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CCJ0052-WL-D-AMMA-04-Parecer Técnico-jurídico Ementa-01

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TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Aula 4- Parecer técnico - jurídico: ementa.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Semana 4
Objetivos
Conhecer a estrutura de um parecer técnico-jurídico;
Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer;
Reconhecer as características da ementa do Parecer. 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Estrutura do conteúdo:
• Estrutura do parecer
• Características da ementa
• Estrutura da ementa
• Conteúdo da ementa
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
1- Retomada do conteúdo da aula anterior, a fim de esclarecer
dúvida de uma aluna sobre as razões de as Testemunhas de
Jeová recusarem-se a receber sangue. Para tal, iremos assistir a
um vídeo do youtube que nos apresenta esse motivo.
http://www.youtube.com/watch?v=C9-Qa1qkLH8
2- Sugiro, após terem assistido ao vídeo, que produzam breve
texto, em defesa do direito de recusa à transfusão das
Testemunhas de Jeová.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Apresento-lhes uma possibilidade de escritura de breve
texto argumentativo:
Estudos científicos demonstram que há fórmulas de o
organismo produzir sangue desde que adotados os procedimentos
necessários. Essa prática pode substituir a transfusão, evitando-
se, ainda, a possibilidade de se adquirir doenças transmitidas
pelo sangue transfundido.
Tal constatação fragiliza a tese de a transfusão ser o
único processo de se alimentar o organismo carente de sangue.
Esclarecida a questão terapêutica, resta analisar a questão
jurídica, em que se confrontam dois princípios: o direito à
liberdade de religião e o direito à vida.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Observe-se que, conforme o doutrinador SCHREIBER (2011,
p.52),
[...] a Constituição da República coloca a liberdade de
religião e o direito à vida no mesmíssimo patamar. Aqui, como
em outros campos, não pode o intérprete correr o risco de se
agarrar à regra mais específica, esquecendo os princípios que
lhe servem de fundamento de validade e que podem ser
diretamente aplicados ao caso concreto. A vontade do paciente
deve ser respeitada, porque assim determina a tutela da
dignidade humana, valor fundamental do ordenamento jurídico
brasileiro.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
De fato, o art. 5º da Constituição de 1988, expressa o
direito à vida, juntamente com outros direitos, como a
igualdade, a segurança, a propriedade, etc. Portanto,
estabelecer que o direito à vida seja superior a outro direito não
deriva de uma norma jurídica, mas de uma crença com base em
convicções filosóficas ou médicas, como assegura SCHREIBER
(2011, p.52).
Certamente, em um país laico como o nosso, não pode o
julgador decidir se determinado preceito bíblico é válido e se
pode ser desobedecido. Para aquele que tem fé, ir de encontro
às suas crenças e viver com a mácula de ter transgredido os
dogmas da sua religião pode significar a morte em vida.
Assim, deve-se respeitar o direito à vida, mas à vida digna,
sem impor a qualquer pessoa que abdique de suas crenças e se
submeta a práticas que violentam suas concepções religiosas.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Leitura de um Parecer Jurídico
5ª Câmara Cível
Ação: Inventário
Agravo de Instrumento nº 1.948/94
Agravante: ERCS
Agravado: Juízo da 9ª Vara de Órfãos e Sucessões
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
EMENTA
Testamento. Herdeiro universal. Existência de um único bem
a inventariar, sendo imóvel gravado com cláusula de
inalienabilidade, impenhorabilidade (até 50 anos) e
incomunicabilidade (vitalícia). Herdeiro instituído portador do
vírus da AIDS, com doença em estágio avançado. Possibilidade de
autorização para alienação do bem, depositando-se o produto da
venda em caderneta de poupança, liberando-se os valores
gradativamente para custeio do tratamento. Inteligência do art.
1.676 do Código Civil. Atendimento à real vontade da testadora.
Interpretação sistemática dos dispositivos aplicáveis à espécie.
Provimento do recurso.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
I - Fatos
1- O agravante constitui-se no único herdeiro, instituído por
testamento, de ICC, tomando parte do inventário tão-somente
um bem imóvel, gravado com cláusula de inalienabilidade e
impenhorabilidade temporária (até que o herdeiro atingisse 50
anos), assim como incomunicabilidade vitalícia.
2- Em sendo, o agravante, portador do vírus da AIDS e
estando, já a esta altura,' comprovadamente em precário estado
de saúde, ocasionado pelo reduzido nível de resistência do seu
sistema imunológico, postulou autorização para venda do bem
inventariado, com o fito exclusivo de possibilitar a continuidade
do seu tratamento.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
3- O órgão julgador de primeiro grau indeferiu a pretensão
do agravante, ao argumento de que o art. 1676 do Código Civil
eiva de nulidade qualquer ato judicial que intente dispensar a
cláusula de inalienabilidade, conquanto lamentasse, a ilustre
julgadora, o estado de saúde do herdeiro.
4-O primeiro membro do órgão do Ministério Público a quo a
se pronunciar no feito opinou pelo deferimento do pedido
formulado pela ora agravante. Já o segundo membro do
“parquet” a manifestar-se nos autos, após juízo de retratação,
alinhou-se com o entendimento da Julgadora monocrática.
5- Mantida a decisão, sobem os autos a esta Egrégia Câmara
para reapreciação da matéria em comento.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
FUNDAMENTAÇÃO
6- Mais do que analisar, de forma isolada, um dispositivo do
Código Civil, importa, para se determinar o verdadeiro alcance
de uma norma Jurídica, encetar interpretações sistemáticas do
texto legislativo sob exame.
7- As interpretações fornecidas pela ilustre julgadora de
primeiro grau, membro do Ministério Público que oficiou nos
autos, pecam por concentrar a análise da questão em um único
dispositivo legal.
8- Ao pretender vasculhar os preceitos aplicáveis ao caso
concreto, o aplicador do Direito deve mais do que se ater à
literalidade do texto em análise, atender à procura da mens
legis, situar os dispositivos em uma estrutura de significações e,
enfim, adequar sua compreensão às novas valorações sociais
exsurgidas.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
9- Mais que tudo isso, é a própria Lei de Introdução ao
Código Civil, no seu artigo 5º, que fornece a diretriz a ser
aplicada pelo julgador na interpretação da norma legal,
''Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
ela se dirige e às exigências do bem comum. "
10- Em se tratando de sucessão testamentária, impende
investigar, precipuamente, a vontade do testador, buscando a
sua essência, de forma a condicionar a interpretação das
disposições testamentárias e adequar os preceitos legais
incidentes à hipótese.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
11- Neste caso, a testadora; não possuindo herdeiros
necessários, nomeou seu sobrinho, o ora agravante, então com
apenas 13 anos, seu herdeiro universal, gravando os bens
imóveis com já mencionadas cláusulas. Visava ela,
concomitantemente; beneficiar o herdeiro instituído e protegê-
lo, intentando garantir-lhe teto seguro até idade madura de (50
anos), isolando-o das vicissitudes da vida moderna.
.
12- Não poderia a testadora imaginar jamais, àquela altura, que
este terrível mal chamado AIDS iriaapossar-se do herdeiro que,
certamente com muito carinho, acabara de instituir, relegando-o
a uma gradual e sofrida morte prematura.
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Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
13- Decerto que a vontade da testadora não se coaduna com
a atual situação do agravante: este, embora possua o domínio de
um bem imóvel, não pode usá-lo e nem fruí-lo, eis que se
encontra em constante tratamento de saúde, e, pior, não pode
empregar o valor do patrimônio transmitido em prol da tentativa
de prolongar sua existência. Ora, onde está a prevalência da
vontade do testador, essencial no cumprimento das disposições
testamentárias, diante destas circunstâncias?A interpretação da
norma estaria levando em conta os fins sociais e as exigências do
bem comum, a que ela se destina?
14- Nem a doutrina, nem a jurisprudência e nem o legislador
permaneceram estancados no tempo, logrando a evolução
interpretativa adequar o dispositivo contido no art. 1.676 do
Código Civil às novas facetas da vida, abrandando o seu rigor.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
15- De fato, já em 1944, através do Decreto-lei n° 6777,
permitiu-se a alienação de imóveis gravados, substituindo-os por
outros imóveis ou títulos da dívida pública, permanecendo sobre
estes os gravames.
16- Nesta linha, os doutrinadores, assim como os tribunais,
passaram a admitir a alienação do bem gravado, com
autorização judicial, por necessidade ou conveniência manifesta
do titular, ocorrendo a sub-rogação em outro bem.
17- No caso em tela, nada impede que o produto da venda
seja depositado em caderneta de poupança à disposição do
juízo, utilizando-se o seu saldo no custeio do tratamento do
agravante.
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Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
18- Argumenta-se, para sustentar o entendimento contrário,
que o bem substituto (valor depositado em poupança) iria, pouco
a pouco, se esgotando, acabando por exercer o herdeiro poder
de disposição sobre o imóvel herdado, justamente o que
pretendeu vedar a testadora e assegurar o preceito do Código
Civil.
19- O que se verifica, contudo, é que relegar o herdeiro à
morte, enquanto o bem recebido permanece absolutamente
inóxio, pois sequer rende frutos, isso sim significa afrontar a
vontade da testadora e o próprio alcance teleológico da lei,
desfigurando, por completo, o próprio ato de liberalidade
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Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
20- Vale mencionar, neste sentido, trecho de acórdão
unânime proferido pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro no agravo em que foi relator o Desembargador
Laerson Mauro:
"-Se pela imposição das cláusulas de inalienabilidade,
incomunicabilidade e impenhorabilidade vitalícia sobre bens de
herança, da legítima como da disponível, abrangendo não só o
principal como os frutos e rendimentos, a liberalidade perder
toda a sua utilidade, chegando mesmo a descaracteriza-se
jurídica e economicamente, é imperioso que se apliquem tantas
regras exegéticas quantas caibam na espécie, para evitar-se a
inocuidade da deixa, preservando, assim, à herdeira algum
beneficio em vida. Agravo provido."
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
21- Desta forma, deve o único bem inventariado, conquanto
gravado com as cláusulas de, inalienabilidade e
incomunicabilidade, ser alienado, conforme requerido,
depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança
à disposição do juízo, a fim de que libere gradativamente as
quantias necessárias ao tratamento de saúde do herdeiro
universal, posição esta que se afina com o mais atual
entendimento doutrinário e jurisprudencial, intentando, ainda,
alcançar o verdadeiro fim dos dispositivos aplicáveis à espécie
(atender à vontade do testador, e, ao mesmo tempo, atender
aos fins sociais compreendidos no caso em exame),
interpretando-os sistematicamente.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
II- Conclusão
Assim, opina o Ministério Público pela reforma da decisão a
quo, permitindo-se a alienação do bem gravado, atendidas as
exigências contidas no item 20 supra.
É o parecer.
Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1995
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro
Procurador de Justiça
CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro, A atuação do Ministério Público na Área
Cível: Temas diversos. 2.ed.Rio de Janeiro: Lumen Juris LTDA. 2001, pp.
245,246,247,248.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Parecer técnico-jurídico
O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio,
redigida por autoridade competente, que emite uma opinião
sobre o assunto consultado. Deve estar devidamente
fundamentada, a fim de produzir credibilidade e,
consequentemente, o convencimento sobre a pertinência da
opinião expressa.
A forma de um parecer técnico- jurídico:
Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal
para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129,
VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei
8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art.
43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os
fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter
fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do
advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.)
Elementos do parecer técnico- jurídico:
1 - Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito
linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato jurídico e
apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e
circunstâncias analisados e do ponto de vista defendido pelo
parecerista.
2 - Relatório: é a narração da história processual, marcada
pela isenção. Apresenta a narração dos fatos importantes e as
circunstâncias em que estes ocorreram Isso possibilita uma
transição lógica e coerente para a fundamentação.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
3- Fundamentação: argumentação baseada em sustentação
principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como
em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública,
família, moral, costumes, etc), técnicas argumentativas e
estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o
ponto de vista defendido quanto ao assunto da consulta.
4 - Conclusão: fecho do parecer. O parecerista apresenta
uma proposta ou sugestão para a solução do caso concreto
analisado.
5 - Parte Autenticativa: tendo em vista a responsabilidade
civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número
da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de
quem o emite.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Identificação e análise das partes de um Parecer técnico-
formal em peça produzida por um aluno da disciplina de
Teoria e Prática da Redação jurídica.
Ementa:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL -- Dançarino e
modelo intitulado como gay em programa de TV -- Fotos
mostradas em rede nacional. Violação de intimidade e
privacidade -- Alegação do réu de prevalência do Direito à
informação -- Confronto de princípios Constitucionais.
Preponderância e inteligência no Art. 5°, inciso X, CRFB/88 --
Parecer favorável à indenização.
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Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Relatório
Trata-se de ação de indenização por dano moral
proposta por Carlos Alberto Prata, modelo e dançarino; contra a
emissora de televisão Rede LM, por considerar ter havido
violação de sua intimidade e privacidade. O fato ocorreu no
programa da emissora, “Superbom”, que apresentouuma
matéria sobre o clube das mulheres, em fevereiro de 2006.
Segundo Carlos Alberto, sua privacidade e intimidade
foram violadas a partir do momento em que, ao ter exposta a
matéria no programa apresentado por Carla Couto, fora
chamado de gay.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Ainda de acordo com o modelo, durante o quadro, foram
entrevistados o apresentador, o diretor e outros convidados do
“clube” e o tema homossexualidade entre os dançarinos foi
abordado, de forma a afirmar que o dançarino teria abandonado
o clube por ser gay. Alega, também, que teve suas fotos
mostradas para o público e em rede nacional.
De acordo com os autos, a emissora, em defesa, alegou que
foi esclarecido, ainda no programa, que os dançarinos não
seriam homossexuais, pois dançavam para mulheres e que o
nome completo do autor não foi divulgado, bem como que não
houve ofensas a ele. E ainda, o direito de informação,
constitucionalmente garantido, não pode sofrer restrições, sob
pena de se impor censura ao trabalho dos jornalistas e
apresentadores.
É o relatório.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Fundamentação
À luz do Direito Constitucional, é sabido que nenhum
princípio é absoluto, todos são dotados de relatividade, ou seja,
toda vez em que há um confronto principiológico, analisa-se o
caso concreto, e os princípios envolvidos são cotejados para ver
qual irá prevalecer naquela situação. De fato, é assim que deve
ocorrer no que tange à violação de intimidade sofrida por Carlos
Alberto Prata em confronto com o direito à informação.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Não há dúvida de o Autor ter sofrido tal violação,
porque sua imagem foi exposta em rede nacional e também a
ela associada sua suposta opção sexual como causadora da
exclusão de sua participação no “clube das mulheres”. Além
disso, em momento algum, Carlos autorizou tal exibição e
afirmou ter-se sentido constrangido em razão da exposição de
que foi vítima: foi intitulado gay perante toda sociedade.
Acrescente-se que o fato alegado pela emissora de não haver
revelado o seu nome e apenas a sua imagem em nada ameniza
ou descaracteriza o desrespeito à pessoa de Carlos, já que esta
bastou para identificá-lo e expô-lo à execração pública.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Apesar de o confronto principiológico ser um tema bem
controverso, é pacificada a prática de se adotar a ponderação de
tais princípios constitucionais e avaliar qual prevalecerá de
acordo com cada caso. Nesse sentido, a Senhora Ministra Ellen
Grace no RE 389.096-AgR /SP votou:
“Enquanto o artigo 5º, X da Constituição Federal,
garante a inviolabilidade da vida privada, da honra e
imagem das pessoas, o artigo 220 veda qualquer restrição à
manifestação de pensamento, à criação, à expressão e à
informação, sob qualquer forma. Regra completada pelo
artigo 1º da Lei nº 5.250/67, que diz ser “livre a
manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a
difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem
dependência de censura, respondendo, cada um, nos termos
da lei, pelos abusos que cometem”.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
“Para saber onde começa o direito de um e termina o do
outro, buscando o equilíbrio, impõe-se a análise dos fatos e
da prova, que permitirá concluir-se pela existência ou não
do abuso a que se refere o legislador, tendo-se presentes os
efeitos deletérios de uma notícia equivocada, sobretudo se
publicada em jornal ou revista de grande circulação.” (Fls.
974-980)
Assim sendo, diante do confronto entre a inviolabilidade de
imagem, honra, privacidade e intimidade, prevista no Art. 5ª, X
da Carta Magna e o Direito à informação, contido no mesmo
artigo, inciso IX, ambos deverão ser postos em uma “balança” e
ponderados. Em que pese o direito à informação prevalecer com
base no interesse público, o que se vê é um interesse do público
a que se destina o programa, em simplesmente saber da vida
alheia.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Em contrapartida, não se pode negar que a Lei da Imprensa,
respaldada no Art. 5°, IX prima pela preponderância da
informação perante a sociedade e tem como escopo a busca do
interesse público. Irrefutável, porém, é a prova de que, ao ser
questionada a sexualidade do autor, o interesse público à
informação descaracterizou-se, passando a ser mera fofoca, não
devendo ter relevância no que tange à sua ponderação e
prevalência.
Assim, mostra-se evidente a decisão a ser tomada em 1º
grau, no sentido de acolher o pedido do autor quanto à
indenização por danos morais sofridos pela divulgação e
questionamento de sua sexualidade, não só como forma de ter
alcançada a justiça, mas também no sentido de impedir que
ações como essas se repitam e reforcem o preconceito e
constrangimento.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Conclusão
Em face do exposto, opina-se que deva ser acolhido o
pedido do autor em ser indenizado por danos morais decorrentes
de violação de privacidade e intimidade.
É o parecer
XXXXXXXXXXXXXX
12/11/2009
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Informações sobre a EMENTA:
Em um parecer técnico-jurídico, a ementa é um texto
informativo, que visa apenas ao entendimento do caso concreto,
numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente
o fato gerador do conflito, os nexos de referência (três a cinco)
e o entendimento do caso concreto.
Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio
para a elaboração da fundamentação; são um verdadeiro fio
condutor das idéias a serem discutidas na parte argumentativa
do documento.
A ementa deste tipo de parecer não pode apresentar verbos;
deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no
máximo, oito linhas.
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois
a ementa do Parecer técnico-jurídico deve conter frases
nominais e palavras-chave. Eis dois exemplos de ementa sobre a
possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A
primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a
segunda a defendê-lo:
Ementa
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – direito
fundamental à vida – preservação de valores morais –
observância estrita da norma jurídica – segurança jurídica -
Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto.
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Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Ementa
INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – dignidade da
pessoa humana – ponderação de interesses – razoabilidade –
prejuízos psicológicos para a mãe – desatualização da norma
jurídica – Parecer favorável à autorização do aborto.
Observe uma ementa que não segue as orientações
indicadas:
Separação de corpos. A autora afastou-se do lar. Fumus boni
juris. Periculum in mora. Impossibilidade de convivência.
Liminar. Alcoolismo. Art. 888, VI do CPC. Art. 223 do CC.
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Parecer técnico-jurídico: ementa – Aula 4
Questão
Identifique todos os problemas observados na ementa
anterior e, em seguida, reescreva-a de acordo com as
orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire
informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua ementa
os princípios do Direito aplicáveis.

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