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CCJ0052-WL-B-AMMA-04-Parecer Técnico-jurídico Ementa-01

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TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Aula 4- Parecer técnico - jurídico: ementa. 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Semana 4 
Objetivos 
Conhecer a estrutura de um parecer técnico-jurídico; 
Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer; 
Reconhecer as características da ementa do Parecer. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Estrutura do conteúdo: 
•Estrutura do parecer 
•Características da ementa 
•Estrutura da ementa 
•Conteúdo da ementa 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
1- Retomada do conteúdo da aula anterior, a fim de esclarecer 
dúvida de uma aluna sobre as razões de as Testemunhas de 
Jeová recusarem-se a receber sangue. Para tal, iremos assistir a 
um vídeo do youtube que nos apresenta esse motivo. 
http://www.youtube.com/watch?v=C9-Qa1qkLH8 
2- Sugiro, após terem assistido ao vídeo, que produzam breve 
texto,em defesa do direito de recusa à transfusão das 
Testemunhas de Jeová. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Apresento-lhes uma possibilidade de escritura de breve texto 
argumentativo: 
 Estudos científicos demonstram que há fórmulas de o 
organismo produzir sangue desde que adotados os procedimentos 
necessários. Essa prática pode substituir a transfusão, evitando- 
se, ainda, a possibilidade de se adquirir doenças transmitidas 
pelo sangue transfundido. 
 Tal constatação fragiliza a tese de a transfusão ser o 
único processo de se alimentar o organismo carente de sangue. 
Esclarecida a questão terapêutica, resta analisar a questão 
jurídica, em que se confrontam dois princípios: o direito à 
liberdade de religião e o direito à vida. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Observe-se que, conforme o doutrinador SCHREIBER (2011, 
p.52), 
 [...] a Constituição da República coloca a liberdade de 
religião e o direito à vida no mesmíssimo patamar. Aqui, como 
em outros campos, não pode o intérprete correr o risco de se 
agarrar à regra mais específica, esquecendo os princípios que lhe 
servem de fundamento de validade e que podem ser diretamente 
aplicados ao caso concreto. A vontade do paciente deve ser 
respeitada, porque assim determina a tutela da dignidade 
humana, valor fundamental do ordenamento jurídico brasileiro. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 De fato, o art. 5º da Constituição de 1988, expressa o 
direito à vida, juntamente com outros direitos, como a 
igualdade, a segurança, a propriedade, etc. Portanto, 
estabelecer que o direito à vida seja superior a outro direito não 
deriva de uma norma jurídica, mas de uma crença com base em 
convicções filosóficas ou médicas, como assegura SCHREIBER 
(2011, p.52). 
 Certamente, em um país laico como o nosso, não pode o 
julgador decidir se determinado preceito bíblico é válido e se 
pode ser desobedecido. Para aquele que tem fé, ir de encontro 
às suas crenças e viver com a mácula de ter transgredido os 
dogmas da sua religião pode significar a morte em vida. 
 Assim, deve-se respeitar o direito à vida, mas à vida digna, 
sem impor a qualquer pessoa que abdique de suas crenças e se 
submeta a práticas que violentam suas concepções religiosas. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Leitura de um Parecer Jurídico 
5ª Câmara Cível 
Ação: Inventário 
Agravo de Instrumento nº 1.948/94 
Agravante: ERCS 
Agravado: Juízo da 9ª Vara de Órfãos e Sucessões 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 EMENTA 
 Testamento. Herdeiro universal. Existência de um único bem 
a inventariar, sendo imóvel gravado com cláusula de 
inalienabilidade,impenhorabilidade(até50anos)e 
incomunicabilidade (vitalícia). Herdeiro instituído portador do 
vírus da AIDS, com doença em estágio avançado. Possibilidade de 
autorização para alienação do bem, depositando-se o produto da 
venda em caderneta de poupança, liberando-se os valores 
gradativamente para custeio do tratamento. Inteligência do art. 
1.676 do Código Civil. Atendimento à real vontade da testadora. 
Interpretação sistemática dos dispositivos aplicáveis à espécie. 
Provimento do recurso. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 I - Fatos 
 1- O agravante constitui-se no único herdeiro, instituído por 
testamento, de ICC, tomando parte do inventário tão-somente 
um bem imóvel, gravado com cláusula de inalienabilidade e 
impenhorabilidade temporária (até que o herdeiro atingisse 50 
anos), assim como incomunicabilidade vitalícia. 
 2- Em sendo, o agravante, portador do vírus da AIDS e 
estando, já a esta altura,' comprovadamente em precário estado 
de saúde, ocasionado pelo reduzido nível de resistência do seu 
sistema imunológico, postulou autorização para venda do bem 
inventariado, com o fito exclusivo de possibilitar a continuidade 
do seu tratamento. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 3- O órgão julgador de primeiro grau indeferiu a pretensão 
do agravante, ao argumento de que o art. 1676 do Código Civil 
eiva de nulidade qualquer ato judicial que intente dispensar a 
cláusula de inalienabilidade, conquanto lamentasse, a ilustre 
julgadora, o estado de saúde do herdeiro. 
 4-O primeiro membro do órgão do Ministério Público a quo a 
se pronunciar no feito opinou pelo deferimento do pedido 
formulado pela ora agravante. Já o segundo membro do 
“parquet” a manifestar-se nos autos, após juízo de retratação, 
alinhou-se com o entendimento da Julgadora monocrática. 
 5- Mantida a decisão, sobem os autos a esta Egrégia Câmara 
para reapreciação da matéria em comento. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 FUNDAMENTAÇÃO 
 6- Mais do que analisar, de forma isolada, um dispositivo do 
Código Civil, importa, para se determinar o verdadeiro alcance 
de uma norma Jurídica, encetar interpretações sistemáticas do 
texto legislativo sob exame. 
 7- As interpretações fornecidas pela ilustre julgadora de 
primeiro grau, membro do Ministério Público que oficiou nos 
autos, pecam por concentrar a análise da questão em um único 
dispositivo legal. 
 8- Ao pretender vasculhar os preceitos aplicáveis ao caso 
concreto, o aplicador do Direito deve mais do que se ater à 
literalidade do texto em análise, atender à procura da mens 
legis, situar os dispositivos em uma estrutura de significações e, 
enfim, adequar sua compreensão às novas valorações sociais 
exsurgidas. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 9- Mais que tudo isso, é a própria Lei de Introdução ao 
Código Civil, no seu artigo 5º, que fornece a diretriz a ser 
aplicada pelo julgador na interpretação da norma legal, 
 ''Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que 
ela se dirige e às exigências do bem comum. " 
 10- Em se tratando de sucessão testamentária, impende 
investigar, precipuamente, a vontade do testador, buscando a 
sua essência, de forma a condicionar a interpretação das 
disposições testamentárias e adequar os preceitos legais 
incidentes à hipótese. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 11- Neste caso, a testadora; não possuindo herdeiros 
necessários, nomeou seu sobrinho, o ora agravante, então com 
apenas 13 anos, seu herdeiro universal, gravando os bens imóveis 
com já mencionadas cláusulas. Visava ela, concomitantemente; 
beneficiar o herdeiro instituído e protegê-lo, intentandogarantir-lhe teto seguro até idade madura de (50 anos), isolando- 
o das vicissitudes da vida moderna. 
 . 
 12- Não poderia a testadora imaginar jamais, àquela altura, 
que este terrível mal chamado AIDS iria apossar-se do herdeiro 
que, certamente com muito carinho, acabara de instituir, 
relegando-o a uma gradual e sofrida morte prematura. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 13- Decerto que a vontade da testadora não se coaduna com 
a atual situação do agravante: este, embora possua o domínio de 
um bem imóvel, não pode usá-lo e nem fruí-lo, eis que se 
encontra em constante tratamento de saúde, e, pior, não pode 
empregar o valor do patrimônio transmitido em prol da tentativa 
de prolongar sua existência. Ora, onde está a prevalência da 
vontade do testador, essencial no cumprimento das disposições 
testamentárias, diante destas circunstâncias?A interpretação da 
norma estaria levando em conta os fins sociais e as exigências do 
bem comum, a que ela se destina? 
 14- Nem a doutrina, nem a jurisprudência e nem o legislador 
permaneceram estancados no tempo, logrando a evolução 
interpretativa adequar o dispositivo contido no art. 1.676 do 
Código Civil às novas facetas da vida, abrandando o seu rigor. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 15- De fato, já em 1944, através do Decreto-lei n° 6777, 
permitiu-se a alienação de imóveis gravados, substituindo-os por 
outros imóveis ou títulos da dívida pública, permanecendo sobre 
estes os gravames. 
 16- Nesta linha, os doutrinadores, assim como os tribunais, 
passaram a admitir a alienação do bem gravado, com 
autorização judicial, por necessidade ou conveniência manifesta 
do titular, ocorrendo a sub-rogação em outro bem. 
 17- No caso em tela, nada impede que o produto da venda 
seja depositado em caderneta de poupança à disposição do 
juízo, utilizando-se o seu saldo no custeio do tratamento do 
agravante. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 18- Argumenta-se, para sustentar o entendimento contrário, 
que o bem substituto (valor depositado em poupança) iria, pouco 
a pouco, se esgotando, acabando por exercer o herdeiro poder 
de disposição sobre o imóvel herdado, justamente o que 
pretendeu vedar a testadora e assegurar o preceito do Código 
Civil. 
 19- O que se verifica, contudo, é que relegar o herdeiro à 
morte, enquanto o bem recebido permanece absolutamente 
inóxio, pois sequer rende frutos, isso sim significa afrontar a 
vontade da testadora e o próprio alcance teleológico da lei, 
desfigurando, por completo, o próprio ato de liberalidade 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 20- Vale mencionar, neste sentido, trecho de acórdão 
unânime proferido pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça 
do Rio de Janeiro no agravo em que foi relator o Desembargador 
Laerson Mauro: 
 "-Se pela imposição das cláusulas de inalienabilidade, 
incomunicabilidade e impenhorabilidade vitalícia sobre bens de 
herança, da legítima como da disponível, abrangendo não só o 
principal como os frutos e rendimentos, a liberalidade perder 
toda a sua utilidade, chegando mesmo a descaracteriza-se 
jurídica e economicamente, é imperioso que se apliquem tantas 
regras exegéticas quantas caibam na espécie, para evitar-se a 
inocuidade da deixa, preservando, assim, à herdeira algum 
beneficio em vida. Agravo provido." 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 21- Desta forma, deve o único bem inventariado, conquanto 
gravadocomascláusulasde,inalienabilidadee 
incomunicabilidade, ser alienado, conforme requerido, 
depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança à 
disposição do juízo, a fim de que libere gradativamente as 
quantias necessárias ao tratamento de saúde do herdeiro 
universal, posição esta que se afina com o mais atual 
entendimento doutrinário e jurisprudencial, intentando, ainda, 
alcançar o verdadeiro fim dos dispositivos aplicáveis à espécie 
(atender à vontade do testador, e, ao mesmo tempo, atender 
aos fins sociais compreendidos no caso em exame), 
interpretando-os sistematicamente. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 II- Conclusão 
 Assim, opina o Ministério Público pela reforma da 
decisão a quo, permitindo-se a alienação do bem gravado, 
atendidas as exigências contidas no item 20 supra. 
É o parecer. 
Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 
1995 
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro 
 Procurador de Justiça 
 CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro, A atuação do Ministério Público 
na Área Cível: Temas diversos. 2.ed.Rio de Janeiro: Lumen Juris LTDA. 2001, 
pp. 245,246,247,248. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Parecer técnico-jurídico 
 O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, 
redigida por autoridade competente, que emite uma opinião 
sobre o assunto consultado. Deve estar devidamente 
fundamentada, a fim de produzir credibilidade e, 
consequentemente, o convencimento sobre a pertinência da 
opinião expressa. 
 
 A forma de um parecer técnico- jurídico: 
 Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal 
para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, 
VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 
8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 
43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os 
fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter 
fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do 
advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.) 
 
 Elementos do parecer técnico- jurídico: 
 1 - Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito 
linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato jurídico e 
apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e 
circunstâncias analisados e do ponto de vista defendido pelo 
parecerista. 
 2 - Relatório: é a narração da história processual, marcada 
pela isenção. Apresenta a narração dos fatos importantes e as 
circunstâncias em que estes ocorreram Isso possibilita uma 
transição lógica e coerente para a fundamentação. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 3- Fundamentação: argumentação baseada em sustentação 
principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como 
em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, 
moral, costumes, etc), técnicas argumentativas e estratégias 
discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista 
defendido quanto ao assunto da consulta. 
 4 - Conclusão: fecho do parecer. O parecerista apresenta 
uma proposta ou sugestão para a solução do caso concreto 
analisado. 
 5 - Parte Autenticativa: tendo em vista a responsabilidade 
civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número 
da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de 
quem o emite. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Identificação e análise das partes de um Parecer técnico- 
formal em peça produzida por um aluno da disciplina de 
Teoria e Prática da Redação jurídica. 
 Ementa: 
 AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL -- Dançarino e 
modelo intitulado como gay em programa de TV -- Fotos 
mostradas em rede nacional. Violação de intimidade e 
privacidade -- Alegação do réu de prevalência do Direito à 
informação-- Confronto de princípios Constitucionais. 
Preponderância e inteligência no Art. 5°, inciso X, CRFB/88 -- 
Parecer favorável à indenização. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Relatório 
 Trata-se de ação de indenização por dano moral 
proposta por Carlos Alberto Prata, modelo e dançarino; contra a 
emissora de televisão Rede LM, por considerar ter havido 
violação de sua intimidade e privacidade. O fato ocorreu no 
programa da emissora, “Superbom”, que apresentou uma 
matéria sobre o clube das mulheres, em fevereiro de 2006. 
 Segundo Carlos Alberto, sua privacidade e intimidade 
foram violadas a partir do momento em que, ao ter exposta a 
matéria no programa apresentado por Carla Couto, fora chamado 
de gay. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Ainda de acordo com o modelo, durante o quadro, foram 
entrevistados o apresentador, o diretor e outros convidados do 
“clube” e o tema homossexualidade entre os dançarinos foi 
abordado, de forma a afirmar que o dançarino teria abandonado 
o clube por ser gay. Alega, também, que teve suas fotos 
mostradas para o público e em rede nacional. 
 De acordo com os autos, a emissora, em defesa, alegou que 
foi esclarecido, ainda no programa, que os dançarinos não 
seriam homossexuais, pois dançavam para mulheres e que o 
nome completo do autor não foi divulgado, bem como que não 
houve ofensas a ele. E ainda, o direito de informação, 
constitucionalmente garantido, não pode sofrer restrições, sob 
pena de se impor censura ao trabalho dos jornalistas e 
apresentadores. 
 É o relatório. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Fundamentação 
 À luz do Direito Constitucional, é sabido que nenhum 
princípio é absoluto, todos são dotados de relatividade, ou seja, 
toda vez em que há um confronto principiológico, analisa-se o 
caso concreto, e os princípios envolvidos são cotejados para ver 
qual irá prevalecer naquela situação. De fato, é assim que deve 
ocorrer no que tange à violação de intimidade sofrida por Carlos 
Alberto Prata em confronto com o direito à informação. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Não há dúvida de o Autor ter sofrido tal violação, 
porque sua imagem foi exposta em rede nacional e também a ela 
associada sua suposta opção sexual como causadora da exclusão 
de sua participação no “clube das mulheres”. Além disso, em 
momento algum, Carlos autorizou tal exibição e afirmou ter-se 
sentido constrangido em razão da exposição de que foi vítima: 
foi intitulado gay perante toda sociedade. Acrescente-se que o 
fato alegado pela emissora de não haver revelado o seu nome e 
apenas a sua imagem em nada ameniza ou descaracteriza o 
desrespeito à pessoa de Carlos, já que esta bastou para 
identificá-lo e expô-lo à execração pública. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Apesar de o confronto principiológico ser um tema bem 
controverso, é pacificada a prática de se adotar a ponderação de 
tais princípios constitucionais e avaliar qual prevalecerá de 
acordo com cada caso. Nesse sentido, a Senhora Ministra Ellen 
Grace no RE 389.096-AgR /SP votou: 
 “Enquanto o artigo 5º, X da Constituição Federal, 
garante a inviolabilidade da vida privada, da honra e 
imagem das pessoas, o artigo 220 veda qualquer restrição à 
manifestação de pensamento, à criação, à expressão e à 
informação, sob qualquer forma. Regra completada pelo 
artigo 1º da Lei nº 5.250/67, que diz ser “livre a 
manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a 
difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem 
dependência de censura, respondendo, cada um, nos termos 
da lei, pelos abusos que cometem”. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 “Para saber onde começa o direito de um e termina o do 
outro, buscando o equilíbrio, impõe-se a análise dos fatos e 
da prova, que permitirá concluir-se pela existência ou não do 
abuso a que se refere o legislador, tendo-se presentes os 
efeitos deletérios de uma notícia equivocada, sobretudo se 
publicada em jornal ou revista de grande circulação.” (Fls. 
974-980) 
 Assim sendo, diante do confronto entre a inviolabilidade de 
imagem, honra, privacidade e intimidade, prevista no Art. 5ª, X 
da Carta Magna e o Direito à informação, contido no mesmo 
artigo, inciso IX, ambos deverão ser postos em uma “balança” e 
ponderados. Em que pese o direito à informação prevalecer com 
base no interesse público, o que se vê é um interesse do público 
a que se destina o programa, em simplesmente saber da vida 
alheia. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Em contrapartida, não se pode negar que a Lei da Imprensa, 
respaldada no Art. 5°, IX prima pela preponderância da 
informação perante a sociedade e tem como escopo a busca do 
interesse público. Irrefutável, porém, é a prova de que, ao ser 
questionada a sexualidade do autor, o interesse público à 
informação descaracterizou-se, passando a ser mera fofoca, não 
devendo ter relevância no que tange à sua ponderação e 
prevalência. 
 Assim, mostra-se evidente a decisão a ser tomada em 1º grau, 
no sentido de acolher o pedido do autor quanto à indenização 
por danos morais sofridos pela divulgação e questionamento de 
sua sexualidade, não só como forma de ter alcançada a justiça, 
mas também no sentido de impedir que ações como essas se 
repitam e reforcem o preconceito e constrangimento. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Conclusão 
 Em face do exposto, opina-se que deva ser acolhido o pedido 
do autor em ser indenizado por danos morais decorrentes de 
violação de privacidade e intimidade. 
É o parecer 
XXXXXXXXXXXXXX 
 12/11/2009 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Informações sobre a EMENTA: 
Em um parecer técnico-jurídico, a ementa é um texto 
informativo, que visa apenas ao entendimento do caso concreto, 
numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente 
o fato gerador do conflito, os nexos de referência (três a cinco) e 
o entendimento do caso concreto. 
Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio 
para a elaboração da fundamentação; são um verdadeiro fio 
condutor das idéias a serem discutidas na parte argumentativa 
do documento. 
A ementa deste tipo de parecer não pode apresentar verbos; 
deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no 
máximo, oito linhas. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois 
a ementa do Parecer técnico-jurídico deve conter frases 
nominais e palavras-chave. Eis dois exemplos de ementa sobre a 
possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A 
primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a 
segunda a defendê-lo: 
 
 Ementa 
 INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – direito 
fundamental à vida – preservação de valores morais – 
observância estrita da norma jurídica – segurança jurídica - 
Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto. 
 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Ementa 
 INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – dignidade da 
pessoa humana – ponderação de interesses – razoabilidade – 
prejuízos psicológicos para a mãe – desatualização da norma 
jurídica – Parecer favorável à autorização do aborto. 
 Observe uma ementa que não segue as orientações 
indicadas: 
 Separaçãode corpos. A autora afastou-se do lar. Fumus boni 
juris. Periculum in mora. Impossibilidade de convivência. 
Liminar. Alcoolismo. Art. 888, VI do CPC. Art. 223 do CC. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4 
 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
 Questão 
 Identifique todos os problemas observados na ementa 
anterior e, em seguida, reescreva-a de acordo com as 
orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire 
informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua ementa 
os princípios do Direito aplicáveis. 
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4

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