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CCJ0033-WL-B-AMRP-03-Dos Crimes Contra o Patrimônio - O Delito de Roubo

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DIREITO PENAL III 
PROF.ª DANIELA DUQUE-ESTRADA 
AULA 3 
 
DOS DELITOS CONTRA O PATRIMÔNIO. O DELITO DE ROUBO. 
OBJETIVOS 
Ao final da aula o aluno será capaz de: 
● Identificar as condutas perpetradas de modo a tipificá-las corretamente. 
● Compreender a aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana, 
lesividade e proporcionalidade para a tipificação das condutas e, conseqüente, 
cominação das penas. 
●Identificar as figuras típicas que compõem o crime de roubo. 
● Analisar o desvalor da conduta em relação ao desvalor do resultado para fins 
de tipificação como crime hediondo. 
● Diferenciar o roubo de outros delitos contra o patrimônio. 
Estrutura de Conteúdo. 
1. O Delito de Roubo 
Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos). 
Classificação doutrinária. Sujeitos do delito. Consumação e tentativa. 
2. Figuras Típicas. 
2.1. Roubo próprio e impróprio – distinção. 
2.2. Roubo simples, roubo majorado e roubo qualificado. 
2.3. Roubo qualificado pelo resultado morte (latrocínio) incidência da Lei 
8.072/90; consumação e tentativa; competência para julgamento. 
3. Distinção entre os delitos de Roubo e Extorsão. 
 
1. O Delito de Roubo. 
1.1. Bem jurídico tutelado: posse, propriedade e detenção da coisa alheia 
móvel. 
1.2. Classificação doutrinária: comum; subjetivamente complexo; material; 
instantâneo. 
1.3 Elementos do tipo: Aplicáveis os ensinamentos afetos ao delito de furto 
acrescidos dos meios executórios: mediante emprego de violência ou grave 
ameaça contra a pessoa. 
► Meios executórios: 
 A grave ameaça configura-se como vis compulsiva, ou seja, grave 
ameaça consubstanciada na promessa mal grave e iminente, já a violência, 
física, vis absoluta, é o uso de força física capaz de dificultar, paralisar os 
movimentos do ofendido ou impedir sua defesa. (CAPEZ, Fernando. Curso de 
Direito Penal, v.2, 10 ed. pp 460/461). 
 Para Luiz Regis Prado, o caput do art.157, CP apresenta uma 
interpretação analógica ao elencar o elemento “qualquer meio” como modo de 
reduzir ou impossibilitar a resistência da vítima. Para o autor, a expressão 
qualquer meio compreende “todos aqueles que produzem um estado físico-
psíquico na vítima, aptos a reduzir ou suprimir totalmente sua capacidade de 
resistência” (PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. V.2. 8 ed. 
Pp 321). 
 Roubo como crime complexo e (im)possibilidade de aplicação do 
princípio da insignificância: 
 furto + constrangimento ilegal e/ou lesão corporal 
 Sendo o delito perpetrado mediante o uso de violência ou grave ameaça à 
pessoa, não há que se falar em incidência do princípio da insignificância em 
decorrência do maior juízo de reprovabilidade da conduta do agente. 
2.1. Roubo próprio e roubo impróprio – distinção. 
 No roubo próprio (caput), a violência (ou grave ameaça) é empregada antes 
ou durante a subtração. No roubo impróprio (§ 1º), é empregada após a 
subtração, em relação de imediatidade. A conduta deve ser praticada para 
assegurar a detenção da coisa ou para garantia da impunidade do agente. 
 Requisitos do roubo impróprio: “efetiva retirada da coisa, emprego de 
violência ou grave ameaça, logo depois da subtração e a finalidade de 
assegurar o crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro” (CAPEZ, op. 
cit. pp 468). 
 Acerca do tema já se manifestou a Primeira Turma do Supremo Tribunal 
Federal, in verbis: 
HABEAS CORPUS - JULGAMENTO - REVOLVIMENTO DA PROVA VERSUS 
ENQUADRAMENTO JURÍDICO DOS FATOS INCONTROVERSOS. Sem fato 
não há julgamento. Descabe, de qualquer modo, confundir, considerado o 
habeas corpus, o revolvimento da prova com o enquadramento jurídico do que 
assentado na decisão condenatória. ROUBO - PRÓPRIO E IMPRÓPRIO. A 
figura da cabeça do artigo 157 do Código Penal revela o roubo próprio. O § 1º 
do mesmo dispositivo consubstancia tipo diverso, ou seja, o roubo impróprio, o 
qual fica configurado com a subtração procedida sem grave ameaça ou 
violência, vindo-se a empregá-las posteriormente contra a pessoa.(STF, RHC 
92430/ DF, Relator(a): Min. Marco Aurélio). 
 Consumação e tentativa. 
 Aplicáveis os ensinamentos afetos ao delito de furto. 
 Entendimento dominante nos Tribunais Superiores (STJ e STF). 
 Teoria Amotio “ dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o 
poder do agente, mesmo que num curto período de tempo, independentemente 
do deslocamento ou posse mansa e pacífica” (CUNHA, Rogério Sanches. 
Direito Penal. Parte Especial. 2 ed. pp123/124.) 
 Questão controvertida: (Im)possibilidade de aplicação do instituto 
da tentativa ao roubo impróprio. 
 1ª Corrente. O crime se consuma no momento do emprego da violência 
ou da grave ameaça e, por conseguinte, não admite tentativa (Assis Toledo; 
Hungria; Damásio; Moura Teles; Luiz Regis Prado). 
 2ª Corrente. Violência e grave ameaça são empregadas antes de 
consumada a subtração e, portanto, a consumação se dá nos moldes do roubo 
próprio (Nucci; Weber M. Batista; STF, RE 103301/SP, rel. Min. Rafael Mayer). 
2.2. Roubo simples, roubo majorado e roubo qualificado. 
 Roubo simples 
Art.157, caput, CP. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
Roubo majorado § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
► Questão controvertida: O emprego de arma de brinquedo (simulacro) não 
tipifica o roubo majorado, pois, ainda que possua potencialidade intimidatória, 
não possui potencialidade lesiva. Cabe salientar que o Verbete de Súmula n. 
174, do Superior Tribunal de Justiça foi cancelado. Acerca do tema vide 
Recurso Especial n. 213.054/SP cujo relator foi o Min. José Arnaldo da 
Fonseca. 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
► Questão controvertida: Possibilidade do concurso material de crimes 
entre o delito de roubo majorado pelo concurso de pessoas e o delito de 
bando ou quadrilha (art. 288, CP): o melhor entendimento é no sentido da 
possibilidade, haja vista a distinção entre a objetividade jurídica entre os delitos 
e, consequentemente, bem jurídico tutelado em cada um deles. Neste sentido 
leciona Fernando Capez (op. cit. pp 474), bem como já proferiram decisão 
acerca do tema os Tribunais Superiores. 
Informativo n. 615, do Supremo Tribunal Federal. 
Ante o empate na votação, a 1ª Turma deferiu habeas corpus, de ofício, para 
excluir, da condenação do paciente, a pena relativa ao crime de seqüestro. 
Tratava-se, na espécie, de recurso ordinário em habeas corpus interposto em 
favor de condenado pela prática dos delitos de quadrilha armada, roubo 
qualificado, seqüestro e cárcere privado. A defesa requeria o reconhecimento: 
a) da continuidade delitiva em relação aos crimes de roubo praticados pelo 
paciente, afastado o concurso material imposto pelo tribunal de justiça local; b) 
da tese de que a condenação pelo crime de roubo qualificado pelo 
emprego de arma e por crime de formação de quadrilha armada 
consistiria em bis in idem; c) da atipicidade do crime de seqüestro. 
Prevaleceu o voto proferido pelo Min. Dias Toffoli, relator, que, inicialmente, 
não conheceu do recurso. No tocante ao primeiro argumento, aduziu que o 
exame do tema demandaria o revolvimento de matéria fática, incabível na sede 
eleita. Rejeitou o alegado bis in idem, dada a autonomia do crime de 
quadrilha ou bando. No que concerne à última assertiva, registrou que a 
questão não fora apreciada na origem. Contudo, vislumbrou a possibilidade da 
concessão da ordem de ofício. Asseverouque os crimes de seqüestro e 
cárcere privado imputados ao recorrente na denúncia, na realidade, tiveram 
escopo único, exclusivamente voltado à consumação do crime de roubo de 
veículos automotores, ainda que a privação de liberdade das vítimas tivesse 
ocorrido por razoável período de tempo. Enfatizou que estas teriam sido 
colocadas espontaneamente em liberdade pelos criminosos, tão-logo 
assegurada a posse mansa e pacífica da res furtiva. Em razão disso, 
considerou não caracterizado o crime de seqüestro por ausência do elemento 
subjetivo do tipo. Os Ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia votaram 
pela não concessão, de ofício, do writ RHC 102984/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 
8.2.2011. (RHC-102984) 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para 
outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 
► Questão controvertida: Forma de aplicação de pena quando da 
concorrência de mais de uma majorante. 
 Verbete de Súmula n. 443, do Superior Tribunal de Justiça. 
 O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo 
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a 
sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. 
 Roubo qualificado. 
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 
sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a 
trinta anos, sem prejuízo da multa. 
 Roubo qualificado pelo resultado morte (LATROCÍNIO). 
 ► Incidência da Lei 8.072/90. Crimes Hediondos. 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados 
ou tentados: 
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); 
► Competência para julgamento- Verbete de Súmula n. 603, do Supremo 
Tribunal Federal. 
A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e 
não do Tribunal do Júri. 
► Consumação e Tentativa. Verbete de Súmula n. 610, do Supremo Tribunal 
Federal. 
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se 
realize o agente a subtração de bens da vítima. 
► Questões Controvertidas – possíveis resultados. (CUNHA, Rogério 
Sanches. Direito Penal. Parte Especial. 2 ed. pp138.) 
1. Morte consumada, subtração consumada, gera latrocínio consumado, 
estando o tipo perfeito. 
2. Morte consumada, subtração tentada, latrocínio consumado, 
consoante verbete de Súmula n. 610, STF. 
3. Morte tentada, subtração tentada, latrocínio tentado. 
4. Morte tentada, subtração consumada, latrocínio tentado. 
3. Distinção entre os delitos de Roubo e Extorsão. 
 Se a vítima entrega a coisa é extorsão, enquanto que se a coisa for 
retirada é roubo, ou seja, na extorsão é indispensável o comportamento 
da vítima. 
 No roubo, a coisa é objeto de apossamento pelo agente; na extorsão, 
ocorre a traditio (Frank, apud Hungria: “o ladrão subtrai, o extorsionário 
faz com que se lhe entregue”). 
 Além da entrega do bem pela vítima, na extorsão há a promessa de 
um mal futuro (no roubo é iminente) para a obtenção de uma vantagem 
futura (contemporânea, no roubo). Nesse sentido, Magalhães Noronha e 
STJ, REsp. 90.097/PR, rel. Min. Cernicchiaro). 
 A extorsão é caracterizada pela imprescindibilidade do 
comportamento da vítima (nesse diapasão, Damásio, Weber M. Batista).

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