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CCJ0052-WL-A-AMRP-14-Produção de Parecer-02

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Aula 14
Figuras de linguagem; 
Estratégias argumentativas.
Técnicas e estratégias de apresentação em público. 
Objetivos:
Reconhecer as figuras de linguagem como estratégia persuasiva e utilizar tal estratégia na construção da fundamentação do Parecer.
Compreender que o desempenho global de sucesso do advogado depende de como se expressa por escrito e pela fala.
Recuperar as principais competências e habilidades desenvolvidas para a construção do Parecer e aplicá-las a situações orais.
Desenvolver as orientações elementares de apresentação em público.
Estimular o estudante de Direito a aperfeiçoar as técnicas de oratória que favoreçam qualificação da atuação em audiências, provas orais e entrevistas em processos seletivos; 
Compreender que o texto oral não segue as mesmas orientações de um bom texto escrito. 
Estrutura do conteúdo
 1. Figuras de linguagem; 
 2. Estratégias argumentativas
 
 3-Técnicas e estratégias de apresentação em público
 3.1. Preparação e controle emocional
 3.2. Uso da voz 
 3.3- Postura
 3.4- Desempenho
Aplicação Prática e Teórica
Figuras de linguagem
Sabemos que a construção de um texto exige determinadas competências daquele que o produz. Dentre elas, podemos citar o domínio do vernáculo, dos mecanismos de coesão e de organização lógica da expressão. O texto jurídico, tendo em vista, especialmente, inserir-se em um contexto de rigor técnico, exige do advogado que o redige objetividade e clareza. Tal rigor justifica-se, além de outras razões, pelas consequências promovidas na vida do cidadão que o conteúdo expresso por esse texto possa ocasionar. Isso não representa dizer que não se possa utilizar uma linguagem que, embora esteja atenta à clareza, seja inovadora, com a intenção de tornar o texto menos denso, esfriando-o e, assim, mais prazeroso ao receptor.
Em especial no texto argumentativo, em que o primeiro objetivo do orador é estabelecer um vínculo com o auditório, deve aquele construir o seu discurso de forma a torná-lo acessível e atraente a este. Vencido esse primeiro objetivo, deve construir os argumentos de forma a persuadir esse auditório de que a tese do orador é a mais verossímil dentre outras teses. Para tal tarefa, ele conta com as figuras de linguagem que, segundo Reboul[1], podem desempenhar um papel persuasivo, isto é, são mecanismos de que se vale o orador para encaminhar o raciocino do auditório, surpreendendo-o com construções criativas, ou melhor, que fogem ao comum. Dessa forma, ele as receberá com surpresa e aguçará a sua atenção para o que o orador diz.
Especialmente quando o auditório é constituído de pessoas comuns, sem conhecimento específico do Direito, como no Tribunal do Júri, é comum que o orador se utilize de figuras para conseguir a sua adesão.
Observem, no quadro, alguns tipos de figuras de retórica que podem servir à argumentação:
 
	TIPO
	DEFINIÇÃO
	EXEMPLO
	Metáfora
	“Quando entre a leitura 1 e 2 houver uma intersecção de traços semânticos”.[2]
	A desigualdade é a argamassa dos muros que erguemos para nos protegermos dos demais.[3]
	Metonímia
	“Quando entre as duas possibilidades de leitura existir uma relação de inclusão”.[4]
	“Há os que, como os cariocas, temem a violência da cidade”.[5]
	Ironia
	“Quando se afirma no enunciado e se nega na enunciação”.[6]
	O Réu não merece ser apenado, apenas agiu como todos em sua posição agem ao desviar dinheiro público para a conta bancária de seu genro.
	Preterição
	“Quando se afirma no enunciado e se nega explicitamente na enunciação”.[8]
	Não pretendo emitir opinião sobre o comportamento do Autor, mas penso que ele foi inconsequente. 
	Antítese
	“oposições figurativas ou temáticas num determinado texto”.[9]
	O bem e o mal caminham juntos.
	Paradoxo
	“Quando se unem figuras ou temas contrários ou contraditórios numa mesma unidade de sentido”.[10]
	O bom diabo não sabe que cometeu um crime.
	Hipérbole
	“O enunciado intensifica o que a enunciação atenua”.[11]
	Há mil razões para condenar o réu.
	Eufemismo
	“O enunciado atenua o que a enunciação enfatiza”.[12]
	Jeli passou dessa para melhor.
[1] REBOUL, Olivier. Introdução à retórica. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
[2]  FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.118.
[3] Adaptação de uma frase registrada por Rosiska Darcy de Oliveira, em 18/07/06, no Jornal O Globo.
[4]  FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.118.
[5] OLIVEIRA, Rosita Darcy. O medo e os muros, O Globo, Rio de janeiro, 18/07/06.
[6] FIORIN, , José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.79.
[7]  VERISSIMO, Luiz Fernando. O presidente tem razão. Correio Brasiliense, Brasília, 2 dez. 1998.) Nesta crônica, Veríssimo critica uma frase de Fernando Henrique: “É chato ser rico”.
[8] FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso.13.ed. ver e ampl. São Paulo: Contexto, 2005, p.82.
[9] Idem, p. 120.
[10] Idem, p. 122.
[11] Idem, p. 86
[12] Idem, ibidem
[13] Disponível em: http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/29667.shtml. Acesso em: 01 de setembro de 2008.
[14] Disponível em: <http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/29667.shtml>. Acesso em 01 de setembro de 2008.
[15] Disponível em:<http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/29911.shtml>. Acesso em: 01 de setembro de 2008.
2- Estratégias argumentativas:
 As figuras de retórica atingem, principalmente, a emoção do auditório. Por meio de seu emprego, vai-se construindo indutivamente o raciocínio, direcionado a determinado objetivo. 
 A sentença a seguir, que já foi analisada na aula 2, contém muitas figuras retóricas. Observaremos que o juiz, em sua decisão, foi de encontro à lei (a razão). Certamente, por esse motivo, utilizou-se desse recurso a fim de comover as partes e, especialmente, a sociedade. 
 Além das figuras registradas no quadro, outras serão observadas, como a gradação, a repetição, a prolepse, etc. Vamos identificar algumas dessas figuras e reconhecer os efeitos persuasivos que elas promovem.
Identificação das figuras de retórica e seus efeitos:
Processo Número1863657-4/2008
 Autor: Ministério Público Estadual
 Réu: B.S.S
   B.S.S é surdo e mudo, tem 21 anos e é conhecido em Coité como “Mudinho.”
   Quando criança, entrava nas casas alheias para merendar, jogar vídeo-game, para trocar de roupa, para trocar de tênis e, depois de algum tempo, também para levar algum dinheiro ou objeto. Conseguia abrir facilmente qualquer porta, janela, grade, fechadura ou cadeado. Domou os cães mais ferozes, tornando-se amigo deles. Abria também a porta de carros e dormia candidamente em seus bancos. Era motivo de admiração, espanto e medo! 
   O Ministério Público ofereceu dezenas de Representações contra o então adolescente B.S.S. pela prática de “atos infracionais” dos mais diversos. O Promotor de Justiça, Dr. José Vicente, quase o adotou e até o levou para brincar com seus filhos, dando-lhe carinho e afeto, mas não teve condições de cuidar do “Mudinho.”
   O Judiciário o encaminhou para todos os órgãos e instituições possíveis, ameaçou prender Diretoras de Escolas que não o aceitavam, mas também não teve condições de cuidar do “Mudinho.”
   A comunidade não fez nada por ele.
   O Município não fez nada por ele.
   O Estado Brasileiro não fez nada por ele.
   Hoje, B.S.S tem 21 anos, é maior de idade, e pratica crimes contra o patrimônio dos membros de uma comunidade que não cuidou dele.
   Foi condenado, na vizinha Comarca de Valente, como “incurso nas sanções do art. 155, caput, por duas vezes, art. 155, § 4º, inciso IV, por duas vezes e no art. 155, § 4º, inciso IV c/c art. 14, inciso II”, a pena de dois anos e quatro meses de reclusão.
   Por falta de estabelecimento adequado, cumpria pena em regime aberto nesta cidade de Coité.
   Aqui, sem escolaridade, sem profissão,sem apoio da comunidade, sem família presente, sozinho, às três e meia da manhã, entrou em uma marmoraria e foi preso em flagrante. Por que uma marmoraria?
   Foi, então, denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime previsto no artigo 155, § 4º, incisos II e IV, c/c o artigo 14, II, do Código Penal, ou seja, crime de furto qualificado, cuja pena é de dois a oito anos de reclusão.
   Foi um crime tentado. Não levou nada.
   Por intermédio de sua mãe, foi interrogado e disse que “toma remédio controlado e bebeu cachaça oferecida por amigos; que ficou completamente desnorteado e então pulou o muro e entrou no estabelecimento da vítima quando foi surpreendido e preso pela polícia.”
   Em alegações finais, a ilustre Promotora de Justiça requereu sua condenação “pela pratica do crime de furto qualificado pela escalada.”
   B.S.S. tem péssimos antecedentes e não é mais primário. Sua ficha, contando os casos da adolescência, tem mais de metro.
   O que deve fazer um magistrado neste caso? Aplicar a Lei simplesmente? Condenar B.S.S. à pena máxima em regime fechado?
   O futuro de B.S.S. estava escrito. Se não fosse morto por um “proprietário” ou pela polícia, seria bandido. Todos sabiam e comentavam isso na cidade.
   Hoje, o Ministério Público quer sua prisão e a cidade espera por isso. Ninguém quer o “Mudinho” solto por aí. Deve ser preso. Precisa ser retirado do seio da sociedade. Levado para a lixeira humana que é a penitenciária. Lá é seu lugar. Infelizmente, a Lei é dura, mas é a Lei!
   O Juiz, de sua vez, deve ser a “boca da Lei.”
   Será? O Juiz não faz parte de sua comunidade? Não pensa? Não é um ser humano?
   De outro lado, será que o Direito é somente a Lei? E a Justiça, o que será?
   Poderíamos, como já fizeram tantos outros, escrever mais de um livro sobre esses temas.
   Nesse momento, no entanto, temos que resolver o caso concreto de B.S.S. O que fazer com ele?
   Nenhuma sã consciência pode afirmar que a solução para B.S.S seja a penitenciária. Sendo como ela é, a penitenciária vai oferecer a B.S.S. tudo o que lhe foi negado na vida: escola, acompanhamento especial, afeto e compreensão? Não. Com certeza, não!
   É o Juiz entre a cruz e a espada. De um lado, a consciência, a fé cristã, a compreensão do mundo, a utopia da Justiça… Do outro lado, a Lei.
   Neste caso, prefiro a Justiça à Lei.
   Assim, B.S.S., apesar da Lei, não vou lhe mandar para a Penitenciária.
   Também não vou lhe absolver.
   Vou lhe mandar prestar um serviço à comunidade.
   Vou mandar que você, pessoalmente, em companhia de Oficial de Justiça desse Juízo e de sua mãe, entregue uma cópia dessa decisão, colhendo o “recebido”, a todos os órgãos públicos dessa cidade – Prefeitura, Câmara e Secretarias Municipais; a todas as associações civis dessa cidade – ONGs, clubes, sindicatos, CDL e maçonaria; a todas as Igrejas dessa cidade, de todas as confissões; ao Delegado de Polícia, ao Comandante da Polícia Militar e ao Presidente do Conselho de Segurança; a todos os órgãos de imprensa dessa cidade e a quem mais você quiser.
   Aproveite e peça a eles um emprego, uma vaga na escola para adultos e um acompanhamento especial. Depois, apresente ao Juiz a comprovação do cumprimento de sua pena e não roubes mais!
   Expeça-se o Alvará de Soltura.
   Conceição do Coité- Ba, 07 de agosto de 2008, ano vinte da Constituição Federal de 1988.”
Agora, teste os seus conhecimentos:
QUESTÃO
Você lerá alguns trechos extraídos das falas da defesa dos irmãos Gomes e de Suely Rutter, publicados na internet[13] e também da acusação. Observe que algumas figuras retóricas foram utilizadas. Destaque-as e registre o possível efeito persuasivo que elas produzem.
 
a) Segundo o defensor Carlos Peixoto, ela chegou a fugir para a casa do pai do namorado, que não deixou que ela ficasse lá. “Quem não quis fugir com ela foi o Daniel, aconselhado pelo pai, porque ela não ia ter mais o dinheiro da família. Ela não ia receber mais a grana”, acusa. “Duda comandava tudo, e ela pagava tudo. Estava atrás de dinheiro, grana!”, completa Borges.
b) Peixoto diz, também, que ela nunca poderia ter sido a mentora do crime. “Uma menina tão inteligente não ia cometer o crime com 18 anos. Ela cometeria com 17, porque com 21 já estaria na rua”, afirma. “Ela era um passarinho de gaiola. De repente, abriu, soltou e foi fácil de o gato pegar”.[14]
c) Rosita Veiga, advogada de defesa de Carlos: “Peço que vocês reflitam em relação às qualificadoras. Devemos ser justos, sim. Mas o remédio tem que ser na medida certa. Porque se não for feito dessa forma, a Justiça não vai existir”.[15]
d) Promotor Miranda: “Porque eles se completavam, eles se seguravam perfeitamente. As coisas estão sob o nosso controle. As ações dessa empresa, Gomes e Rutter, correspondem a cotas iguais. Foi o casamento perfeito, o cérebro e a coragem. Ora, ela me dizia que era violentada pelos pais. Ora, ela vivia com os pais, passeava com os pais. E ela disse que não estava namorando mais. A família Rutter sai soltando rojão. E não foi porque os Gomes eram pobres”.
e) Promotor Miranda: “Só negando completamente a realidade nós podemos afirmar que um tenha dominado o outro. São tão desesperadamente arrependidos que estavam tomando sol na piscina. A irmã chega para o irmãozinho, cuja herança ela renuncia apenas quatro anos depois do crime! Eles são tão arrependidos que tiveram que ser ouvidos três vezes para confessar! Eu quero ver alguém localizar uma garrafa de bebida alcoólica na casa no dia do crime. É o primeiro casal alcoólatra que não tinha bebida em casa”.
f) Promotor Miranda: “Pediu a metade do seguro, eu quero contar todos os bens da casa, da minha casa, mas eu não tenho interesse no dinheiro. É um inventário que se arrasta há quatro anos. Mas eu não quero dinheiro. Pede para ser nomeada inventariante, para administrar os bens, mas eu não tenho interesse pelos bens. E, por fim de tudo, eu peço a metade do seguro do pai que eu matei”.
g) Promotor Miranda: “De repente, acontece um tsunami processual. Acordo num pesadelo e vejo Suely solta. Quando eu vejo aquilo, penso que o mundo está começando a girar ao contrário. Ela foi à praia, passeou, tomou sol! Ela estava de férias da cadeia, caminhou placidamente na praia, mas muito arrependida... Mas na praia, pulando ondinha!”.
3- Técnicas e estratégias de apresentação em público
O conteúdo adiante está disponível no site[1] da fonoaudióloga Marília Costa, que adota o método da fonoaudióloga Glorinha Beuttenmüller. Cremos que seja importante orientação aos advogados iniciantes.
 
Traje
- Vista-se sóbria e harmonicamente.
- Não use colarinho apertado, pois isso vai prejudicar sua voz.
- Nem pense em afrouxar a gravata.
- Não são recomendadas para as mulheres roupas muito curtas, apertadas ou decotadas; excesso de maquiagem também não é adequado.
- Não use perfumes fortes, doces ou enjoativos.
 
Conhecer a mecânica de um julgamento
- O processo é julgado segundo os cânones do CPC e a matéria prevista no Regulamento Interno do Tribunal: procure conhecer os procedimentos de que vai participar.
- Quem nunca ocupou uma tribuna é recomendável que assista, pelo menos, a uma sessão do órgão julgador para se inteirar dos procedimentos.
 
Como vencer a inibição inicial?
- Quando o processo for apregoado e o Presidente da Câmara perguntar se vai haver defesa oral, vá se encaminhando para a frente da plateia e de lá aguarde sua vez de ocupar a Tribuna. Isso ajuda a diminuir a tensão e ajuda também a quebrar a inibição natural.
 
Alimentação antes do julgamento
- Comida leve.
- Não vá de estômago vazio, nem muito cheio.
- Não coma comida que cause sonolência.
 
Perfil dos julgadores
- Procure conhecer, se possível com antecedência, o perfil daqueles que vão participar e julgar o processo.
- É importante demonstrar da Tribuna que determinado juiz / desembargador já votou favoravelmente à posição que está sendo defendida por você.
- Se não conhecer determinado julgador, usar seu poder de observação.- Repare como ele se porta nos julgamentos que antecedem ao seu: ele valoriza detalhes, ou se prende mais ao frio texto legal.
 
Postura cênica
- Por mais apavorado que você esteja, procure não demonstrar; mostre uma fisionomia tranquila, mesmo quando o advogado contrário estiver “atacando” seu cliente.
- Lembre-se: o advogado ex-adverso não está mentindo, ele simplesmente está passando aos julgadores a visão que interessa aos interesses de seu cliente.
 
Palavras iniciais
- Não se esqueça de saldar os membros da Câmara e representantes do Ministério Público; diga a seguir a serviço de quem você ocupa a tribuna (apelante ou apelado).
 
 
Use argumentação direta
- Saiba dosar o tempo de sua fala; aproveite ao máximo os minutos de que dispõe; estude o processo e anote os pontos que serão abordados na dissertação oral.
 
Leitura da sustentação oral
- Nunca leve o texto escrito para ser integralmente lido: ninguém vai prestar a mesma atenção que será concedida a quem fala “de improviso”.
- Seja parcimonioso na leitura de algum texto de processo, pois isso pode acarretar uma perda de tempo, em prejuízo de outros tópicos do processo que também precisam ser examinados.
 
Quanto à plateia
- Não se assuste com plateias cheias: é melhor falar para auditório repleto do que vazio, pois com a sala cheia os julgadores são mais atenciosos com aqueles que ocupam a tribuna; com sala vazia há poucas testemunhas para o fato de que, às vezes, não estava dando atenção para o que está sendo falado da Tribuna.
 
Quanto à falta de atenção pelos julgadores
- Não se perturbe com julgadores que não estão ouvindo sua defesa.
- A “sustentação oral” é feita para a plateia que esta às suas costa e para o “vogal” que não conhece o processo e, como vai participar do julgamento, precisa ser informado e convencido quanto à posição defendida, por você.
- A plateia é muito importante, pois sua expressão de aprovação ao que está sendo dito pode até influir no voto dos julgadores;
- Esteja preparado para “surpresas”: Da mesma forma que você quer ganhar, seu adversário também; não se desespere com alguma alegação nova trazida por seu adversário: lembre-se de que seu pavor vai contar negativamente, pois vai privá-lo de raciocinar e responder à altura.
- Procure dominar bem o assunto que vai ser defendido: os julgadores sentem logo se você conhece ou não o processo. Falar com desembaraço e segurança sobre o processo é importante. Citar número de folhas e fatos do processo também.
- Conheça a posição dos Tribunais mais prestigiados do país a respeito de sua posição: se a jurisprudência é contrária a você, procure ressaltar outros fatos que possam ser mais relevantes.
 
Erudição versus lucidez e sensatez de ideias
- Evite a erudição insensata. É preciso angariar simpatia, demonstrando que o procedimento de seu cliente é coerente e que qualquer pessoa vivendo situação semelhante agiria da mesma maneira.
 
Quanto à tonalidade da voz
- Dependendo do que se aborda, a totalidade da voz é que dá o colorido ao pronunciamento. A pontuação oral é importante, pois demonstra as diversas situações, em termos de afirmação com convicção, dúvida, ou interrogação. Uma voz na mesma gradação torna o pronunciamento enfadonho para quem ouve.
- Não tenha medo de falar de improviso: estude o processo; leve um papel com os tópicos.
- Atenha-se aos pontos mais importantes do processo: Às vezes não dá para falar tudo, saiba selecionar o que é relevante à causa como um todo e favorável ao seu cliente.
 
Leia também os recortes de informação que se seguem:
[...] O profissional da área jurídica precisa conhecer os recursos verbais e não verbais que conferem o estatuto de verossimilhança ao seu discurso retórico oral, uma vez que fazem parte da sua rotina de trabalho as audiências, conversas com clientes, reuniões com outros profissionais, encontros de associações de classe, exigência de alguns concursos públicos, etc., inevitáveis na sua atividade profissional.
[...] Para Ducrot, a retórica “não trata das informações elogiosas que o orador pode fazer sobre sua própria pessoa no conteúdo do seu discurso, afirmações que, contrariamente, podem chocar o ouvinte, mas da aparência que lhe conferem o ritmo, a entonação, calorosa ou severa, a escolha das palavras, dos argumentos. O autor comenta que “[...] É na qualidade de fonte de enunciação que ele se vê revestido de determinadas características que, por ação reflexa, tornam essa enunciação aceitável ou não”.
[...] O tom do que é dito faz construir uma representação do enunciador fazendo emergir uma instância subjetiva que desempenha o papel de fiador (orador) do que é dito.
O poder de persuasão de um discurso consiste, em parte, em levar o interlocutor a se identificar com a movimentação de um corpo investido de valores socialmente especificados. (...) Na argumentação oral, ou seja, na ação (proferição do discurso) devem ser observadas certas regras antigas que ainda permanecem como a impostação da voz, o domínio da respiração, a variedade do tom e da elocução para que o auditório não perca o fio da meada.
[...] A distinção entre o “oral” e o “escrito” envolve igualmente uma distinção entre enunciados dependentes e enunciados independentes do ambiente não verbal. O orador, na argumentação oral, se encontra no mesmo ambiente do interlocutor que precisa ser persuadido e, nesse sentido, acompanhando a fala, verifica-se a ocorrência de indicadores não verbais (a mímica, os gestos), elipses, etc.
O locutor não pode apagar o que diz, ele é levado pela dinâmica do seu discurso e por isso recorre a modalizações que comentam a sua própria fala para corrigi-la, para antecipar-se às reações do auditório, etc; “por assim dizer”, “ou melhor...”, “em todos os sentidos da palavra”, “como é que se diz”?
Toda fala procede de um enunciador (orador) encarnado. O discurso é sustentado por uma voz – a de um sujeito situado para além do texto.
A maneira de dizer atesta a legitimidade do que é dito, isto é, confere autoridade ao dito pelo fato de encarná-lo. Por meio da enunciação, revela-se a personalidade do enunciador.
Segundo Douglas e Paladino, os elementos básicos para preparar uma exposição oral são: conhecer o assunto, conhecer a plateia e conhecer o objetivo.
 
[1] Disponível em <http://www.opoderenergeticodavoz.fnd.br>. Acesso em 01 de setembro de 2008.
Proposta final:
Sugiro que assista ao vídeo A defesa das uniões homoafetivas perante o STF - uma visão humanista da vida. Parte 1, no seguinte endereço eletrônico:
www.youtube.com/watch?v=5_CHQPes_ls 
Observe a brilhante Sustentação oral do Professor Luís Roberto Barroso nos autos da ADPF nº 132. Preste atenção na forma como se dirige ao auditório, no seu domínio do assunto, na segurança sobre a tese que defende, na progressão do raciocínio, no uso das figuras retóricas, nos seus gestos, na impostação da voz, enfim, nos itens que abordamos nesta aula.

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