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� INCLUDEPICTURE "http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTlzEsfAOs7FECPBSYbP4fZ1u_R0PVj8ClaiZWCstsE3GSAzZYC" \* MERGEFORMATINET ����Curso de Direito Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Teoria e Prática da Redação Jurídica Prof.: Carlos Kley Sobral�Disciplina: CCJ0052��Aula: 004�Assunto: Parecer Técnico-jurídico: Ementa�Folha: �PAGE \* MERGEFORMAT �1� de �NUMPAGES \* MERGEFORMAT �9��Data: 13/08/2013�� � INCLUDEPICTURE "http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTlzEsfAOs7FECPBSYbP4fZ1u_R0PVj8ClaiZWCstsE3GSAzZYC" \* MERGEFORMATINET ����Curso de Direito Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Teoria e Prática da Redação Jurídica Prof.: Carlos Kley Sobral�Disciplina: CCJ0052��Aula: 004�Assunto: Parecer Técnico-jurídico: Ementa�Folha: �PAGE \* MERGEFORMAT �9� de �NUMPAGES \* MERGEFORMAT �9��Data: 13/08/2013�� Plano de Aula: Teoria e Prática da Redação Jurídica TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA Título Teoria e Prática da Redação Jurídica. Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 4. Tema Parecer técnico-jurídico: ementa. Objetivos ●- Conhecer a estrutura de um parecer técnico-formal; ●- Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer; ●- Reconhecer as características da ementa do Parecer. Estrutura do Conteúdo Estrutura do Parecer. Características da Ementa. Estrutura da Ementa. Conteúdo da Ementa. Aplicação Prática Teórica O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por autoridade competente, que emite uma opinião sobre o assunto consultado, devidamente fundamentada, que lhe dê credibilidade para seu convencimento. A forma de um parecer jurídico: Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.). Elementos do Parecer: 1 - Ementa: Apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato antijurídico e apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de vista defendido pelo parecerista. 2 - Relatório: É a narração da história processual, marcada pela isenção, que apresenta a narração dos fatos importantes e as circunstâncias em que ocorreram, o que possibilita uma transição lógica e coerente para a fundamentação. 3 - Fundamentação: Argumentação baseada em sustentação principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, costumes, etc), técnicas argumentativas e estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto ao assunto da consulta. 4 - Conclusão: Fecho do parecer. O parecerista apresenta uma proposta ou sugestão para a solução do caso concreto analisado. 5 - Parte Autenticativa: Tendo em vista a responsabilidade civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite. Informações sobre a EMENTA: Em um parecer técnico-formal, a ementa é um texto informativo, que visa apenas ao entendimento do caso concreto, numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os nexos de referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto. Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a construção da fundamentação; são um verdadeiro fio condutor das idéias a serem discutidas na parte argumentativa do documento. A ementa não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no máximo, oito linhas. A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-formal deve conter frases nominais e palavras-chaves. Eis dois exemplos de ementa sobre a possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a defendê-lo: Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO - direito fundamental à vida - preservação de valores morais - observância estrita da norma jurídica - segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto. Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO - dignidade da pessoa humana - ponderação de interesses - razoabilidade - prejuízos psicológicos para a mãe - desatualização da norma jurídica - Parecer favorável à autorização do aborto. Observe uma ementa que não segue as orientações indicadas por seu professor. Responsabilidade civil de hospital. Ato de enfermagem praticado por empregado (enfermeiro). Doente internado no estabelecimento, ocasionando perda parcial de membro superior esquerdo. Troca de prontuários. O médico não percebeu que amputava membro sadio. Perda dos dois membros superiores. Questão Identifique todos os problemas observados na ementa anterior e, em seguida, rescreva-a de acordo com as orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua ementa os princípios do Direito aplicáveis. RESPOSTA: Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL HOSPITALAR - Desatenção de funcionário - Negligência Médica - Amputação de membros superiores – Integridade física da pessoa humana – Prejuízos físicos e psicológicos - Parecer favorável a indenização por danos estéticos e morais. ==XXX== Resumo de Aula (Waldeck Lemos) 4ª AULA – Regras e Princípios Regras e Princípios PRINCÍPIO DA MUTUALIDADE - É o suporte econômico essencial em toda operação de seguro, haverá sempre um grupo de pessoas expostas aos mesmos riscos que contribuem, reciprocamente, para reparar as consequências dos sinistros que possam atingir qualquer delas. PRINCÍPIO DA GARANTIA E DA CONFIANÇA - Art. 757, CC - O objeto imediato do seguro é garantir o interesse legítimo do segurado. E esse é o princípio da garantia, que gera a confiança no segurado, a legítima expectativa de que se o sinistro ocorrer, terá recursos econômicos necessários para recompor o seu patrimônio. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO ENTRE RISCO E PRÊMIO - O valor da contribuição de cada integrante dessa comunidade em risco para a formação do fundo comum dependerá do conhecimento antecipado do número de sinistros que poderá ocorrer num determinado período. Aqui entram os cálculos de probabilidades e a lei dos grandes números. Através da estatística. Qualquer risco não previsto no contrato desequilibra o seguro economicamente. PRINCÍPIO DA BOA FÉ - Risco e mutualismo jamais andarão juntos sem a boa fé. Se o seguro é uma operação de massa, sempre realizada em escala comercial e fundada no estrito equilíbrio da mutualidade, se não é possível discutir previamente as suas cláusulas, uniformemente estabelecidas nas condições gerais da apólice. Súmula 302, STJ à ''É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.'' PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE - As pessoas só fazem seguro por estarem expostas aos mesmos riscos, e o seguro é a única forma de que cada um tem de enfrentar uma vida cheia de riscos. O seguro tem por meta, se não a superação, a minimização dos riscos através da sua socialização. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO DE SEGURO - Os contratos devem ser interpretados de acordo com a concepção do meio social onde estão inseridos. Art. 763 do CC -Caio Mário, Orlando Gomes, Maria Helena Diniz defendem uma interpretação literal de tal dispositivo. ==XXX== Resumo de Aula (Professor - Aula Mais - Estácio) 4ª AULA – Parecer técnico - jurídico: ementa Teoria e Prática da Redação Jurídica Professora Alda da Graça Marques Valverde Aula 04 Parecer técnico - jurídico: ementa Objetivos ● Conhecer a estrutura de um parecer técnico-jurídico; ● Compreender a função que a ementa exerce dentro do Parecer; ● Reconhecer as características da ementa do Parecer. Estrutura do conteúdo: Estrutura do parecer; Características da ementa; Estrutura da ementa; Conteúdo da ementa. 1- Retomada do conteúdo da aula anterior, a fim de esclarecer dúvida de uma aluna sobre as razões de as Testemunhas de Jeová recusarem-se a receber sangue. Para tal, iremos assistir a um vídeo do youtube que nos apresenta esse motivo. http://www.youtube.com/watch?v=C9-Qa1qkLH8 2- Sugiro, após terem assistido ao vídeo, que produzam breve texto, em defesa do direito de recusa à transfusão das Testemunhas de Jeová. Apresento-lhes uma possibilidade de escritura de breve texto argumentativo: Estudos científicos demonstram que há fórmulas de o organismo produzir sangue desde que adotados os procedimentos necessários. Essa prática pode substituir a transfusão, evitando-se, ainda, a possibilidade de se adquirir doenças transmitidas pelo sangue transfundido. Tal constatação fragiliza a tese de a transfusão ser o único processo de se alimentar o organismo carente de sangue. Esclarecida a questão terapêutica, resta analisar a questão jurídica, em que se confrontam dois princípios: o direito à liberdade de religião e o direito à vida. Observe-se que, conforme o doutrinador SCHREIBER (2011, p.52): [...] a Constituição da República coloca a liberdade de religião e o direito à vida no mesmíssimo patamar. Aqui, como em outros campos, não pode o intérprete correr o risco de se agarrar à regra mais específica, esquecendo os princípios que lhe servem de fundamento de validade e que podem ser diretamente aplicados ao caso concreto. A vontade do paciente deve ser respeitada, porque assim determina a tutela da dignidade humana, valor fundamental do ordenamento jurídico brasileiro. De fato, o art. 5º da Constituição de 1988, expressa o direito à vida, juntamente com outros direitos, como a igualdade, a segurança, a propriedade, etc. Portanto, estabelecer que o direito à vida seja superior a outro direito não deriva de uma norma jurídica, mas de uma crença com base em convicções filosóficas ou médicas, como assegura SCHREIBER (2011, p.52). Certamente, em um país laico como o nosso, não pode o julgador decidir se determinado preceito bíblico é válido e se pode ser desobedecido. Para aquele que tem fé, ir de encontro às suas crenças e viver com a mácula de ter transgredido os dogmas da sua religião pode significar a morte em vida. Assim, deve-se respeitar o direito à vida, mas à vida digna, sem impor a qualquer pessoa que abdique de suas crenças e se submeta a práticas que violentam suas concepções religiosas. Leitura de um Parecer Jurídico 5ª Câmara Cível Ação: Inventário Agravo de Instrumento nº 1.948/94 Agravante: ERCS Agravado: Juízo da 9ª Vara de Órfãos e Sucessões EMENTA Testamento. Herdeiro universal. Existência de um único bem a inventariar, sendo imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade (até 50 anos) e incomunicabilidade (vitalícia). Herdeiro instituído portador do vírus da AIDS, com doença em estágio avançado. Possibilidade de autorização para alienação do bem, depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança, liberando-se os valores gradativamente para custeio do tratamento. Inteligência do art. 1.676 do Código Civil. Atendimento à real vontade da testadora. Interpretação sistemática dos dispositivos aplicáveis à espécie. Provimento do recurso. I - Fatos 1- O agravante constitui-se no único herdeiro, instituído por testamento, de ICC, tomando parte do inventário tão-somente um bem imóvel, gravado com cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade temporária (até que o herdeiro atingisse 50 anos), assim como incomunicabilidade vitalícia. 2- Em sendo, o agravante, portador do vírus da AIDS e estando, já a esta altura,' comprovadamente em precário estado de saúde, ocasionado pelo reduzido nível de resistência do seu sistema imunológico, postulou autorização para venda do bem inventariado, com o fito exclusivo de possibilitar a continuidade do seu tratamento. 3- O órgão julgador de primeiro grau indeferiu a pretensão do agravante, ao argumento de que o art. 1676 do Código Civil eiva de nulidade qualquer ato judicial que intente dispensar a cláusula de inalienabilidade, conquanto lamentasse, a ilustre julgadora, o estado de saúde do herdeiro. 4-O primeiro membro do órgão do Ministério Público a quo a se pronunciar no feito opinou pelo deferimento do pedido formulado pela ora agravante. Já o segundo membro do “parquet” a manifestar-se nos autos, após juízo de retratação, alinhou-se com o entendimento da Julgadora monocrática. 5- Mantida a decisão, sobem os autos a esta Egrégia Câmara para reapreciação da matéria em comento. FUNDAMENTAÇÃO 6- Mais do que analisar, de forma isolada, um dispositivo do Código Civil, importa, para se determinar o verdadeiro alcance de uma norma Jurídica, encetar interpretações sistemáticas do texto legislativo sob exame. 7- As interpretações fornecidas pela ilustre julgadora de primeiro grau, membro do Ministério Público que oficiou nos autos, pecam por concentrar a análise da questão em um único dispositivo legal. 8- Ao pretender vasculhar os preceitos aplicáveis ao caso concreto, o aplicador do Direito deve mais do que se ater à literalidade do texto em análise, atender à procura da mens legis, situar os dispositivos em uma estrutura de significações e, enfim, adequar sua compreensão às novas valorações sociais exsurgidas. 9- Mais que tudo isso, é a própria Lei de Introdução ao Código Civil, no seu artigo 5º, que fornece a diretriz a ser aplicada pelo julgador na interpretação da norma legal, ''Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum." 10- Em se tratando de sucessão testamentária, impende investigar, precipuamente, a vontade do testador, buscando a sua essência, de forma a condicionar a interpretação das disposições testamentárias e adequar os preceitos legais incidentes à hipótese. 11- Neste caso, a testadora; não possuindo herdeiros necessários, nomeou seu sobrinho, o ora agravante, então com apenas 13 anos, seu herdeiro universal, gravando os bens imóveis com já mencionadas cláusulas. Visava ela, concomitantemente; beneficiar o herdeiro instituído e protegê-lo, intentando garantir-lhe teto seguro até idade madura de (50 anos), isolando-o das vicissitudes da vida moderna. 12- Não poderia a testadora imaginar jamais, àquela altura, que este terrível mal chamado AIDS iria apossar-se do herdeiro que, certamente com muito carinho, acabara de instituir, relegando-o a uma gradual e sofrida morte prematura. 13- Decerto que a vontade da testadora não se coaduna com a atual situação do agravante: este, embora possua o domínio de um bem imóvel, não pode usá-lo e nem fruí-lo, eis que se encontra em constante tratamento de saúde, e, pior, não pode empregar o valor do patrimônio transmitido em prol da tentativa de prolongar sua existência. Ora, onde está a prevalência da vontade do testador, essencial no cumprimento das disposições testamentárias, diante destas circunstâncias? A interpretação da norma estaria levando em conta os fins sociais e as exigências do bem comum, a que ela se destina? 14- Nem a doutrina, nem a jurisprudência e nem o legislador permaneceram estancados no tempo, logrando a evolução interpretativa adequar o dispositivo contido no art. 1.676 do Código Civil às novas facetas da vida, abrandando o seu rigor. 15- Defato, já em 1944, através do Decreto-lei n° 6777, permitiu-se a alienação de imóveis gravados, substituindo-os por outros imóveis ou títulos da dívida pública, permanecendo sobre estes os gravames. 16- Nesta linha, os doutrinadores, assim como os tribunais, passaram a admitir a alienação do bem gravado, com autorização judicial, por necessidade ou conveniência manifesta do titular, ocorrendo a sub-rogação em outro bem. 17- No caso em tela, nada impede que o produto da venda seja depositado em caderneta de poupança à disposição do juízo, utilizando-se o seu saldo no custeio do tratamento do agravante. 18- Argumenta-se, para sustentar o entendimento contrário, que o bem substituto (valor depositado em poupança) iria, pouco a pouco, se esgotando, acabando por exercer o herdeiro poder de disposição sobre o imóvel herdado, justamente o que pretendeu vedar a testadora e assegurar o preceito do Código Civil. 19- O que se verifica, contudo, é que relegar o herdeiro à morte, enquanto o bem recebido permanece absolutamente inóxio, pois sequer rende frutos, isso sim significa afrontar a vontade da testadora e o próprio alcance teleológico da lei, desfigurando, por completo, o próprio ato de liberalidade. 20- Vale mencionar, neste sentido, trecho de acórdão unânime proferido pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no agravo em que foi relator o Desembargador Laerson Mauro: "-Se pela imposição das cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade vitalícia sobre bens de herança, da legítima como da disponível, abrangendo não só o principal como os frutos e rendimentos, a liberalidade perder toda a sua utilidade, chegando mesmo a descaracteriza-se jurídica e economicamente, é imperioso que se apliquem tantas regras exegéticas quantas caibam na espécie, para evitar-se a inocuidade da deixa, preservando, assim, à herdeira algum beneficio em vida. Agravo provido." 21- Desta forma, deve o único bem inventariado, conquanto gravado com as cláusulas de, inalienabilidade e incomunicabilidade, ser alienado, conforme requerido, depositando-se o produto da venda em caderneta de poupança à disposição do juízo, a fim de que libere gradativamente as quantias necessárias ao tratamento de saúde do herdeiro universal, posição esta que se afina com o mais atual entendimento doutrinário e jurisprudencial, intentando, ainda, alcançar o verdadeiro fim dos dispositivos aplicáveis à espécie (atender à vontade do testador, e, ao mesmo tempo, atender aos fins sociais compreendidos no caso em exame), interpretando-os sistematicamente. II- Conclusão Assim, opina o Ministério Público pela reforma da decisão a quo, permitindo-se a alienação do bem gravado, atendidas as exigências contidas no item 20 supra. É o parecer. Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1995 Paulo Cezar Pinheiro Carneiro Procurador de Justiça CARNEIRO, Paulo Cezar Pinheiro, A atuação do Ministério Público na Área Cível: Temas diversos. 2. ed.Rio de Janeiro: Lumen Juris LTDA. 2001, pp. 245,246,247,248. Parecer técnico-jurídico O Parecer é uma peça textual de aspecto formal próprio, redigida por autoridade competente, que emite uma opinião sobre o assunto consultado. Deve estar devidamente fundamentada, a fim de produzir credibilidade e, consequentemente, o convencimento sobre a pertinência da opinião expressa. A forma de um parecer técnico- jurídico: Não existe uma forma definida por qualquer dispositivo legal para apresentação de um parecer [...], portanto na CF, art. 129, VIII, e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93, conhecida pela sigla LONMP) há a recomendação (art. 43, III) de que é dever do Ministério Público sempre indicar os fundamentos jurídicos em seus pronunciamentos processuais. Aliás, ressalte-se, nenhum parecer pode deixar de ter fundamentos. (REVISTA REDAÇÃO JURÍDICA: a palavra do advogado. Rio de Janeiro: Edipa Ltda., nº8, 2004.). Elementos do parecer técnico- jurídico: 1 - Ementa: apresentação sucinta, em no máximo oito linhas, do objeto de consulta. Inicia sempre pelo fato jurídico e apresenta uma visão panorâmica dos fatos, provas e circunstâncias analisados e do ponto de vista defendido pelo parecerista. 2 - Relatório: é a narração da história processual, marcada pela isenção. Apresenta a narração dos fatos importantes e as circunstâncias em que estes ocorreram Isso possibilita uma transição lógica e coerente para a fundamentação. 3- Fundamentação: argumentação baseada em sustentação principiológica, legal, doutrinária e jurisprudencial, bem como em recursos polifônicos (religião, mídia, opinião pública, família, moral, costumes, etc), técnicas argumentativas e estratégias discursivas, para buscar o convencimento sobre o ponto de vista defendido quanto ao assunto da consulta. 4 - Conclusão: fecho do parecer. O parecerista apresenta uma proposta ou sugestão para a solução do caso concreto analisado. 5 - Parte Autenticativa: tendo em vista a responsabilidade civil, o parecer deve ser datado, assinado e apresentar o número da carteira de identidade profissional (OAB, por exemplo) de quem o emite. Identificação e análise das partes de um Parecer técnico-formal em peça produzida por um aluno da disciplina de Teoria e Prática da Redação jurídica. Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL -- Dançarino e modelo intitulado como gay em programa de TV -- Fotos mostradas em rede nacional. Violação de intimidade e privacidade -- Alegação do réu de prevalência do Direito à informação -- Confronto de princípios Constitucionais. Preponderância e inteligência no Art. 5°, inciso X, CRFB/88 -- Parecer favorável à indenização. Relatório: Trata-se de ação de indenização por dano moral proposta por Carlos Alberto Prata, modelo e dançarino; contra a emissora de televisão Rede LM, por considerar ter havido violação de sua intimidade e privacidade. O fato ocorreu no programa da emissora, “Superbom”, que apresentou uma matéria sobre o clube das mulheres, em fevereiro de 2006. Segundo Carlos Alberto, sua privacidade e intimidade foram violadas a partir do momento em que, ao ter exposta a matéria no programa apresentado por Carla Couto, fora chamado de gay. Ainda de acordo com o modelo, durante o quadro, foram entrevistados o apresentador, o diretor e outros convidados do “clube” e o tema homossexualidade entre os dançarinos foi abordado, de forma a afirmar que o dançarino teria abandonado o clube por ser gay. Alega, também, que teve suas fotos mostradas para o público e em rede nacional. De acordo com os autos, a emissora, em defesa, alegou que foi esclarecido, ainda no programa, que os dançarinos não seriam homossexuais, pois dançavam para mulheres e que o nome completo do autor não foi divulgado, bem como que não houve ofensas a ele. E ainda, o direito de informação, constitucionalmente garantido, não pode sofrer restrições, sob pena de se impor censura ao trabalho dos jornalistas e apresentadores. É o relatório. Fundamentação: À luz do Direito Constitucional, é sabido que nenhum princípio é absoluto, todos são dotados de relatividade, ou seja, toda vez em que há um confronto principiológico, analisa-se o caso concreto, e os princípios envolvidos são cotejados para ver qual irá prevalecer naquela situação. De fato, é assim que deve ocorrer no que tange à violação de intimidade sofrida por Carlos Alberto Prata em confronto com o direito à informação. Não há dúvida de o Autor ter sofrido tal violação, porque sua imagem foi exposta em rede nacional e também a ela associada sua suposta opção sexual como causadora da exclusão de sua participação no “clube das mulheres”. Além disso, em momento algum, Carlos autorizou tal exibição e afirmou ter-se sentido constrangido em razão da exposição de que foi vítima: foi intitulado gay perante toda sociedade. Acrescente-se que o fato alegado pela emissora de não haver revelado o seu nome e apenas a sua imagem em nada ameniza ou descaracteriza o desrespeitoà pessoa de Carlos, já que esta bastou para identificá-lo e expô-lo à execração pública. Apesar de o confronto principiológico ser um tema bem controverso, é pacificada a prática de se adotar a ponderação de tais princípios constitucionais e avaliar qual prevalecerá de acordo com cada caso. Nesse sentido, a Senhora Ministra Ellen Grace no RE 389.096-AgR /SP votou: “Enquanto o artigo 5º, X da Constituição Federal, garante a inviolabilidade da vida privada, da honra e imagem das pessoas, o artigo 220 veda qualquer restrição à manifestação de pensamento, à criação, à expressão e à informação, sob qualquer forma. Regra completada pelo artigo 1º da Lei nº 5.250/67, que diz ser “livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo, cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometem”. “Para saber onde começa o direito de um e termina o do outro, buscando o equilíbrio, impõe-se a análise dos fatos e da prova, que permitirá concluir-se pela existência ou não do abuso a que se refere o legislador, tendo-se presentes os efeitos deletérios de uma notícia equivocada, sobretudo se publicada em jornal ou revista de grande circulação.” (Fls. 974-980). Assim sendo, diante do confronto entre a inviolabilidade de imagem, honra, privacidade e intimidade, prevista no Art. 5ª, X da Carta Magna e o Direito à informação, contido no mesmo artigo, inciso IX, ambos deverão ser postos em uma “balança” e ponderados. Em que pese o direito à informação prevalecer com base no interesse público, o que se vê é um interesse do público a que se destina o programa, em simplesmente saber da vida alheia. Em contrapartida, não se pode negar que a Lei da Imprensa, respaldada no Art. 5°, IX prima pela preponderância da informação perante a sociedade e tem como escopo a busca do interesse público. Irrefutável, porém, é a prova de que, ao ser questionada a sexualidade do autor, o interesse público à informação descaracterizou-se, passando a ser mera fofoca, não devendo ter relevância no que tange à sua ponderação e prevalência. Assim, mostra-se evidente a decisão a ser tomada em 1º grau, no sentido de acolher o pedido do autor quanto à indenização por danos morais sofridos pela divulgação e questionamento de sua sexualidade, não só como forma de ter alcançada a justiça, mas também no sentido de impedir que ações como essas se repitam e reforcem o preconceito e constrangimento. Conclusão: Em face do exposto, opina-se que deva ser acolhido o pedido do autor em ser indenizado por danos morais decorrentes de violação de privacidade e intimidade. É o parecer. XXXXXXXXXXXXXX 12/11/2009 Informações sobre a EMENTA: Em um parecer técnico-jurídico, a ementa é um texto informativo, que visa apenas ao entendimento do caso concreto, numa ótica simplificada. Por isso, devem ser delineados somente o fato gerador do conflito, os nexos de referência (três a cinco) e o entendimento do caso concreto. Quanto aos nexos de referência, esses são um importante auxílio para a elaboração da fundamentação; são um verdadeiro fio condutor das idéias a serem discutidas na parte argumentativa do documento. A ementa deste tipo de parecer não pode apresentar verbos; deve se localizar ao extremo da margem direita e conter, no máximo, oito linhas. A capacidade de síntese, nesse item, é importantíssima, pois a ementa do Parecer técnico-jurídico deve conter frases nominais e palavras-chave. Eis dois exemplos de ementa sobre a possibilidade de realização de aborto de feto anencefálico. A primeira ementa visa a negar a possibilidade do aborto; a segunda a defendê-lo: Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – direito fundamental à vida – preservação de valores morais – observância estrita da norma jurídica – segurança jurídica - Parecer favorável à negativa ao procedimento de aborto. Ementa INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA DE GESTAÇÃO – dignidade da pessoa humana – ponderação de interesses – razoabilidade – prejuízos psicológicos para a mãe – desatualização da norma jurídica – Parecer favorável à autorização do aborto. Observe uma ementa que não segue as orientações indicadas: Separação de corpos. A autora afastou-se do lar. Fumus boni juris. Periculum in mora. Impossibilidade de convivência. Liminar. Alcoolismo. Art. 888, VI do CPC. Art. 223 do CC. Questão Identifique todos os problemas observados na ementa anterior e, em seguida, reescreva-a de acordo com as orientações dadas em sala de aula. Acrescente ou retire informações, se necessário. Não deixe de incluir em sua ementa os princípios do Direito aplicáveis. RESPOSTA: MEDIDA CAUTELAR DE SEPARAÇÃO DE CORPOS – Alcoolismo – Impossibilidade de convivência –Afastamento da autora do lar -- Fumus boni juris, Periculum in mora-- Art. 888, VI CPC – Parecer favorável ao deferimento da liminar. ==XXX== MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0052/Aula-004/WLAJ/DP
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