiteliais em diferenciação Neuroblasto em diferenciação Fig. 19.7 Langman Célula neuroepitelial intermitótica Célula neuroepitelial em divisão Diferenciação Proliferação * Camadas do tubo neural Desenvolvimento do tubo neural leva à formação de três camadas: Camada neuroepitelial ou ventricular – células indiferenciadas, em estado proliferativo (células-tronco) Camada do manto – região onde acumulam-se os corpos celulares dos neuroblastos. Irá formar a substância cinzenta da medula Camada marginal – contém fibras nervosas. Após a mielinização, irá formar a substância branca da medula. Camada marginal Camada do manto Camada ventricular * Diferenciação das células neuroepiteliais Fig. 19.9 Langman O neuroepitélio do tubo neural é multi-potente. Ele irá formar: Neuroblastos Neurônios Sofrem alterações na sua morfologia após migração para a camada de manto * Diferenciação das células neuroepiteliais Fig. 19.5 Moore & Persaud 2) Glioblastos Células da glia (de sustentação) Astrócitos protoplasmáticos ou fibrosos Células oligodendrogliais * Diferenciação das células neuroepiteliais Fig. 19.5 Moore & Persaud 3) Células ependimárias Origem: Mesênquima cefálico Origem: Tubo neural * Desenvolvimento da medula espinhal Placas alares – áreas sensoriais Placas basais – áreas motoras Placa de teto – não contém neuroblastos Placa de assoalho - não contém neuroblastos http://www.med.unc.edu/embryo_images/unit-nervous/nerv_htms/nerv007.htm 1 2 3 4 Parte sensorial Parte motora * Formação dos nervos espinhais http://www.med.unc.edu/embryo_images/unit-nervous/nerv_htms/nerv008.htm Neurônios sensoriais – são gerados a partir da crista neural. Seus prolongamentos, oriundos da raiz do gânglio dorsal, ancoram-se na placa alar da medula espinhal Neurônios motores – são gerados a partir de neuroblastosresidentes na placa basal * As células da crista neural migram por rotas definidas Elas vão formar exclusivamente neurônios sensoriais Formação dos nervos espinhais * Células da crista neural migram apenas pela extremidade anterior dos somitos segmentação dos nervos espinhais Rotas migratórias da crista neural no tronco Derme Epiderme Tubo neural Somito Notocorda Aortas dorsais Cabeça * Os somitos determinam o número e o espaçamento dos glânglios espinhais Embrião doador Embrião receptor Transplante realizado na fase de sete somitos Indução da formação de gânglios espinhais pelos somitos extra * Formação dos nervos espinhais Fig.19.10 Langman * Mielinização das fibras nervosas Fig. 19.12 Langman Origem: Crista neural Origem: Tubo neural * Voltando ao embrião... * Voltando ao embrião... Flexura Cefálica: No Mesencéfalo. Move o mesencéfalo rostralmente Flexura Cervical: Rombencéfalo-Medula espinal * Voltando ao embrião... Flexura Pontina: Metencéfalo-Mielencéfelo * Voltando ao embrião... * Padronagem do sistema nervoso Eixos: * Especificação precoce do eixo antero-posterior Conclusão: devem haver determinantes ao longo do eixo A/P que atuam mesmo antes que o tubo neural tenha se formado Moléculas candidatas – fatores parácrinos (Bmps, Wnts e FGFs). Estes fatores regulariam a expressão dos genes Hox Tecido de olho Tecido de cérebro Tecido de medula espinhal Anterior Posterior Remoção desta parte da placa neural para cultivo Remoção desta parte da placa neural para cultivo * Genes Hox * Padronagem dorso-ventral do SN Fig. 19.14 Langman A notocorda coordena a padronagem dorso-ventral produzindo o fator parácrino Shh (Sonic hedgehog) * Experimentos de transplante de notocorda * Correlações clínicas * Problemas na padronagem do SN Mutação no gene Shh humano Holoprosencefalia 3 – Em muitos casos pode haver um único olho fundido (ciclopia) e a presença de estrutura do tipo nariz (probóscide) Gli3 - céfalo polinsindactilia de Greigs em humanos * Em resumo: O SNC e periférico tem origem embriológicas distintas O neuroepitélio do TN contém células multi-potentes A morfologia do TN modifica-se gradativamente durante o desenvolvimento do embrião Neurônios motores e sensoriais formam-se a partir de células do TN e crista neural, respectivamente Shh é a principal molécula envolvida na padronagem dorso-ventral do TN * * * * * * * * * * * * * Fatores parácrinos – pequenas moléculas secretadas pelas células indutoras. Difundem-se pequena distância em direção às células induzidas Fatores justácrinos – proteínas de membrana ou fatores presentes na matriz celular das células indutoras. Interagem com receptores na célula-alvo. * * * * * * * * * * Nestes slide, temos uma visão muito simplificada do encéfalo ao final da 3a semana de desenvolvimento. De cada lado do rombencéfalo e do mesencéfalo são encontradas placas alares e basais, de maneira análoga ao estudado para a ME, que assumem funções sensoriais e motoras, respectivamente. Contudo, no prosencéfalo, as placas alares são mais acentuadas, enquanto as placas basais regridem. * * Após o fechamento do TN, as células neuroepiteliais continuam proliferando ativamente. Estas células vão formar os neuroblastos, que são células nervosas primitivas. Estas células apresentam um nucleoplasma pálido, com núcleo grande e com um nucléolo bem visível. * Os neuroblastos vão compor a camada do manto, ao redor da camada neuroepitelial ou zona ventricular. A camada mais externa da medula espinhal contém fibras nervosas, que emergem dos neuroblastos. Esta camada recebe o nome de camada marginal. * Neuroblastos: Inicialmente, as células derivadas do neuroepitélio irão formar unicamente neuroblastos. Neuroblastos recém-formados desenvolvem um prolongamento central (dendrito transitório), que atinge a luz do tubo neural. Este processo regride quando o neuroblasto migra para a camada do manto, Nesta região, ele irá assumir uma morfologia ovalada, sendo portanto apolar. Em seguida, o neuroblasto forma dois processos citoplasmáticos dispostos em lados opostos do corpo celular, formando um neurônio bipolar. Posteriormente, o neuroblasto irá formar um dendrito primitivo e um axônio primitivo, tornando-se um neuroblasto multipolar. Uma vez formados, os neurônios não podem mais se dividir. * Gioblastos: Depois de compor a população de neuroblastos, as células neuroepiteliais formam os glioblastos. Os glioblastos migram da camada neuroepitelial para a camada do manto, onde se diferenciam em astrócitos protoplasmáticos ou fibrosos. Acredita-se que as células oligodendrogliais também originem-se do neuroepitélio do TN. Células da microglia derivam do mesênquima cefálico. Quando param de produzir neuroblastos e glioblastos, as células neuroepiteliais se diferenciam em células ependimárias, que revestem o canal central da medula. * * Com a formação contínua dos novos neuroblastos, a camada do manto acaba se espessando ventral e dorsalmente. Na região ventral, estes espessamentos são chamados de placas basais e na região dorsal, de placas alares. Na placa de teto não há neuroblastos. Esta região permite que fibras nervosas cruzem de um lado para outro do TN. Nas fases mais avançadas da embriogênese, as placas basais vão formar o corno motor ventral, enquanto as placas alares vão formar os cornos sensoriais dorsais. Somente nos níveis toráxicos (T1-T2) e lombar superior (L2-L3), é formado um corno intermediário entre estas duas áreas. Este corno contém neurônios da parte simpática do SNA. As paredes laterais do TN se espessam, reduzindo, com o passar do tempo, o diâmetro do canal neural da ME. Com o alargamento das paredes do TN, as placas de teto e de assoalho tornam-se delgadas. O crescimento diferencial das paredes do TN produz rapidamente um sulco longitudinal raso, conhecido como sulco limitante. Este sulco separa a parte dorsal, conhecida como placa alar, da parte ventral ou placa basal. Esta separação regional é importante, pois mais tarde a placa alar e basal estarão associadas à função aferente e eferente, respectivamente. * * * * Experimento de implante de somitos extra-numerários em embriões de galinha. Há um aumento correspondente no número de nervos espinhais. * As placas basais (cornos ventrais) da ME formam fibras nervosas motoras, que se unem formando feixes que vão compor as raízes motoras ventrais. As raízes nervosas dorsais, sensoriais, originam-se de fibras provenientes de neurônios localizados nos gânglios da raiz dorsal (gânglios espinhais). Os processos centrais destes gânglios foram feixes que crescem em direção aos cornos dorsais da medula espinhal. * A mielinização das fibras nervosas inicia-se no quarto mês de vida intra-uterina, prolongando-se até o primeiro ano de vida. As células de Schwann, derivadas da crista neural, são responsáveis pela mielinização dos nervos periféricos. As células oligodendrogliais mielinizam as células do SNC. * * * * * * * Edward B. Lewis Família de fatores transcricionais domínio homeótico (~60 aa) Descobertos em moscas e conservados em todas as espécies animais testadas Colinearidade - expressos sequencialmente ao longo do eixo rostro-caudal do embrião, segundo sua ordem de disposição no cromossomo Determinam as coordenadas espaciais para a diferenciação celular durante o desenvolvimento * * * * *
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