Buscar

CCJ0052-WL-B-AMRP-04-Parecer Técnico-jurídico Ementa-01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Alda Valverde 
Dia 05/03/2012 
1- Retomada do conteúdo da aula anterior, a fim de esclarecer uma 
dúvida de uma aluna sobre as razões de as Testemunhas de 
Jeová recusarem-se a receber sangue. Para tal, iremos assistir a 
um vídeo do youtube que apresenta-nos esse motivo. 
http://www.youtube.com/watch?v=C9-Qa1qkLH8 
2- Sugiro, após terem assistido ao vídeo, que produzam breve texto, 
em defesa do direito à recusa de transfusão das Testemunhas de 
Jeová . 
Apresento-lhes uma possibilidade de escritura de um breve texto 
argumentativo:. 
Ex. 
 Estudos científicos demonstram que há fórmulas de o 
organismo produzir sangue desde que adotados os procedimentos 
necessários. Essa prática pode substituir a transfusão, evitando-se, 
ainda, a possibilidade de se adquirir doenças transmitidas pelo 
sangue transfundido. 
 Tal constatação fragiliza a tese de a transfusão ser o único 
processo de se alimentar o organismo carente de sangue. 
Esclarecida a questão terapêutica, resta analisar a questão jurídica, 
em que se confrontam dois princípios: o direito à liberdade de 
religião e o direito à vida. Observe-se que, conforme o doutrinador 
SCHREIBER (2011, p.52), 
 
[...] a Constituição da República coloca a liberdade 
de religião e o direito à vida no mesmíssimo 
patamar. Aqui, como em outros campos, não pode 
o intérprete correr o risco de se agarrar à regra 
mais específica, esquecendo os princípios que lhe 
servem de fundamento de validade e que podem 
ser diretamente aplicados ao caso concreto. A 
vontade do paciente deve ser respeitada, porque 
assim determina a tutela da dignidade humana, 
valor fundamental do ordenamento jurídico 
brasileiro. 
 
De fato, o art. 5º da Constituição de 1988, expressa o direito à vida, 
juntamente com outros direitos, como a igualdade, a segurança, a propriedade, 
etc. Portanto, estabelecer que o direito à vida seja superior a outro direito não 
deriva de uma norma jurídica, mas de uma crença com base em convicções 
filosóficas ou médicas, como assegura SCHREIBER (2011, p.52). 
Certamente, em um país laico como o nosso, não pode o julgador 
decidir se determinado preceito bíblico é válido e se pode ser desobedecido. 
Para aquele que tem fé, ir de encontro às suas crenças e viver com a mácula 
de ter transgredido os dogmas da sua religião pode significar a morte em vida. 
Assim, deve-se respeitar o direito à vida, mas à vida digna, sem impor 
a qualquer pessoa que abdique de suas crenças e se submeta a práticas que 
violentam suas concepções religiosas. 
 
3- Apresentação dos casos concretos trazidos pelos alunos. 
4- Início do conteúdo da aula 4: Parecer técnico-jurídico: ementa 
 
Objetivos: 
1- Conhecer a estrutura de um parecer técnico-jurídico; 
2- Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer; 
3- Reconhecer as características da ementa do Parecer. 
 
Estrutura do conteúdo: 
1- Estrutura do parecer 
2- Características da ementa 
3- Estrutura da ementa 
4- Conteúdo da ementa 
Desenvolvimento do conteúdo 
Parecer técnico-jurídico 
Analisemos o parecer extraído de CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro, A 
atuação do Ministério Público na Área Cível: Temas diversos. 2.ed.Rio de 
Janeiro: Lumen Juris LTDA. 2001, pp. 245,246,247,248. 
 
 
5ª Câmara Cível 
Ação: Inventário 
Agravo de Instrumento nº 1.948/94 
Agravante: ERCS 
Agravado: Juízo da 9ª Vara de Órfãos e Sucessões 
 
 
 EMENTA 
 
Testamento. Herdeiro universal. Existência de um 
único bem a inventariar, sendo imóvel gravado com 
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade (até 
50 anos) e incomunicabilidade (vitalícia). Herdeiro 
instituído portador do vírus da AIDS, com doença em 
estágio avançado. Possibilidade de autorização para 
alienação do bem, depositando-se o produto da 
venda em caderneta de poupança, liberando-se os 
valores gradativamente para custeio do tratamento. 
Inteligência do art. 1.676 do Código Civil. 
Atendimento à real vontade da testadora. 
Interpretação sistemática dos dispositivos aplicáveis 
à espécie. Provimento do recurso. 
 
 
1 
I - Fatos 
 
1- O agravante constitui-se no único herdeiro, instituído por testamento, de 
ICC, tomando parte do inventário tão-somente um bem imóvel, gravado com 
cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade temporária (até que o 
herdeiro atingisse 50 anos), assim como incomunicabilidade vitalícia. 
 
2- Em sendo, o agravante, portador do vírus da AIDS e estando, já a esta 
altura,' comprovadamente em precário estado de saúde, ocasionado pelo 
reduzido nível de resistência do seu sistema imunológico, postulou autorização 
para venda do. bem inventariado, com o fito exclusivo de possibilitar a 
continuidade do seu tratamento. . 
 
3- O órgão julgador de primeiro grau indeferiu a pretensão do agravante, ao 
argumento de que o art. 1676 do Código Civil eiva de nulidade qualquer ato 
judicial que intente dispensar a cláusula de inalienabilidade, conquanto 
lamentasse, a ilustre julgadora, o estado de saúde do herdeiro. 
 
4-O primeiro membro do órgão do Ministério Público a quo a se pronunciar no 
feito opinou pelo deferimento do pedido formulado pela ora agravante. Já o 
segundo membro do “parquet” a manifestar-se nos autos, após juízo de 
retratação, alinhou-se com o entendimento da Julgadora monocrática. 
 
5- Mantida a decisão, sobem os autos a esta Egrégia Câmara 'para 
reapreciação da matéria em comento. 
 
FUNDAMENTAÇÃO 
 
6- Mais do que analisar, de forma isolada, um dispositivo do Código Civil, 
importa, para se determinar o verdadeiro alcance de uma norma Jurídica, 
encetar interpretações sistemáticas do texto legislativo sob exame. 
 
7- As interpretações fornecidas pela ilustre julgadora de primeiro grau, membro 
do Ministério Público que oficiou nos autos, pecam por concentrar a análise da 
questão em um único dispositivo legal. 
 
8- Ao pretender vasculhar os preceitos aplicáveis ao caso concreto, o aplicador 
do Direito deve mais do que se ater à literalidade do texto em análise, 
atender à procura da mens legis, situar os dispositivos em uma estrutura de 
significações e, enfim, adequar sua compreensão às novas valorações 
sociais exsurgidas. 
 
9- Mais que tudo isso, é a própria Lei de Introdução ao Código Civil, no seu 
artigo 5º, que fornece a diretriz a ser aplicada pelo julgador na interpretação da 
norma legal, 
 
''Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que 
ela se dirige e às exigências do bem comum. " 
 
10- Em se tratando de sucessão testamentária, impende investigar, 
precipuamente, a vontade do testador, buscando a sua essência, de forma a 
condicionar a interpretação das disposições testamentárias e adequar os 
preceitos legais incidentes à hipótese. 
 
11- Neste caso, a testadora; não possuindo herdeiros necessários, nomeou 
seu sobrinho, o ora agravante, então com apenas 13 anos, seu herdeiro 
universal, gravando os bens imóveis com já mencionadas cláusulas. Visava 
ela, concomitantemente; beneficiar o herdeiro instituído e protegê-lo, 
intentando garantir-lhe teto seguro até idade madura de (50 anos), isolando-o 
das vicissitudes da vida moderna. 
 . 
 
12- Não poderia a testadora imaginar jamais, àquela altura, que este terrível 
mal chamado AIDS iria apossar-se do herdeiro que, certamente com muito 
carinho, acabara de instituir, relegando-o a uma gradual e sofrida morte 
prematura. 
 
13- Decerto que a vontade da testadora não se coaduna com a atual situação 
do agravante: este, embora possua o domínio de um bem imóvel, não pode 
usá-lo e nem fruí-lo, eis que se encontra em constante tratamento de saúde, 
e, pior, não pode empregar o valor do patrimônio transmitidoem prol da 
tentativa de prolongar sua existência. Ora, onde está a prevalência da 
vontade do testador, essencial no cumprimento das disposições 
testamentárias, diante destas circunstâncias?A interpretação da norma estaria 
levando em conta os fins sociais e as exigências do bem comum, a que ela se 
destina? 
 
14- Nem a doutrina, nem a jurisprudência e nem o legislador permaneceram 
estancados no tempo, logrando a evolução interpretativa adequar o 
dispositivo contido no art. 1.676 do Código Civil às novas facetas da vida, 
abrandando o seu rigor. 
 
15- De fato, já em 1944, através do Decreto-lei n° 6777, permitiu-se a 
alienação de imóveis gravados, substituindo-os por outros imóveis ou títulos 
da dívida pública, permanecendo sobre estes os gravames. 
 
16- Nesta linha, os doutrinadores, assim como os tribunais, passaram a admitir 
a alienação do bem gravado, com autorização judicial, por necessidade ou 
conveniência manifesta do titular, ocorrendo a sub-rogação em outro bem. 
 
17- No caso em tela, nada impede que o produto da venda seja depositado 
em caderneta de poupança à disposição do juízo, utilizando-se o seu saldo 
no custeio do tratamento do agravante. 
 
18- Argumenta-se, para sustentar o entendimento contrário, que o bem 
substituto (valor depositado em poupança) iria, pouco a pouco, se 
esgotando, acabando por exercer o herdeiro poder de disposição sobre o 
imóvel herdado, justamente o que pretendeu vedar a testadora e assegurar 
o preceito do Código Civil. 
 
19- O que se verifica, contudo, é que relegar o herdeiro à morte, enquanto o 
bem recebido permanece absolutamente inóxio, pois sequer rende frutos, 
isso sim significa afrontar a vontade da testadora e o próprio alcance 
teleológico da lei, desfigurando, por completo, o próprio ato de liberalidade 
 
20- Vale mencionar, neste sentido, trecho de acórdão unânime proferido pela 
6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no agravo em 
que foi relator o Desembargador Laerson Mauro: 
 
"-Se pela imposição das cláusulas de inalienabilidade, 
incomunicabilidade e impenhorabilidade vitalícia sobre bens 
de herança, da legítima como da disponível, abrangendo não 
só o principal como os frutos e rendimentos, a liberalidade 
perder toda a sua utilidade, chegando mesmo a 
descaracteriza-se jurídica e economicamente, é imperioso 
que se apliquem tantas regras exegéticas quantas caibam na 
espécie, para evitar-se a inocuidade da deixa, preservando, 
assim, à herdeira algum beneficio em vida. Agravo provido." . . O-h .. 
 
21- Desta forma, deve o único bem inventariado, conquanto gravado com as 
cláusulas de, inalienabilidade e incomunicabilidade, ser alienado, conforme 
requerido, depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança à 
disposição do juízo, a fim de que libere gradativamente as quantias 
necessárias ao tratamento de saúde do herdeiro universal, posição esta que se 
afina com o mais atual entendimento doutrinário e jurisprudencial, intentando, 
ainda, alcançar o verdadeiro fim dos dispositivos aplicáveis à espécie (atender 
à vontade do testador, e, ao mesmo tempo, atender aos fins sociais 
compreendidos no caso em exame), interpretando-os sistematicamente. 
 
II- Conclusão 
 
 Assim, opina o Ministério Público pela reforma da decisão a quo, 
permitindo-se a alienação do bem gravado, atendidas as exigências contidas 
no item 20 supra. 
É o parecer. 
 
 Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1995 
 Paulo Cezar Pinheiro Carneiro 
 Procurador de Justiça 
 
Parecer técnico-jurídico 
O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por 
autoridade competente, que emite uma opinião sobre o assunto 
consultado. Deve estar devidamente fundamentada, a fim de produzir 
credibilidade e, consequentemente, o convencimento sobre a pertinência 
da opinião expressa. 
 
A forma de um parecer técnico- jurídico: 
Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para 
apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei 
Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela 
sigla LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do 
Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus 
pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode 
deixar de ter fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra 
do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.) 
 
Elementos do parecer técnico- jurídico: 
1 - Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto 
de consulta. Inicia sempre pelo fato antijurídico e apresenta uma visão 
panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de 
vista defendido pelo parecerista. 
2 - Relatório: é a narração da história processual, marcada pela 
isenção. Apresenta a narração dos fatos importantes e as circunstâncias 
em que estes ocorreram. Isso possibilita uma transição lógica e coerente 
para a fundamentação. 
3- Fundamentação: argumentação baseada em sustentação 
principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como em 
recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, 
costumes, etc), técnicas argumentativas e estratégias discursivas, para 
buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto ao 
assunto da consulta. 
4 - Conclusão: fecho do parecer. O parecerista apresenta uma proposta 
ou sugestão para a solução do caso concreto analisado. 
5 - Parte Autenticativa: tendo em vista a responsabilidade civil, o 
parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número da carteira de 
identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite. 
 
 
 
Identificação e análise das partes de um Parecer técnico-
jurídico em peça produzida por um aluno da disciplina de Teoria e 
Prática da Redação jurídica. 
 
 Ementa: 
 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO 
MORAL -- Dançarino e modelo intitulado como gay 
em programa de TV -- Fotos mostradas em rede 
nacional. Violação de intimidade e privacidade -- 
Alegação do réu de prevalência do Direito à 
informação -- Confronto de princípios 
Constitucionais. Preponderância e inteligência no 
Art. 5°, inciso X, CRFB/88 -- Parecer favorável à 
indenização. 
 
Relatório 
 Trata-se de ação de indenização por dano moral proposta por Carlos 
Alberto Prata, modelo e dançarino; contra a emissora de televisão Rede LM, 
por considerar ter havido violação de sua intimidade e privacidade. O fato 
ocorreu no programa da emissora, “Superbom”, que apresentou uma matéria 
sobre o clube das mulheres, em fevereiro de 2006. 
 Segundo Carlos Alberto, sua privacidade e intimidade foram 
violadas a partir do momento em que, ao ter exposta a matéria no programa 
apresentado por Carla Couto, fora chamado de gay. 
 Ainda de acordo com o modelo, durante o quadro, foram 
entrevistados o apresentador, o diretor e outros convidados do “clube” e o tema 
homossexualidade entre os dançarinos foi abordado, de forma a afirmar que o 
dançarino teria abandonado o clube por ser gay. Alega, também, que teve suas 
fotos mostradas para o público e em rede nacional. 
 De acordo com os autos, a emissora, em defesa, alegou que foi 
esclarecido, ainda no programa, que os dançarinos não seriam homossexuais, 
pois dançavam para mulheres e que o nome completo do autor não foi 
divulgado, bem como que não houve ofensas a ele. E ainda, o direito de 
informação, constitucionalmente garantido, não pode sofrer restrições, sob 
pena de se impor censura ao trabalho dos jornalistas e apresentadores. 
 
É o relatório. 
 
 
Fundamentação 
 
 À luz do Direito Constitucional,é sabido que nenhum princípio é 
absoluto, todos são dotados de relatividade, ou seja, toda vez em que há um 
confronto principiológico, analisa-se o caso concreto, e os princípios envolvidos 
são cotejados para ver qual irá prevalecer naquela situação. De fato, é assim 
que deve ocorrer no que tange à violação de intimidade sofrida por Carlos 
Alberto Cunha Gonçalves em confronto com o direito à informação. 
 Não há dúvida de o Autor ter sofrido tal violação, porque sua imagem foi 
exposta em rede nacional e também a ela associada sua suposta opção sexual 
como causadora da exclusão de sua participação no “clube das mulheres”. 
Além disso, em momento algum, Carlos autorizou tal exibição e afirmou ter-se 
sentido constrangido em razão da exposição de que foi vítima: foi intitulado 
gay perante toda sociedade. Acrescente-se que o fato alegado pela emissora 
de não haver revelado o seu nome e apenas a sua imagem em nada ameniza 
ou descaracteriza o desrespeito à pessoa de Carlos, já que esta bastou para 
identificá-lo e expô-lo à execração pública. 
Apesar de o confronto principiológico ser um tema bem controverso, é 
pacificada a prática de se adotar a ponderação de tais princípios 
constitucionais e avaliar qual prevalecerá de acordo com cada caso. Nesse 
sentido, a Senhora Ministra Ellen Grace no RE 389.096-AgR /SP votou: 
 
 
Enquanto o artigo 5º, X da Constituição Federal, 
garante a inviolabilidade da vida privada, da honra e 
imagem das pessoas, o artigo 220 veda qualquer restrição à 
manifestação de pensamento, à criação, à expressão e à 
informação, sob qualquer forma. Regra completada pelo 
artigo 1º da Lei nº 5.250/67, que diz ser “livre a 
manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a 
difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem 
dependência de censura, respondendo, cada um, nos 
termos da lei, pelos abusos que cometem”. 
Para saber onde começa o direito de um e termina 
o do outro, buscando o equilíbrio, impõe-se a análise dos 
fatos e da prova, que permitirá concluir-se pela existência 
ou não do abuso a que se refere o legislador, tendo-se 
presentes os efeitos deletérios de uma notícia equivocada, 
sobretudo se publicada em jornal ou revista de grande 
circulação.” (Fls. 974-980) 
 
 
Assim sendo, diante do confronto entre a inviolabilidade de imagem, 
honra, privacidade e intimidade, prevista no Art. 5ª, X da Carta Magna e o 
Direito à informação, contido no mesmo artigo, inciso IX, ambos deverão ser 
postos em uma “balança” e ponderados. Em que pese o direito à informação 
prevalecer com base no interesse público, o que se vê é um interesse do 
público a que se destina o programa, em simplesmente saber da vida alheia. 
Em contrapartida, não se pode negar que a Lei da Imprensa, respaldada 
no Art. 5°, IX prima pela preponderância da informação perante a sociedade e 
tem como escopo a busca do interesse público. Irrefutável, porém, é a prova 
de que, ao ser questionada a sexualidade do autor, o interesse público à 
informação descaracterizou-se, passando a ser mera fofoca, não devendo ter 
relevância no que tange à sua ponderação e prevalência. 
Assim, mostra-se evidente a decisão a ser tomada em 1º grau, no 
sentido de acolher o pedido do autor quanto à indenização por danos morais 
sofridos pela divulgação e questionamento de sua sexualidade, não só como 
forma de ter alcançada a justiça, mas também no sentido de impedir que ações 
como essas se repitam e reforcem o preconceito e constrangimento. 
 
 
Conclusão 
 
 Em face do exposto, opina-se que deva ser acolhido o pedido do 
autor em ser indenizado por danos morais decorrentes de violação de 
privacidade e intimidade. 
 
 
É o parecer 
 
XXXXXXXXXXXXXX 
12/11/2009 
 
Informações sobre a EMENTA: 
Em um parecer técnico-jurídico, a ementa é um texto informativo, que visa 
apenas ao entendimento do caso concreto, numa ótica simplificada. Por isso, 
devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os nexos de 
referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto. 
Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a 
elaboração da fundamentação; são um verdadeiro fio condutor das idéias a 
serem discutidas na parte argumentativa do documento. 
A ementa deste tipo de parecer não pode apresentar verbos; deve se localizar 
ao extremo da margem direita e conter, no máximo, oito linhas. A capacidade 
de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-
jurídico deve conter frases nominais e palavras-chave. Eis dois exemplos de 
ementa sobre a possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A 
primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a defendê-
lo: 
 
Ementa 
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – direito fundamental à vida 
– preservação de valores morais – observância estrita da norma jurídica – 
segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto. 
 
Ementa 
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – dignidade da pessoa 
humana – ponderação de interesses – razoabilidade – prejuízos psicológicos 
para a mãe – desatualização da norma jurídica – Parecer favorável à 
autorização do aborto. 
 
 
 
 
Observe uma ementa que não segue as orientações indicadas: 
 
Separação de corpos. A autora afastou-se do lar. Fumus boni juris. Periculum 
in mora. Impossibilidade de convivência. Liminar. Alcoolismo. Art. 888, VI do 
CPC. Art. 223 do CC. 
 
Questão 
Identifique todos os problemas observados na ementa anterior e, em seguida, 
reescreva-a de acordo com as orientações dadas em sala de aula. Acrescente 
ou retire informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua ementa os 
princípios do Direito aplicáveis.

Outros materiais