Buscar

Direito Civil santo graal vitaminado versão final pronto OK

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 584 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 584 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 584 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta.
DIREITO CIVIL
SUMÁRIO
Ponto 1.a. Da aplicação da lei no tempo e no espaço. Das fontes do direito. 
Ponto 1.b. Das obrigações quanto às suas modalidades. 
Ponto 1.c. Da inseminação artificial. Da alteração de sexo. Da pesquisa científica em seres humanos 
Ponto 2.a. Hermenêutica jurídica. 
Ponto 2.b. Dos contratos em geral. Função Social e Função Econômica. Novos princípios do direito dos contratos. 
Ponto 2.c. Da posse e da propriedade. Aquisição efeitos, perda e limitações constitucionais. 
Ponto 3.a. Da tutela e da curatela. Dos interditos. Processo de interdição. 
Ponto 3.b. Do mandato, da gestão de negócios e da representação. 
Ponto 3.c. Do condomínio e da empreitada. Código Civil e legislação especial. 
Ponto 4.a. Dos bens. Registro Público. 
Ponto 4.b. Da fiança, do depósito e da corretagem.
Ponto 4.c. Da alienação fiduciária em garantia e do contrato de transporte. Da responsabilidade do transportador aéreo. Convenção de Varsóvia para a Univficação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional de 1929 e seus protocolos adicionais. 
Ponto 5.a. Das pessoas naturais. Dos direitos da personalidade. Da ausência: sucessão provisória e sucessão definitiva. 
Ponto 5.b. Da compra e venda e de suas cláusulas especiais. Da promessa de compra e venda, do direito real do promitente comprador. 
Ponto 5.c. Da responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico. 
Ponto 6.a. Dos fatos jurídicos, dos atos jurídicos e dos negócios jurídicos. 
Ponto 6.b. Da troca, da doação, do jogo e da aposta. 
Ponto 6.c. Do direito de superfície, da enfiteuse, das servidões, do uso e da habitação. 
Ponto 7.a. Da prescrição e da decadência, do enriquecimento ilícito e do pagamento indevido. 
Ponto 7.b. Da locação, do mútuo e do comodato. 
Ponto 7.c. Da relação de parentesco e dos alimentos. Da filiação e da guarda dos filhos. 
Ponto 8.a. Do seguro e da promessa de recompensa. 
Ponto 8.b. Da cessão de crédito, das arras e da transação. 
Ponto 8.c. Da sonegação e das colações. Dos legados, do inventário e da partilha. Anulação da partilha. 
Ponto 9.a. Atos jurídicos. Dos defeitos, nulidade e anulabilidade, da fraude a credores e da onerosidade contratual. Dos atos ilícitos e sua reparação. 
Ponto 9.b. Da extinção das obrigações. Do inadimplemento. Da cláusula penal e dos juros. Das perdas e danos. 
Ponto 9.c. Da sucessão legítima. Da vocação hereditária. Da herança jacente e vacante. Do testamento, dos codicilos, dos testamentos especiais. Das substituições e da deserdação. 
Ponto 10.a. Forma e prova dos atos jurídicos. Das modalidades dos atos jurídicos, da evicção e dos vícios redibitórios. 
Ponto 10.b. Das obrigações por declaração unilateral de vontade. Liquidação das obrigações e correção monetária. 
Ponto 10.c. Da transformação, da incorporação, da fusão e da cisão das sociedades. Da sociedade limitada e da sociedade anônima. 
Ponto 11.a. Do inadimplemento das obrigações e da responsabilidade contratual. 
Ponto 11.b. Do regime de bens entre cônjuges. Da dissolução da sociedade e do vínculo conjugais. Causas legais da separação litigiosa. Efeitos da separação judicial e do divórcio. 
Ponto 11.c. Do reconhecimento de filhos e da adoção. Adoção por casais homoafetivos. Convenção de Haia relativa à proteção das crianças e à Cooperação em matéria de adoção internacional de 1993. 
Ponto 12.a. Das pessoas jurídicas. Das associações e das fundações. 
Ponto 12.b. Do penhor, da hipoteca e da anticrese. 
Ponto 12.c. Do poder familiar: conceito, exercício, suspensão e extinção. 
Ponto 13.a. Dos registros públicos. 
Ponto 13.b. Do estabelecimento. 
Ponto 13.c. Dos direitos de vizinhança. 
Ponto 14.a. Do casamento religioso com efeitos civis. Do casamento de estrangeiros e no exterior. Dos efeitos jurídicos e do regime de bens do casamento. Do casamento inexistente, nulo e anulável. 
Ponto 14.b. Da teoria da imprevisão, do caso fortuito e da força maior. 
Ponto 14.c. Do contrato estimatório, da prestação de serviços e da constituição de renda. 
Ponto 15.a. Do concubinato. Da união estável. Da união homoafetiva. 
Ponto 15.b. Dos títulos de crédito. Do concurso de credores. 
Ponto 15.c. Das sociedades dependentes de autorização oficial. Das sociedades simples e da sociedade cooperativa. Sociedades nacionais e estrangeiras. 
Obs: pontos com maior incidência em ordem: 9; 2; 5; 7; 4; 3; 1; 12; 6; 8; 15; 10; 11; 13; 14
Ponto 1.a. Da aplicação da lei no tempo e no espaço. Das fontes do direito.
Principais obras consultadas: Resumo do 26; BENJAMIN, Antonio Hermann. MARQUES, Cláudia Lima. BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do consumidor. São Paulo: RT, 2008; FARIAS, Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Vol. 2. 6. Ed. Rev. Ampl. Salvador: Juspodivm. 2012; MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 2. Ed. Rev. São Paulo: Saraiva, 2008; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil. Vol. 2. Direito de Família. 13. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. 1ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2008. TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil – Volume Único. São Paulo: Método, 2013. CALABRICH, Bruno. PELELLA, Eduardo e outros. Questões Discursivas do Concurso de Procurador da República 18º ao 25º - Respondidas e Comentadas. Salvador: Juspodium, 2013. CHEKER, Monique e outros. Comentários às Questões Objetivas do Concurso de Procurador da República 22º ao 26º. Salvador: Juspodium, 2013. FILHO, Roberval Rocha Ferreira. VIEIRA, Albino Carlos Martins. Súmulas do STJ Organizadas por assunto, Anotadas e Comentadas. Salvador: Juspodium, 2013. FILHO, Roberval Rocha Ferreira. VIEIRA, Albino Carlos Martins. COSTA, Mauro José Gomes. Súmulas do STF Organizadas por assunto, Anotadas e Comentadas. Salvador: Juspodium, 2013. CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Principais Julgados do STF e STJ Comentados 2012. Manaus: Dizer o direito, 2013. CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Principais Julgados do STF e STJ Comentados 2012. Manaus: Dizer o direito, 2014. Resumo do Livro do Tartuce do grupo MPF.
Legislação básica: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (DL 4.657/42).
Das Fontes do Direito
A expressão fontes do Direito tem dois sentidos: origem histórica ou diferentes maneiras de realização do Direito.
Para Miguel Reale, entende-se por fonte do Direito, no aspecto que nos interessa, "os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia". Há, destarte, necessidade de um poder (legislativo ou judiciário – ativismo judicial) que dê validade a essas fontes como normas.
No início da evolução social, residia nos costumes a principal fonte. Posteriormente, a lei ganha foros de fonte principal. Sob esses dois aspectos, decorrem os dois principais Sistemas atuais: o sistema do direito costumeiro do Common Law e o sistema romano-germânico, Civil Law, que é o nosso.
Destaque-se que, a LINDB (Decreto-lei no 4.657, de 4-9-42), apresenta em seu art. 4o, como fontes de Direito: a lei, a analogia, os costumes e os princípios gerais de Direito.
A doutrina classifica as fontes da seguinte forma:
i) fontes históricas; “aquelas das quais se socorrem os estudiosos quando querem investigar a origem histórica de um instituto jurídico ou de um sistema” (GONÇALVES);
ii) fontes formais: a lei, a analogia, o costume e os princípios gerais de direito (arts. 4º da LICC e 126 do CPC) (GONÇALVES);
iii) fontes não formais: doutrina e jurisprudência;
iv) fontes diretas (imediatas): as leis e os costumes, por gerarem por si só a norma;
v) fontes indiretas (mediatas): a doutrina e a jurisprudência, que contribuem paraque lei seja elaborada.
Pois bem, a LINDB, é uma norma de sobredireito (norma jurídica que visa a regulamentar outras normas – leis sobre leis ou lex legum).
O seu estudo sempre foi comum na disciplina de Direito Civil ou de Introdução ao Direito Privado, pela sua posição topográfica preliminar ao CC de 1916 e também ao CC de 2002.
Porém, a antiga LICC não constituía uma norma exclusiva do Direito Privado, por isso a recente Lei 12.376/2010 alterou o seu nome para Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB). Atualmente, a norma mais se aplica aos outros ramos do que ao próprio Direito Civil.
A LINDB possui 19 artigos que trazem regras quanto à vigência das leis (1º e 2º), a respeito da aplicação da norma jurídica no tempo (3º a 6º), bem como no que concerne à sua subsistência no espaço, em especial nas questões de Direito Internacional (7º a 19). 
Além disso, atribui-se à LINDB o papel de apontar as fontes do Direito Privado em complemento à própria lei. O art. 4º enuncia as fontes formais secundárias, aplicadas na falta da lei: a analogia, os costumes e os princípios gerais de Direito (dispositivo questionado pelos defensores do Direito Civil Constitucional, principalmente, por autores da UERJ).
ATENÇÃO: A LINDB não faz parte do CC. Ela é uma lei anexa, publicada originalmente em conjunto com o CC para facilitar a sua aplicação.
 O Direito Brasileiro sempre foi filiado à escola da Civil Law (origem romano-germânica), pela qual a lei é a fonte primária do sistema jurídico. E assim ainda o é, apesar de todo o movimento de valorização do costume jurisprudencial, notadamente pela emergência da Súmula Vinculante como fonte do direito, diante da EC 45/2005.
Assim, haveria uma tendência para se caminhar para um sistema próximo à Commow Law, em que os precedentes judiciais constituem a principal fonte do direito. Porém, conforme Walber de Moura Agra, as súmulas não são leis, não tendo a mesma força dessas. Conclui-se, portanto que permanece, pelo menos por enquanto, um sistema essencialmente legal. O princípio da legalidade está expresso no art. 5º, II, CR.
Conceito interessante de lei (de Goffredo Telles Jr.): a norma jurídica trata-se de um imperativo autorizante. Trata-se de um imperativo, pois emanada de autoridade competente, sendo dirigida a todos (generalidade). Constitui um autorizamento, pois autoriza ou não autoriza determinadas condutas.
Apesar de a lei ser a fonte primária do Direito, não se pode conceber um Estado Legal puro, em que a norma jurídica acaba sendo o fim para as soluções jurídicas, porque, na verdade, ela é apenas o início. Vige o Estado de Direito, em que outros parâmetros devem ser levados em conta pelo intérprete do Direito (Princípio da Juridicidade). Não se pode conceber que a aplicação da lei descambe para o mais exagerado legalismo. 
Sendo, pois, concebida a lei como fonte do direito – mas não como a única e exclusiva – a LINDB consagra no seu início regras relativas à sua vigência. 
O art. 1º, caput, enuncia que “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada”. Nos termos do art. 8º, § 1º, da LC 95/98, a contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabelecem período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. Logo, a data não é prorrogada se cair em feriado ou final de semana�. 
A lei passa por três fases fundamentais: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem o prazo de vacância, geralmente previsto na própria norma. 
O CC de 2002 previu um prazo de vacância de 1 ano a partir da publicação. De acordo com o entendimento majoritário, inclusive da jurisprudência, o CC entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, levando-se em conta a contagem dia a dia. 
De acordo com o art. 1º, §1º, da LINDB, a obrigatoriedade da norma brasileira passa a vigorar, nos Estados estrangeiros, 3 meses após a publicação oficial em nossos País.
O art. 1º, §2º, da LINDB foi revogado pela Lei 12.036/2009, por desrespeito à tripartição dos poderes.
Havendo norma corretiva, mediante nova publicação do texto legal, os prazos mencionados devem correr a partir da nova publicação (art. 1º, §3º). 
Norma corretiva é aquela que existe para afastar equívocos importantes cometidos pelo texto legal, sendo certo que as correções do texto de lei já em vigor devem ser consideradas como sendo lei nova.
O art. 2º consagra o princípio da continuidade da lei, pelo qual a norma, a partir de sua entrada em vigor, tem eficácia contínua, até que outra a modifique ou revogue. 
Entretanto, a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior (art. 2º, §2º).
Dois exemplos concretos:
1) No caso do CC de 2002, que dispôs expressamente e de forma completa sobre o condomínio edilício, entre os seus arts 1.331 a 1.358. Por tal tratamento, deve ser tida como revogada a Lei 4.591/64, naquilo q regulava o assunto (arts. 1º a 27). Trata-se de aplicação da segunda parte do art. 2º, §1º da LINDB, conforme decisões jurisprudenciais (STJ, REsp 746.589/RS).
2) O CC dispôs de forma especial sobre a locação (arts. 565 a 578), não prejudicando a lei especial anterior que dispunha sobre a locação imobiliária (Lei 8.245/91). Tanto que foi introduzida na codificação emergente uma norma de direito intertemporal, prevendo que a locação do prédio urbano que esteja sujeita à lei especial, por esta continua a ser regida (art. 2.036 do CC).
Logo, o meio mais comum para se retirar a eficácia de uma norma jurídica é a sua revogação, o que pode ocorrer de 2 formas, classificadas quanto à sua extensão:
a) Revogação total ou ab-rogação: ocorre quando se torna sem efeito uma norma de forma integral, com a supressão total do seu texto por uma norma emergente.
b) Revogação parcial ou derrogação: uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior.
No que concerne ao modo, as duas modalidades de revogação podem ser assim classificadas:
a) Revogação expressa (ou por via direta): a lei nova taxativamente declara revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende retirar. O art. 9º da LC 95/98 prevê que “a cláusula de revogação deverá enumerar expressamente a lei ou disposições revogadas”. Um exemplo é o art. 2.045 do CC, o qual previu a revogação do CC de 1916 e da primeira parte do Código Comercial.
b) Revogação tácita (ou por via oblíqua): situação em que a lei posterior é incompatível com a anterior, não havendo previsão expressa no texto sobre a revogação. O CC não trata da revogação de leis especiais, devendo ser aplicada a revogação parcial tácita que parece constar do seu art. 2.043. Assim, vários preceitos materiais de leis especiais, como a Lei do Divórcio (Lei 6.515/73), foram incorporados pelo atual CC, permanecendo em vigor os seus preceitos processuais, trazendo a conclusão da sua revogação parcial, por via oblíqua. 
O art. 2º, §3º, da LINDB, afasta a possibilidade da lei revogada anteriormente repristinar, salvo se houver disposição expressa. O efeito repristinatório é aquele pelo qual uma norma revogada volta a valer no caso de revogação de sua revogadora.
Norma A – válida. Norma B revoga a norma A. Norma C revoga a B. A Norma A (revogada) volta a valer com a revogação (por C) da sua revogadora (B)? Não, porque não se admite o efeito repristinatório automático.
Contudo, excepcionalmente, a lei revogada volta a vigor quando a lei revogadora for declarada inconstitucional ou quando for concedida a suspensão cautelar da eficácia da norma impugnada – art. 11, §2º, da Lei 9.868/99. 
Em suma, há duas hipóteses possíveis de ocorrer a repristinação: quando o efeito repristinatório decorre da declaração de inconstitucionalidade da lei e quando previsto pela própria norma jurídica.
Características básicas da lei (fonte primária do Direito Brasileiro):
a) Generalidade: a normajurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo eficácia erga omnes.
b) Imperatividade: a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os membros da coletividade.
c) Permanência: a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia.
d) Competência: a norma, para valer contra todos, deve emanar de autoridade competente, com o respeito ao processo de elaboração.
e)Autorizante: o conceito contemporâneo de norma jurídica traz a ideia de um autorizamento (a norma autoriza ou não determinada conduta), estando superada a tese de que não há norma sem sanção (Kelsen).
Classificação das Leis:
A literatura jurídica classifica as leis de acordo com sua (i) imperatividade; (ii) autorizamento e (iii) natureza.
Quanto à imperatividade, podem ser (i) cogentes (de ordem pública), em que as condutas são exigíveis de forma absoluta, mitigando, restringindo a esfera de autonomia privada do cidadão, que não pode derrogá-las de acordo com sua manifestação de vontade. Destacam-se, nesse sentido, as disposições relativas a direito de família, a exemplo das exigências relativas à adoção. Podem também as leis serem (ii) dispositivas, em que há a abertura para uma manifestação de vontade mais ampla, que se destaca de maneira mais forte no âmbito contratual e empresarial, bem como no cumprimento de obrigações, a exemplo do art. 327 (estipulação do local do pagamento).
Quanto ao autorizamento, podem ser (i) mais do que perfeitas, ao autorizarem a aplicação de duas sanções em esferas jurídicas diferentes, a exemplo do devedor de alimentos (prisão e pagamento das prestações vencidas) e também em leis mais afeitas ao âmbito público, tal como as diferentes sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa (suspensão de direitos políticos, multa); (ii) perfeitas, impondo a nulidade do ato, tal qual aquele praticado por absolutamente incapaz; (iii) menos que perfeitas, impondo sanção no caso de descumprimento mas sem acarretar a nulidade do ato, como previsto no art. 1523, do CC; e (iv) imperfeitas, que não acarretam sanções, a exemplo da exigência de dívidas prescritas.
Quanto à natureza pode ser (i) substantivas, relacionadas ao direito material, a exemplo das disposições do código civil, ou (ii) adjetiva, relacionadas ao processo de exigências da realização dos direitos.
Quanto à hierarquia, podem ser (i) constitucionais; (ii) leis complementares; (iii) leis ordinárias; (iv) leis delegadas. Decreto não é lei, mas ato normativo do poder executivo, que deve se limitar a especificar, regulamentar disposições já previstas legalmente (salvo no caso de decretos autônomos, possibilitados unicamente nos casos previstos 84, VI, alíneas “a” e “b” da Constituição da República).
O art. 3º, consagra, ainda, o princípio da obrigatoriedade da norma, segundo o qual ninguém pode deixar de cumprir a lei alegando desconhecê-la. Três são as correntes que procuram justificar o conteúdo da norma:
a) Teoria da ficção legal: a obrigatoriedade foi instituída pelo ordenamento para a segurança jurídica.
b) Teoria da presunção absoluta: haveria uma dedução iure et de iure de que todos conhecem as leis.
c) Teoria da necessidade social: amparada na premissa de que as normas devem ser conhecidas para que melhor sejam observadas, a gerar o princípio da vigência sincrônica da lei.
A teoria que explica a obrigatoriedade da lei para maioria da doutrina é a da necessidade social. Ela sustenta que a lei é obrigatória e deve ser cumprida por todos, não por motivo de um conhecimento presumido ou ficto, mas por elevadas razões de interesse público, ou seja, para que seja possível a convivência social, gerando o princípio da vigência sincrônica da lei.
Zeno Veloso: “Num país em que há um excesso legislativo, sem contar o número enormíssimo de medidas provisórias, presumir que todas as leis são conhecidas por todo mundo agrediria a realidade”.
O princípio da obrigatoriedade das leis não pode ser visto como um princípio absoluto, eis que o próprio CC, no art. 139, III, o abranda quando admite a existência de erro substancial quando a falsa noção estiver relacionada com um erro de direito (error juris), desde que esta seja única causa para a celebração de um negócio e que não haja desobediência à lei.
A Lei das Contravenções Penais já previa o erro de direito como justificativa para o descumprimento da norma (art. 8º).
Não há qualquer conflito entre o art. 3º da LINDB e o art. 139, III, do CC, porque a primeira norma é geral, enquanto a segunda é especial, devendo esta prevalecer. Logo, havendo erro de direito a acometer um determinado negócio ou ato jurídico, proposta a ação específica no prazo decadencial de 4 anos contados da sua celebração (art. 178, II, CC), haverá o reconhecimento da sua anulabilidade.
“O direito não é lacunoso, mas há lacunas” (Maria Helena Diniz). 
A frase acima pode parecer um paradoxo sem sentido, mas não o é. 
O sistema jurídico constitui um sistema aberto, no qual há lacunas. Entretanto, as lacunas não são do direito, mas sim da lei, omissa em alguns casos.
Há um dever do aplicador do direito de corrigir as lacunas (art. 126, CPC).
Classificação das lacunas (Maria Helena Diniz):
a) Lacuna normativa: ausência total de norma prevista para um determinado caso concreto.
b) Lacuna ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social.
c) Lacuna axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou injusta.
d) Lacuna de conflito ou antinomia: choque de 2 ou mais normas válidas, pendente de solução no caso concreto.
Presentes as lacunas, deverão ser utilizadas as formas de integração da norma jurídica, tidas como ferramentas de correção do sistema (arts. 4º e 5º da LINDB).
A integração não se confunde com a subsunção, porque nesta há a aplicação direta da norma jurídica a um determinado tipo ou fattispecie. 
Art. 4º, LINDB: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. A primeira dúvida que surge em relação a esse comando legal é se a ordem nela prevista deve ou não ser rigorosamente obedecida. Em uma visão clássica, a resposta é positiva (Sílvio Rodrigues). Até se pode afirmar que essa seja a regra ainda, mas nem sempre o respeito a essa ordem deverá ocorrer, diante da força normativa e coercitiva dos princípios, notadamente daqueles de índole constitucional. 
A CR prevê, em seu art. 5º, §1º, que as normas que definem direitos fundamentais – muitas geradoras de princípios estruturantes do sistema jurídico – têm aplicação imediata. Trata-se da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, mecanismo festejado por muitos constitucionalistas, como Daniel Sarmento que leciona: “Fala-se em eficácia horizontal dos direitos fundamentais, para sublinhar o fato de que tais direitos não regulam apenas as relações verticais de poder que se estabelecem entre Estado e cidadão, mas incidem também sobre relações mantidas entre pessoas e entidades não estatais, que se encontram em posição de igualdade formal”.
Em suma, os princípios constitucionais não podem mais ser vistos como último recurso de integração da norma jurídica, como acreditavam os juristas clássicos.
Deve-se reconhecer eficácia normativa imediata aos princípios, em alguns casos, particularmente naqueles q envolvem os direitos fundamentais. Isso porque com o Estado Democrático de Direito houve a transposição dos princípios gerais de direitos para princípios constitucionais fundamentais (Paulo Bonavides).
Gustavo Tepedino contesta o teor do referido art. 4º e até mesmo a sua aplicação.
Em síntese: aqueles que seguem a escola do Direito Civil Constitucional defendem que não há uma aplicação da ordem constante do art. 4º da LINDB de forma rígida e incontestável. Esse entendimento é que deve prevalecer na visão contemporânea do Direito Civil Brasileiro.
A ANALOGIA
A analogia é a aplicação deuma norma próxima ou de um conjunto de normas próximas, não havendo uma norma prevista para um determinado caso concreto.
Exemplo de aplicação da analogia: o art. 499 do CC diz que é lícita a venda de bens entre cônjuges quanto aos bens excluídos da comunhão. Como a norma não é restritiva da liberdade contratual, não há qualquer óbice de se estender a mesma aos companheiros.
A analogia pode ser classificada:
a) Analogia legal ou legis: é a aplicação de somente uma norma próxima.
b) Analogia jurídica ou juris: é a aplicação de um conjunto de normas próximas, extraindo elementos que possibilitem a analogia. Ex: aplicação das regras da ação reivindicatória para a ação de imissão de posse).
A analogia não se confunde com a interpretação extensiva. Na analogia rompe-se com os limites do que está previsto na norma, havendo integração da norma jurídica. Na interpretação extensiva, apenas aplica-se o seu sentido, havendo subsunção.
Exemplo prático envolvendo o CC atual:
O art. 157 do CC consagra como novo vício ou defeito do negócio jurídico a lesão, presente quando a pessoa, por premente necessidade ou inexperiência, submete-se a uma situação desproporcional por meio de um negócio jurídico. Tal negócio é anulável (art. 171, II), desde proposta a ação anulatória no prazo decadencial de 4 anos contados da sua celebração (art. 178, II). Porém, pode-se recorrer à revisão do negócio, se a parte beneficiada com a desproporção oferecer suplemento suficiente para equilibrar o negócio (art. 157, §2º). Recomenda-se sempre a revisão do contrato, prestigiando-se a conservação do negócio jurídico e a função social dos contratos.
Hipótese 1: aplicação do art. 157, §2, do CC, para a lesão usurária, prevista no Decreto-lei 22.626/33 (Lei de Usura). Haverá interpretação extensiva, pois o dispositivo somente será aplicado a outro caso de lesão. Amplia-se o sentido da norma (subsunção).
Hipótese 2: aplicação do art. 157, §2º, do CC, para o estado de perigo (art. 156, CC). Nesse caso, haverá aplicação da analogia, pois o comando legal em questão está sendo aplicado a outro instituto jurídico (integração). Enunciado 148, CJF: “Ao estado de perigo aplica-se, por analogia, o disposto no §2 do art. 157”.
Importante: as normas de exceção ou normas excepcionais não admitem analogia ou interpretação extensiva. Entre essas podem ser citadas as que restringem a autonomia privada que, do mesmo modo não admitem socorro a tais artifícios, salvo para proteger vulnerável ou valor fundamental.
OS COSTUMES
Os costumes podem ser conceituados como sendo as práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica. 
Podem ser classificados:
a) Costumes segundo a lei (secundum legem): incidem quando há referência expressa aos costumes no texto legal (ex: arts. 13 e 187 do CC). Aqui não há integração, mas sim subsunção, eis que a própria norma jurídica é que é aplicada.
b) Costumes na falta de lei (praeter legem): aplicados quando a lei for omissa, sendo denominado de costume integrativo. Ex: reconhecimento da validade do cheque pós-datado ou pré-datado, eis que não há lei proibindo a emissão de cheque com data para depósito e tendo em vista a prática reiterada dessa emissão (súmula 370 do STJ).
c) Costumes contra a lei (contra legem): é quando a aplicação dos costumes contraria a lei. Não se pode admitir, em regra, a aplicação dos costumes contra legem. Também aqui não há que se falar em integração.
Na visão clássica do Direito Civil, os costumes teriam requisitos para aplicação como fonte do direito. Rubens Limongi França apresenta cinco, a saber: a) continuidade; b) uniformidade; c) diuturnidade; d) moralidade; e) obrigatoriedade.
A jurisprudência consolidada pode constituir elemento integrador do costume (costume jurídico ou jurisprudencial). Como exemplos podem citar as súmulas dos Tribunais Superiores. Nesse sentido: STJ, ED no Agravo Regimental 280.797/SP.
OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
Miguel Reale: “os princípios são ‘verdades fundantes’ de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, i.é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da praxis”.
José de Oliveira Ascensão: “Os princípios são as grandes orientações formais da ordem jurídica brasileira, que fundam e unificam normas e soluções singulares”.
Conceito da Enciclopédia Saraiva de Direito: “a palavra princípio vem de principium, que significa início, começo, ponto de partida, origem. Em linguagem científica princípio quer dizer fundamento, causa, estrutura.
Nelson Nery Jr. E Rosa Nery: “Princípios gerais de direito. São regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. Os princípios gerais do direito não se encontram positivados. São regras estáticas que carecem de concreção. Têm como função principal auxiliar o juiz no preenchimento das lacunas”.
Confrontados com as normas jurídicas, os princípios são mais amplos, abstratos, muitas vezes com posição definida na CF. Já as normas são dotadas de concretismo, de posição de firmeza, em oposição ao nexo deôntico relativo que acompanha os princípios. 
As normas deverão ser sempre aplicadas, sob pena de suportar consequências jurídicas determinadas previamente.
O próprio art. 5º da LINDB traz em seu bojo um princípio: o do fim social da norma. Assim, o juiz, na aplicação da lei, deve ser guiado pela sua função social ou fim social e pelo objetivo de alcançar o bem comum (a pacificação social).
Historicamente, não se pode esquecer que os princípios já estavam previstos como forma de integração da norma no direito romano, sendo os seguintes mandadamentos do direito romano: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere (viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu, respectivamente). Tais regramentos continuam sendo invocados, tanto pela doutrina como pela jurisprudência. 
Os princípios jurídicos não precisam estar expressos na norma.
Pode-se conceituar os princípios como fontes do direito, conforme previsão do art. 4º da LINDB. 
Analisando os seus fins, os princípios gerais são regramentos básicos aplicáveis a um determinado instituto ou ramo jurídico, para auxiliar o aplicador do direito na busca da justiça e da pacificação social. Sob o prisma de sua origem, os princípios são abstraídos das normas jurídicas, dos costumes, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais.
O CC de 2002 consagra três princípios fundamentais, conforme se extrai de sua exposição de motivos, elaborada por Miguel Reale, a saber:
a) Princípio da Eticidade: valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquela que existe no plano da conduta de lealdade das partes (boa fé-objetiva). Pelo CC, a boa-fé objetiva tem função de interpretação dos negócios jurídicos em geral (art. 113). Serve ainda como controle das condutas humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito, modalidade de ilícito (art. 187). Por fim, a boa-fé objetiva tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422).
b) Princípio da Socialidade: um dos escopos do CC 02 foi o de superar o cárater individualista e egoísta da codificação anterior. Todas as categorias civis têm função social.
c) Principio da Operabilidade: tem dois sentidos: primeiro, o de simplicidade ou facilitação das categorias privadas, o que pode ser percebido, por ex, pelo tratamento diferenciado da prescrição e decadência. Segundo, há o sentido de efetividade ou concretude, o que foi buscado pelo sistema aberto de cláusulas gerais adotado atualmente.
A EQUIDADE
Na visão clássica do Direito Civil, a equidade era tratada não como meio de suprir a lacuna da lei, mas sim como um mero meio de auxiliar nessa missão.
Mas, no sistema contemporâneo privado, a equidade deve ser considerada fonte informal ou indireta do direito. 
Conceito:é o uso do bom senso, a justiça do caso particular, mediante a adaptação razoável da lei ao caso concreto.
Concepção Aristotélica: a equidade é definida como a justiça do caso concreto, o julgamento com a convicção do que é justo.
Doutrina Contemporânea: “O julgamento por equidade (e não com equidade) é tido, em casos excepcionais, como fonte do direito, quando a própria lei atribui ao juiz a possibilidade de julgar conforme os seus ditamos” (Pablo Stolze).
Logo, não há como declinar a condição da equidade como fonte jurídica, não formal, indireta e mediata.
Classificação doutrinária da equidade:
a) Equidade legal: aquela cuja aplicação está prevista no texto legal. Ex: art. 1583, §2º, CC
b) Equidade judicial: presente quando a lei determina que o juiz deve decidir por equidade o caso concreto. Ex: art. 127 do CPC.
Os dois conceitos acima se confundem. No segundo há uma ordem ao juiz, de forma expressa, o que não ocorre na equidade legal, mas apenas implicitamente. 
O art. 127 do CC é muito criticado, dentre tantos por Miguel Reale, uma vez que, na literalidade, só autorizada a aplicação da equidade aos casos previstos na lei. A justiça do caso concreto é a prioridade do Direito. Ademais, pode-se dizer que a equidade é implícita à própria lei. 
Em outros ramos jurídicos a equidade é considerada nominalmente como verdadeira fonte do Direto, como acontece no Direito do Trabalho (art. 8º da CLT).
Da aplicação da lei no tempo e no espaço
A norma jurídica é criada para valer ao futuro, não ao passado. Entretanto, eventualmente, pode uma determinada norma atingir também os fatos pretéritos, desde que sejam respeitados os parâmetros que constam da LINDB e da CF.
Art. 5º, XXXVI, CF: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
O art. 6º da LINDB, além de trazer regra semelhante, procura conceituar as categorias acima, da seguinte forma:
Direito adquirido: é o direito material ou imaterial incorporado no patrimônio de uma pessoa natural, jurídica ou ente despersonalizado. Art. 6º, §2º.
Ato jurídico perfeito: é a manifestação de vontade lícita, emanada por quem esteja em livre disposição, e aperfeiçoada. Art. 6º, §1º. Ex: um contrato anterior já celebrado e que esteja gerando efeitos.
Coisa julgada: é a decisão judicial contra a qual não cabe mais recurso (art. 6, §3º)
Pode-se afirmar que o direito adquirido é o mais amplo de todos.
Questão contemporânea das mais relevantes é saber se a proteção de tais categorias é absoluta. A resposta é negativa, diante da forte tendência a relativizar princípios e regras em sede de Direito. 
Há forte tendência material e processual em apontar a relativização da coisa julgada, particularmente nas ações de investigação de paternidade julgadas improcedentes por ausência de provas quando não existia o exame de DNA. Nesse sentido, dispõe o Enunciado 109 do CJF: “A restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética do investigado”. Há decisões do STJ no mesmo sentido (REsp 226.436/PR). O STF confirmou a tendência de mitigação da coisa julgada (RExt 363.889 – Inf. 622).
Em suma, pelo julgado acima, é possível uma nova ação para a prova da paternidade, se a ação anterior foi julgada improcedente em momento em que não havia o exame de DNA. A questão pode ser solucionada a partir da técnica de ponderação, desenvolvida, entre outros, por Robert Alexy. No caso em conflito estão em questão a proteção da coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF) e a dignidade do suposto filho de saber quem é o seu pai, o q traduz o direito à verdade biológica (art. 1º, III, CF). Na colisão entre os direitos fundamentais, o STJ posicionou-se favoravelmente ao segundo.
Por outro lado, quanto à relativização de proteção do direito adquirido e do ato jurídico perfeito, o CC atual, contrariando a regra de proteção apontada, traz, nas duas disposições finais transitórias, dispositivo polêmico, pelo qual os preceitos relacionados com a função social dos contratos e da propriedade podem ser aplicadas às convenções e negócios celebrados na vigência do CC de 1916, mas cujos efeitos têm incidência na vigência da nova codificação. Art. 2.035, parag. único: “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar os preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”.
 O dispositivo acima consagra o princípio da retroatividade motivada ou justificada, pelo qual as normas de ordem pública relativas à função social da propriedade e dos contratos podem retroagir. Não há qualquer inconstitucionalidade na norma, eis que amparada na função social da propriedade, prevista no art. 5º, XXII e XXIII, da CF. 
Quando se lê no dispositivo transcrito a expressão “convenção”, pode-se ali enquadrar qualquer ato jurídico celebrado, inclusive os negócios jurídicos celebrados antes da entrada em vigor da nova lei geral privada e cujos efeitos ainda estão sendo sentidos atualmente, na vigência da nova codificação.
A norma vem recebendo correta aplicação pela jurisprudência nacional. O TJ-SE (Apelação Cível 2006212091) aplicou o art. 413 (multa contratual) a um contrato entabulado na vigência do CC de 1916 por haver excesso na fixação da multa.
Na mesma linha, o TJ de SP concluiu pela retroatividade da boa-fé objetiva (Apelação com Revisão 424.075.4/8).
A proteção do direito adquirido, quando levada ao extremo engessa a evolução da ciência e da sociedade. 
Concluindo, constata-se que a tendência doutrinária e jurisprudencial é justamente relativizar a proteção dos direitos adquiridos, o que torna o sistema jurídico de maior mobilidade, de melhor possibilidade de adaptação às mudanças sociais.
Os arts. 7º ao 19, da LINDB interessam mais ao Direito Internacional Público e Privado:
a) O art. 7º consagra a regra lex domicilii, pela qual devem ser aplicadas, no que concerne ao começo e ao fim da personalidade, as normas do país em que for domiciliada a pessoa, inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos direitos de família.
b) Em relação ao casamento, o mesmo comando enuncia regras específicas que devem ser estudadas à parte. De início, celebrado o casamento no Brasil, devem ser aplicadas as regras quanto aos impedimentos matrimoniais que constam do art. 1.521 do CC (art. 7º, §1º). O casamento entre estrangeiros poderá ser celebrado no Brasil, perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes (art. 7º, §2º). Caso os nubentes tenham domicílios diversos, deverão ser aplicadas as regras, quanto à invalidade do casamento, do 1º domicílio conjugal (art. 7º, §3º).
c) Ainda em relação ao casamento, quanto às regras matrimoniais, ao regime de bens, seja ele de origem legal ou convencional, deverá ser aplicada a lei do local em que os cônjuges tenham domicílio. Havendo divergência quanto aos domicílios, prevalecerá o 1º domicílio conjugal (art. 7º, §4º). Para o estrangeiro casado que se naturalizar como brasileiro é deferido, no momento de sua naturalização e mediante autorização expressa do cônjuge, que requeira ao Poder Judiciário a adoção do regime da comunhão parcial de bens, regime legal ou supletório em nosso sistema legal, desde que respeitados os direitos de terceiros anteriores à alteração, e mediante registro no cartório das pessoas naturais (art. 7º, §5º). A norma possibilita a alteração do regime de bens.
d) Quanto ao divórcio realizado no estrangeiro em que um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, haverá reconhecimento no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras. O STJ, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologaçãode sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais (art. 7º, §6º). Obs: para o Tartuce, a separação judicial foi banida do sistema jurídico nacional desde a EC 66/2010, porém, como a norma em comento é de DIP, ainda tem aplicação, até poque muitos países admitem a separação judicial. O STJ decidiu recentemente que a nova redação dada pela EC 66, de 2010, ao §6º do art. 226 da CF tornou prescindível a comprovação do preenchimento do requisito temporal outrora previsto para fins de obtenção do divórcio.
e) Enuncia o §7º, do art. 7º, que “salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda”. Diante da nova visualização da família, à luz da CR e do CC de 2002, deve-se entender que esse parágrafo merece uma nova leitura, eis q pelo art. 1.567 da codificação novel a direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher.
f) Determina o §8º, do art. 7º, que o domicílio da pessoa que não tiver residência fixa será o local em que a mesma for encontrada (moradia habitual), norma que vale também para as questões de Direito Internacional.
g) No que se refere aos bens, prevê a LINDB que deve ser aplicada a norma do local em que esses se situem (lex rei sitae – art. 8º). Tratando-se de bens móveis transportados, aplica-se a norma do domicílio do seu proprietário (§1º). Quanto ao penhor (direito real de garantia que recai sobre bens móveis), por regra, deve ser aplicada a norma do domicílio que tiver a pessoa em cuja posse se encontre a coisa empenhada, outra aplicação do princípio lex domicilii (§2º).
h) Ao tratar das obrigações, na LINDB há consagração da regra locus regit actum, aplicando-se as leis do local em que foram constituídas (art. 9º). Dessa forma, para aplicar a lei brasileira a um determinado negócio obrigacional, basta a sua celebração no território nacional. Os parágrafos trazem duas exceções. Tendo sido o contrato celebrado no exterior e destinando-se a produzir efeitos em nosso país, dependente de forma essencial prevista em lei nacional, deverá esta ser observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos fatores externos, requisitos extrínsecos do ato (§1º). Como segunda exceção, de acordo com o art. 9º, §2º, “A obrigação resultante de contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”. O dispositivo está em conflito parcial com o art. 435 do CC, pelo qual se reputa celebrado contrato no lugar em que foi proposto. Ora, o local da proposta não necessariamente é o da residência daquela qua a formulou. Para resolver a suposta antinomia, aplicando-se a especialidade, deve-se entender que a regra do art. 435 serve para os contratos nacionais; enquanto o dispositivo da LINDB é aplicado aos contratos internacionais.
i) O art. 10 da LINDB enuncia que a sucessão por morte ou por ausência obedece a norma do país do último domicílio do de cujus (lex domicilii), no mesmo sentido do art. 1.785 do CC (“A sucessão abre-se no último domicílio do falecido).
j) As regras de vocação hereditária para suceder bens de estrangeiro situados no nosso País serão as nacionais, desde que não sejam mais favoráveis ao cônjuge e aos filhos do casal as normas do último domicílio (art. 10, §1º). A lex domicilii do herdeiro ou legatário regulamentará a capacidade para suceder (§2º).
k) Quanto às sociedades e fundações deve ser aplicada a norma do local de sua constituição (art. 11). Os três parágrafos desse artigo trazem regras específicas q devem ser atentadas quanto à pessoa jurídica, pela ordem.
Primeiro, para atuarem no Brasil, as sociedades e fundações necessitam de autorização pelo governo federal, ficando sujeitas às leis brasileiras (art. 11, §1º da LINDB e art. 1.134 do CC).
Segundo, os governos estrangeiros e entidades constituídas para atenderem aos anseios de Estados estrangeiros não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação (art. 11, §2º da LINDB).
Terceiro, os governos estrangeiros e afins podem adquirir a propriedade de prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos e agentes consulares, única autorização específica que deve ser respeitada (art. 11, §3º).
l) Em relação à competência da autoridade judiciária brasileira, determina o art. 12 que há necessidade de atuação quando o réu for domiciliado em nosso País ou aqui tiver que ser cumprida a obrigação, como no caso de um contrato. Quanto aos imóveis situados no país, haverá competência exclusiva da autoridade nacional (art. 12, §1º); bem quanto ao exequatur, o “cumpra-se” relacionado com uma sentença estrangeira homologada perante o STJ.
m) Quanto aos fatos ocorridos no exterior e ao ônus probatório, devem ser aplicadas as normas do direito alienígena relacionadas com as ocorrências, não sendo admitidas no Brasil provas que a lei nacional não conheça (art. 13).
Não conhecendo o juiz nacional a lei estrangeira, poderá exigir de quem a invoca a prova do texto e da sua vigência (art. 14).
Nos termos do art. 15, será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
- haver sido proferida por juiz competente
- terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia
- ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida
- estar traduzida por intérprete autorizado
- ter sido homologada pelo STJ.
Em tais casos, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei (art. 16).
n) Com grande aplicação prática em relação do Direito Privado, prevê o art. 17 que “As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”. Por esse dispositivo, a Convenção de Varsóvia, tratado internacional do qual o Brasil é signatário e que consagra limitações de indenização em casos de atraso de voo, perda de voo e extravio de bagagem, no caso de viagens internacionais, não pode prevalecer, conforme conclusão do STJ, eis que o CDC consagra o princípio da reparação integral de danos.
o) Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar os casamentos e os mais atos de Registro civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascidos no país da sede do Consulado (art. 18).
p) Reputam-se válidos todos os atos indicados no art. 18 e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência da Lei de Introdução, desde que satisfaçam todos os requisitos legais (art. 19).
Importante registrar ainda o assunto das Antinomias, que cuida-se de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto (lacunas de colisão).
Aqui serão estudados os conceitos básicos de solução desses conflitos, os metacritérios clássicos construídos por Norberto Bobbio, em sua Teoria do ordenamento jurídico, para a solução dos choques entre as normas jurídicas, a saber:
Critério cronológico: norma posterior prevalece sobre norma anterior;
Critério da especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral;
Critério hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior.
Dos três critérios acima, o cronológico é o mais fraco de todos, sucumbindo diante dos demais. 
Importante: a especialidade também consta da CF (art. 5º, caput), inserida que está na isonomia constitucional, em sua segunda parte, eis que a lei deve tratar de maneira desigual os desiguais.
Classificação das antinomias:
- Antinomia de 1º grau: conflito de normas que envolve apenas um dos critérios acima expostos.
- Antinomia de 2º grau: choque de normasválidas que envolve dois dos critérios analisados.
Em havendo a possibilidade ou não de solução, conforme os metacritérios de solução de conflito, é pertinente a seguinte visualização: 
- Antinomia aparente: situação que pode ser resolvida de acordo com os metacritérios antes expostos.
- Antinomia real: situação que NÃO pode ser resolvida de acordo com os metacritérios antes expostos.
De acordo com essas classificações, devem ser analisados os casos práticos em que estão presentes os conflitos:
No caso de conflito entre norma posterior e norma anterior, valerá a posterior, pelo critério cronológico, caso de antinomia de primeiro grau aparente.
Norma especial deverá prevalecer sobre norma geral, emergencial, que é o critério da especialidade, outra situação de antinomia de primeiro grau aparente.
Havendo conflito entre norma superior e norma inferior, prevalecerá a primeira, pelo critério hierárquico, também situação de antinomia de primeiro grau ou aparente.
Antinomias de segundo grau:
Em um caso de antinomia de segundo grau aparente, quando se tem um conflito de uma norma especial anterior e uma outra geral posterior, prevalecerá o critério da especialidade, prevalecendo a primeira norma.
Havendo conflito entre norma superior anterior e outra inferior posterior, prevalece também a primeira (critério hierárquico), outro caso de antinomia de segundo grau aparente.
Quando se tem conflito entre uma norma geral superior e outra norma, especial e inferior, qual deve prevalecer? De acordo com Maria Helena Diniz, nesse caso não há uma metarregra geral de solução do conflito, surgindo a denominado antinomia real. De acordo com Bobbio, deve-se optar pelo critério hierárquico. 
O critério da especialidade também é de suma importância, eis que o art. 5º da CF consagra o princípio da isonomia ou igualdade lato sensu, pelo qual a lei deve tratar de maneira igual os iguais, e de maneira desigual os desiguais. Na parte destacada está o princípio da especialidade. E é por isso q ele até pode fazer frente ao critério hierárquico.
Desse modo, em havendo choque entre os critérios hierárquico e da especialidade, dois caminhos de solução podem ser dados no caso de antinomia real:
- Solução do Poder Legislativo: cabe a edição de uma terceira norma, dizendo qual das duas normas em conflito deve ser aplicada.
- Solução do Poder Judiciário: o caminho é a adoção do princípio máximo de justiça, podendo o juiz da causa, de acordo com a sua convicção e aplicando os arts. 4º e 5º da LINDB, adotar uma das duas normas para solucionar o problema.
Pelo art. 4º pode o magistrado aplicar a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito, sem que essa ordem seja obrigatoriamente respeitada. 
Seguindo o que preceitua o art. 5º, deve o juiz buscar a função social da norma e as exigências do bem comum, o.s, a pacificação social. 
Não se pode esquecer, outrossim, da aplicação imediata dos princípios fundamentais que protegem a pessoa humana, nos termos do art. 5º, §1º da CF (eficácia horizontal dos direitos fundamentais). 
Dialogo das Fontes
As transformações socioeconômicas, a evolução tecnológica, as novas formas de compreensão do mundo, característicos dos tempos “pós-modernos”, ratificam o que o brilhante civilista do século passado Gaston Morin denominou de “revolta dos fatos contra os códigos”, que traduz a situação de falta de compatibilidade entre o Direito Positivo e os fatos sociais. 
O Direito necessita estar sintonizado com as necessidades e as aspirações surgidas na sociedade, sob pena de se tornar obsoleto e assim ferir a segurança jurídica, deixando de cumprir o seu papel social de harmonizar conflitos. Para contornar essa questão, o Direito procura sempre se atualizar frente aos novos fatos através da criação de leis, que acabam por regular os mais variados setores da sociedade formando um ordenamento jurídico inchado, complexo e muitas vezes contraditório.
Frente a essa complexidade, é que se busca dar coerência ao sistema jurídico e com fulcro nessa questão, o jurista alemão Erik Jayme, professor da Universidade de Heidelberg desenvolveu a Tese do Diálogo das Fontes, apresentada em 1995 na cidade de Haia na Holanda. Seus estudos se tornaram mundialmente conhecidos e sua tese ganhou força e aplicabilidade em vários países.
Trata-se de uma teoria, sem dúvida, visionária. Afirma a superação da noção de conflito entre leis, substituída pela de coordenação. E a possibilidade de coordenação e aplicação de diferentes leis sobre um mesmo caso, de forma orientada, justamente, pela proteção dos direitos fundamentais e da pessoa humana.
Tendo por valores-chave a dignidade da pessoa humana e a aplicação imediata dos direitos fundamentais, não restam dúvidas que a Tese do Diálogo das Fontes surge para dar soluções mais justas, protegendo o indivíduo vulnerável e dando um caráter humanista ao Direito.
A novel tese se afirma como um revolucionário método de resolução de conflitos entre leis, ou seja, de antinomias. Norberto Bobbio (1999, p. 81) em sua obra “Teoria do Ordenamento Jurídico” afirma: a situação de normas incompatíveis entre si é uma dificuldade tradicional frente à qual se encontraram os juristas de todos os tempos, e teve uma denominação própria característica: antinomia. A tese de que o ordenamento jurídico constitua um sistema (...) podese exprimir também dizendo que o Direito não tolera antinomias.
O Diálogo das Fontes como método de aplicação, integração e interpretação das normas jurídicas propõe a superação do clássico método de resolução de antinomias jurídicas, cujos critérios são: hierárquico, cronológico e de especialização
Erik Jayme, ao apresentar a temática central de seus estudos propõe uma “conversa” entre as fontes do direito, sejam elas constituições, convenções internacionais e sistemas nacionais, refutando a clássica exclusão mútua das fontes. Completa ainda dizendo que as fontes devem ser aplicadas de maneira coordenada e, utilizando-se de linguagem metafórica, afirma que os juízes devem “escutar” o que elas dizem (BENJAMIN, 2012).
Em território nacional, o Diálogo das Fontes foi trazido por Claudia Lima Marques, renomada civilista brasileira, doutora pela Universidade de Heidelberg e professora titular da UFRGS. Foi responsável por apresentar a teoria de Erik Jayme ao Direito Brasileiro e de forma brilhante desenvolveu seus trabalhos iniciais propondo um diálogo necessário entre o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, devido à visível aproximação principiológica entre os dois sistemas, pautado nos vetores constitucionais.
Em termos jurisprudenciais, a Tese do Diálogo das Fontes ganhou força prática com o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.591, em 2006, que julgou constitucional a aplicação do CDC às atividades bancárias, que possuíam lei complementar disciplinadora. Em seu voto, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa concluiu: 
“(...)entendo que o regramento do sistema financeiro e a disciplina do consumo e da defesa do consumidor podem perfeitamente conviver. Em muitos casos, o operador do direito irá deparar-se com fatos que conclamam a aplicação de normas tanto de uma como de outra área do conhecimento jurídico. Assim ocorre em razão dos diferentes aspectos que uma mesma realidade apresenta, fazendo com que ela possa amoldar-se aos âmbitos normativos de diferentes leis(...)” 
Para consolidar de vez a aceitação dos juízes pela utilização do diálogo, o Superior Tribunal de Justiça, inspirado na ADI 2.591, editou a súmula 297 que considera o Código de Defesa do Consumidor aplicável às instituições financeiras.
Os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana devem iluminar a utilização do método do Diálogo das Fontes. A densa carga de humanismo proposta por Erik Jayme no teor de sua tese é que faz o método ser reverenciado e praticado por grandes juristas ao redor do mundo. 
Espécies de diálogo das fontes: 1) na aplicação simultânea das duas leis,uma lei pode servir de base conceitual para a outra (diálogo sistemático de coerência), especialmente se uma lei é geral e a outra especial, se uma é a lei central do sistema e a outra um microssistema específico, não completo materialmente, apenas com completude subjetiva de tutela de um grupo da sociedade; 2) na aplicação coordenada das duas leis, uma lei pode complementar a aplicação da outra, a depender de seu campo de aplicação no caso concreto (diálogo sistemático de complementaridade e subsidiariedade em antinomias aparentes ou reais), a indicar a aplicação complementar tanto de suas normas, quanto de seus princípios, no que couber, no que for necessário ou subsidiariamente; 3) ainda há o dialogo das influências recíprocas sistemáticas, como no caso de uma possível redefinição do campo de aplicação de uma lei (assim, por exemplo, as definições de consumidor stricto sensu e de consumidor equiparado podem sofrer influências finalísticas do Código Civil, uma vez que esta lei vem justamente para regular as relações entre iguais, dois iguais-consumidores ou dois iguais-fornecedores entre si – no caso de dois fornecedores, trata-se de relações empresariais típicas, em que o destinatário final fático da coisa ou do fazer comercial é um outro empresário ou comerciante -, ou, como no caso da possível transposição das conquistas do Richterrecht (direito dos juízes), alçadas de uma lei para a outra. É a influência do sistema especial no geral e do geral no especial, um diálogo de Double sens (diálogo de coordenação e adaptação sistemática).
Jurisprudência
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. ART. 86 DA LEI N.º 8.213/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI N.º 9.032/1995.BENEFÍCIOS CONCEDIDOS SOB O MANTO DE LEGISLAÇÃO PRETÉRITA. MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL. IMPOSSIBILIDADE, CONFORME ORIENTAÇÃO DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO.RECURSO ESPECIAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
1. Consoante entendimento firmado por este Superior Tribunal de Justiça, o aumento do percentual do auxílio-acidente, estabelecido pela Lei n.º 9.032/95 (lei nova mais benéfica), que alterou o § 1º, art. 86, da Lei n.º 8.213/91, tem aplicação imediata a todos os beneficiários que estiverem na mesma situação, sem exceção, não importando tratar-se de casos pendentes de concessão ou já concedidos, em virtude de ser norma de ordem pública, o que não implicaria a retroatividade da lei.
2. No entanto, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, discutindo o tema ora em análise - majoração do auxílio-acidente - em recente decisão proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.o 613.033/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJ de 09/06/2011, julgou "no sentido de que os benefícios previdenciários devem ser regulados pela lei vigente ao tempo em que preenchidos os requisitos necessários à sua concessão, não sendo possível a aplicação de lei posterior para o calculo ou majoração de benefícios já concedidos pelo INSS, salvo quando expressamente previsto no novo diploma legal." 3. Assim, considerando-se que, na espécie, os requisitos para o benefício se referem a período anterior à edição da lei mais benéfica, em razão do que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal, e, para os fins do art. 543-B, § 3.º, do Código de Processo Civil, nego provimento ao recurso especial. (REsp 868.025/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2011, DJe 16/11/2011)
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES – MENSALIDADE – AUSÊNCIA DE ADESÃO. Por não se confundir a associação de moradores com o condomínio disciplinado pela Lei nº 4.591/64, descabe, a pretexto de evitar vantagem sem causa, impor mensalidade a morador ou a proprietário de imóvel que a ela não tenha aderido. Considerações sobre o princípio da legalidade e da autonomia da manifestação de vontade – artigo 5º, incisos II e XX, da Constituição Federal. (RE 432106, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 20/09/2011, DJe-210 DIVULG 03-11-2011 PUBLIC 04-11-2011 EMENT VOL-02619-01 PP-00177)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. VERBAS REMUNERATÓRIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA DEVIDOS PELA FAZENDA PÚBLICA. LEI 11.960/09, QUE ALTEROU O ARTIGO 1º-F DA LEI 9.494/97. NATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA AOS PROCESSOS EM CURSO QUANDO DA SUA VIGÊNCIA. EFEITO RETROATIVO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de aplicação imediata às ações em curso da Lei 11.960/09, que veio alterar a redação do artigo 1º-F da Lei 9.494/97, para disciplinar os critérios de correção monetária e de juros de mora a serem observados nas "condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza", quais sejam, "os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança".
2. A Corte Especial, em sessão de 18.06.2011, por ocasião do julgamento dos EREsp n. 1.207.197/RS, entendeu por bem alterar entendimento até então adotado, firmando posição no sentido de que a Lei 11.960/2009, a qual traz novo regramento concernente à atualização monetária e aos juros de mora devidos pela Fazenda Pública, deve ser aplicada, de imediato, aos processos em andamento, sem, contudo, retroagir a período anterior à sua vigência.
3. Nesse mesmo sentido já se manifestou o Supremo Tribunal Federal, ao decidir que a Lei 9.494/97, alterada pela Medida Provisória n.2.180-35/2001, que também tratava de consectário da condenação (juros de mora), devia ser aplicada imediatamente aos feitos em curso.
4. Assim, os valores resultantes de condenações proferidas contra a Fazenda Pública após a entrada em vigor da Lei 11.960/09 devem observar os critérios de atualização (correção monetária e juros) nela disciplinados, enquanto vigorarem. Por outro lado, no período anterior, tais acessórios deverão seguir os parâmetros definidos pela legislação então vigente.
5. No caso concreto, merece prosperar a insurgência da recorrente no que se refere à incidência do art. 5º da Lei n. 11.960/09 no período subsequente a 29/06/2009, data da edição da referida lei, ante o princípio do tempus regit actum.
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7 Cessam os efeitos previstos no artigo 543-C do CPC em relação ao Recurso Especial Repetitivo n. 1.086.944/SP, que se referia tão somente às modificações legislativas impostas pela MP 2.180-35/01, que acrescentou o art. 1º-F à Lei 9.494/97, alterada pela Lei 11.960/09, aqui tratada.
8. Recurso especial parcialmente provido para determinar, ao presente feito, a imediata aplicação do art. 5º da Lei 11.960/09, a partir de sua vigência, sem efeitos retroativos.
(REsp 1205946/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/10/2011, DJe 02/02/2012)
Questões Objetivas
(MPF\26º) questão 80: Assinale a alternativa correta
a) Denomina-se lei temporária aquela que surge para regular, de modo temporário ao estabelecido na lei geral, fatos ou relações jurídicas que, por sua natureza, estariam nela compreendidos. INCORRETA : a temporariedade da lei pode derivar da sua própria natureza ou quando se destina a fins determinados. Princípio da Continuidade da lei, a lei vige até que outra a modifique ou revogue.
b) As Ordenações portuguesas, adaptadas ao direito romano clássico, tiveram mais vigência no Brasil do que em Portugal, pois mantiveram-se em vigor até o advento do CC 1916. INCORRETA: As ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas tiveram maior vigência no direito português.
c) A Equity do direito inglês corresponde a mesma definição da equidade do direito brasileiro,sendo certo afirmar que, como fonte do direito inglês moderno, é aplicada da mesma maneira. INCORRETA: Não. A equidade do direito inglês é um sistema paralelo a Common Law, tanto que o magistrado pode utilizar qualquer dos sistemas. No entanto, no direito brasileiro, funciona como critério ou princípio para consecução de justiçamaterial, inclusive, com previsão legal.
d) A seguradora exime do dever de indenizar quando houver transferência do veículo a terceiros sem sua previa comunicação. INCORRETA SÚMULA 465, DO STJ: Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a seguradora não se exime do dever de indenizar em razão da transferência do veículo sem a sua prévia comunicação.
Obs: o gabarito considerou a assertiva b, como correta.
(MPF\27º) questão 80. Assinale a alternativa correta:
a) As normas que alteram o padrão monetário e estabelecem os critérios para a conversão dos valores em face dessa alteração, por serem de ordem pública, aplicam-se de imediato aos contratos em curso de execução. 
b) O Código Brasileiro de Aeronáutica limita-se a regulamentar o transporte aéreo regular de passageiros, realizado por quem detém a respectiva concessão, não incluindo todo serviço de exploração de aeronave, operado por pessoa física ou jurídica. 
c) Nas Cédulas de Crédito Comercial, a instituição financeira está autorizada a cobrar, após a inadimplência, a taxa de juros remuneratórios, a título de juros de mora, além de multa e correção
monetária.
d) A formação de um novo grupo familiar, com o casamento e a concepção de prole, extingue o primitivo núcleo familiar, excluindo os ascendentes do polo ativo de demanda indenizatória por morte do filho.
Assertiva correta “A”: RE 141.190: “a jurisprudência do STF [...] apresenta uma certa incongruência de argumentos: se é bastante firme ao afastar a proteção do direito adquirido para as situações em que ocorrem mudanças nos estatutos e instituições de direito público; não tem o mesmo tratamento quando se trata de contratos (estatutos privados). E, quando se trata de norma de alteração de padrão monetário, há ainda um outro tratamento, não menos vacilante". Estaria correta, assim, a alternativa a, de acordo com o que decidido no RE 164836: “[as] normas de ordem pública que instituem novo padrão monetário têm aplicação imediata em relação aos contratos em curso como forma de reequilibrar a relação jurídica antes estabelecida.”
�
Ponto 1.b. Das obrigações quanto às suas modalidades.
Principais obras consultadas: Resumo do 26, FARIAS, Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Vol. 2. 6. Ed. Rev. Ampl. Salvador: Juspodivm. 2012; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil. Vol. 2. Direito de Família. 13. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. 1ª Ed. São Paulo, Saraiva, 2011. TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil – Volume Único. São Paulo: Método, 2013. CALABRICH, Bruno. PELELLA, Eduardo e outros. Questões Discursivas do Concurso de Procurador da República 18º ao 25º - Respondidas e Comentadas. Salvador: Juspodium, 2013. CHEKER, Monique e outros. Comentários às Questões Objetivas do Concurso de Procurador da República 22º ao 26º. Salvador: Juspodium, 2013. FILHO, Roberval Rocha Ferreira. VIEIRA, Albino Carlos Martins. Súmulas do STJ Organizadas por assunto, Anotadas e Comentadas. Salvador: Juspodium, 2013. FILHO, Roberval Rocha Ferreira. VIEIRA, Albino Carlos Martins. COSTA, Mauro José Gomes. Súmulas do STF Organizadas por assunto, Anotadas e Comentadas. Salvador: Juspodium, 2013. CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Principais Julgados do STF e STJ Comentados 2012. Manaus: Dizer o direito, 2013. CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Principais Julgados do STF e STJ Comentados 2012. Manaus: Dizer o direito, 2014. Resumo do Livro do Tartuce do grupo MPF.
Legislação básica: Arts. 233 e ss., do Código Civil.
Conceito de obrigação: é a relação jurídica transitória, existente entre um sujeito ativo, denominado credor, e outro sujeito passivo, o devedor, e cujo objeto consiste em uma prestação situada no âmbito dos direitos pessoais, positiva ou negativa. Havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor.
Logo, são três os elementos constitutivos da obrigação:
- elementos subjetivos: o credor (sujeito ativo) e o devedor (sujeito passivo);
- elemento objetivo imediato: a prestação;
- elemento imaterial, virtual ou espiritual: o vínculo existente entre as partes.
Não se pode afastar a constante influência que exercem os princípios da eticidade e da socialidade sobre o direito obrigacional, notadamente a boa-fé objetiva e a função social, princípios esses relacionados com a concepção social da obrigação e com a conduta legal dos sujeitos obrigacionais.
No que concerne à boa-fé objetiva, Judith Martins-Costa prega uma nova metodologia quanto ao direito das obrigações e uma nova construção da relação obrigacional que deve ser tida como uma relação de cooperação.
Elementos subjetivos da obrigação
São os elementos pessoais, ou sujeitos/pessoas envolvidas na relação jurídica:
Sujeito ativo: é o beneficiário da obrigação. Pode ser uma pessoa física, jurídica ou um ente despersonalizado. É aquele que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
Sujeito passivo: é aquele que assume um dever de cumprir o conteúdo da obrigação, sob pena de responder com seu patrimônio. 
Na maioria das vezes as partes são credores e devedoras entre si, presente a proporcionalidade das prestações denominada sinalagma, como ocorre na compra e venda. Tal estrutura também é denominada relação jurídica obrigacional complexa. O sinalagma é um todo equilibrado, e sendo quebrado, justifica-se a ineficácia ou a revisão da obrigação. A quebra do sinalagma é tida como geradora de onerosidade excessiva, do desequilíbrio negocial, como um efeito gangorra.
Elemento objetivo ou material da obrigação
Trata-se do conteúdo da obrigação.
O objeto imediato da obrigação, perceptível de plano, é a prestação, que pode ser positiva (dar ou fazer) ou negativa (não fazer).
O objeto mediato da obrigação pode ser uma coisa ou uma tarefa a ser desempenhada, positiva ou negativamente. Ex: o objeto mediato pode ser uma casa em relação a um contrato de compra e venda. Esse também é o objeto imediato da prestação. O objeto mediato da obrigação ou objeto imediato da prestação é o bem jurídico tutelado.
Elemento imaterial, virtual ou espiritual da obrigação
É o vínculo jurídico existente na relação obrigacional, ou seja, é o elo que sujeita o devedor à determinada prestação em favor do credor. É o liame legal que une as partes.
Art. 391: traz o princípio da responsabilidade patrimonial do devedor. A prisão civil no nosso ordenamento é exceção, e atualmente só cabe para o devedor de alimentos, pois a Súmula Vinculante 35 prevê que é ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
Art. 389: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Deve ser aplicado para os casos de inadimplemento absoluto ou relativo da obrigação positiva (dar e fazer).
Art. 390: Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. Deve ser aplicado para casos envolvendo obrigação negativa (não fazer).
Assim, para denotar a responsabilidade civil contratual, não devem ser utilizados os arts. 186 e 927 do CC, pois tais comandos fundamentam a responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana. Ainda prevalece, na doutrina, a visão clássica de divisão dualista da responsabilidade civil, em contratual e extracontratual, mas a tendência é a unificação, conforme sistema adotado no CDC.
Embora o art. 391 preveja que “pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor”, não se pode esquecer que alguns bens estão protegidos, particularmente aqueles reconhecidos como impenhoráveis. Melhor é a redação do art. 591 do CPC.
Prevalece atualmente na doutrina a teoria dualista ou binária da obrigação, de origem alemã, pela qual a obrigação é concebida por uma relaçãodébito/crédito. 
A superação da velha teoria monista ou unitária pode ser percebida a partir do estudos dos dois elementos básicos da obrigação: o débito (Schuld) e a responsabilidade (Haftung), sobre os quais a obrigação se encontra estruturada.
O Schuld (ou debitum) é o dever legal de cumprir a obrigação (devedor). Havendo o adimplemento, surgirá apenas esse conceito. Mas, por outro lado, se a obrigação não é cumprida, surgirá a responsabilidade (Haftung ou obligatio).
Sem dúvida é possível identificar uma obrigação em que há debitum sem obligatio, qual seja, na obrigação natural, que mesmo existente não pode ser exigida.
Por outro lado haverá obligatio sem debitum na fiança, garantia pessoal prestada por alguém (fiador) em relação a um determinado credor. O fiador assume a responsabilidade, mas a dívida é de outra pessoa. O contrato de fiança é celebrado entre fiador e credor, podendo ser celebrado sem o consentimento do devedor ou até mesmo contra a sua vontade (art. 820).
Diferenças conceituais entre obrigação, dever, ônus e direito potestativo
- Dever jurídico e obrigação: contrapõe-se a um direito subjetivo de exigi-lo. O dever jurídico engloba não só as obrigações relacionais ou de direito pessoal, mas também as de natureza real. Diferença em relação à obrigação: “em sentindo mais estrito situa-se a idéia de obrigação, referindo-se apenas ao dever oriundo à relação jurídica creditória (pessoa/obrigacional). Na obrigação, em correspondência a este dever jurídico de prestar do devedor, estará o direito subjetivo à prestação (do credor). O dever jurídico, contrapondo-se a direitos subjetivos de cunho patrimonial, está relacionado a prazos prescricionais.
- Ônus jurídico: é a necessidade de agir de certo modo para a tutela de interesses próprios. Ex: levar o contrato a registro para ter validade perante terceiros. O desrespeito ao ônus gera consequências só para aquele que o detém. 
- Direito potestativo: é aquele que se contrapõe a um estado de sujeição, pois encurrala a outra parte. É o poder que a pessoa tem de influir na esfera jurídica de outrem, sem que este possa fazer algo que não se sujeitar. Ex: causas de impedimentos matrimoniais, causas de anulabilidade do casamento e a exigência legal, para certos atos, de outorga do outro consorte. O direito potestativo está ligado aos prazos decadenciais.
As fontes obrigacionais no direito civil brasileiro
Fonte: é o elemento gerador, o fato jurídico que deu origem ao vínculo obrigacional. São consideras fontes da obrigações:
Lei: é a “fonte primária ou imediata de todas as obrigações, pois os vínculos obrigacionais são relações jurídicas”. Alguns autores não concordam que a lei é fonte obrigacional.
Contratos: fonte principal do direito obrigacional. Contrato é o negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa à criação, modificação e extinção de direitos e deveres com conteúdo patrimonial.
Os atos ilícitos e o abuso de direito: são fontes importantíssimas. Gerando o dever de indenizar, é forçoso entender que o abuso de direito também constitui fonte de obrigações.
Os atos unilaterais: são as declarações unilaterais de vontade, fontes do direito obrigacional. Ex: promessa de recompensa.
Os títulos de crédito: são os documentos que trazem em seu bojo, com caráter autônomo, a existência de uma relação obrigacional de natureza privada. O CC só se aplica aos títulos de crédito atípicos, ou seja, aqueles sem previsão legal específica (art. 903).
ATENÇÃO: TRATA ESPECIFICAMENTE DO SUBPONTO EM ANÁLISE: PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DAS OBRIGAÇÕES. MODALIDADES PREVISTAS NO CC
Classificação da obrigação quanto ao seu conteúdo ou prestação
De acordo com o conteúdo, a obrigação pode ser positiva ou negativa. Será positiva quando tiver como conteúdo uma ação (ou comissão) e negativa quando relacionada com uma abstenção (ou omissão). Filiam-se entre as primeiras as obrigações de dar e de fazer. A obrigação de não fazer é a única negativa.
Obrigação positiva de dar
É aquela em que o sujeito passivo compromete-se a entregar alguma coisa (certa ou incerta). Há, na maioria das vezes, a intenção de transmissão de propriedade de uma coisa, móvel ou imóvel. É classificada em:
Obrigação de dar coisa certa (obrigação específica).
Obrigação de dar coisa incerta (obrigação genérica).
Obrigação de dar coisa certa (arts. 233 a 242):
Está presente nas situações em que o devedor se obrigar a dar uma coisa individualizada, móvel ou imóvel, cujas características foram acertadas pelas partes, geralmente em um instrumento negocial. 
Na obrigação de dar coisa certa, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa.
A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. Por tal dispositivo, continua em vigor o princípio pelo qual o acessório segue o principal – princípio da gravitação jurídica. Como acessórios, devem ser incluídos os frutos, os produtos, as benfeitorias e as pertenças que tenham natureza essencial.
O que interessa substancialmente em relação às obrigações de dar coisa certa são as oito regras do inadimplemento:
1ª regra: havendo obrigação de dar coisa certa e perdendo-se a coisa sem culpa do devedor, antes da tradição ou pendente condição suspensiva, resolve-se a obrigação para ambas as partes, sem o pagamento de perdas e danos (art. 234). A expressão resolver significa que as partes voltam à situação anterior à celebração da obrigação. Se o preço já foi pago, será devolvido sem qualquer indenização suplementar.
2ª regra: na obrigação de dar coisa certa, ocorrendo a perda da coisa com culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente à coisa e mais perdas e danos (art. 234). 
3ª regra: na obrigação de dar coisa certa, se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor, o credor terá duas opções: resolver a obrigação, sem o direito a perdas e danos; ficar com a coisa, abatido do preço o valor correspondente ao perecimento parcial (art. 235). 
4ª regra: na obrigação de dar coisa certa, havendo deterioração da coisa, com culpa do devedor, poderá o credor exigir o valor equivalente à coisa ou ficar com ela no estado em que se encontrar, nos dois casos com perdas e danos (art. 236).
5ª regra: na obrigação de restituir coisa certa, ocorrendo a perda da coisa sem culpa do devedor e antes da tradição, aplica-se a máxima pela qual a coisa perece para o dono (res perit domino), suportando o credor o prejuízo (art. 238). O credor (proprietário da coisa que se perdeu) poderá pleitear os direitos que já existiam até o dia da perda. Ex: no caso de uma locação, em que há o dever de devolver o imóvel ao final do contrato, se um incêndio, causado por caso fortuito ou força maior, destrói o imóvel na vigência do contrato, o locador (credor) não poderá pleitear um novo imóvel do locatário (devedor) que estava na posse do bem nem o valor correspondente, mas terá direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento danoso.
6ª regra: na obrigação de restituir, se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo valor equivalente, mais perdas e danos (art. 239). Assim, no caso descrito acima, caso o locatário seja responsável pelo incêndio, o locador poderá pleitear o valor do imóvel mais perdas e danos.
7ª regra: havendo deterioração sem culpa do devedor na obrigação de restituir, o credor somente pode exigir a coisa no estado em que se encontrar, sem direito a qualquer indenização (art. 240). 
8ª regra: na obrigação de restituir coisa certa, havendo deterioração da coisa com culpa do devedor, o credor passa a ter o direito de exigir o valor equivalente à coisa, mais perdas e danos (art. 240, segunda parte, que manda aplicar o art. 239). Na verdade, como é caso de deterioração, deveria mandar aplicar o art. 236, por isso foi aprovado o enunciado 15 (“as disposições do art. 236 também são aplicáveis à hipótese do art. 240, in fine”). Em suma, se o credor quiser, poderá ficar com

Outros materiais