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A2 - Arquitetura e Prevenção ao Crime

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DISCIPLINA: 
ARQUITETURA E PREVENÇÃO 
DO CRIME 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Marcelo Trevisan Karpinski 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O conteúdo desta aula é sobre a prevenção do crime e a importância de 
compreender as causas do crime para combatê-lo. Vamos estudar sobre a 
Escola de Chicago, relacionando a vida em comunidade com a violência, bem 
como a relação entre espaço e crime. Além disso, serão alvos da nossa 
abordagem os projetos Crime Prevention Through Environmental Design 
(CPTED) e Defensible Space. 
 
TEMA 1 – CAUSAS QUE DESENCADEIAM O CRIME 
A prevenção é o melhor combate ao crime. Antes de nos propormos a 
combatê-lo, temos que conhecer algumas de suas causas. Com esse 
conhecimento poderemos mover esforços focados na fonte dos problemas sem 
investimentos desnecessários. Com isso, o conhecimento teórico antecederá 
bons resultados. 
Estudiosos nos contam que é possível dividir as abordagens causais do 
crime em: biológicas, psicológicas, sociológicas e situacionais. 
Na década de 1930, a Escola de Chicago procurou relacionar a vida em 
comunidade com a violência, assim como a relação entre espaço e crime, 
surgindo as chamadas análises ecológicas do crime. Com a Ecologia do Crime 
estamos falando sobre o estudo das áreas onde ocorrem mais crimes. Segundo 
Cruz e Sá (2013, p. 119), citando Beato: 
 
Os modelos ecológicos recentes de geração do crime buscam a 
compreensão da natureza multifacetada da violência e a identificação 
dos fatores que influenciam o comportamento, aumentando o risco de 
se cometer ou ser vítima de violência. Desta forma, tentam responder 
por que algumas localidades têm altas taxas de criminalidades? 
 
TEMA 2 – A TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL 
De acordo com Cruz e Sá (2013), essa teoria foi idealizada, na cidade de 
Chicago, por Clifford Shaw e Henry McKay, na década de 1920, e influencia 
trabalhos até os dias atuais. Para Shaw e McKay, citados por Sampaio (2007, p. 
26), 
a desorganização social refere-se à incapacidade das comunidades 
locais de fazer com que os seus moradores assumam valores comuns 
ou equacionem problemas comuns. Assim, a organização social de 
uma determinada comunidade depende do envolvimento da maior 
parte dos membros que a compõem em relação aos problemas 
públicos ali identificados .... 
 
 
 
3 
Os pesquisadores frisam que devemos levar em conta, para minorar os 
problemas de desordem, a importância da família, da Igreja, da escola e das 
instituições que agregam valores à comunidade local, proporcionando a 
socialização das pessoas. 
Também lecionando sobre a desordem social, Farias (2005, p. 92) nos 
ensina que “O urbanismo se caracteriza basicamente por quatro funções vitais: 
habitação, trabalho, circulação no espaço urbano e recreação do corpo e do 
espírito.” Depreendemos dessas funções que a qualidade de vida em uma 
cidade está associada ao equilíbrio entre elas; ao contrário, teremos a desordem 
ou desorganização social. 
Na década de 1960 aparecem críticas à Escola de Sociologia de Chicago 
e à Teoria da Desorganização Social. Segundo pesquisadores, a única 
conclusão que pode ser apontada, ainda com certa ressalva, é de que a 
delinquência tende a aglomerar-se em áreas comuns, com características 
semelhantes, onde geralmente habitam as populações mais desprotegidas. 
 
TEMA 3 – BASES TEÓRICAS DO ESPAÇO E DA SEGURANÇA 
 Jacobs, em 1960. 
 Lynch, em 1960. 
 Gordon Cullen, em 1961. 
 Angel, em 1968. 
 Bill Hillier, em 1970. 
 
Esses pesquisadores prepararam as bases teóricas para que o urbanismo 
e a criminologia unissem esforços no combate ao crime, entretanto, conforme 
argumenta Sampaio (2007, p. 29), “... foi com duas abordagens distintas da 
investigação nesta área disciplinar que elementos específicos do desenho 
urbano foram associados a uma redução da criminalidade: Crime Prevention 
Through Environmental Design – (Jeffery, 1971) e Defensible Space – (Newman, 
1972).” 
 
TEMA 4 – CRIME PREVENTION THROUGH ENVIRONMENTAL DESIGN 
Criado pelo pesquisador Ray Jeffery, em 1971, esse conceito contém dois 
elementos importantes, no que diz respeito à prevenção criminal, o lugar onde 
ocorre o delito e a pessoa que o pratica. Com esses dois elementos Jeffery nos 
 
 
4 
conduz a refletir que o homem é produto do meio onde vive e que é necessário 
estudar as características do meio para entender como o crime ocorre. 
Por seu turno, o conceito de Defensible Space, espaço defensável em 
português, remete à ideia de que a responsabilidade de prevenção do crime 
também depende das pessoas interessadas e não somente da polícia e do 
Estado. É importante criar mecanismos para coibir a ação de criminosos. 
Os criminosos não são influenciados apenas pelo meio urbano em que 
estão inseridos, mas também pelas oportunidades – como sua mobilidade e 
mapas mentais do local – e, claro, pela distribuição das vítimas em potencial 
(Sampaio, 2007). Essa ideia parte da criminologia ambiental de Paul 
Brantingham e Patricia Brantingham, citados por Sampaio (2007, p. 32), que 
esclarecem que “Para a criminologia ambiental, o evento criminal é definido 
como tendo cinco dimensões: espaço, tempo, lei, ofensor, alvo ou vítima. Sendo 
estas cinco componentes uma condição necessária e suficiente, a existência de 
apenas quatro componentes não constitui um incidente criminoso.” 
A 2ª geração do CPTED trouxe não só a determinação em diminuir as 
oportunidades de cometimento de crimes pelos delinquentes, mas também a 
adequação do espaço para servir à comunidade de maneira que as pessoas 
possam frequentar os ambientes públicos, melhorando as ruas, parques, 
edifícios; enfim, as cidades para o uso dos cidadãos. 
 
TEMA 5 – SEIS PRINCÍPIOS DO CPTED 
Para alcançar os objetivos, o CPTED utiliza seis princípios, elencados por 
Moffat, citado por Sampaio (2007, p. 34): 
 
(i) a territorialidade, que é baseada na suposição de que os indivíduos 
protegem os locais que consideram seus e possuem e desenvolvem 
respeito pelo território de outros, é um conceito dirigido ao reforço de 
noções de propriedade e de um “sentido de posse” nos legítimos 
utilizadores do espaço. Deste modo, reduzem-se as possibilidades 
para cometer um crime, desencorajando utilizadores ilegítimos. Esta 
estratégia inclui o uso de barreiras simbólicas (e.g., símbolos) e 
barreiras reais (e.g., cercas ou projetos que claramente definem e 
delineiam espaços privados dos espaços públicos) (Crowe, 2000); 
 
(ii) a vigilância natural, que limita a possibilidade da ocorrência de um 
crime, através de iniciativas que incrementam a percepção de que um 
indivíduo pode ser visto. Se os ofensores se apercebem que podem 
ser observados, a ofensa poderá ser menos provável, dado o aumento 
potencial de uma intervenção ou apreensão (Painter & Tilley, 1999). A 
vigilância ocorre através da colocação de características físicas e de 
indivíduos, de forma a maximizar a visibilidade e a interação social 
entre os habitantes de um espaço privado ou público; 
 
 
5 
 
(iii) o controlo de acesso, que limita a ocorrência de um crime, através 
de um acesso bloqueado a potenciais alvos, e criando uma percepção 
de risco elevado para os ofensores; 
 
(iv) a manutenção, e uma imagem positiva do ambiente construído, 
assegura que este ambiente continue a funcionar eficazmente e a 
transmitir sinais positivos a todos os cidadãos (Eck, 1997). O 
significado da manutenção e imagem do ambiente construído e do 
efeito que isto pode ter no crime e no sentimento de insegurança têm 
sido reconhecidos (Lynch, 1960) e alcançaram novos contornos 
através da teoria “Broken Windows” de Wilson e Kelling(1982). Esta 
tese sugere que se pode esperar uma determinada sequência de 
eventos, na deterioração de uma zona: a evidência de deterioração 
(e.g., janelas quebradas, lixo acumulado, exteriores de edifícios 
deteriorados) em certas zonas, que permaneçam durante um longo 
período de tempo, causa uma maior vulnerabilidade nos indivíduos que 
aí vivem ou trabalham. Estes indivíduos tornam-se menos interventivos 
na manutenção da ordem pública e na reabilitação do espaço 
deteriorado. Como resposta, intensificam-se atividades de vandalismo 
e o local transforma-se num espaço vulnerável, colocando os 
residentes numa situação de medo. Segundo Crowe (2000), o espaço 
urbano pode afetar a criminalidade, mas é também a gestão e a 
manutenção desse espaço que pode [sic] influenciar o crime e os 
sentimentos de insegurança. Deste modo, a manutenção é uma 
expressão de propriedade. A deterioração indica menos controlo e uma 
maior tolerância à desordem; 
 
(v) suporte de atividades, que envolve o incentivar de padrões de 
atividades no uso do espaço público. Crowe (2000) nota que esta 
geração de atividades procura colocar inerentes atividades “inseguras” 
(e.g., levantamentos de dinheiro) em locais “seguros” (e.g., locais com 
elevado índice de atividades e de oportunidades de vigilância). 
Similarmente, atividades “seguras” servem de atração para que os 
cidadãos possam agir para bloquear a presença de criminosos; 
 
(vi) reforço do alvo, que aumenta o esforço do ofensor para cometer 
um crime. O reforço do alvo é a abordagem mais tradicional à 
prevenção do crime. Focaliza-se em negar ou limitar o acesso a um 
alvo pelo uso de barreiras físicas, tais como cercas, portas, fechaduras, 
alarmes eletrônicos, etc. Crucialmente, o uso excessivo desta 
estratégia pode criar uma “sociedade fortaleza”, por meio de que os 
cidadãos se coloquem por trás destas barreiras físicas, e a capacidade 
de autopatrulhamento do ambiente construído é prejudicada, indo 
contra às estratégias do CPTED que se baseiam sobretudo na 
vigilância natural, na territorialidade, na manutenção e controle de 
acesso (Cozens, 2002). (Grifo nosso) 
 
NA PRÁTICA 
Observe a vizinhança de seu bairro: ruas, calçadas, praças, parques, etc. 
Faça anotações simples. Com esta atividade prática treine seu olhar crítico-
profissional, depois enumere soluções para melhorar a qualidade de vida das 
pessoas que necessitam utilizar esses ambientes. Leve em consideração os seis 
princípios do CPTED e o que foi visto em relação à sua 2ª geração. 
 
 
 
6 
SÍNTESE 
Neste segundo encontro procuramos ressaltar algumas das causas que 
desencadeiam o crime, frisando que a prevenção é a melhor forma de combatê-
lo. Vimos que estudiosos nos contam que é possível dividir as abordagens do 
crime em: biológicas, psicológicas, sociológicas e situacionais. 
Por sua vez, a Escola de Chicago relacionou a vida em comunidade com 
a violência, assim como a relação entre espaço e crime, surgindo a Ecologia do 
Crime. 
Finalmente, a Teoria da Desorganização Social e as bases teóricas para 
que o urbanismo e a criminologia unissem esforços no combate ao crime nos 
conduziram ao Crime Prevention Through Environmental Design e ao Defensible 
Space. 
 
REFERÊNCIAS 
CRUZ, L. M.; Sá, A. J. Aportes metodológicos ao estudo do crime e 
da violência no espaço urbano. Disponível em: 
<http://www.revista.ufpe.br/revistageografia/index.php/revista/article/viewFile/80
2/523>. Acesso em: 27 jun. 2016. 
FARIAS, P. J. L. Respeito às funções urbanísticas e a prevenção da 
criminalidade urbana: uma visão integrada à luz da Escola de Chicago. 
Disponível em: <http://boletimcientifico.escola.mpu.mp.br/boletins/boletim-
cientifico-n.-16-2013-julho-setembro-de-2005/respeito-as-funcoes-urbanisticas-
e-a-prevencao-da-criminalidade-urbana-uma-visao-integrada-a-luz-da-escola-
de-chicago>. Acesso em: 27 jun. 2016. 
SAMPAIO, Á. M. do C. G. O. Design against crime: prevenção 
situacional do crime em espaço urbano. Disponível em: 
<http://ria.ua.pt/bitstream/10773/1145/1/2008001300.pdf>. Acesso em: 08 jun. 
2016.

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