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CCJ0052-WL-B-RA-09-TP Redação Jurídica-Produção da Parte Narrativa - Petição Inicial

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Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
1 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA 
Título 
Teoria e Prática da Redação Jurídica. 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
9. 
Tema 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos". 
Objetivos 
●- Produzir uma narrativa jurídica valorada; 
●- Diferenciar a narrativa simples (Relatório) da narrativa valorada (Dos fatos); 
●- Utilizar os modalizadores na narrativa forense. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Narrativa simples; 
2. Narrativa valorada; 
3. Uso de modalização; 
4. Seleção e organização do conteúdo. 
Aplicação Prática Teórica 
 
Considere que o discurso jurídico é normalmente visto como uma redação de difícil compreensão para 
aqueles que não fazem parte da comunidade de profissionais do Direito. Os textos jurídicos são redigidos, na 
maior parte das vezes, para leitores não-leigos, no entanto o público leitor é, na verdade, muito maior. Em outras 
palavras, os leitores das peças processuais não são apenas os profissionais do direito; são também - e 
principalmente - as partes interessadas, os litigantes. 
Por essa razão, o cuidado com os textos jurídicos deve considerar leitores diretos e indiretos, o que exige 
que essa redação seja um pouco mais clara e simples. 
Para melhor compreender a questão, leve em consideração a Petição Inicial. Esse texto é endereçado a um 
órgão jurisdicional. Seus principais pressupostos são indicados no art. 282 do CPC. No texto, devem estar 
dispostos a qualificação das partes, os fatos, os fundamentos jurídicos, o pedido e o valor da causa. Na tarefa de 
construção de um texto dessa natureza, o operador do direito trabalhará com diferentes tipologias - ou seja, servir-
se-á tanto da narração, quanto da dissertação e da descrição. 
Há quem possa pensar que, nessa tarefa, o produtor do texto deve se preocupar em trazer uma linguagem 
rebuscada ao alcance de poucos, no entanto não é o que deve acontecer. Aquele que redige uma Petição Inicial 
deve ter em conta que formalidade não se confunde com rebuscamento. Um texto pode ser simples na linguagem 
e permanecer formal. 
 
QUESTÃO 
 
Leia o caso concreto adiante e produza uma narrativa valorada a favor da parte autora, ou seja, 
produza a narrativa de uma petição inicial - "Dos fatos": 
 
Clara, em 05 de março de 2002, vendeu a Moacir o imóvel localizado na Rua do Catete - RJ, n. 12, 
apartamento 101, mediante contrato de compra e venda por escritura pública, devidamente registrado, fazendo-se 
representar no ato por procurador regularmente constituído. 
Em 15 de abril de 2002, por não ter recebido o preço do negócio jurídico celebrado, Clara resolve reocupar 
o bem, contratando faxineira para promover-lhe a limpeza, uma vez que o imóvel permanecia desocupado de 
coisas e pessoas. Ciente de tal fato, Moacir, comprador do bem, ajuíza ação de reintegração na posse em face de 
Clara, alegando ser o possuidor do imóvel, cuja posse foi-lhe transferida no ato da escritura de compra e venda, 
conforme cláusula contratual expressa nesse sentido. 
Em contestação, a ré alega que não pode ser proposta ação possessória, porquanto o autor jamais tomara 
posse do imóvel. Sustenta a autora a invalidade do contrato de compra e venda celebrado, já que sequer recebeu 
pelo pagamento do valor da alienação. 
 
RESPOSTA: 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
2 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
Dos Fatos 
 
Consoante ficará demonstrado no decurso da demanda, a reclamante sentiu-se prejudicada pelo fato do 
reclamado não ter cumprido a obrigação por ele assumida causando-lhe perdas e danos. 
Ocorreu que em 05 de março de 2002, a requerente celebrou com o requerido, contrato de compra e venda 
de um imóvel localizado à Rua do Catete - RJ, n. 12, apartamento 101, o negócio se deu mediante escritura 
pública, devidamente registrada, fazendo-se representar no ato por procurador regularmente constituído. 
No entanto, indignada, a requerente em 15 de abril de 2002, resolveu reocupar o imóvel, vez que o 
requerido, em total descaso, deixou de cumprir a contraprestação outrora acordada em violação ao artigo 481 da 
Lei 10.408/02. No mais, viu-se, ainda mais lesada, porque contraiu despesa ao contratar faxineira para realizar a 
limpeza tendo em vista que o bem permanecia desocupado de coisas e pessoas. 
Ao tomar conhecimento do fato, o acusado, por razões que desafiam as leis e o bom senso, alegou ser o 
possuidor do imóvel e ajuizou ação de reintegração na posse em face da autora. Baseado em cláusula contratual 
viciada, aduziu que a posse do imóvel foi-lhe transferida no ato da escritura, quando na realidade a posse só se 
configura com a tradição. 
Em contestação, a ré alegou ser improcedente a ação possessória porque em tempo algum o autor tomara 
posse do imóvel. No mais, sustentou a autora que o inadimplemento causado pelo réu deu causa a extinção do 
contrato de compra e venda outrora celebrado. E, em total conformidade com o artigo 475 da já mencionada lei 
não apenas a resolução lhe é cabível, mas também indenização por perdas e danos. 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (WALDECK LEMOS) 
 
9ª AULA – Revisão AV1 
 
Revisão AV1 
 
-Raciocínio Dedutivo; 
-Raciocínio Indutivo; 
-Lógica do Razoável; 
-Ementa; 
-Relatório – Narrativa Simples; 
-Relatório – Narrativa Valorada; 
-Formas de Argumentação. 
 
 
 
 
==XXX== 
 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
3 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
9ª AULA – Produção da parte narrativa da Petição Inicial: “Dos fatos” 
 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Professora Alda da Graça Marques Valverde 
Aula 09 
 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: “Dos fatos” 
 
Objetivos: 
 
- Produzir uma narrativa jurídica valorada; 
- Diferenciar a narrativa simples (Relatório) da narrativa valorada (Dos fatos); 
- Utilizar os modalizadores na narrativa forense. 
 
Estrutura do conteúdo: 
 
1. Narrativa simples; 
2. Narrativa valorada; 
3. Uso de modalização; 
4. Seleção e organização do conteúdo. 
 
Correção do exercício da aula 8 
 
Possibilidade de relatório para o caso apresentado: 
 
Trata-se da disputa judicial entre Michael Schiavo, marido de Terri Schiavo, 41 anos, e seu guardião legal 
e, Bob e Mary Schindler, pais de Terri. Michael desejava o desligamento do tubo que alimentava a paciente, já os 
pais defendiam a manutenção do tubo. Terri vivia em estado vegetativo desde 1990. 
Conforme o marido de Terri, sua mulher havia manifestado, repetidamente, o desejo de não ser mantida 
viva em estado vegetativo. 
Em 1990, provavelmente em razão de uma parada cardíaca, o cérebro de Terri sofreu graves danos e 
passou a viver em “estado vegetativo persistente”. Passou, então, a viver artificialmente, recebendo alimentação 
por um tubo inserido em seu estômago. 
Segundo Michael, em respeito à vontade da esposa e com base na avaliação médica de estado 
irreversível, solicitou à justiça permissãopara desconectar o tubo que alimentava a paciente. 
Os pais de Terri afirmavam que ela apresentava reações e que poderia melhorar com reabilitação. 
Consideravam que ela se encontrava em “estado de consciência mínima”. Dessa forma, posicionaram-se contra a 
vontade do genro. 
Após longa disputa judicial, o pedido de Michael foi deferido. Os pais da jovem apelaram a várias 
instâncias, inclusive à Suprema Corte Americana, mas não lograram êxito. 
O tubo que a alimentava foi retirado no dia 18 de março de 2005. Treze dias depois, ela morreu, no hospital 
Pinellas Park, na Flórida. Não foi divulgada a causa da morte, mas os médicos supõem que tenha sido por 
inanição. Consta que Michael tenha solicitado a realização da necropsia. Assim, o corpo de Terri foi transportado 
para o departamento de Exames Médicos do Condado de Pinellas. 
 
É o relatório. 
 
Petição Inicial 
 
Conforme Humberto Theodoro Júnior, "O veículo de manifestação formal da demanda é a petição inicial, 
que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária 
para compor o litígio" (THEODORO JÚNIOR, 2000:313). 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
4 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
Art. 282 do CPC – A petição inicial indicará: 
Inciso I o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
Inciso II os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; 
Inciso III o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
Inciso IV o pedido, com as suas especificações; 
Inciso V o valor da causa; 
Inciso VI as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
Inciso VII o requerimento para a citação do réu. 
 
Conforme o inciso III, a petição inicial deve conter os fatos, os fundamentos jurídicos. Os fatos vêm ao 
conhecimento do juiz, por meio de um texto narrativo valorado. Nesse texto, devem-se narrar fatos que 
justifiquem a pretensão de um direito que será revelada nos fundamentos jurídicos. Tais fatos representam a 
causa de pedir. Sem a apresentação desses fatos, o pedido não possui sentido e a petição será considerada 
inepta. 
É fundamental que a narrativa dos fatos seja clara, objetiva e concisa, a fim de permitir uma rápida e 
eficiente compreensão da causa de pedir. 
Há casos em que um texto mal redigido, com problemas em sua estrutura, pode gerar o indeferimento da 
inicial. 
 
Trechos de uma sentença que exemplifica o indeferimento de uma petição inicial, em razão de ter sido mal 
redigida: 
 
“Então, como dito, já se inicia a leitura sem se conseguir distinguir contra quem exatamente o autor quer 
litigar, e, consequentemente, fixar a competência do Juízo. 
A partir da fl.04 até a fl.06, o autor tenta descrever sua causa de pedir. Entretanto, aparentemente com o 
intuito de demonstrar um vocabulário rebuscado e erudito, torna o entendimento da peça exordial verdadeiro jogo 
de quebra-cabeças, onde se tenta descobrir quais são os fatos que o levaram a intentar a presente ação junto ao 
Poder Judiciário. 
Este julgador perfilha do entendimento de que, havendo um nexo de causalidade entre a causa petendi e o 
pedido final da inicial, mesmo com redação obscura, deve o Magistrado mandar, no mínimo, emendar a exordial. 
E assim é o entendimento majoritário do egrégio Tribunal de Justiça de YYYY: apelação cível n. 99.016381-4, 
apelação cível n. 98.006628-0 e outras. 
Todavia, não é o caso presente. O autor, na intenção de demonstrar seu direito, constrói orações extensas, 
com excesso desnecessário de preposições e transcreve uma série de dispositivos legais no entremeio das 
palavras sem destaque. Depois de tantas leituras feitas por este juiz, cumpre gizar, por exemplo, que o autor não 
utiliza o "ponto final" desde a fl.04 até a fl.06. 
O "ponto final" – classificado pelos livros de gramática como sinal sintático, da classe de pontuação objetiva 
– deve ser usado com o seguinte critério: "havendo separação de ideias, ou corte nas mesmas, inicia-se o período 
seguinte na outra linha; se o pensamento continua, sendo o período seguinte uma consequência ou continuação 
do anterior, o novo período começa na mesma linha" (VIEIRA, João Alfredo Medeiros Vieira. Português prático e 
forense. 7.ed. São Paulo: LEDIX, 1991. p.240). 
Será que não houve interrupção de pensamento no decorrer de duas folhas escritas pelo autor? 
E daí em diante apenas colaciona jurisprudência (das fls.06 até 13), inclusive com voto do desembargador, 
sem fundamentar sua pretensão nem ligar os fatos ao teor dos julgados. 
[...] 
Como se não bastasse, o autor lucubra repentinamente à fl.14 sobre suposta inclusão do seu nome no 
cadastro do SPC, contudo não mencionou isso na causa de pedir e nem trouxe documentos que comprovam tal 
situação. 
[...] 
Esta autoridade judiciária tem mais de quarenta mil processos em tramitação nesta unidade jurisdicional, de 
maneira que, em prol da racionalização do serviço para uma maior eficiência do Poder Judiciário de YYYYYYY, se 
vê obrigado a exigir maior concisão, clareza e objetividade nas peças processuais que tem dever de apreciar, por 
força do próprio cargo e do princípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional (art.5º da CF). 
Características essas – concisão, clareza e objetividade – que, inclusive, devem nortear todos os produtos 
jurídicos, mais ainda aqueles que são apresentados na praça de elegância do processo judicial. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
5 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
[...] 
Enfim, dito isso e não oferecendo o autor a certeza necessária sobre sua real pretensão, considero 
ininteligível por confusa e obscura a redação da petição inicial, de maneira que não se consegue vislumbrar 
ligação entre a narração tresloucada dos fatos e fundamentos jurídicos ao pedido final, que, repita-se, remete aos 
"termos ora propugnados" (fl.13). Portanto, é inepta. 
Prevê o inciso II do parágrafo único do art.295: "considera-se inepta a petição inicial quando: (...) II – da 
narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão". 
[...] 
JOSÉ ROGÉRIO CRUZ E TUCCI acrescenta que "nossos doutrinadores e tribunais também consideram 
inepta a petição inicial não só quando lhe falta a causa de pedir, como também na hipótese de narração obscura, 
desarmônica ou imprecisa dos fatos e dos fundamentos jurídicos, de sorte a tornar impossível ou dificultada a 
elaboração da contestação pelo réu" (TUCCI, José Rogério Cruz e. Causa de Pedir e Pedido no Processo Civil. 
São Paulo: RT, 2002. p. 160). 
É da jurisprudência: 
"É inepta a inicial quando da narração dos fatos não decorre, logicamente, a conclusão e muito menos se 
consegue extrair a causa de pedir" (TFR, Ac. un. da 2a — Seção do TFR, de 12/05/87, na Ação Rescisória 1.321 - 
AL, rel. Min. Miguel Ferrante, DJU, de 18/06/87, pág. 12.255 apud Apelação cível n. 38.707, de Itajaí, Relator: 
Des. Cláudio Marques, j. 17/12/92). 
[...] 
III – DISPOSITIVO 
ISSO POSTO, sem mais delongas por força do art.459 do CPC, INDEFIRO A PETIÇÃO INICIAL ex vi do 
art.295, parágrafo único, II, do CPC, e DECLARO A EXTINÇÃO DO PROCESSO nº 033.04.027273-0, em que são 
partes XXXXXXXXX e ESTADO DE YYYYYYYYY ou BESC S/A, sem julgamento do mérito, com fulcro no art.267, 
I, do CPC. 
Condeno o autor ao pagamento das despesas processuais. Publique-se. Registre-se.Intime-se. Após 
trânsito em julgado, arquivem-se os autos. 
YYYYYYYYYY, 18 de fevereiro de ??????? 
WWWWWWWWWWWWWW, juiz de Direito” 
 
Resumindo: 
 
Narrativa da Petição Inicial 
 
DOS FATOS 
 
Registro dos fatos juridicamente relevantes e daqueles que os esclarecem, ocorridos anteriormente, 
durante e posteriormente ao fato gerador do conflito. Tais fatos têm por objetivo justificar a 
pretensão de um direito subjetivo do autor contra o réu. 
 
Características mais importantes dessa narrativa: 
 
• Parcialidade; 
• Seleção dos fatos que favoreçam ao autor da demanda; 
• Uso de modalizadores; 
 
Exemplo da narrativa dos fatos de uma petição inicial: 
 
DOS FATOS 
 
Induzido por maciça propaganda veiculada em rádio e televisão, o Autor estabeleceu contrato de compra e 
venda via telefone com a Ré, empresa renomada no mercado da informática, para adquirir computador e outros 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
6 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
equipamentos. 
Bastou contatar o telefone nº 0800 00000, ramal 4801, serviço televendas, no dia 21 de fevereiro de 2000, 
e fazer o pedido aquisitivo do equipamento denominado TRANStttttt, computador de média capacidade, com 
gabinete torre, com programas de computador inclusos. 
A atendente Matilde confirmou a remessa da mercadoria no prazo máximo de 15 (quinze) dias após o envio 
no dia 25 de fevereiro de 2000, de fac-símile pelo telefone nº 011 333333333, do comprovante de depósito de R$ 
2.079,00 (dois mil, e setenta e nove reais), na conta corrente da Ré, no Banco Bom Bom S.A., agência 209, nº 
3333333333 (consoante guia e documentos anexos). 
No dia 24 de março de 2000, um mês depois da confirmação de remessa, o paciente consumidor recebeu 
as mercadorias em casa (doc. anexo). 
O moderno equipamento veio desmontado, e o consumidor buscou informações nos vinte dias seguintes sobre a 
conexão das várias peças e instalação de programas. Segundo as propagandas e os prepostos da Ré, o 
equipamento seria de fácil montagem, não havendo necessidade de contratação de serviços de profissionais 
especializados, pois o computador estaria “configurado”. 
Entusiasmado pelo sucesso da cansativa aquisição e da aventura de montagem e instalação de programas 
no computador, enfim, no dia 13 de abril de 2000, o Autor obteve a plena funcionalidade do computador adquirido 
para enfrentar seu estafante serviço profissional como Procurador do Estado na Procuradoria de Assistência 
Judiciária Cível de XXXXXXXX, PR-9, recém- empossado e inexperiente na função de defensor público. 
Dissiparam-se os tormentos do Autor ao iniciar a cumprir suas tarefas de elaboração de peças e recursos, 
com regularidade, no ambiente residencial, durante o período noturno, na tranquilidade do lar, pois, durante o dia, 
restatempo apenas para participar intensamente do cotidiano forense, em audiências, verificação de processos e 
atendimento a enorme demanda de pessoas hipossuficientes, que buscam o amparo da Justiça. 
No dia 20 de abril de 2000, véspera de feriado, uma semana após ter conseguido montar e fazer funcionar 
o computador, quando se preparava para entregar o primeiro relatório oficial de atividades funcionais à 
Corregedoria da Procuradoria Geral do Estado, o Autor viu derrocar seu longo trabalho contido na memória do 
computador. 
A máquina, desse dia em diante, nunca mais funcionou! 
O Autor procurou a mais próxima assistência técnica da Ré, indicada pela assistência técnica de (....) pelos 
telefones nº 012 9999999 e nº 38888888, denominada TECNOTOM, sediada no Centro de XXXXXX, na rua (......) 
nº 463, CEP.: (.....). 
Entregou, no dia 24 de abril de 2000, apenas o computador, denominado CPU, à assistência técnica (....), 
mantendo as demais mercadorias adquiridas e discriminadas na anexa nota fiscal, por não terem apresentado 
defeito algum. 
O prazo de entrega estipulado para o conserto da CPU, 28 de abril de 2000, também foi descumprido, e, 
apesar de várias e diversas justificativas incompreensíveis, o Autor manteve a máquina sob os cuidados da 
representante da Ré até 24 de maio de 2000. 
Retirou a máquina, por não haver qualquer condição de aguardar o conserto prometido, e pugnou à Ré a 
restituição do valor despendido no TRANSTUBE TG10, devolução da quantia de R$ 1.330,00 (um mil, trezentos e 
trinta reais). 
Formou-se infrutífero procedimento de Reclamação nº 109.999 aos cuidados da atendente Silvana, e a 
documentação comprobatória foi enviada pelo tele-fax nº (011) 0000-8798. Várias ligações telefônicas inócuas 
foram realizadas, enquanto os responsáveis divagavam maliciosamente, maltratando com descaso ou respostas 
ríspidas o consumidor insatisfeito. 
Estas novas decepções, cumuladas aos inúmeros dissabores vividos na fracassada relação de consumo, 
geraram no Autor suficiente entusiasmo para arcar com todos os ônus da via processual, após adquirir 
equipamento similar em loja local, arcando com novo dispêndio. 
 
Leia o caso concreto já trabalhado na aula 7, mas com algumas modificações, e produza a narrativa 
de uma petição inicial – “Dos fatos”: 
 
Marcelo Guimarães e Camila Guimarães são casados há 10 anos. O casal tem dois filhos: Ana, de 9 anos e 
Pedro, de 7 anos. 
Em 01 de novembro de 2008, quando Camila digitava um trabalho da faculdade de Direito no computador 
utilizado pelo casal, ficou estarrecida: encontrou uma série de e-mails comprometedores, armazenados pelo 
marido, na máquina da família. 
Descobriu que, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008, seu marido, usando o 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
7 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
apelido “homem carente de meia idade”, trocava quase diariamente mensagens de natureza erótica com uma 
mulher que assinava “cheia de amor pra dar”. 
Ao ler as mensagens, constatou que o marido se declarara diversas vezes para a internauta, com quem 
construía fantasias sexuais e praticava sexo virtual. A situação ficou ainda mais grave, porque, nessas ocasiões, 
Marcelo fazia comentários jocosos sobre o desempenho sexual de Camila e afirmava que ela seria uma pessoa 
"fria" na cama. 
Sua primeira reação foi conversar com Marcelo. Disse-lhe da decepção que tivera com a descoberta. 
Afirmou que tinha se dedicado à família nesses dez anos, inclusive interrompeu seus estudos, por insistência dele, 
já que queria o segundo filho. Ele ficou indignado por ela ter acessado seu e-mail. Afirmou que sexo virtual não 
era traição, e que ela havia violado sua privacidade. Justificou suas confidências com a mulher com a qual 
conversava como uma forma de desabafo, já que Camila estava sempre distante, ocupada com os trabalhos da 
faculdade. 
Camila não aceitou as acusações e justificativas e decidiu se separar do marido. Além disso, após a 
separação, ajuizou ação de reparação por danos morais em face do ex-marido, na qual pediu indenização no valor 
de 20 mil reais. Em síntese, alegou na Petição Inicial que: a) o ex-marido manteve relacionamento com outra 
mulher na constância do casamento; b) a traição foi comprovada por meio de e-mails trocados entre o acusado e 
sua amante; c) a traição foi demonstrada pela troca de fantasias eróticas (sexo virtual) entre os dois; d) precisou 
passar por tratamento psicológico para superar a dor que sofria; e) foram violados sua honra subjetiva e seu 
direitoà privacidade no casamento. 
Em entrevista à imprensa, a autora afirmou que não houve violação de sigilo das correspondências. Para 
ela, não está caracterizada a invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso 
da família e os cônjuges compartilhavam a mesma senha de acesso. 
 
Possibilidade de resposta: 
 
A autora casou-se com Marcelo em 1998. Um ano depois de uma feliz relação, nasceu Ana. Em 2001, 
cedeu aos insistentes pedidos do marido e concebeu Pedro. Nessa ocasião, Marcelo fez questão que Camila 
abandonasse os estudos e se dedicasse inteiramente à família. Como amava o marido e desejava ver sua família 
equilibrada e feliz, abriu mão da realização pessoal e passou a viver em função do marido e dos filhos. 
Quando, enfim, seus filhos estavam maiores, decidiu retomar um adiado sonho: formar-se em direito. 
Jamais poderia imaginar que o homem para o qual entregara sua juventude, seus sonhos, sua vida, pudesse traí-
la e, pior, denegrir a sua honra com uma aventureira. Camila, em um dos poucos momentos de que dispunha para 
estudar, recorreu ao computador de uso da família, para produzir um trabalho da faculdade. 
Triste desilusão: acessou o e-mail do marido, com a senha comum a ambos, e ficou frente a uma realidade 
com a qual jamais imaginara. Seu marido, apresentando-se como “homem de meia idade carente” a traía com 
uma mulher que se denominava “cheia de amor para dar”. Ficou estarrecida ao descobrir que trocavam fantasias 
eróticas por oito longos meses: de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008. Pior, ainda, foi a revelação 
de que denegria sua honra: fazia comentários jocosos sobre o seu desempenho sexual e afirmava que ela seria 
uma pessoa "fria" na cama. 
A Autora ainda tentou dialogar com seu marido, mas sua tentativa foi em vão: em momento algum, o infiel 
marido demonstrou arrependimento, e ainda a reprovou por ter acessado o seu e-mail. 
O sofrimento foi tanto, que precisou passar por tratamento psicológico, para recuperar o equilíbrio e voltar a 
ter uma vida normal. 
Assim, não lhe restou alternativa a não ser pedir o divórcio e, em razão de ter sua honra subjetiva 
maculada e de ter sido violada sua privacidade conjugal, ajuizou a presente ação de indenização por danos 
morais. 
 
QUESTÃO 
 
Leia o caso concreto adiante e produza uma narrativa valorada a favor da parte autora, ou seja, produza a 
narrativa de uma petição inicial – “Dos fatos”: 
 
Cuida-se de ação indenizatória ajuizada por Marta Gomes em face de Supermercados Pão de Mel, na qual 
pretende a autora obter a reparação de danos morais e materiais sofridos em virtude de ter escorregado no piso 
molhado de um dos supermercados da ré, fato este que lhe provocou lesões em seu pé direito, no dia 14 de junho 
de 2003, e acarretou afastamento das atividades habituais por cerca de vinte dias. 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Teoria e Prática da Redação Jurídica 
Prof.: Carlos Kley Sobral 
Disciplina: 
CCJ0052 
Aula: 
009 
Assunto: 
Produção da parte narrativa da Petição Inicial: "Dos fatos" 
Folha: 
8 de 8 
Data: 
17/09/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-009/WLAJ/DP 
Alega a demandante ter escorregado no chão molhado porque uma funcionária não isolou um corredor que 
estava sendo lavado. Afirma que a placa com “Piso escorregadio” não é suficiente para evitar acidentes. 
Afirma a autora não ter visto a referida placa (cavalete) e, pelo fato de estar o piso molhado e com sabão, 
não foi possível se equilibrar. Em razão da queda, sustenta que foi levada por empregados da ré a uma clínica 
conveniada ao plano de saúde oferecido pela empresa a seus funcionários, onde lhe foi recomendado que se 
dirigisse a um ortopedista, pois não havia na clínica profissional especializado naquele momento. 
A autora, então, foi encaminhada ao Centro de Reumatologia e Ortopedia, no qual foi diagnosticada 
tendinite na face dorsal de seu pé direito; o que ensejou a imobilização de seu pé direito por exatos 21 (vinte e 
um) dias; tendo ficado afastada de seu trabalho e de suas atividades esportivas por todo esse tempo. 
Pretendeu a autora, de forma subsequente, obter ante a requerida o reembolso das despesas efetuadas 
com sua recuperação; o que foi negado pela requerida, ante fundamentação de que a autora havia declarado que, 
alguns anos antes do fato em referência, sofrera uma lesão no tornozelo direito, pelo que o diagnóstico realizado 
no Centro de Reumatologia e Ortopedia referir-se-ia a esse evento. 
Requer judicialmente a autora, portanto, a condenação da ré ao pagamento de R$865,99 (oitocentos e 
sessenta e cinco reais e noventa e nove centavos) a título de danos materiais, bem como de compensação 
pecuniária pelos alegados danos morais sofridos em virtude do mesmo fato. Acompanham a inicial os documentos 
comprobatórios das despesas médicas alegadas pela autora. 
 
RESPOSTA: 
 
Dos Fatos 
 
A autora, praticante de atividades esportivas, correspondente de um jornal de grande circulação, 
aproveitando-se de um dia de folga do trabalho, decidiu realizar suas compras mensais, a fim de abastecer sua 
casa. Assim, no nefasto dia 14 de junho de 2003, adentrou no estabelecimento da ré, confiante de que lhe seriam 
prestados serviços de qualidade, isto é, encontraria os produtos de que necessitava em ambiente limpo e seguro. 
Não esperava, jamais, ser vítima da negligência da ré. 
Caminhava, entre uma seção e outra, guiada pela lista de compras feita no dia anterior. Seguia, buscando 
as marcas de sua preferência, examinando datas de validade: procurava unir preço e qualidade. Infelizmente, 
suas compras foram abruptamente interrompidas: na seção de material de limpeza, o piso estava completamente 
encharcado, e mais; cheio de sabão! Não havia nem um funcionário que impedisse o acesso à perigosa área ou 
qualquer obstáculo que cumprisse essa função. A ré se deu, apenas, ao trabalho de deixar um cavalete no local, 
com uma insignificante placa de aviso: “Piso escorregadio”. Enfim, não adotou os cuidados necessários a fim de 
isolar o local, embora tivesse consciência de o piso oferecer sérios riscos à integridade física dos seus clientes, 
haja vista a placa ali exposta. Como poderia a autora enxergar tal placa, se sua preocupação estava voltada para 
as gôndolas com os produtos de que precisava? 
Assim, ocorreu o inevitável: escorregou, caiu, lesionou o pé direito. Levada ao Centro de Reumatologia e 
Ortopedia, foi diagnosticada tendinite na face dorsal de seu pé direito o que ensejou sua imobilização por exatos 
21 (vinte e um) dias. Isso mesmo: vinte e um dias sem poder praticar suas atividades físicas; sem poder 
comparecer ao trabalho. Em razão desse forçoso afastamento de suas atividades laborais, perdeu a oportunidade 
de fazer a cobertura de um importante evento esportivo em Londres. 
A autora assumiu, portanto, despesas com as quais não contava, a fim de custear seu tratamento, 
conforme documento em anexo. Além disso, sofreu a frustração de não poder praticar suas atividades esportivas 
e de ter perdido uma rara oportunidade de ampliar sua experiência profissional e, assim, ascensão no trabalho. 
Procurou a autora, de forma amistosa, que a ré assumisse os prejuízos materiais e morais que a ela foram 
impostos pela evidente negligência da ré, mas não logrou êxito. 
Por essa razão, viu-se forçada a buscar judicialmente a reparação pelos danos a ela causados pela ré. 
 
 
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