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CCJ0052-WL-A-AMRP-13-Produção de Parecer-01

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TEORIA PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
ALDA DA GRAÇA MARQUES VALVERDE
AULA 13
. Produção de Parecer completo: ementa, relatório, fundamentação, conclusão e parte autenticativa.
Objetivos:
- Produzir Parecer jurídico;
- Desenvolver o raciocínio jurídico-argumentativo do futuro profissional do Direito.
Estrutura do Conteúdo:
1. Ementa
2. Relatório
3. Fundamentação
4. Conclusão
5. Parte autenticativa
Aplicação e prática teórica
. O parecer é um documento produzido, sob embasamento técnico ou jurídico, para que produza efeito esclarecedor e orientador. No plano jurídico, pode ser redigido em razão de três situações:
 
1) Parecer em procedimento processual – (...) é elaborado por determinação legal, pelos membros do Ministério Público. É o chamado parecer de ofício, prolatado nos autos pelo Procurador de Justiça que, na sua condição de fiscal da lei, tem por exercício funcional opinar na questão discutida dentro dos autos. O MP, então, emite parecer em ação civil pública, ação de alimentos, ação popular, ação de investigação de paternidade, etc.
2) Parecer em consulta – Para atender livre consulta por parte de pessoas que desejam ver algum assunto refletido exegeticamente por profissionais do direito (...).
3) Parecer em procedimento administrativo público – Para servir de orientação administrativa no serviço público e é geralmente prolatado por funcionários, cujo cargo público tenha por determinação opinar juridicamente.
 
Observação: em qualquer dessas três situações, um parecer precisará conter qualidade opinativa, devidamente substanciada de lógica, de fundamentação que lhe deem credibilidade para seu convencimento.
Logo o parecer é um valioso documento que precisa ser bem produzido.
 
Quem produz parecer técnico no universo jurídico?
Ministério público (Procuradores de Justiça); 
Advogados especializados (geralmente); 
Servidores públicos credenciados; 
Procuradores autárquicos e de outros órgãos.
 
A forma de um parecer jurídico
Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 43,III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos.
(Revista Redação Jurídica: a palavra do advogado.
Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.)
 
Estrutura formal do Parecer
 
 
PARECER
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EMENTA
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RELATÓRIO
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É O RELATÓRIO 
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FUNDAMENTAÇÃO
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CONCLUSÃO
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É o parecer
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PARTE AUTENTICATIVA
Data
Assinatura
Nº da Carteira funcional do Especialista
Caso concreto:
Regina Duarte, hoje com 35 anos, casou-se com Ivanildo Peixoto Vieira, hoje com 38 anos. Após três anos de casados, tiveram uma filha, P. L. D., atualmente com 4 anos. Antes de nascer a menina, viviam razoavelmente bem, embora os ciúmes de Regina atrapalhassem um pouco a relação.
Com o nascimento da criança, por ter que ficar mais tempo em casa cuidando da menina, as brigas se tornaram mais constantes.
 Ivanildo disse: “Pedi a separação, mas Regina não admitiu tal decisão. Nos separamos de forma litigiosa. Regina deixou a menina comigo. Ela disse que não tinha dinheiro nem paciência para cuidar da criança. Com a ajuda da minha mãe, assumi a guarda de fato da minha filha.” Ele afirmou que deixa a filha na creche, via para o hospital São Francisco, onde faz um estágio e, à noite, frequenta um curso de enfermagem. Nesse período, deixa a filha aos cuidados da avó.
Em 12/09/2005, Regina procurou o marido e disse que ia querer a filha de volta. Ivanildo, então, propôs uma ação de guarda da criança. Ao saber disso, Regina decidiu pedir a guarda e posse da filha. Disse que já tem condições de cuidar da filha, porque está empregada na empresa XXXXX, onde recebe R$ 416,50. Afirmou que o pai não tem possibilidades de cuidar da criança, porque só recebe R$200,00, como estagiário do Hospital São Francisco e que larga a criança, à noite, com a avó. Acrescentou: “Na petição eles mentiram! Não abandonei minha filha, estava muito descontrolada, eu e o pai deixamos ela com a avó. Agora já tenho condições de cuidar da minha menina.”
Ivanildo disse: “Eu e Regina não nos damos bem. Ela faz cenas de ciúmes sempre que a gente se encontra. Quero que a justiça me conceda a guarda da minha filha, mas não posso pagar por isso.”
Não houve conciliação e o juiz concedeu a guarda provisória à avó. Foi solicitado estudo social do caso. Este se encontra a fls. Na fl. 28, se lê que “sob a guarda do pai, P. está convivendo em ambiente salutar, propício ao seu desenvolvimento, não havendo razões plausíveis, neste momento, que justifiquem uma mudança”. Na fl. 29, está registrado: “Assim, a partir da situação apresentada, das considerações pertinentes e, de acordo com a percepção de sentimentos e emoções expressados, do ponto de vista social, neste momento, somos de parecer favorável à permanência de P. L. D. V. sob a guarda do genitor, Sr. I. P. V.”
Testemunhas ouvidas em audiência, (fls. 48/51) afirmaram que a criança está feliz com o pai e que é muito bem tratada.
O juiz decidiu procedente, em parte, o pedido e deferiu ao pai e à mãe a guarda alternada da menina (fls. 58/71)
Regina não concordou e disse: “Isso vai ser péssimo para a cabecinha da minha filha: ela só tem 4 anos! Eu tenho mais condição de cuidar dela do que o pai. Vou deixar ele visitar ela sempre.”
Ivanildo argumentou: “Nem pensar, dividir a guarda com a Regina! Nós brigamos muito: isso vai deixar nossa filha confusa! Ela abandonou a menina, foi cuidar da vida dela e agora vem disputar a criança comigo! Sempre cuidei muito bem da nossa filha e posso continuar cuidando. Vou lutar até o fim pela guarda dela.”
Exemplo de um parecer completo 
 Ementa
DISPUTA PELA GUARDA DE MENOR – Separação litigiosa – Guarda provisória com a avó paterna – Alegação da mãe de melhor condições de assistência à filha — Decisão pela guarda alternada – Apelação dos pais contra a guarda alternada – Avaliação da assistência social favorável ao pai – Bem-estar da menor – Inteligência do artigo 1584 CC – Parecer favorável ao pai.
Relatório
 Trata-se da disputa da guarda de P. L. D., quatro anos, entre Regina Duarte, 35 anos, divorciada, comerciaria e Ivanildo Peixoto Vieira., 38 anos, divorciado. O fato teve início em 12/09/05, no Rio de Janeiro.
 Segundo Ivanildo, após sete anos de casamento, separou-se judicialmente de sua esposa. Como ela não tinha condições financeiras de educar a criança e garantir a sua manutenção, além de estar passando por um período de instabilidade emocional, a guarda de fato da menor lhe foi concedida. Afirmou que não mantém um bom relacionamento com a mulher, já que ela nunca admitiu a separação e frequentemente promove cenas de ciúmes quando se encontram. Relatou que a criança frequenta a creche e que, quando vai para o curso de Enfermagem, à noite, ela fica sob os cuidados da avó paterna. Requereu assistência judiciária gratuita, a guarda da filha e a procedência da ação. 
 Frustrada a tentativa de conciliação, o juiz deferiu a guarda provisória à avó paterna. Regina contestou, dizendo da mentira das afirmações constantes da exordial e que os litigantes, de comum acordo, deixaram a filha sob a responsabilidade da avó paterna, a quem deram a guarda de fato da criança. Entretanto, entende que o autor não tem condições de cuidar de P. L. D. V. porque não trabalhae recebe apenas uma bolsa do Hospital São Francisco, no valor de R$ 200,00 mensais. Ademais, além de passar todas as manhãs nesse hospital, o autor frequenta o curso de enfermagem noturno. Disse que, quando deixou a filha aos cuidados da avó, não tinha condições de sustentá-la, situação já superada, pois trabalha na XXXX, recebendo salário de R$ 416,50 mensais. Requereu a assistência judiciária gratuita, a improcedência da demanda e o deferimento da guarda de P. L. D. V. em seu favor. 
 O estudo social foi apresentado a fls. 23/29. Nele registrou-se que “sob a guarda do pai, P. está convivendo em ambiente salutar, propício ao seu desenvolvimento, não havendo razões plausíveis, neste momento, que justifiquem uma mudança” (fl. 28). E ainda, “Assim, a partir da situação apresentada, das considerações pertinentes e, de acordo com a percepção de sentimentos e emoções expressados, do ponto de vista social, neste momento, somos de parecer favorável à permanência de P. L. D. V. sob a guarda do genitor, Sr. I. P. V.”(fl. 29).
 Em audiência, realizou-se a oitiva das testemunhas (fls. 48/51), que relataram que o pai é extremamente dedicado e que a criança demonstra estar muito feliz em sua companhia. 
 O MM. Juiz de Direito julgou procedente em parte o pedido, deferindo a ambos os genitores a guarda alternada de P. L. D. V. (fls. 58/71). 
 Regina apelou, dizendo que a guarda alternada trará prejuízos ao desenvolvimento psíquico da criança, que conta apenas quatro anos de idade, sendo ela, a mãe, a que melhores condições reúne para cuidar da filha. Afirmou ainda que não criará dificuldades para que o pai visite a menina e requereu a guarda definitiva de P. L. D. V. 
 Ivanildo também apelou, afirmando que a guarda alternada irá prejudicar o desenvolvimento emocional de P. L. D. V., pois os litigantes não se relacionam de forma harmoniosa. Salientou ter melhores condições para cuidar e educar a filha, já que Regina deixou de priorizar a criança para tratar de interesses pessoais logo após a separação do casal. Aduziu estar com a guarda de fato da filha, inexistindo motivos que justifiquem a mudança na rotina de P. L. D. V. 
Requereu o deferimento da guarda da filha em seu favor.
É o Relatório 
Fundamentação
As constantes alterações e a forma de convívio no mundo contemporâneo deixam cicatrizes profundas para as gerações futuras. Convivemos com um crescente clima de separações. A família, considerada a célula mater da sociedade, rompe-se com a mesma facilidade com que se cria. O resultado deste rompimento, por vezes, é o fruto desta cisão virar objeto de contenda. Cabe ao judiciário interferir, como mão mais forte, e garantir a este inocente a melhor condição para o seu desenvolvimento.
Ressalte-se que, conforme consta dos autos, tal condição está presente no convívio atual desta criança com seu pai, porque o ambiente em que ela se encontra é salutar. E também foram verificadas as condições propícias para o seu desenvolvimento, não havendo, portanto, razões que justifiquem a alteração. Além disso, Ivanildo tem demonstrado preocupação em oferecer estabilidade emocional à criança, porquanto, nos momentos em que se empenha em progredir na vida mediante os estudos noturnos, deixa-a aos cuidados zelosos de sua mãe. 
Não podemos esquecer que a inteligência do artigo 1584 do Código Civil institui que, a partir da separação judicial, a guarda dos filhos deverá ser atribuída a quem revelar melhores condições de assumi-la. Com efeito, confirma-se, mediante os fatos anteriormente enunciados, que a situação deve ser mantida em seu status quo.
Importa avaliar que, embora a mãe argumente que tem condições de sustentar a criança, esta possibilidade não remete, diretamente, ao interesse ou bem-estar da menina, visto que, nas condições atuais, esta e outras necessidades estão plenamente preenchidas. Assim, a melhor condição para a menor não seria a alteração da guarda, transformando um desenvolvimento encaminhado numa aposta vã.
Em relação à guarda compartilhada, anteriormente deferida, fica clara a sua impossibilidade, devido aos intermitentes conflitos entre os litigantes, o que iria prejudicar o desenvolvimento da criança, que seria colocada em linha de confronto. Tal entendimento é reforçado pela decisão proferida no Rio Grande do Sul, pela 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, nos autos de Agravo interno n. 70010991990, de que foi relatora a Desembargadora Maria Berenice “Descabido impor a guarda compartilhada, que só obtém sucesso quando existe harmonia e convivência pacífica entre os genitores.”. 
 Dessa forma, por considerar que o bem-estar da criança deva prevalecer acima de qualquer outro interesse e por reconhecer que, na presente data, o pai desfruta de melhores condições de assegurá-lo, a posse e guarda deverão ser concedidas ao progenitor.
Conclusão:
Em face do exposto, opina-se que a posse e a guarda da criança sejam deferidas ao pai.
É o parecer.
 Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2008
 XXXXXXXXXXX 
QUESTÃO
Fundamentar é produzir, por meio de uma ação linguística, um sentimento de convicção. Leia atentamente o caso concreto e, a seguir, considerando todas as orientações dadas em aula, faça o que se pede.
 
Elabore um parecer técnico-formal em que se observem os seguintes elementos:
a)       ementa;
b)       relatório;
c)       fundamentação;
d)       conclusão e parte autenticativa.
 
Orientações: a fundamentação deverá ser desenvolvida em, no mínimo, vinte e cinco (25) linhas e apresentar argumentos pró-tese, de oposição à tese, por autoridade e de causa e efeito.
 
Ao desenvolver o seu texto, considere, além da norma culta da língua, adequação vocabular, coesão e coerência textual, os conceitos de simplicidade e de elegância, resultados de uma escrita conscientemente planejada.
 
 
Caso concreto
Estado acusado de não dar remédio
Fila para ser incluído no cadastro tem mais de 500 pacientes
Adaptação de O Globo, Rio de Janeiro, 25 jun. 2005. p. 16.
 
A doceira Alda Maria, de 49 anos, descobriu há cerca de dois anos ter hepatite C. Tenta, desde então, receber gratuitamente o remédio Interferon Pequilado, um dos medicamentos usados para controlar o avanço da doença. Sem conseguir entrar na fila de espera para receber o remédio, ela também não consegue comprá-lo, por ser pobre, e, por isso, não está recebendo qualquer tratamento. Como Alda, dezenas de outros pacientes têm reclamado da dificuldade de conseguir o remédio com o Estado.
Segundo o Grupo Otimismo, de apoio a portadores de hepatite C, a Secretaria Estadual de Saúde não tem dado conta da obrigação legal de fornecer esse tipo de medicamento. Carlos Eduardo, presidente do grupo, afirma que, além de não garantir a entrega aos pacientes cadastrados, a secretaria não registra novos doentes desde o ano passado, formando uma longa fila de pessoas que precisam do remédio de forma continuada e não podem pagar até R$1.100,00 (mil e cem reias) por semana pelo tratamento.
- Há muito tempo, a Secretaria tem falhado na entrega dos remédios e desde dezembro ela não cadastra mais ninguém. Muita gente desconhece que o Estado tem a obrigação de fornecer esses medicamentos e, ainda assim, estimamos que já há mais de 500 pessoas à espera do cadastro – diz ele.
O governo garante que os pacientes cadastrados até dezembro têm recebido normalmente o medicamento e que o processo de distribuição a novos pacientes foi interrompido porque o pregão para a compra está sendo reavaliado. Segundo a Secretaria de Saúde, a compra foi interrompida porque o preçodo medicamento era superior ao conseguido na Bahia. Pacientes com o vírus da hepatite C irão à Justiça na próxima semana e pedirão, mais uma vez, a prisão do secretário de Saúde.
 
ATENÇÃO Þ O material adiante tem a finalidade, apenas, de levar ao seu conhecimento dispositivos legais, jurisprudência, doutrina que possam servir de subsídio para avaliar as questões aqui propostas. Portanto, são polifonias que podem ser utilizadas caso julgue necessário.
 
 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Art. 6° São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
 
Art. 196: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
 
LEI No 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências
 
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.
 
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.
 
Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.
 
É certo que, em se tratando se saúde pública, direito do cidadão e dever do Estado, não prevalece a norma do artigo 2o da Lei no 8.437/92 (8), ou mesmo da Lei no 8.666/93 sobre os preceitos dos artigos 6o e 196 da Constituição da República Federativa do Brasil. Não se trata nem mesmo de Norma Constitucional de eficácia limitada, mas contida, que portanto é eficaz desde a promulgação da Carta Magna – eventual Lei posterior não viria a implementá-la, mas regulamentar seu exercício. Esse direito fundamental social, resguardado pela garantia desse direito fundamental primário à prestação veio, inobstante, a ser regulamentado pela Lei infraconstitucional mencionada[1].
 
Aguardar licitação para atender às necessidades prementes de um ser humano é, sobretudo, conduta incompatível com o alcance e princípio de qualquer regra jurídica e o hermeneuta e aplicador da lei tem o dever, como Magistrado, de interpretar a norma atendendo aos fins do bem-comum, segundo dispõe o artigo 5o da Lei de Introdução ao Código Civil[2].
 
Art. 5°, LICC: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Não se pode conceber que a simples existência de portaria (ou qualquer outra norma infraconstitucional), suspendendo os auxílios financeiros para tratamento no exterior, tenha a virtude de retirar a eficácia das regras constitucionais sobre o direito fundamental à vida e à saúde. "Defronte de um direito fundamental, cai por terra qualquer outra justificativa de natureza técnica ou burocrática do Poder Público, uma vez que, segundo os ensinamentos de Ives Gandra da Silva Martins, o ser humano é a única razão do Estado[3].
 
Jurisprudência
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO. MENOR PORTADOR DE DOENÇA RARA, NECESSITANDO DE MEDICAMENTO IMPORTADO. INOCORRENCIA DE VIOLAÇÃO AO ARTIGO 1., DA LEI Nº. 1.533/51. ALEM DO ELEVADO SENTIDO SOCIAL DA DECISÃO, A CONCESSÃO DA SEGURANÇA, PARA COMPELIR O ORGÃO COMPETENTE A FORNECER O MEDICAMENTO INDISPENSAVEL AO MENOR IMPUBERE PORTADOR DE MOLESTIA RARA, NÃO VIOLA A LEI E SE HARMONIZA COM A JURISPRUDENCIA SOBRE O TEMA.[4]
 
MEDICAMENTO - AQUISIÇÃO - LIMINAR SATISFATIVA - DIREITO A VIDA. E VEDADA A CONCESSÃO DE LIMINAR CONTRA ATOS DO PODER PUBLICO NO PROCEDIMENTO CAUTELAR, QUE ESGOTE, NO TODO OU EM PARTE, O OBJETO DA AÇÃO. ENTRETANTO, TRATANDO-SE DE AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTO (CERIDASE) INDISPENSAVEL A SOBREVIVENCIA DA PARTE, O QUE ESTARIA SENDO NEGADO PELO PODER PUBLICO SERIA O DIREITO A VIDA. RECURSO IMPROVIDO[5].

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