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0236 8 16 Direito Civil AP 2016.pdf

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CURSO PRIME – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2222 1 
 
OS: 0236/8/16-Gil 
OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS: 0236/8/16-Gil 
 
 
 
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OS: 0236/8/16-Gil 
OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OS: 0236/8/16-Gil 
OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
DIREITO CIVIL 
Prof. Nilmar de Aquino 
Apostila 2016 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
O conceito de Direito Civil passou por uma 
evolução histórica. Esse termo foi uma herança do Direito 
Romano. Os romanos chamavam de Direito Civil – Ius Civile 
– todo o Direito que regulava a sociedade romana. Direito 
Civil significava Direito da Cidade de Roma aplicado aos 
cidadãos romanos. Estes não faziam distinções entre os 
ramos do Direito. Para eles, o Direito Penal, Processual, 
Administrativo, Comercial etc., tudo era chamado de Direito 
Civil, que regia a vida dos cidadãos independentes, 
abrangendo todo o direito vigente. Podemos concluir assim: 
Direito Civil, para os romanos, era como o Direito Brasileiro 
para nós: todo o direito vigente no Brasil. 
Atualmente o Direito Civil disciplina a atividade dos 
particulares em geral. Rege as relações familiares, 
patrimoniais e obrigacionais entre os indivíduos. Tem no 
Código Civil a sua lei fundamental, que se desdobra numa 
Parte Geral e numa Parte Especial. Mas há muita legislação 
especial que também integra o Direito Civil. Ex.: Lei do 
Inquilinato, de Condomínio, União Estável etc. – são as 
chamadas leis extravagantes. 
Como já relatado acima, o atual Código Civil (Lei 
10.406/02), contém duas partes. Vamos ver com atenção o 
conteúdo de cada uma dessas partes: 
A) GERAL - apresenta normas concernentes às 
pessoas físicas e jurídicas (arts. 1º a 69), domicílio (arts. 70 a 
78), aos bens (arts. 79 a 103), e aos fatos jurídicos: 
disposições preliminares, negócio jurídico, atos jurídicos 
lícitos, atos ilícitos, prescrição e decadência e prova (arts. 
104 a 232). 
B) ESPECIAL - Apresenta normas atinentes ao 
direito das obrigações (poder de constituir relações 
obrigacionais para a consecução de fins econômicos ou 
civis-contratos, declaração unilateral de vontade e atos 
ilícitos - arts. 233 a 965); ao direito de empresa (regendo o 
empresário, a sociedade, estabelecimento – arts. 966 a 
1.195); ao direito das coisas (posse, propriedade, direitos 
reais sobre coisas alheias, de gozo, de garantia e de 
aquisição - arts. 1.196 a 1.510); ao direito de família 
(casamento, relações entre cônjuges, parentesco e 
proteção aos menores e incapazes - arts. 1.511 a 1.783); e 
ao direito das sucessões (norma sobre a transferência de 
bens por força de herança e sobre inventário e partilha - 
arts. 1.784 a 2.027 
Contém ainda um Livro Complementar (disposições 
finas e transitórias – arts. 2.028 a 2.046). 
Baseado, portanto, em tudo que foi dito, podemos 
definir Direito Civil como sendo o ramo do Direito Privado 
destinado a reger as relações familiares, patrimoniais e 
obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados 
como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade. 
 
2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO 
BRASILEIRO 
É sabido por todos que desde 2.003 entrou em 
vigor o novo Código Civil. É a Lei 10.406/02. Ela foi 
publicada em 2.002, mas só entrou em vigor no ano 
seguinte. Vamos ver isso melhor logo adiante, porque esse 
fenômeno tem um nome - vacatio legis. Mas antes disso já 
vigorava também uma lei conhecida como Lei de Introdução 
ao Código Civil, ou, simplesmente, L.I.C.C. que é o Decreto 
Lei 4.657/42. 
As perguntas que poderiam ser feitas agora, são: o 
novo Código Civil revogou a antiga LICC? Ou ele incorporou 
a LICC em seu texto? Ou a LICC continua a vigorar 
normalmente? A resposta é essa última alternativa, ou seja, 
a antiga LICC continua a vigorar normalmente. Conclusão: o 
novo Código Civil não revogou a LICC. 
O Decreto-lei nº 4.657/42, também chamado de 
Lei de Introdução ao Código Civil, é um conjunto de normas 
sobre normas, isto porque disciplina as próprias normas 
jurídicas, prescrevendo-lhes a maneira de aplicação e 
entendimento, predeterminando as fontes e indicando-lhes 
as dimensões espaço-temporais. Logo, esta “lei” ultrapassa 
o âmbito do Direito Civil, atingindo tanto o direito privado 
quanto o público. Contém, portanto, normas de 
sobredireito. É, na verdade, um código de normas. É 
considerada uma lei de introdução às leis por conter 
princípios gerais sobre as normas sem qualquer 
discriminação, indicando como aplicá-las, determinando 
vigência, eficácia, interpretação e integração. Traça, ainda, 
regras de direito internacional privado, conforme tratados e 
convenções assinados pelo Brasil. Continua em vigor, a 
despeito do novo Código Civil, em toda a sua plenitude. 
A LICC se aplica ao Direito Comercial? E ao Direito 
Administrativo? E ao Tributário? Sim, ela se aplica a todo o 
ordenamento jurídico. Porém cada ramo do direito tem 
suas próprias peculiaridades, que devem ser respeitadas. 
Aponto, como exemplo, que a LICC se aplica ao Direito 
Penal, respeitando-se, no entanto, as suas regras próprias. 
Veremos logo adiante que pela LICC, uma lei somente 
poderá retroagir se não prejudicar o Direito Adquirido, o 
 
 
 
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OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada. Isto também se 
aplica ao Direito Penal. Porém esta matéria tem mais um 
dispositivo peculiar: a lei somente retroage no Direito Penal 
para favorecer o réu e nunca para prejudicá-lo. Portanto, a 
LICC é básica para todas as matérias. Mas, se cada matéria 
deverá respeitar a LICC, deverá, também, observar suas 
próprias regras, distinguindo-as, portanto, das outras 
matérias. 
Exatamente devido a esta aplicação da LICC a todo 
e qualquer ramo do direito infraconstitucional é que havia 
várias críticas a denominação LICC, devido o seu sentido 
restritivo. Assim, a Lei nº 12.376/2010 passou a denominá-
la Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). 
A partir daqui, tudo que irá ser falado se aplicará 
integralmente ao Direito Civil. Nosso objetivo é o Direito 
Civil. Até porque a LINDB se refere mais ao Direito Civil do 
que às outras matérias. No entanto o que estou a dizer 
pode se aplicar a outras matérias também, respeitadas as 
suas peculiaridades, que serão melhor explicadas pelos 
professores de cada matéria. 
Quais são as fontes de Direito para a nossa 
matéria? “Fontes do Direito” é uma expressão figurada. Em 
sentido comum, fonte é o ponto em que surge um veio 
d’água. Em sentido técnico é o meio pelo qual se 
estabelecem as normas jurídicas. As mais importantes são: 
Fontes Diretas (formais ou imediatas) - formadas 
pela lei, pela analogia, pelos costumes e pelos princípios 
gerais de direito. Todos esses itens, por si só, são capazes 
de gerar a regra jurídica. A lei é a principal fonte de direito. 
As demais são acessórias. Mas nem por isso são menos 
importantes, especialmente para fins de concurso 
Fontes Indiretas (não formais ou mediatas) - 
formadas pela doutrina e jurisprudência. Não geram, por si 
só, a regra jurídica, mas contribuem para que seja 
elaborada. 
Para começar, vamos falar das Indiretas. 
Doutrina é a interpretação da lei feita pelos 
estudiosos da matéria. Forma-se doutrina por meio dos 
pareceres dos jurisconsultos, dos ensinamentos dosprofessores, das opiniões dos tratadistas e dos trabalhos 
forenses. 
Jurisprudência é a interpretação da lei feita pelos 
juízes em suas decisões. Como fonte do direito podemos 
dizer que a jurisprudência é o conjunto uniforme e 
constante das decisões judiciais sobre casos semelhantes. 
“Uma andorinha não faz verão” e, da mesma maneira, uma 
decisão solitária não constitui jurisprudência; é necessário 
que as decisões se repitam e sem variações de fundo. 
Falaremos, agora sobre as Diretas, que são mais 
complexas e exigem um estudo mais aprofundado: 
 
1 – Costume - No direito antigo, o costume 
desfrutava de larga projeção, devido à escassa função 
legislativa e ao número limitado de leis escritas. Ainda hoje, 
nos países de direito costumeiro (ou direito 
consuetudinário), como na Inglaterra, ele exerce papel 
importante como fonte do direito. No direito moderno, de 
um modo geral, o costume foi perdendo paulatinamente 
sua importância. Costume é a reiteração constante de uma 
conduta, na convicção de ser a mesma obrigatória. Apesar 
de ter pouca aplicabilidade prática, o costume tem caído 
em concursos, daí a sua importância. Em relação à lei, o 
costume pode ser classificado: 
a) Segundo a lei (secundum legem) - quando a lei 
se reporta expressamente aos costumes e reconhece a sua 
obrigatoriedade (ex.: artigo 569, II, do C.C.: “O locatário é 
obrigado: a pagar pontualmente o aluguel nos prazos 
ajustados e, em falta do ajuste, segundo o costume do 
lugar”). Observe que a própria lei é que determina a 
aplicação do costume. 
b) Na falta da lei (praeter legem) - tem caráter 
supletivo; a lei deixa lacunas que são preenchidas pelo 
costume. Não há lei regendo determinado assunto! O que 
faço? Deixo de fazer algo por falta de previsão legal? Não! 
Aplico o costume. Lembre-se que também o Juiz não pode 
deixar de decidir uma causa com o argumento de que não 
há previsão legal. Nesse caso deve ao menos tentar aplicar 
o costume na falta da lei. Mas depois veremos que também 
há outras formas de se integrar a norma jurídica. 
c) Contra a lei (contra legem) - quando contraria o 
que dispõe a lei. Pode ocorrer em dois casos: no desuso da 
lei (esta passa a ser letra morta); ou quando o costume cria 
nova regra contrária à lei. Os costumes segundo a lei e na 
falta da lei são aceitos pacificamente por todos. Já o 
costume contra a lei tem gerado inúmeras discussões, 
sendo que a corrente majoritária não o aceita. 
2 – Lei – A lei pode ser definida de vários modos. 
Como vocês estão observando, nosso material é objetivo, 
direcionado para concursos públicos. Por isso evitam-se 
longas citações de autores e intermináveis discussões 
doutrinárias. O importante para todos nós é o que tem 
caído ultimamente nos concursos. No entanto em algumas 
raras ocasiões precisamos citar alguns doutrinadores. Nesse 
caso, para conceituar lei adotamos o conceito da Professora 
Maria Helena Diniz: “a norma imposta pelo Estado e 
tornada obrigatória na sua observância, assumindo forma 
coativa”. “A norma jurídica é um imperativo autorizante”. 
Nas sociedades modernas, a lei é 
indiscutivelmente a mais importante das fontes da ordem 
jurídica. Vejam o diz nossa Constituição Federal: “Ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei” (artigo 5º, inciso II). E o artigo 4º da Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro determina 
que somente quando a lei for omissa é que se aplicarão as 
demais formas de expressão de direito. 
 
 
 
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OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
Elaborou-se uma classificação das leis, baseada na 
melhor e mais atualizada doutrina. A classificação que 
daremos a seguir ajuda o aluno a entender diversas 
palavras que têm caído nos concursos. Já vi cair em alguns 
testes, logo no enunciado da questão, o seguinte: “Nossa lei 
adjetiva prescreve ......” O que é uma lei adjetiva? E 
substantiva? A resposta está adiante. 
A) Quanto à Obrigatoriedade: 
Cogentes - de ordem pública, impositivas, de 
aplicação obrigatória; não podem ser ignoradas pela 
vontade dos interessados. 
Dispositivas - de ordem particular; permitem às 
partes estipular o que quiserem. 
 
B) Quanto à Natureza: 
Substantivas (ou materiais) - tratam do direito 
material (ex.: Código Civil, Código Penal, Código Comercial, 
etc.). 
Adjetivas (ou formais, ou processuais) - traçam os 
meios para a realização do direito. (ex.: Código de Processo 
Civil, Código de Processo Penal, etc.). 
 
C) Quanto à Hierarquia (nesse ponto 
aconselhamos o aluno a ler a Constituição Federal no tópico 
“espécies normativas”; nosso objetivo agora é apenas 
relembrar as espécies de lei, em sentido amplo): 
Constitucionais - constantes na Constituição; é a 
lei máxima de nosso País. 
Emendas à Constituição - nossa Constituição 
permite sua reforma por meio de emendas, que são leis que 
modificam parcialmente a Constituição. A proposta deve ser 
discutida e votada em cada Casa do Congresso, em dois 
turnos cada. Considera-se aprovada se obtiver em todas as 
votações três quintos dos votos dos respectivos membros. 
Complementares - matérias especiais, estipuladas 
na própria Constituição, para melhor regulamentar 
determinado assunto; possui quorum especial para 
aprovação (maioria absoluta - metade mais um dos votos 
das duas Casas do Congresso). 
Ordinárias - leis comuns, elaboradas pelo Poder 
Legislativo (Congresso Nacional - Federal; Assembléia 
Legislativa - Estadual; Câmara dos Vereadores - Municipal). 
A aprovação se dá por maioria simples ou relativa, 
abrangendo apenas os presentes à votação. 
Delegadas - elaboradas com autorização expressa 
do Legislativo. Podem ser internas (o encargo é atribuído a 
uma comissão do próprio Poder Legislativo) ou externas 
(atribui-se ao chefe do Executivo a elaboração da lei). 
Medidas Provisórias – também têm a mesma 
posição hierárquica das leis ordinárias. São normas com 
força de lei, baixadas pelo Presidente da República, em caso 
de relevância e urgência. Devem ser submetidas de 
imediato ao Congresso Nacional. 
Decretos Legislativos - são normas promulgadas 
pelo Poder Legislativo sobre assuntos de sua competência 
(ex.: autorização de referendo ou convocação de plebiscito). 
Resoluções - são normas expedidas pelo Poder 
Legislativo, destinadas a regular matéria de sua 
competência, de caráter administrativo ou político. 
Toda norma jurídica tem um âmbito temporal, 
espacial, material e pessoal, dentro dos quais ela tem 
vigência ou validade. É o que se chama de “limites ao 
campo de aplicação das normas jurídicas”. 
Quanto à vigência, vamos analisar as leis sob duas 
óticas: Temporal e Territorial. 
 
I - VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO 
As leis nascem, modificam-se e morrem. A lei é 
levada ao conhecimento de todos por meio de sua 
publicação no Diário Oficial. 
Orientando a aplicação das leis, temos dois 
princípios informadores da eficácia: 
Princípio da Obrigatoriedade das Leis – uma vez 
em vigor a lei é obrigatória para todos os seus destinatários, 
sem qualquer distinção. Publicada a lei, ninguém se escusa 
de cumpri-la alegando que não a conhece (art. 3º da Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasilerio – L.I.N.D.B). Tal 
dispositivo visa garantir a eficácia da ordem jurídica que 
ficaria comprometida se fosse admitida a alegação de 
ignorância de lei em vigor. O erro de direito (alegação de 
desconhecimento da lei) só pode ser invocado em 
raríssimas ocasiões e quando não houver o objetivo de 
furtar-se o agente ao cumprimento da lei. 
Princípio da Continuidade das Leis – a partir da 
vigência a lei tem eficácia contínua, até que outra a 
revogue. O desuso não faz com que a lei perca sua eficácia. 
Início da Obrigatoriedadedas Leis - as leis, de uma 
forma geral, passam por cinco fases: iniciativa, discussão e 
aprovação, sanção ou veto, promulgação e publicação. A 
força obrigatória de uma lei está condicionada a sua 
vigência, ou seja, ao dia em que realmente começa a 
vigorar. 
Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar, 
em todo o país, quarenta e cinco dias depois de 
oficialmente publicada (artigo 1º da LINDB) Esse princípio 
não é absoluto porque quase todas as leis contêm em seu 
texto disposição prescrevendo sua entrada em vigor na data 
da respectiva publicação. Quando não houver disposição da 
data em que a lei entrará em vigor (omissão proposital da 
 
 
 
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OAB – 1ª FASE – XXI EXAME DA ORDEM 
lei), aí, sim, ela entrará em vigor em quarenta e cinco dias 
após a publicação. O espaço compreendido entre a 
publicação da lei e sua entrada em vigor denomina-se 
vacatio legis. Geralmente este prazo é estabelecido para 
melhor divulgação dos textos legais. Enquanto não 
transcorrido esse período, a lei nova não tem força 
obrigatória, mesmo já publicada. 
Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei 
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de 
oficialmente publicada (artigo 1º, § 1º da LINDB). Em geral, 
quando cuida de atribuição de embaixadores, cônsules etc. 
Cuidado: no estrangeiro 3 meses (e não 90 dias 
como às vezes eu vejo cair em concursos, como uma forma 
de “pegadinha”). 
Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova 
publicação de seu texto destinada à correção, o prazo deste 
artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da 
nova publicação (artigo 1º, § 3º). 
As correções a texto de lei em vigor consideram-se 
lei nova (artigo 1º, §4º), sujeita, naturalmente, aos prazos 
normais das demais leis. 
O prazo de vacatio legis conta-se incluindo-se o dia 
do começo – o dia da publicação - e também do último dia 
do prazo - dia do vencimento (art. 8º, §1º da Lei 
Complementar nº 95/98, modificado pela L.C. nº 107/01). 
Fim da obrigatoriedade das leis - não se 
destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que 
outra a modifique ou a revogue. 
De fato, algumas leis são expedidas com prazo de 
duração (ex.: racionamento de combustível durante uma 
guerra). Contudo, não se fixando um prazo, prolonga-se a 
obrigatoriedade até que a lei seja modificada ou revogada 
por outra. 
Revogar é tornar sem efeito uma lei ou qualquer 
outra norma jurídica. A revogação pode ser: 
• total (ou ab-rogação) – consiste em tornar sem 
efeito toda a lei ou norma anterior. 
• parcial (ou derrogação) - quando torna sem 
efeito uma parte da lei ou norma. 
Lógico que o aluno sabe o que é uma revogação 
total ou parcial. Mas o examinador prefere usar as 
expressões ab-rogação e derrogação, pois estas não são do 
nosso cotidiano. Os examinadores de concursos públicos 
gostam muito de pedir sinônimos nas provas. Portanto, 
sempre que possível irei mencionar sinônimos de uma 
palavra. Mesmo correndo o risco de ser repetitivo. Mas é 
melhor ser repetitivo e fazer com que o aluno grave a 
matéria e fornecer o máximo de conceitos possível, do que 
omitir determinado ponto. Já caiu em um concurso, de 
forma resumida: o que o novo Código Civil fez em relação 
ao Código Comercial? Derrogou ou Ab-rogou? Resposta. O 
Código Civil derrogou, isto porque o artigo 2045 diz que foi 
revogada a Parte Primeira do C.Comercial. Em que pese o 
C.Comercial estar todo ultrapassado, o C.Civil apenas 
revogou sua parte primeira. Portanto derrogação. A 
revogação ainda pode ser: 
• expressa - quando a lei nova taxativamente 
declara revogada a lei anterior; ela diz expressamente o que 
está revogando. 
• tácita - quando a lei posterior é incompatível 
com a anterior e não há disposição expressa no texto novo 
indicando a lei que foi revogada ou quando a lei posterior 
tratar integralmente da matéria tratada na lei anterior. 
Observação - quando uma lei se torna 
incompatível com a mudança havida na Constituição, 
chamamos de “não-recepção da lei pela nova ordem 
constitucional”. 
Repristinação – Essa “palavrinha” é muito 
importante nos concursos. Tem caído bastante. Tanto no D. 
Civil como no Constitucional. Repristinar significa restituir 
ao valor, caráter ou estado primitivo. Na ordem jurídica 
repristinação é o restabelecimento da eficácia de uma lei 
anteriormente revogada. Preceitua o artigo 2º, §3º da Lei 
de Introdução ao Código Civil que a lei revogada não se 
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo 
disposição em contrário. Ex.: Se a lei “A” é revogada pela lei 
“B” e posteriormente a lei “B” é revogada pela lei “C”, não 
se restabelece a vigência da lei “A”. No Brasil não há 
repristinação ou restauração automática da lei velha, se 
uma lei mais nova for revogada. Só haverá repristinação se 
a nova lei ressalvar expressamente que a lei velha retomará 
eficácia. 
Conflito das Normas no Tempo – Esse tema é 
muito importante. Está em quase todos os editais que 
exigem a LINDB. Podem surgir conflitos quando uma norma 
é modificada por outra e já se haviam formado relações 
jurídicas na vigência da lei anterior. Qual norma deve ser 
aplicada? Para solucionar o conflito são usados dois 
critérios: a) disposições transitórias e b) princípio da 
irretroatividade das leis. 
Disposições Transitórias (ou direito intertemporal) 
- A lei, para evitar eventuais e futuros conflitos, em seu 
próprio corpo, geralmente ao final, pode estabelecer regras 
temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a nova lei e 
a antiga. 
Irretroatividade das Leis - Irretroativa é a lei que 
não se aplica às situações constituídas anteriormente. 
Etimologicamente retroatividade quer dizer atividade para 
trás. Juridicamente, podemos dizer que uma norma 
retroage quando ela vigora, não somente a partir de sua 
publicação, mas, ainda, regula certas situações jurídicas que 
vêm do passado. A lei é expedida para disciplinar fatos 
futuros, a partir de sua vigência. O passado escapa ao seu 
império. Sua vigência estende-se, como já se acentuou, 
 
 
 
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desde o início de sua obrigatoriedade até o início da 
obrigatoriedade de outra lei que a derrogue. 
Há casos, porém, em que a lei nova retroage no 
passado, alcançando consequências jurídicas de fatos 
efetuados sob a égide de lei anterior. Em regra, deve 
prevalecer o princípio da irretroatividade; as leis não têm 
efeitos pretéritos; elas só valem para o futuro. O principal 
argumento favorável à irretroatividade da lei é a garantia 
dos direitos individuais e a segurança das relações jurídicas, 
diante da incerteza e dos riscos de alterações futuras. O 
artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal determina 
que “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada”. 
Por via de conseqüência, a retroatividade das leis 
é exceção (ex.: a própria Constituição Federal, em seu artigo 
5º, inciso XL, assim dispõe: “A lei penal não retroagirá, salvo 
para beneficiar o réu”). Assim, uma lei que estabelece que 
determinada conduta não seja mais tipificada como crime, 
beneficiará todos os que por isso estiverem sendo 
processados. 
Entrando uma norma em vigor, tem ela efeito 
imediato e geral, respeitando: 
Ato Jurídico Perfeito - é o que já se consumou, 
segundo a norma vigente no tempo em que se efetuou (ex.: 
o contrato de locação celebrado durante a vigência de uma 
lei não pode ser alterado somente porque a lei mudou; é 
necessário que seu prazo termine). 
Direito Adquirido - é o que já se incorporou ao 
patrimônio e à personalidade de seutitular (ex.: pessoa que 
se aposenta e a lei modifica posteriormente o prazo de 
aposentadoria); o direito já foi conquistado, embora possa 
não ter sido ainda exercido. 
Coisa Julgada - é a decisão judicial de que já não 
caiba mais recurso (transitou em julgado). 
 
II - VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO 
Toda lei, em princípio, tem seu campo de aplicação 
limitado no espaço pelas fronteiras do Estado que a 
promulgou. Chama-se isso territorialidade da Lei. Esse 
espaço ou território, em sentido amplo, inclui as terras ou o 
território propriamente dito, as águas e a atmosfera 
territoriais. 
Os Estados modernos, contudo, admitem a 
aplicação, em determinadas circunstâncias, de leis 
estrangeiras, em seu território, no intuito de facilitar as 
relações internacionais. É essa uma consequência do 
crescente relacionamento entre homens da comunidade 
internacional. O Brasil adotou a teoria da Territorialidade, 
mas de forma moderada, também chamada de 
Territorialidade Temperada. Leis e sentenças estrangeiras 
podem ser aplicadas no Brasil, observadas as regras: 
• Não se aplicam leis, sentenças ou atos 
estrangeiros no Brasil quando ofenderem a soberania 
nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
• Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil 
sem exequatur (“cumpra-se”), ou seja, a permissão dada 
pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que a sentença 
tenha efeitos. 
Território é a extensão geográfica ocupada por 
uma nação e sobre a qual o Estado exerce sua soberania. 
Fala-se em território real e ficto. O território real 
compreende: todo o solo ocupado pela nação, inclusive de 
ilhas que lhe pertencem, os rios, os lagos e os mares 
interiores, os golfos, as baías e os portos, a faixa de mar 
exterior que banha as suas costas, o espaço aéreo 
correspondente, etc. Já como exemplo de território ficto 
(ficção jurídica) citamos as embaixadas, que estando em 
países estrangeiros, são considerados território nacional. 
 
III - INTERPRETAÇÃO DAS LEIS 
Uma lei, mesmo sendo presumivelmente clara, 
deve ser interpretada a fim de que o intérprete, a pesquisar 
o verdadeiro sentido que o legislador realmente quis dar ou 
estatuir. Trata-se da mens legis (ou intenção da lei). Daí 
surge a hermenêutica, que é a teoria científica da arte de 
interpretar, descobrir o sentido e o alcance da norma 
jurídica. 
O art. 5º da LINDB comanda que, ao aplicar a lei, o 
juiz atenderá aos fins sociais e às exigências impostas pelo 
bem comum. 
Cuida-se de regra que trabalha o problema da 
interpretação da lei, isto é, o processo pelo qual a norma 
jurídica – geral e abstrata – é traduzida para o caso 
concreto. 
Quanto ao método, há grande número de critérios, 
referindo-se, exemplificativamente: a interpretação literal, 
isto é, a que se prende, acima de qualquer outro fator, ao 
conteúdo literal dos vocábulos legais; a interpretação 
teleológica (buscando o sentido da norma a partir da 
finalidade da lei e necessidade da organização social e 
econômica); a histórica, que confronta a regra legal com a 
sua trajetória etc. 
 
IV - INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
A lei procura prever e disciplinar todas as situações 
importantes às relações individuais e sociais. Mas, muitas 
vezes, o legislador não consegue prever todas as situações 
que uma norma pode criar. E um Juiz não pode eximir-se de 
julgar um caso alegando lacuna ou obscuridade da lei. 
Esgotados, sem resultados, os critérios interpretativos, 
cumpre ao aplicador da lei suprir a lacuna encontrada, 
recorrendo à analogia, aos costumes (já visto), e aos 
 
 
 
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princípios gerais do direito. Há uma hierarquia na utilização 
desses critérios. A analogia figura em primeiro lugar. 
Analogia consiste em aplicar, a hipótese não 
prevista especialmente em lei, dispositivo relativo a caso 
semelhante: 
• Caso “X” - Aplica-se a regra jurídica Y 
• Caso “Z” (parecido com o caso X) - Como a lei é 
omissa, é permitida a aplicação da regra Y por analogia. 
Princípios Gerais de Direito - Na verdade são 
regras que se encontram na consciência dos povos e 
universalmente aceitas, mesmo que não sejam escritas. 
Possuem caráter genérico e orientam a compreensão do 
sistema jurídico (ex.: dar a César o que é de César; não se 
pode lesar o próximo; ninguém pode valer-se de sua própria 
torpeza etc.). 
A equidade, pela LINDB, não é um meio de suprir a 
lacuna da lei, mas auxilia nesta missão. Trata-se do uso de 
“bom senso”, isto é, adaptação razoável da lei ao caso 
concreto. O Direito Romano definia o direito como ars boni 
et aequi, isto é, como a arte do bom e do justo, 
demonstrando a antiguidade do princípio da equidade. O 
Direito Processual Civil prevê a aplicação da equidade para 
o Juiz decidir. Mas repito: a LINDB não prevê a equidade 
como forma de integração da norma jurídica. 
 
PARTE GERAL. DA PESSOA NATURAL. 
PERSONALIDADE JURÍDICA. 
CAPACIDADE 
 
3.1. A PERSONALIDADE JURÍDICA. 
O primeiro capítulo do Código Civil se refere às 
Pessoas. Todo concurso que exige Direito Civil coloca este 
ponto no Edital. É fundamental saber bem esta matéria. 
 Vamos então iniciar. Podemos conceituar pessoa 
como sendo todo ente físico ou jurídico, suscetível de 
direitos e obrigações. É espécie de sujeito de direito. Nesta 
aula vamos nos ater à Pessoa Natural, deixando a Pessoa 
Jurídica para a próxima. Nesta aula vamos falar sobre a 
personalidade (início, individualização e fim) capacidade e 
emancipação. 
Comecemos pela Personalidade. O artigo 1º do 
Código Civil prevê: “Toda pessoa é capaz de direitos e 
deveres na ordem civil”. Assim, o conceito de Pessoa inclui 
homens, mulheres e crianças; qualquer ser humano sem 
distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, 
nacionalidade etc. Por outro lado o conceito exclui os 
animais, que gozam de proteção legal, mas não são sujeitos 
de direito, os seres inanimados etc. 
Como já dito, os examinadores de concursos 
públicos gostam muito de pedir sinônimos nas provas. Falo 
isso porque há pouco tempo vi uma questão cair em uma 
prova indagando “qual a diferença, para os efeitos de gozo 
de direitos na ordem civil, entre o autóctone e o ádvena”. A 
questão era simples, mas se o aluno não soubesse o 
significado de tais palavras, não acertaria a questão. 
Autóctone (ou aborígine) é o que nasceu no País. E ádvena 
é o estrangeiro. Assim a questão queria saber qual a 
diferença entre o brasileiro e o estrangeiro quanto ao gozo 
de direitos. Resposta: no Direito Civil nenhuma, pois ambos 
são considerados sujeitos de direitos e obrigações. Além 
disso, o Direito (especialmente o Civil) usa muitas 
expressões em latim. Estas expressões não estão nas leis. É 
doutrina. Mas costuma cair. Por isso irei fornecendo as 
expressões em latim, com sua tradução e real significado. 
Da mesma forma explicarei as posições doutrinárias que são 
adotadas pelos examinadores, orientações jurisprudenciais, 
súmulas etc. 
Voltemos... No Brasil, tradicionalmente, adota-se o 
posicionamento segundo o qual a personalidade jurídica 
inicia-se com o nascimento com vida, ainda que por poucos 
momentos (Teoria da Natalidade). Preste atenção nisto: se 
a criança nascer com vida, ainda que por um instante, 
adquire a personalidade. Para se saber se nasceu viva e em 
seguida morreu, ou se nasceu morta, é realizado um exame 
chamado de docimasia hidrostática de Galeno, que consiste 
em colocar o pulmão da criança morta em uma solução 
líquida; se boiar é sinal de que a criança chegou a dar pelo 
menos uma inspirada e, portanto, nasceu com vida; se 
afundar é sinal de que não chegou a respirar e, portanto, 
nasceu morta. Atualmente a medicina dispõe de técnicas 
mais modernase eficazes para tal constatação. 
Não caiam em “pegadinhas”. Esta questão, apesar 
de simples tem caído muito em concurso. Sempre é 
colocada uma alternativa dizendo que a personalidade se 
inicia com a concepção (gravidez) da mulher, ou que a 
criança tem de ter viabilidade (possibilidade de vida), ou 
que deva ter “forma humana” e até que ela se inicia com o 
“corte do cordão umbilical”. E aí professor, o que devo 
fazer? Nascer com vida é ter respirado. Respirou... então 
nasceu com vida e a personalidade se iniciou. 
Nascituro é o que está por nascer. É o ente que foi 
gerado ou concebido, mas ainda não nasceu. Não tem 
personalidade jurídica, pois ainda não é pessoa sob o ponto 
de vista jurídico. Apesar de não ter personalidade jurídica, a 
lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. 
Exemplo: pai morre deixando mulher grávida: o nascituro 
tem direito ao resguardo à herança. Os direitos assegurados 
ao nascituro estão em estado potencial, sob condição 
suspensiva: só terão eficácia se nascer com vida. 
E qual a situação jurídica do nascituro? 
 Existem 3 teorias explicativas do nascituro: 
 
 
 
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1. Teoria Natalista: para esta primeira teoria o nascituro 
é apenas um ente concebido ainda não nascido, 
desprovido de personalidade. Vale dizer, o nascituro 
não é pessoa gozando apenas expectativa de direitos. 
(Vicente Ráo, Silvio Rodrigues, Eduardo Spínola, a 
maioria da doutrina clássica ainda defende a teoria 
natalista no Direito brasileiro – interpretação literal do 
Código Civil em que o nascituro ainda não é pessoa. 
Para essa teoria, personalidade civil só surgiria com o 
nascimento com vida, ele não seria sujeito de direito, 
só tem expectativa de direitos). 
Enfatizando a 1ª parte do art. 2º, CC, sustenta que a 
personalidade só é adquirida a partir do nascimento 
com vida, de maneira que o nascituro não é 
considerado pessoa, gozando de mera expectativa de 
direito. 
2. Teoria Concepcionista (teoria da doutrina moderna): 
para esta teoria o nascituro seria considerado pessoa 
para efeitos patrimoniais ou extra patrimoniais, desde 
a concepção (Teixeira de Freitas, Clóvis Beviláqua, 
Silmara Chinelato – a tutela civil do nascituro). O 
nascituro, portanto, é sujeito de direito. Significa que 
com o nascimento com vida os efeitos na 
personalidade jurídica têm efeitos ex tunc, ele apenas 
confirma os direitos já existentes desde a concepção. 
Para essa teoria o nascituro é pessoa. Para essa teoria 
justifica “alimentos ao nascituro” - direitos 
patrimoniais. 
Atenção!!! 
 A maioria da jurisprudência NÃO utiliza essa 
teoria. 
Obs.: Existe ainda uma teoria intermediária: 
 
3. Teoria da Personalidade Formal ou Condicional: para 
esta teoria, o nascituro, ao ser concebido, teria uma 
simples personalidade formal permitindo-lhe gozar de 
direitos personalíssimos; no entanto, só viria a adquirir 
direitos patrimoniais sob a condição de nascer com 
vida (Serpa Lopes). Para o direito civil, o nascituro só 
seria titular dos direitos patrimoniais se nascesse com 
vida. O nascituro seria considerado pessoa apenas em 
relação a direitos personalíssimos, embora, para 
efeitos patrimoniais, somente seria considerado 
pessoa ao nascer com vida. 
Existem inúmeras situações, presentes no 
ordenamento jurídico brasileiro, em que o nascituro é 
considerado sujeito de direitos materiais e imateriais. 
(ver quadro esquemático). O nascituro pode receber 
doação, herança etc. Ele é considerado sujeito de 
direitos, reforçando que a melhor teoria é a 
concepcionista. 
 
Com base na teoria concepcionista, inúmeros direitos 
podem ser reconhecidos ao nascituro, inclusive o direito 
aos alimentos. O nascituro, a luz da teoria concepcionista, 
tem direitos e não simplesmente expectativa de direitos. 
Inclusive direito a alimentos. 
 
Com base na teoria concepcionista, vale lembrar que o STJ 
já admitiu, inclusive, no RESP 399.028/SP dano moral ao 
nascituro. O STJ reconheceu nesse caso a teoria 
concepcionista. 
 
O Código Civil brasileiro adotou qual teoria? O art. 2º, na 
sua 1ª parte adotou a teoria natalista e a 2ª parte adotou a 
concepcionista. Então como responder? Para Clóvis 
Beviláqua, que fez o CC 16, o CC adotou a teoria natalista. 
Entretanto ele se contradiz ao afirmar que apesar da 
natalista ser adotada por ser mais prática, o Código traz 
vários direitos. 
“Seguindo o ensinamento de Clóvis Beviláqua na obra 
clássica ‘Código Civil dos Estados Unidos do Brasil’ (Ed. Rio, 
1975, p. 178), aparentemente o codificador pretendeu 
adotar a teoria natalista, “por ser mais prática”. Todavia, 
sofre inequívoca influencia concepcionista ao tratar o 
nascituro como pessoa, reconhecendo-lhe diversos direitos. 
 Qual das 3 teorias é adotada pelo Código 
Brasileiro? 
Aparentemente, seguindo a linha de Clóvis 
Beviláqua (Código Civil dos Estados Unidos do 
Brasil, edição de 1975) o codificador ao afirmar que 
a personalidade da pessoa começa com o 
nascimento com vida pretendeu abraçar a teoria 
Natalista, mas em inúmeros pontos do próprio 
código sofre inequívoca influência da teoria 
Concepcionista. Sobre isso o antigo CC é muito 
similar com o novo CC. Vide art. 2º, 1ª parte (teoria 
natalista) e a 2ª parte (teoria concepcionista). 
 No entanto, a questão é polêmica. 
O que se entende por natimorto? É aquele que 
nasceu morto. Ele não é uma pessoa. Entretanto, ainda 
assim ele goza de proteção, existe tutela jurídica. O 
enunciado n. 1 da 1ª jornada de Direito Civil protege o 
natimorto, em caráter especial, a luz da teoria dos direitos 
da personalidade. É uma situação peculiar de tutela. 
Não se pode confundir: NASCITURO, EMBRIÃO e 
NATIMORTO 
NASCITURO EMBRIÃO NATIMORTO 
Ente concebido no 
ventre materno. 
O nascituro é um 
embrião com vida 
intra-uterina (o 
embrião preservado 
em laboratório não 
O natimorto é o nascido 
morto. Feto expelido já 
morto. Enunciado nº 1, da 
1ª jornada de direito civil, 
afirma que o natimorto 
 
 
 
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se fala em 
nascituro). 
goza de tutela jurídica no 
que tange ao nome, à 
imagem e à sepultura. 
Esse enunciado é um 
entendimento da 
doutrina. 
 
Adquirindo a personalidade (que consiste no 
conjunto de caracteres próprios da pessoa, sendo a aptidão 
para adquirir direitos e contrair obrigações), o ser humano 
adquire o direito de defender o que lhe é próprio, como sua 
integridade física (vida, alimentos, etc.), intelectual 
(liberdade de pensamento, autoria científica, artística e 
intelectual), moral (honra, segredo pessoal ou profissional, 
opção religiosa, sexual, etc.). Lembre-se: a dignidade é um 
direito fundamental, previsto em nossa Constituição, que 
também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o 
direito de indenização pelo dano material ou moral 
decorrente dessa violação. Os direitos da personalidade 
(leia o art. 11 do CC) são absolutos, intransmissíveis, 
indisponíveis, irrenunciáveis e imprescritíveis. Acompanhe 
os próximos artigos: 
O artigo 12 prevê a possibilidade de exigir que 
cesse lesão a direito da personalidade, por meio de ação 
própria, sem prejuízo da reparação de eventuais danos 
materiais e morais suportados pela pessoa. A nova lei prevê 
também a possibilidade de defesa do direito do morto, por 
meio de ação promovida por seus sucessores. 
O artigo 13 e seu parágrafo único prevê o direito 
de disposição de partes, separadas do próprio corpo em 
vida para fins detransplante, ao prescrever que, “salvo por 
exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio 
corpo, quando importar diminuição permanente da 
integridade física, ou contrariar os bons costumes. O ato 
previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, 
na forma estabelecida em lei especial”. É possível, também, 
com objetivo científico ou altruístico a disposição gratuita 
do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da 
morte, podendo essa disposição ser revogada a qualquer 
momento. 
Note agora que os artigos 16 a 19 do Código Civil 
tutelam o direito ao nome contra atentado de terceiros, 
expondo-o ao desprezo público, ao ridículo, acarretando 
dano moral ou patrimonial. 
O artigo 20 tutela o direito à imagem e os direitos 
a ele conexos (também artigo 5º, XXVIII, “a” da Constituição 
Federal), que se refere ao direito de ninguém ver seu rosto 
estampado em público ou mercantilizado sem seu consenso 
e o de não ter sua personalidade alterada material ou 
intelectualmente, causando dano à sua reputação. Há 
certas limitações do direito de imagem, com dispensa da 
anuência para sua divulgação (ex.: pessoa notória – desde 
que não haja abusos, pois sua vida íntima deve ser 
preservada; exercício de cargo público, etc.). 
Tutela, também, o Código Civil em seu artigo 21 o 
direito à intimidade prescrevendo que a vida privada da 
pessoa natural é inviolável (ex.: violação de domicílio, 
correspondência, conversas telefônicas, etc.). 
É de se esclarecer finalmente, que o Código Civil 
não exauriu a matéria. A enumeração exposta é 
exemplificativa, deixando ao Juiz margem para que estenda 
a proteção a situações não previstas expressamente. 
Ficou bem claro até aqui que a personalidade tem 
início com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo os 
direitos do nascituro. Falemos agora sobre a 
individualização da pessoa natural. Esta se dá pelo: a) 
nome – reconhecimento da pessoa na sociedade; b) estado 
– posição na sociedade política; c) domicílio – lugar da 
atividade social. Vamos comentar um a um desses temas. 
A) Nome é o sinal exterior pelo qual se designa e 
se reconhece a pessoa na família e na sociedade. Trata-se 
de direito inalienável e imprescritível, essencial para o 
exercício de direitos e cumprimento das obrigações. 
Também é conferido às pessoas jurídicas. É protegido pela 
lei. São elementos constitutivos do nome: 
• Prenome - próprio da pessoa, pode ser simples 
(ex.: João, José, Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou 
composto (ex.: José Carlos, Antônio Pedro, Ana Maria, etc.). 
• Patronímico - ou nome de família, ou apelido de 
família, ou sobrenome - identifica a procedência da pessoa, 
indicando sua filiação ou estirpe, podendo ser simples (ex.: 
Silva, Souza, Lobo, etc.) ou composto (ex.: Alcântara 
Machado; Lins e Silva, etc.). 
• Agnome - sinal distintivo entre pessoas da 
mesma família, que se acrescenta ao nome completo (ex.: 
Júnior, Filho, Neto, Sobrinho). 
Há outros elementos facultativos como o cognome 
(apelido ou epíteto), pseudônimo ou codinome (para o 
exercício de uma atividade específica – cantor, ator, autor, 
etc) e axiônimo (que representam os títulos de nobreza, 
eclesiásticos ou acadêmicos – Duque, Visconde, Bispo, 
Mestre, Doutor etc), mas não tenho visto estas expressões 
caírem em concursos. 
Em princípio o nome é imutável. No entanto o 
princípio da inalterabilidade do nome sofre exceções em 
casos justificados. A lei e a jurisprudência admitem a 
retificação ou alteração de qualquer dos elementos. 
Vamos examinar alguns exemplos que vêm caindo 
em concursos: 
- expuser seu portador ao ridículo ou situações 
vexatórias - artigo 55, parágrafo único da Lei de Registros 
Públicos - em princípio os nomes exóticos ou ridículos não 
podem ser registrados, o oficial do Registro Público pode se 
recusar a registrar; mas se o forem podem ser alterados. 
 
 
 
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- houver erro gráfico evidente (ex.: Nerson, 
Osvardo, etc.) - artigo 58, parágrafo único da Lei de 
Registros Públicos. 
- causar embaraços comerciais - homônimo - 
adição de mais um prenome ou do patronímico materno. 
 - uso prolongado e constante de um nome diverso do 
que figura no registro - inclusive adicionando apelido ou 
alcunha (ex.: Luiz Inácio Lula da Silva, Maria da Graça Xuxa 
Meneghel, etc.). 
- primeiro ano após a maioridade - a lei permite a 
alteração, independentemente de justificação, desde que 
não prejudique o patronímico (art. 56 da L.R.P.). 
- casamento – cuidado com esse item. Atualmente 
o art. 1.565, §1º CC permite que qualquer dos nubentes 
acrescente ao seu o sobrenome do outro. 
- união estável - a lei permite que a companheira 
adote o patronímico do companheiro, se houver 
concordância deste. 
Outros exemplos: adoção, reconhecimento de filho, 
legitimação, divórcio, separação judicial, serviço de 
proteção de vítimas, etc. 
 
B) Estado Civil - é definido como sendo o modo 
particular de existir. 
Pode ser encarado sob 3 (três) aspectos: 
• Individual ou físico - idade (maior ou menor), 
sexo, saúde mental e física, etc. 
• Familiar - indica a situação na família: 
- quanto ao matrimônio: solteiro, casado, viúvo, 
separado ou divorciado. 
- quanto ao parentesco consanguíneo: pai, mãe, 
filho, avô, irmão, primo, tio, etc. 
- quanto à afinidade: sogro, sogra, genro, nora, 
cunhado, etc. 
• Político - posição da pessoa dentro de um País: 
nacional (nato ou naturalizado), estrangeiro, apátrida. 
Como disse acima, os examinadores gostam de sinônimos. 
Já vi cair em um concurso a palavra heimatlos como 
sinônimo de apátrida. 
O estado civil é a soma de qualificações da pessoa. 
É uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente 
casado e solteiro; maior e menor, etc. Regula-se por normas 
de ordem pública. Por ser um reflexo da personalidade, não 
pode ser objeto de comércio; é um direito indisponível, 
imprescritível e irrenunciável. As ações tendentes a afirmar, 
obter ou negar determinado estado são chamadas ações de 
estado (ex.: investigação de paternidade, divórcio, etc.), 
também personalíssimas. 
2.2. CAPACIDADE DE DIREITO E DE FATO 
Passemos agora ao estudo da Capacidade que é 
aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir 
obrigações, ou seja, de atuar sozinha perante o complexo 
das relações jurídicas. 
Embora baste nascer com vida para se adquirir a 
personalidade, nem sempre se terá capacidade. A 
capacidade, que é elemento da personalidade, pode ser 
classificada em: 
• de direito ou de gozo - própria de todo ser 
humano, inerente à personalidade e que só perde com a 
morte. É a capacidade para adquirir direitos e contrair 
obrigações. "Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na 
ordem civil" (artigo 1º do Código Civil). 
• de fato ou de exercício da capacidade de direito 
- isto é, de exercitar por si os atos da vida civil. 
Toda pessoa tem capacidade de direito, mas pode 
não ter a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a 
plenitude da consciência e da vontade. A capacidade de 
direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer 
restrições quanto ao seu exercício (ex.: o “louco”, por ser 
pessoa, tem capacidade de direito, podendo receber uma 
doação; porém não tem capacidade de fato, não podendo 
vender o bem que ganhou). 
Quem tem as duas espécies de capacidade tem a 
capacidade plena. Quem só tem a de direito tem 
capacidade limitada. 
 
2.3. INCAPACIDADE 
Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos 
atos da vida civil. Pode ser absoluta ou relativa. 
 Obs.: Não confunda capacidade e legitimidade: a falta 
de legitimidade significa que, mesmo sendo capaz, a 
pessoa está impedida por lei de praticardeterminado 
ato (vg. Art. 1.521, IV – “Não podem casar: as pessoas 
casadas”). Uma pessoa pode ter capacidade plena, 
mas estar circunstancialmente impedida de praticar 
determinado ato. Neste caso, falta-lhe legitimidade. 
(Exemplos no CC: art. 1749, I e art. 1521, IV). Toda vez 
que houver impedimento específico. 
 Assim, como visto, a falta da capacidade de FATO gera 
a incapacidade civil que pode ser: absoluta ou relativa. 
 
1) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES 
Quando houver proibição total do exercício do 
direito do incapaz, acarretando, em caso de violação, a 
nulidade do ato jurídico (art. 166, I do CC). Os 
absolutamente incapazes possuem direitos, porém não 
podem exercê-los pessoalmente. Há uma restrição legal ao 
 
 
 
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poder de agir por si. Devem ser representados. São 
absolutamente incapazes (art. 3º do CC): 
Com a vigência da lei nº 13.146/2015, no início de 
janeiro de 2016, a única hipótese de incapacidade absoluta, 
prevista no Código Civil, passou a ser a do critério etário. 
Os menores de 16 (dezesseis) anos - critério etário 
- devem ser representados por seus pais ou, na falta deles, 
por tutores. São chamados também de menores impúberes. 
O legislador entende que, devido a essa idade, a pessoa 
ainda não atingiu o discernimento para distinguir o que 
pode ou não fazer. Dado o seu desenvolvimento intelectual 
incompleto, pode ser facilmente influenciável por outrem. 
É muito importante notar que o Código Civil não 
estende a incapacidade: 
a) ao cego (que somente terá restrição aos atos 
que dependem da visão, como testemunha ocular, 
testemunha em testamentos etc.; além disso não poderá 
fazer testamento por outra forma que não seja a pública); 
b) ao analfabeto; e 
c) à pessoa com idade avançada. 
 
2) RELATIVAMENTE INCAPAZES 
A incapacidade relativa diz respeito àqueles que 
podem praticar por si os atos da vida civil, desde que 
assistidos. O efeito da violação desta norma é gerar a 
anulabilidade do ato jurídico, dependendo da iniciativa do 
lesado. Há hipóteses em que, mesmo sendo praticado sem 
assistência, pode o ato ser ratificado ou convalidado pelo 
representante legal, posteriormente. São relativamente 
incapazes (art. 4º do CC): 
Com a vigência da lei nº 13.146/2015, no início de 
janeiro de 2016, as hipóteses de incapacidade relativa, 
previstas no Código Civil, passaram a considerar critério 
etário, o alcoolismo e o vício em drogas, a impossibilidade 
de exteriorizar vontade válida e a prodigalidade. 
a) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos - sua 
pouca experiência e insuficiente desenvolvimento 
intelectual não possibilitam a plena participação na vida 
civil. São também chamados de menores púberes. 
Os menores, entre 16 e 18 anos, somente poderão 
praticar certos atos mediante assistência de seus 
representantes, sob pena de anulação. No entanto há atos 
que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem 
assistência: casar, necessitando apenas de autorização; 
fazer testamento; servir como testemunha em atos 
jurídicos, inclusive em testamento; requerer registro de seu 
nascimento, ser mandatário etc. 
É muito comum cair nos concursos a seguinte 
afirmação: o menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para 
eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se 
dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, 
ou se, no ato de obrigar-se, espontaneamente se declarou 
maior. Isto é previsto no artigo 180 do CC. 
b) Ébrios habituais e os viciados em tóxicos – 
alarga-se os casos de incapacidade relativa decorrente de 
causa permanente ou transitória. Deve haver processo de 
interdição. Neste processo, averiguando-se que a pessoa 
encontra-se em situação tal que o impede de exprimir 
totalmente a sua vontade, pode-se declarar a incapacidade 
absoluta. 
c) aqueles que, por causa transitória ou 
permanente, não puderem exprimir sua vontade – abrange 
os surdos portadores de afasia, as pessoas em coma etc. 
d) Pródigos - são os que dilapidam, dissipam os 
seus bens ou seu patrimônio, fazendo gastos excessivos e 
anormais. Trata-se de um desvio de personalidade e não de 
alienação mental. Devem ser interditados e, em seguida, 
nomeia-se um curador para cuidar de seus bens. Ficam 
privados, exclusivamente, dos atos que possam 
comprometer seu patrimônio. 
O pródigo interditado não pode (sem assistência): 
emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, agir 
em juízo etc. Todavia, pode: exercer atos de mera 
administração, casar-se (no entanto se houver necessidade 
de pacto antenupcial haverá assistência do curador, pois o 
ato nupcial pode envolver disposição de bens), exercer 
profissão etc. 
Cuidado com questões referentes aos indígenas 
(antigamente denominados de silvícolas - silva – selva; 
íncola – habitante - os que moram nas selvas e não estão 
adaptados à nossa sociedade e depois de índios), a 
finalidade da lei é protegê-los, bem como os seus bens. O 
atual Código Civil não os considerou como incapazes, 
devendo a questão ser regida por lei especial (art. 4º, 
parágrafo único do CC). A Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio) 
coloca o índio e sua comunidade, enquanto não integrado à 
comunhão nacional, sob o regime tutelar. O órgão que deve 
assisti-los é a FUNAI. A lei estabelece que os negócios 
praticados entre um índio e uma pessoa estranha à 
comunidade, sem a assistência da FUNAI é nulo (e não 
anulável). No entanto prevê que o negócio pode ser 
considerado válido se o silvícola revelar consciência do ato 
praticado e o mesmo não for prejudicial. Para a 
emancipação do índio exige-se: idade mínima de 21 anos, 
conhecimento da língua portuguesa, habilitação para o 
exercício de atividade útil, razoável conhecimento dos usos 
e costumes da comunhão nacional e liberação por decisão 
judicial. 
Observações importantes!!! 
OBS 1: Uma pessoa que se intoxica para cometer 
um ato ilícito fica isenta da responsabilidade civil? 
 
 
 
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Lembrem-se da teoria da ACTIO LIBERA IN CAUSA, 
do doutrinador Alvinho Lima, adotada como em países 
como a Bélgica, Alemanha e Suíça, que, apesar de possuir 
maior aplicação no direito penal, também pode ser aplicada 
ao direito civil, de maneira que a pessoa que 
voluntariamente se intoxica não está isenta de 
responsabilidade civil sob a alegação de incapacidade. 
OBS 2: o curador do pródigo não irá representá-lo 
em todos os atos, mas apenas assisti-lo em atos de 
repercussão patrimonial. 
OBS 3: Porque existe o interesse do Estado em 
impedir que o pródigo seja reduzido à miséria? Para evitar 
a necessidade de no futuro ter que prestar assistência para 
o indivíduo. 
Questão do MP de Minas: O que se entende por 
estatuto jurídico do patrimônio mínimo? Tese 
desenvolvida por Luiz Edson Fachin, publicada pela editora 
renovar, segundo a qual, em uma perspectiva 
constitucional, a luz do princípio da dignidade da pessoa 
humana, as normas civis devem resguardar a cada 
indivíduo um mínimo de patrimônio para que tenha vida 
digna. 
OBS 4: no campo da proteção do incapaz, é 
aplicável o benefício de restituição (RESTITUTIO IN 
INTREGUM)? 
Trata-se, segundo Clóvis Beviláqua, do benefício 
reconhecido ao incapaz para permitir que ele possa anular 
qualquer ato que lhe seja prejudicial. O código de 1916 dizia 
que o benefício de restituição era proibido. No código civil 
de 2002 esse benefício continua proibido em respeito à 
boa-fé e a segurança jurídica dos negócios. 
Caso exista conflitos de interesses entre o 
representante e o incapaz pode-se invocar o art. 119 do 
CC/02 Art.119. “É anulável o negócio concluído pelo 
representante em conflito de interesses com o 
representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento 
de quem com aquele tratou. Parágrafo único. É de cento e 
oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da 
cessação da incapacidade, o prazo de decadência para 
pleitear-se a anulação prevista neste artigo”. 
 
TUTELA E CURATELA 
Embora esse tema se refira ao Direito de Família, 
gosto de falar sobre ele aqui. Nem todos os editais exigem o 
Direito de Família. Mas tutela e curatela são pontos que 
podem cair tanto na Parte Geral do Direito Civil, como no 
Direito de Família. Assim, é melhor falar sobre o tema duas 
vezes (se o edital pedir também o Direito de Família) do que 
não falar sobre o tema. 
A tutela é um instituto de caráter assistencial que 
tem por finalidade substituir o poder familiar. Protege o 
menor (impúbere ou púbere) não emancipado e seus bens, 
se seus pais falecerem ou forem suspensos ou destituídos 
do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência 
no plano jurídico. Pode ser oriunda de provimento 
voluntário, de forma testamentária, ou em decorrência da 
lei. 
A curatela é um encargo (munus) público previsto 
em lei que é dado para pessoas maiores, mas que por si sós 
não estão em condições de realizar os atos da vida civil 
pessoalmente, geralmente em razão de enfermidade ou 
deficiência mental. O curador deve reger e defender a 
pessoa e administrar seus bens. Decorre de nomeação pelo 
Juiz em decisão prolatada em processo de interdição. 
Costuma-se dizer que a natureza da decisão é constitutiva 
com eficácia declaratória. Os atos praticados depois da 
decisão são nulos ou anuláveis conforme o interdito seja 
absoluta ou relativamente incapaz. É possível invalidar ato 
negocial antes da interdição desde que se comprove a 
existência da insanidade por ocasião da efetivação daquele 
ato, posto que a causa da incapacidade é a anomalia 
psíquica e não a sentença de interdição. 
 
REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA 
O instituto da incapacidade visa proteger os que 
são portadores de uma deficiência jurídica apreciável. Essa 
forma de proteção é graduada: 
Representação - para os absolutamente incapazes. 
Estas pessoas estão privadas de agir juridicamente e serão 
representadas. Ex.: um rapaz, com 15 anos, não pode 
vender um apartamento de sua propriedade. Mas este 
imóvel pode ser vendido através de seus pais que irão 
representar o menor. No ato da compra e venda este nem 
precisa comparecer. 
Assistência - para os relativamente incapazes. 
Estas pessoas já podem atuar na vida civil. Alguns atos 
podem praticar sozinhos; outros necessitam de autorização. 
Ex.: um rapaz, com 17 anos, já pode vender seu 
apartamento. Mas não poderá fazê-lo sozinho. Necessita de 
autorização de seus pais. No ato de compra e venda ele 
comparece e assina os documentos, juntamente com seus 
pais. 
Atenção Pessoal - por meio da representação e 
assistência, supre-se eventual incapacidade, e os negócios 
jurídicos realizam-se regularmente. 
Curador Especial - se houver conflito de interesses 
entre o incapaz e seu representante legal o Juiz deve 
nomear um curador especial para proteger o incapaz. 
 
3) CAPACIDADE PLENA 
A incapacidade termina, via de regra, ao 
desaparecerem as causas que a determinaram. Assim, nos 
casos de loucura, da toxicomania etc., cessando a 
 
 
 
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enfermidade que a determinou, cessa também a 
incapacidade (segundo Clóvis Beviláqua – Comentários ao 
Código Civil). Em relação à menoridade, a incapacidade 
cessa quando o menor completar 18 anos. Dessa forma, 
torna-se apto a exercer pessoalmente todos os atos da vida 
civil sem necessidade de ser assistido por seus pais. Não se 
deve confundir a capacidade civil, com a imputabilidade 
(responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos. 
Falamos sobre a Personalidade e a Capacidade. 
Falta agora, para terminar esta aula, falar sobre a 
Emancipação. 
Emancipação ou antecipação dos efeitos da 
maioridade é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 
anos, habilitando o indivíduo para todos os atos da vida 
civil. A emancipação é irrevogável e definitiva. 
Adquire-se a emancipação (leia agora o artigo 5º 
do Código Civil): 
• por concessão dos pais ou de um deles na falta 
do outro (emancipação parental ou voluntária) - neste caso 
não é necessária a homologação do Juiz. Deve ser 
concedida por instrumento público e registrada no Cartório 
de Registro Civil das Pessoas Naturais. O menor deve ter, no 
mínimo, 16 anos completos. Admite-se a emancipação 
unilateral (um dos pais) se um deles já faleceu, foi 
destituído do poder familiar etc. 
• por sentença do Juiz - em duas hipóteses: a) 
quando um dos pais não concordar com a emancipação, 
contrariando a vontade do outro; há um conflito de vontade 
entre os pais quanto à emancipação do filho; b) quando o 
menor estiver sob tutela. O tutor não pode emancipar o 
menor. Evita-se a emancipação destinada para livrar o tutor 
do encargo. A emancipação é feita pelo Juiz, se o menor 
tiver 16 anos, ouvido o tutor, depois de verificada a 
conveniência para o bem do menor. 
• pelo casamento - a idade nupcial do homem e da 
mulher é de 16 anos (art. 1.511 CC, exigindo-se autorização 
de ambos os pais, enquanto não atingida a maioridade). 
Não é plausível que continue incapaz, depois de casado. O 
divórcio, a viuvez e a anulação do casamento não implicam 
o retorno à incapacidade. No entanto o casamento nulo faz 
com que se retorne à situação de incapaz (se o ato foi nulo, 
a pessoa nunca foi emancipada, posto que não produz 
efeitos e é retroativo), salvo se contraído de boa-fé (nesse 
caso a pessoa é considerada emancipada). 
• por exercício de emprego público - deve ser 
efetivo; excluem-se, portanto, os diaristas, contratados e os 
nomeados para cargos em comissão. Há pouca aplicação 
prática, pois os concursos, como regra, exigem idade 
mínima de 18 anos. 
• por colação de grau em curso de ensino 
superior - também há pouca aplicação prática devido a 
nosso sistema de ensino. 
• por estabelecimento civil ou comercial ou pela 
existência de relação de emprego com economias próprias 
- é necessário ter ao menos 16 anos, pois revela suficiente 
amadurecimento e experiência desenvolvida. No entanto, 
na prática, há dificuldade para se provar "economia 
própria". 
Obs. - serviço militar - hipótese prevista em lei 
especial - faz com que cesse para o menor de dezessete 
anos a incapacidade civil, apenas para efeito do alistamento 
e sorteio militar. 
Veja uma questão interessante que já caiu em 
diversos concursos, misturando conceitos de Direito Penal e 
Civil. Uma pessoa se casa com 16 anos. Um ano depois, 
acaba matando seu cônjuge. Ela vai responder 
criminalmente? Resposta – a emancipação só diz respeito 
aos efeitos civis. Portanto, para o Direito Penal essa pessoa 
continua menor (e, portanto, considerada inimputável), 
ficando sujeita não ao Código Penal, mas ao Estatuto da 
Criança e Adolescente. 
Outra questão: uma pessoa menor se casou. 
Tornou-se, portanto, capaz. Logo a seguir se divorcia. O 
divórcio faz com que a pessoa retorne ao estado de 
incapaz? Resposta – pela nossa Lei, não! Isto é, uma vez 
alcançada a emancipação, esta não pode ser mais revogada, 
a não ser em casos especialíssimos, como vimos acima. 
 
TEMAS POLÊMICOS EM TORNO DA EMANCIPAÇÃO 
A sentença que declara a nulidade DO 
CASAMENTO tem efeito retroativo? Assim, volta o menor 
emancipado ao estado de incapacidade? 
Trata-se de questão polêmica a mantença ou não 
dos efeitos da emancipação em um casamento invalidado. 
Respeitável parcela da doutrina (Flávio Tartuce,Fernando 
Simão, Zeno Veloso) sustenta a retroatividade dos efeitos 
da sentença, de maneira que, nessa linha, a emancipação 
perderia efeitos, ressalvada a hipótese do casamento 
putativo. 
O que se entende por economia própria para 
efeito de emancipação? 
Trata-se de um conceito aberto a ser preenchido 
pelo juiz no caso concreto a luz do princípio da 
operabilidade ou concretude. 
Vale acrescentar que a luz do princípio da 
segurança jurídica, caso o menor emancipado seja demitido 
ele não deve retornar a situação de incapacidade 
* Sistema aberto do Direito Civil – nosso sistema jurídico 
civil é um sistema aberto, ou seja, permeado de conceitos 
abertos e cláusulas gerais, denominados poros axiológicos. 
Ex: economia própria, justa causa, família, atividade de 
risco (são conceitos abertos) ou Clausulas gerais: boa-fé 
objetiva. 
 
 
 
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 Atenção!!! 
O menor emancipado não comete crime, mas sim 
ato infracional na forma do ECA. Todavia, admite-se a sua 
prisão civil, que não é sanção penal. Entretanto, deve-se 
respeitar o lugar onde será recluso. 
 
PARTE GERAL. DA PESSOA NATURAL: 
AUSÊNCIA. TÉRMINO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. DOMICÍLIO. 
PESSOA JURÍDICA. 
 
AUSÊNCIA 
A ausência só pode ser reconhecida por meio de 
um processo judicial composto de três fases: a) curadoria 
dos bens do ausente (ou de administração provisória); b) 
sucessão provisória; c) sucessão definitiva. 
Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua 
sucessão (e até mesmo o Ministério Público) poderá 
requerer ao Juiz a declaração de ausência e a nomeação de 
um curador. Durante um ano deve-se expedir editais 
convocando o ausente para retomar a posse de seus 
haveres. Com a sua volta opera-se a cessação da curatela, o 
mesmo ocorrendo se houver notícia de seu óbito 
comprovado. 
Se o ausente não comparecer no prazo, poderá ser 
requerida e aberta a sucessão provisória e o início do 
processo de inventário e partilha dos bens. Nesta ocasião a 
ausência passa a ser presumida. Feita a partilha seus 
herdeiros (provisórios e condicionais) irão administrar os 
bens, prestando caução, (ou seja, dando garantia que os 
bens serão restituídos no caso do ausente aparecer). Nesta 
fase os herdeiros ainda não têm a propriedade; exercem 
apenas a posse dos bens do ausente. 
Após 10 (dez) anos do trânsito em julgado da 
sentença de abertura da sucessão provisória, sem que o 
ausente apareça (ou cinco anos depois das últimas notícias 
do ausente que conta com mais de 80 anos), será declarada 
a morte presumida. Nesta ocasião converte-se a sucessão 
provisória em definitiva. Os sucessores deixam de ser 
provisórios, adquirindo o domínio e a disposição dos bens 
recebidos, porém a sua propriedade será resolúvel. Se o 
ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes à abertura 
da sucessão definitiva terá os bens no estado em que se 
encontrarem e direito ao preço que os herdeiros houverem 
recebido com sua venda. Se regressar após esse prazo 
(portanto após 21 anos de processo), não terá direito a 
nada. 
 
 
 
TÉRMINO DA PERSONALIDADE 
Já falamos sobre o início e individualização da 
personalidade. Vamos agora nos ater ao fim da 
personalidade. 
A personalidade da pessoa natural acaba com a 
morte. Verificada a morte de uma pessoa, desaparecem, 
como regra, os direitos e as obrigações de natureza 
personalíssima, sejam patrimoniais ou não. Os direitos não 
personalíssimos (em especial os de natureza patrimonial) 
são transmitidos aos seus sucessores. Vamos falar sobre as 
“espécies de morte”: 
Morte Real - A personalidade termina com a 
morte física (real), deixando de ser sujeito de direitos e 
obrigações (mors onmia solvit – a morte tudo resolve). 
A morte real se dá com o óbito comprovado da 
pessoa natural, com ou sem o corpo. A prova da morte se 
faz com o atestado de óbito ou pela justificação em caso de 
catástrofe e não encontro do corpo. 
Se um avião explode matando todos os 
passageiros, há o óbito comprovado de todos; entretanto, 
provavelmente não teremos os corpos de todos. Mesmo 
assim houve a morte real (ex.: Ulisses Guimarães foi 
declarado morto na Comarca de Ubatuba - Lei de Registros 
Públicos - 6.015/73 - Art. 88 - “Poderão os juízes togados 
admitir justificação para o assento de óbito de pessoas 
desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, 
terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver 
provada a sua presença no local do desastre e não for 
possível encontrar-se o cadáver para exame”). 
 Atenção!!! 
A morte deve ser declarada por profissional da 
medicina, admitindo-se, na ausência deste, nos termos da 
lei 6.015/73 (lei de registros públicos) a declaração de óbito 
possa ser feita por 2 testemunhas. 
Em regra: médico faz a declaração médica, leva-se 
ao cartório de registro de pessoa natural e, então, é 
confeccionado a certidão de óbito. 
Morte Presumida - Além da morte real, existe 
também em nosso Direito a morte presumida, que ocorre 
quando a pessoa for declarada ausente. 
Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do 
seu domicílio, que deixa de dar notícias por longo período 
de tempo e sem deixar procurador para administrar seus 
bens (art. 22 CC). Os efeitos da morte presumida são 
patrimoniais e alguns pessoais. 
O art. 1.571, §1º do CC prevê que a presunção de 
morte por ausência pode por fim ao vínculo conjugal, 
liberando o outro cônjuge para convolar novas núpcias. 
Em casos excepcionais pode haver a morte 
presumida sem declaração de ausência (art. 7º do CC): 
 
 
 
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• extremamente provável a morte de quem estava 
em perigo de vida. 
• desaparecido em campanha ou feito prisioneiro 
e não foi encontrado até dois anos após a guerra. 
Comoriência - esta é uma “palavrinha” que vem 
caindo muito em concursos, pois ela não faz parte de nosso 
dia a dia. É o instituto pelo qual se considera que duas ou 
mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não 
se puder averiguar qual delas pré-morreu. 
 Leia agora o art. 8º do Código Civil: “Se dois ou 
mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos 
outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”. 
 Resumindo, comoriência é presunção de morte de 
duas ou mais pessoas (ex.: avião que cai matando todos os 
passageiros). Também é chamada de morte simultânea. 
Ou seja, um comoriente não transfere, não herda 
do outro, abre-se cadeias sucessórias autônomas e 
distintas. 
Em tese, os comorientes podem morrer em lugares 
distintos. 
* A regra da comoriência não é aplicada se existir a 
ordem cronológica dos óbitos. 
* Nos termos do art. 8º, do CC, aplica-se a regra da 
comoriência, quando não se puder definir a ordem 
cronológica dos óbitos. Nesse caso, consideram-se os 
comorientes mortos ao mesmo tempo abrindo-se cadeias 
cronológicas autônomas e distintas. 
 
Aplica-se o efeito jurídico deste instituto sempre 
que entre os mortos houver relação de sucessão 
hereditária. Se os comorientes forem herdeiros um dos 
outros, não haverá transferência de direitos entre eles; um 
não sucederá o outro. Suponha-se o caso de mortes 
simultâneas de cônjuges, sem descendentes e sem 
ascendentes, mas com irmãos. Pelo instituto da 
comoriência, a herança de ambos é dividida à razão de 50% 
para os herdeiros de cada cônjuge, se o regime de bens do 
casamento for o da comunhão universal. 
São efeitos do fim da personalidade: dissolução 
do vínculo conjugal e matrimonial; extinção do poder 
familiar; extinção da obrigaçãode alimentos com o 
falecimento do credor (no caso de morte do devedor, os 
herdeiros deste assumirão a obrigação até as forças da 
herança); extinção dos contratos personalíssimos etc. 
Observe que a morte não aniquila com toda a 
vontade do de cujus (falecido). Sua vontade pode sobreviver 
por meio de um testamento. Ao cadáver, é devido respeito; 
militares e servidores podem ser promovidos post mortem; 
permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos 
autorais etc. 
DOMICÍLIO 
Domicílio – Este é o item que requer muito 
cuidado do aluno. Dos três elementos da individualização 
da personalidade, o Domicílio é o mais importante e que 
tem maior incidência nas provas. Principalmente em relação 
ao domicílio necessário como veremos logo a seguir. 
O conceito de domicílio surge da necessidade legal 
que se tem de ficar as pessoas em determinado ponto do 
território nacional. É, como regra, no foro de seu domicílio 
que o réu é procurado para ser citado. Exemplo: se eu 
ingresso com uma ação, onde essa ação deve ser proposta? 
Resposta – no domicílio do réu. Se uma pessoa morre, onde 
deve ser proposta a ação de inventário? No último domicílio 
do “de cujos” (falecido). E assim por diante... O conceito de 
domicílio está sempre presente em nosso dia-a-dia, mesmo 
que não percebamos. 
Cumpre, inicialmente, fazer a seguinte distinção: 
• residência - é o lugar em que o indivíduo habita 
com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente 
temporariamente; é uma situação de fato. 
• domicílio - é a sede da pessoa, tanto física como 
jurídica, onde se presume a presença para efeitos de direito 
e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e 
negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa estabelece sua 
residência com ânimo definitivo de permanecer; é um 
conceito jurídico. 
Regra básica - O domicílio da pessoa natural é o 
lugar onde ela estabelece residência com ânimo definitivo 
(art. 70 do Código Civil). É também domicílio da pessoa 
natural, quanto às relações concernentes à profissão, o 
lugar onde esta é exercida (art. 72 do CC). 
Outras regras: Pessoa com várias residências, onde 
alternativamente viva - domicílio é qualquer delas - 
pluralidade domiciliar. Pessoa sem residência habitual, sem 
ponto central de negócios (ex.: circenses, ciganos) - 
domicílio é o lugar onde for encontrado. 
É importante saber as espécies de domicílio. É 
comum cair algo dessa classificação em concursos. Para não 
confundir veja os seguintes conceitos de domicílio com 
atenção: 
1 - Voluntário - escolhido livremente pela própria 
vontade do indivíduo (geral) ou estabelecido conforme 
interesses das partes em um contrato (especial). 
2 - Legal ou necessário - a lei determina o 
domicílio em razão da condição ou situação de certas 
pessoas. Assim: 
• incapazes (sobre incapacidade veja mais adiante) 
- têm por domicílio o de seus representantes (pais, tutores 
ou curadores). 
• servidor público - domicílio no lugar onde exerce 
permanentemente sua função. 
 
 
 
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• militar em serviço ativo - lugar onde servir; 
apenas o militar da ativa possui domicílio necessário. 
• preso - lugar onde cumpre a decisão 
condenatória. 
• oficiais e tripulantes da marinha mercante - 
marinha mercante é a que se ocupa do transporte de 
passageiros e mercadorias. O domicílio legal é no lugar 
onde estiver matriculado o navio. Navio nacional é o 
registrado na capitania do porto do domicílio de seu 
proprietário. 
• o agente diplomático do Brasil que, citado no 
estrangeiro, alegar extraterritorialidade, sem indicar seu 
domicílio no país, poderá ser demandado no Distrito 
Federal ou no seu último domicílio. 
3 - Domicílio contratual, foro de eleição ou 
cláusula de eleição de foro - é o domicílio eleito, escolhido 
pelas partes contratantes para o exercício e cumprimento 
dos direitos e obrigações. Este é o que mais tem caído em 
concursos. É o chamado domicílio voluntário especial (art. 
78 CC). No entanto, não prevalece o foro de eleição quando 
se tratar de ação que verse sobre imóveis; neste caso a 
competência é o da situação da coisa. Atualmente, segundo 
o Código de Processo Civil, o foro de eleição nos contratos 
de adesão, é considerado cláusula abusiva, pois prejudica o 
consumidor, uma vez que o obriga a responder ação judicial 
em local diverso de seu domicílio (“é nula a cláusula que 
não fixar o domicílio do consumidor”). 
Uma questão muito comum em concursos é: uma 
pessoa pode ter mais de uma residência? E mais de um 
domicílio? A resposta está no artigo 71: se a pessoa tiver 
diversas residências, onde, alternadamente viva, 
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Portanto é 
possível a pluralidade de residências e domicílios. 
Assim, o sistema brasileiro, seguindo o direito 
Alemão, admite pluralidade de domicílios, nos termos do 
art. 71 do CC. 
 A pessoa pode ter mais de um domicílio. 
Art. 71 do CC 
Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, 
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer dela. 
 
Se a pessoa natural tiver diversas residências onde 
viva, pode ter diversos domicílios, podendo ser considerado 
qualquer deles. 
 
 DICA DE CONCURSO: 
O que é domicílio aparente ou ocasional? 
Henri de Page (civilista Belga) o domicílio aparente 
ou ocasional é uma aplicação da teoria da aparência. Para 
pessoas que não tenham domicílio certo, por ficção legal, é 
considerado o seu domicílio o lugar em que for encontrada 
(art. 73 do CC). Exemplos: caixeiro viajante, ciganos etc. 
* Teoria da aparência  É teoria que se escreve 
pouco no Brasil. há pessoas que vivem em constantes 
viagens, não tem domicílio certo. Ex: profissionais do circo, 
caixeiro viajante, cigano (não falar caminhoneiro, que em 
geral tem domicílio). A luz do art. 73 do CC, a teoria do 
domicilio ocasional ou aparente, baseada na teoria da 
aparência, aplica-se às pessoas que não tem residência 
habitual: neste caso, serão consideradas domiciliadas onde 
forem encontradas. 
Domicílio profissional – é especifico, sendo apenas 
no que tange o aspecto profissional, no lugar em que exerce 
profissão. É o lugar em que a profissão é exercida. Deve-se 
ficar atento para o fato de que o domicílio profissional 
restringe-se a efeitos da profissão: e este domicílio será o 
lugar em que a profissão é exercida. Pode haver mais de 
um domicílio profissional se exerce a profissão em mais de 
um local. 
Para qualquer outro efeito, que não seja 
profissional, a pessoa demandará no local onde é seu 
domicílio geral. 
Mudança de domicílio 
Norma desprovida de sanção (Norma imperfeita). 
Art. 74 do CC 
Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a 
intenção manifesta de o mudar. 
Parágrafo único: 
 A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às 
municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, 
se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as 
circunstâncias que a acompanharem. 
 
DAS PESSOAS JURÍDICAS 
Na aula anterior falamos sobre as Pessoas Naturais 
(ou Físicas). Agora falaremos sobre as Pessoas Jurídicas. 
Pessoas Jurídicas são entes resultantes da criação 
da lei. Não têm uma realidade física, mas possuem 
realidade ideal, sendo dotadas de direitos e obrigações. Elas 
existem porque a lei assim permite. Observe que a doutrina 
também usa as expressões: pessoas morais, coletivas, 
abstratas ou fictícias. Certa vez eu vi cair em um concurso: 
quais as características da “pessoa moral?” À primeira vista, 
quem não conhece o termo, pensa que pessoa moral é a 
física (as pessoas físicas é que teriam ‘moral’). No entanto, o 
correto é dizer que são as jurídicas.

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