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TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Aula 4- Parecer técnico - jurídico: ementa. TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Semana 4 Objetivos Conhecer a estrutura de um parecer técnico-jurídico; Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer; Reconhecer as características da ementa do Parecer. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Estrutura do conteúdo: •Estrutura do parecer •Características da ementa •Estrutura da ementa •Conteúdo da ementa Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 1- Retomada do conteúdo da aula anterior, a fim de esclarecer dúvida de uma aluna sobre as razões de as Testemunhas de Jeová recusarem-se a receber sangue. Para tal, iremos assistir a um vídeo do youtube que nos apresenta esse motivo. http://www.youtube.com/watch?v=C9-Qa1qkLH8 2- Sugiro, após terem assistido ao vídeo, que produzam breve texto,em defesa do direito de recusa à transfusão das Testemunhas de Jeová. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Apresento-lhes uma possibilidade de escritura de breve texto argumentativo: Estudos científicos demonstram que há fórmulas de o organismo produzir sangue desde que adotados os procedimentos necessários. Essa prática pode substituir a transfusão, evitando- se, ainda, a possibilidade de se adquirir doenças transmitidas pelo sangue transfundido. Tal constatação fragiliza a tese de a transfusão ser o único processo de se alimentar o organismo carente de sangue. Esclarecida a questão terapêutica, resta analisar a questão jurídica, em que se confrontam dois princípios: o direito à liberdade de religião e o direito à vida. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Observe-se que, conforme o doutrinador SCHREIBER (2011, p.52), [...] a Constituição da República coloca a liberdade de religião e o direito à vida no mesmíssimo patamar. Aqui, como em outros campos, não pode o intérprete correr o risco de se agarrar à regra mais específica, esquecendo os princípios que lhe servem de fundamento de validade e que podem ser diretamente aplicados ao caso concreto. A vontade do paciente deve ser respeitada, porque assim determina a tutela da dignidade humana, valor fundamental do ordenamento jurídico brasileiro. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA De fato, o art. 5º da Constituição de 1988, expressa o direito à vida, juntamente com outros direitos, como a igualdade, a segurança, a propriedade, etc. Portanto, estabelecer que o direito à vida seja superior a outro direito não deriva de uma norma jurídica, mas de uma crença com base em convicções filosóficas ou médicas, como assegura SCHREIBER (2011, p.52). Certamente, em um país laico como o nosso, não pode o julgador decidir se determinado preceito bíblico é válido e se pode ser desobedecido. Para aquele que tem fé, ir de encontro às suas crenças e viver com a mácula de ter transgredido os dogmas da sua religião pode significar a morte em vida. Assim, deve-se respeitar o direito à vida, mas à vida digna, sem impor a qualquer pessoa que abdique de suas crenças e se submeta a práticas que violentam suas concepções religiosas. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Leitura de um Parecer Jurídico 5ª Câmara Cível Ação: Inventário Agravo de Instrumento nº 1.948/94 Agravante: ERCS Agravado: Juízo da 9ª Vara de Órfãos e Sucessões Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA EMENTA Testamento. Herdeiro universal. Existência de um único bem a inventariar, sendo imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade,impenhorabilidade(até50anos)e incomunicabilidade (vitalícia). Herdeiro instituído portador do vírus da AIDS, com doença em estágio avançado. Possibilidade de autorização para alienação do bem, depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança, liberando-se os valores gradativamente para custeio do tratamento. Inteligência do art. 1.676 do Código Civil. Atendimento à real vontade da testadora. Interpretação sistemática dos dispositivos aplicáveis à espécie. Provimento do recurso. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA I - Fatos 1- O agravante constitui-se no único herdeiro, instituído por testamento, de ICC, tomando parte do inventário tão-somente um bem imóvel, gravado com cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade temporária (até que o herdeiro atingisse 50 anos), assim como incomunicabilidade vitalícia. 2- Em sendo, o agravante, portador do vírus da AIDS e estando, já a esta altura,' comprovadamente em precário estado de saúde, ocasionado pelo reduzido nível de resistência do seu sistema imunológico, postulou autorização para venda do bem inventariado, com o fito exclusivo de possibilitar a continuidade do seu tratamento. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 3- O órgão julgador de primeiro grau indeferiu a pretensão do agravante, ao argumento de que o art. 1676 do Código Civil eiva de nulidade qualquer ato judicial que intente dispensar a cláusula de inalienabilidade, conquanto lamentasse, a ilustre julgadora, o estado de saúde do herdeiro. 4-O primeiro membro do órgão do Ministério Público a quo a se pronunciar no feito opinou pelo deferimento do pedido formulado pela ora agravante. Já o segundo membro do “parquet” a manifestar-se nos autos, após juízo de retratação, alinhou-se com o entendimento da Julgadora monocrática. 5- Mantida a decisão, sobem os autos a esta Egrégia Câmara para reapreciação da matéria em comento. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA FUNDAMENTAÇÃO 6- Mais do que analisar, de forma isolada, um dispositivo do Código Civil, importa, para se determinar o verdadeiro alcance de uma norma Jurídica, encetar interpretações sistemáticas do texto legislativo sob exame. 7- As interpretações fornecidas pela ilustre julgadora de primeiro grau, membro do Ministério Público que oficiou nos autos, pecam por concentrar a análise da questão em um único dispositivo legal. 8- Ao pretender vasculhar os preceitos aplicáveis ao caso concreto, o aplicador do Direito deve mais do que se ater à literalidade do texto em análise, atender à procura da mens legis, situar os dispositivos em uma estrutura de significações e, enfim, adequar sua compreensão às novas valorações sociais exsurgidas. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 9- Mais que tudo isso, é a própria Lei de Introdução ao Código Civil, no seu artigo 5º, que fornece a diretriz a ser aplicada pelo julgador na interpretação da norma legal, ''Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. " 10- Em se tratando de sucessão testamentária, impende investigar, precipuamente, a vontade do testador, buscando a sua essência, de forma a condicionar a interpretação das disposições testamentárias e adequar os preceitos legais incidentes à hipótese. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 11- Neste caso, a testadora; não possuindo herdeiros necessários, nomeou seu sobrinho, o ora agravante, então com apenas 13 anos, seu herdeiro universal, gravando os bens imóveis com já mencionadas cláusulas. Visava ela, concomitantemente; beneficiar o herdeiro instituído e protegê-lo, intentandogarantir-lhe teto seguro até idade madura de (50 anos), isolando- o das vicissitudes da vida moderna. . 12- Não poderia a testadora imaginar jamais, àquela altura, que este terrível mal chamado AIDS iria apossar-se do herdeiro que, certamente com muito carinho, acabara de instituir, relegando-o a uma gradual e sofrida morte prematura. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 13- Decerto que a vontade da testadora não se coaduna com a atual situação do agravante: este, embora possua o domínio de um bem imóvel, não pode usá-lo e nem fruí-lo, eis que se encontra em constante tratamento de saúde, e, pior, não pode empregar o valor do patrimônio transmitido em prol da tentativa de prolongar sua existência. Ora, onde está a prevalência da vontade do testador, essencial no cumprimento das disposições testamentárias, diante destas circunstâncias?A interpretação da norma estaria levando em conta os fins sociais e as exigências do bem comum, a que ela se destina? 14- Nem a doutrina, nem a jurisprudência e nem o legislador permaneceram estancados no tempo, logrando a evolução interpretativa adequar o dispositivo contido no art. 1.676 do Código Civil às novas facetas da vida, abrandando o seu rigor. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 15- De fato, já em 1944, através do Decreto-lei n° 6777, permitiu-se a alienação de imóveis gravados, substituindo-os por outros imóveis ou títulos da dívida pública, permanecendo sobre estes os gravames. 16- Nesta linha, os doutrinadores, assim como os tribunais, passaram a admitir a alienação do bem gravado, com autorização judicial, por necessidade ou conveniência manifesta do titular, ocorrendo a sub-rogação em outro bem. 17- No caso em tela, nada impede que o produto da venda seja depositado em caderneta de poupança à disposição do juízo, utilizando-se o seu saldo no custeio do tratamento do agravante. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 18- Argumenta-se, para sustentar o entendimento contrário, que o bem substituto (valor depositado em poupança) iria, pouco a pouco, se esgotando, acabando por exercer o herdeiro poder de disposição sobre o imóvel herdado, justamente o que pretendeu vedar a testadora e assegurar o preceito do Código Civil. 19- O que se verifica, contudo, é que relegar o herdeiro à morte, enquanto o bem recebido permanece absolutamente inóxio, pois sequer rende frutos, isso sim significa afrontar a vontade da testadora e o próprio alcance teleológico da lei, desfigurando, por completo, o próprio ato de liberalidade Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 20- Vale mencionar, neste sentido, trecho de acórdão unânime proferido pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no agravo em que foi relator o Desembargador Laerson Mauro: "-Se pela imposição das cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade vitalícia sobre bens de herança, da legítima como da disponível, abrangendo não só o principal como os frutos e rendimentos, a liberalidade perder toda a sua utilidade, chegando mesmo a descaracteriza-se jurídica e economicamente, é imperioso que se apliquem tantas regras exegéticas quantas caibam na espécie, para evitar-se a inocuidade da deixa, preservando, assim, à herdeira algum beneficio em vida. Agravo provido." Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 21- Desta forma, deve o único bem inventariado, conquanto gravadocomascláusulasde,inalienabilidadee incomunicabilidade, ser alienado, conforme requerido, depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança à disposição do juízo, a fim de que libere gradativamente as quantias necessárias ao tratamento de saúde do herdeiro universal, posição esta que se afina com o mais atual entendimento doutrinário e jurisprudencial, intentando, ainda, alcançar o verdadeiro fim dos dispositivos aplicáveis à espécie (atender à vontade do testador, e, ao mesmo tempo, atender aos fins sociais compreendidos no caso em exame), interpretando-os sistematicamente. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA II- Conclusão Assim, opina o Ministério Público pela reforma da decisão a quo, permitindo-se a alienação do bem gravado, atendidas as exigências contidas no item 20 supra. É o parecer. Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1995 Paulo Cezar Pinheiro Carneiro Procurador de Justiça CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro, A atuação do Ministério Público na Área Cível: Temas diversos. 2.ed.Rio de Janeiro: Lumen Juris LTDA. 2001, pp. 245,246,247,248. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Parecer técnico-jurídico O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por autoridade competente, que emite uma opinião sobre o assunto consultado. Deve estar devidamente fundamentada, a fim de produzir credibilidade e, consequentemente, o convencimento sobre a pertinência da opinião expressa. A forma de um parecer técnico- jurídico: Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.) Elementos do parecer técnico- jurídico: 1 - Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato jurídico e apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de vista defendido pelo parecerista. 2 - Relatório: é a narração da história processual, marcada pela isenção. Apresenta a narração dos fatos importantes e as circunstâncias em que estes ocorreram Isso possibilita uma transição lógica e coerente para a fundamentação. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 3- Fundamentação: argumentação baseada em sustentação principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, costumes, etc), técnicas argumentativas e estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto ao assunto da consulta. 4 - Conclusão: fecho do parecer. O parecerista apresenta uma proposta ou sugestão para a solução do caso concreto analisado. 5 - Parte Autenticativa: tendo em vista a responsabilidade civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Identificação e análise das partes de um Parecer técnico- formal em peça produzida por um aluno da disciplina de Teoria e Prática da Redação jurídica. Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL -- Dançarino e modelo intitulado como gay em programa de TV -- Fotos mostradas em rede nacional. Violação de intimidade e privacidade -- Alegação do réu de prevalência do Direito à informação-- Confronto de princípios Constitucionais. Preponderância e inteligência no Art. 5°, inciso X, CRFB/88 -- Parecer favorável à indenização. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Relatório Trata-se de ação de indenização por dano moral proposta por Carlos Alberto Prata, modelo e dançarino; contra a emissora de televisão Rede LM, por considerar ter havido violação de sua intimidade e privacidade. O fato ocorreu no programa da emissora, “Superbom”, que apresentou uma matéria sobre o clube das mulheres, em fevereiro de 2006. Segundo Carlos Alberto, sua privacidade e intimidade foram violadas a partir do momento em que, ao ter exposta a matéria no programa apresentado por Carla Couto, fora chamado de gay. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Ainda de acordo com o modelo, durante o quadro, foram entrevistados o apresentador, o diretor e outros convidados do “clube” e o tema homossexualidade entre os dançarinos foi abordado, de forma a afirmar que o dançarino teria abandonado o clube por ser gay. Alega, também, que teve suas fotos mostradas para o público e em rede nacional. De acordo com os autos, a emissora, em defesa, alegou que foi esclarecido, ainda no programa, que os dançarinos não seriam homossexuais, pois dançavam para mulheres e que o nome completo do autor não foi divulgado, bem como que não houve ofensas a ele. E ainda, o direito de informação, constitucionalmente garantido, não pode sofrer restrições, sob pena de se impor censura ao trabalho dos jornalistas e apresentadores. É o relatório. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Fundamentação À luz do Direito Constitucional, é sabido que nenhum princípio é absoluto, todos são dotados de relatividade, ou seja, toda vez em que há um confronto principiológico, analisa-se o caso concreto, e os princípios envolvidos são cotejados para ver qual irá prevalecer naquela situação. De fato, é assim que deve ocorrer no que tange à violação de intimidade sofrida por Carlos Alberto Prata em confronto com o direito à informação. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Não há dúvida de o Autor ter sofrido tal violação, porque sua imagem foi exposta em rede nacional e também a ela associada sua suposta opção sexual como causadora da exclusão de sua participação no “clube das mulheres”. Além disso, em momento algum, Carlos autorizou tal exibição e afirmou ter-se sentido constrangido em razão da exposição de que foi vítima: foi intitulado gay perante toda sociedade. Acrescente-se que o fato alegado pela emissora de não haver revelado o seu nome e apenas a sua imagem em nada ameniza ou descaracteriza o desrespeito à pessoa de Carlos, já que esta bastou para identificá-lo e expô-lo à execração pública. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Apesar de o confronto principiológico ser um tema bem controverso, é pacificada a prática de se adotar a ponderação de tais princípios constitucionais e avaliar qual prevalecerá de acordo com cada caso. Nesse sentido, a Senhora Ministra Ellen Grace no RE 389.096-AgR /SP votou: “Enquanto o artigo 5º, X da Constituição Federal, garante a inviolabilidade da vida privada, da honra e imagem das pessoas, o artigo 220 veda qualquer restrição à manifestação de pensamento, à criação, à expressão e à informação, sob qualquer forma. Regra completada pelo artigo 1º da Lei nº 5.250/67, que diz ser “livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo, cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometem”. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA “Para saber onde começa o direito de um e termina o do outro, buscando o equilíbrio, impõe-se a análise dos fatos e da prova, que permitirá concluir-se pela existência ou não do abuso a que se refere o legislador, tendo-se presentes os efeitos deletérios de uma notícia equivocada, sobretudo se publicada em jornal ou revista de grande circulação.” (Fls. 974-980) Assim sendo, diante do confronto entre a inviolabilidade de imagem, honra, privacidade e intimidade, prevista no Art. 5ª, X da Carta Magna e o Direito à informação, contido no mesmo artigo, inciso IX, ambos deverão ser postos em uma “balança” e ponderados. Em que pese o direito à informação prevalecer com base no interesse público, o que se vê é um interesse do público a que se destina o programa, em simplesmente saber da vida alheia. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Em contrapartida, não se pode negar que a Lei da Imprensa, respaldada no Art. 5°, IX prima pela preponderância da informação perante a sociedade e tem como escopo a busca do interesse público. Irrefutável, porém, é a prova de que, ao ser questionada a sexualidade do autor, o interesse público à informação descaracterizou-se, passando a ser mera fofoca, não devendo ter relevância no que tange à sua ponderação e prevalência. Assim, mostra-se evidente a decisão a ser tomada em 1º grau, no sentido de acolher o pedido do autor quanto à indenização por danos morais sofridos pela divulgação e questionamento de sua sexualidade, não só como forma de ter alcançada a justiça, mas também no sentido de impedir que ações como essas se repitam e reforcem o preconceito e constrangimento. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Conclusão Em face do exposto, opina-se que deva ser acolhido o pedido do autor em ser indenizado por danos morais decorrentes de violação de privacidade e intimidade. É o parecer XXXXXXXXXXXXXX 12/11/2009 Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Informações sobre a EMENTA: Em um parecer técnico-jurídico, a ementa é um texto informativo, que visa apenas ao entendimento do caso concreto, numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os nexos de referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto. Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a elaboração da fundamentação; são um verdadeiro fio condutor das idéias a serem discutidas na parte argumentativa do documento. A ementa deste tipo de parecer não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no máximo, oito linhas. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-jurídico deve conter frases nominais e palavras-chave. Eis dois exemplos de ementa sobre a possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a defendê-lo: Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – direito fundamental à vida – preservação de valores morais – observância estrita da norma jurídica – segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – dignidade da pessoa humana – ponderação de interesses – razoabilidade – prejuízos psicológicos para a mãe – desatualização da norma jurídica – Parecer favorável à autorização do aborto. Observe uma ementa que não segue as orientações indicadas: Separaçãode corpos. A autora afastou-se do lar. Fumus boni juris. Periculum in mora. Impossibilidade de convivência. Liminar. Alcoolismo. Art. 888, VI do CPC. Art. 223 do CC. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Questão Identifique todos os problemas observados na ementa anterior e, em seguida, reescreva-a de acordo com as orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua ementa os princípios do Direito aplicáveis. Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
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