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CCJ0033-WL-B-AMRP-04-Dos Crimes Contra o Patrimônio - Dos Delitos de Extorsão

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DIREITO PENAL III 
PROF.ª DANIELA DUQUE-ESTRADA 
AULA 4 
 
DOS DELITOS CONTRA O PATRIMÔNIO. OS DELITOS DE EXTORSÃO. 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO. 
OBJETIVOS 
Ao final da aula o aluno será capaz de: 
● Identificar as condutas perpetradas de modo a tipificá-las corretamente e 
diferenciá-las dos demais crimes contra o patrimônio; 
●Identificar a alteração legislativa produzida pela Lei 11.923/2009; 
●Analisar a incidência da Lei 8.072/90, sobretudo no caso do denominado 
"seqüestro relâmpago". 
● Diferenciar os delitos de extorsão, extorsão mediante sequestro e extorsão 
indireta entre si e dos demais crimes contra o patrimônio. 
 
Estrutura de Conteúdo. 
1. Extorsão. Art.158, CP. 
 
Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Classificação doutrinária. Sujeitos do 
delito. Consumação e tentativa. Figuras típicas. Incidência da Lei 8.072/90. 
Distinção do delito de roubo. A Lei 11.923/09 e a figura do "sequestro 
relâmpago". 
 
2. Extorsão mediante seqüestro. Art.159, CP. 
 
Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Classificação doutrinária. Sujeitos do 
delito. Consumação e tentativa. Figuras típicas. Incidência da Lei 8.072/90. 
Delação premiada. Distinção com as demais figuras típicas contra o patrimônio. 
 
 
1. Extorsão. 
1.1. Bem jurídico tutelado: delito pluriofensivo - patrimônio e 
integridade física e psíquica (PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal 
Brasileiro. Vol.2. 8 ed. pp 330). 
 
 
1.2 Elementos do tipo. 
 
► Elemento descritivo: o núcleo do tipo contempla as figuras de constranger 
alguém mediante o emprego de violência (física) ou grave ameaça (psíquica), a 
fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. 
 
► Elemento subjetivo: dolo genérico na conduta de constranger e especial fim 
de agir de obter indevida vantagem econômica. 
 
Obs. Caso o especial fim de agir seja afeto à indevida vantagem moral, a 
conduta será tipificada como incursa no delito de constrangimento ilegal 
(art.146, CP). 
 
► Elemento normativo: Inicialmente cabe esclarecer que o conceito de 
vantagem previsto no art.158, CP é mais abrangente que o previsto nos art. 
155 e 157, CP, pois abarca, não só a coisa móvel corpórea, como também todo 
o interesse ou direito patrimonial alheio (PRADO, op. cit. pp 331). 
 
1.3 Classificação doutrinária: delito comum; subjetivamente complexo; 
formal; instantâneo. 
 
1.4 Sujeitos do delito: delito comum no que concerne ao sujeito ativo, 
podendo admitir a coexistência de mais de um sujeito passivo no caso da 
vítima do constrangimento ou ameaça não ser o titular do patrimônio 
lesionado. 
 
1.5 Consumação e tentativa: 
 Consuma-se com o emprego da violência ou grave ameaça, 
prevalecendo, portanto, o entendimento de que o delito configura-se como 
delito formal, caracterizando-se a obtenção da vantagem econômica indevida 
como mero exaurimento do delito. No mesmo sentido, Damásio de Jesus 
assevera que no delito de extorsão o núcleo do tipo é o verbo “constranger” e 
não “obter”. A definição legal não exige que o sujeito obtenha a indevida 
vantagem econômica.” (JESUS, Damásio de. Direito Penal, v. 2, 12.ed, pp 
321). 
 Segundo Cezar Roberto Bitencourt, para a consumação do delito de 
extorsão é desnecessária a efetiva obtenção da vantagem patrimonial, pois a 
extorsão se consuma no exato momento em que a vítima, com comportamento 
positivo ou negativo, faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo contra sua 
vontade.(BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, v.3. 7 ed. pp 
148). Significa dizer que a consumação independe da obtenção da vantagem 
indevida, restando configurada com o emprego da violência ou grave ameaça. 
Acerca do tema, vide verbete de Súmula n.96, do Superior Tribunal de Justiça, 
in verbis: 
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da 
vantagem indevida. 
 
1.6 Figuras típicas: 
 
a) Simples. Art.158, caput. 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e 
com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem 
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
b) Majoradas. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com 
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
 
c) Qualificadas. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º 
do artigo anterior. 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e 
essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena 
é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão 
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, 
respectivamente. 
 
1.7.Incidência da Lei 8.072/90. 
 
Em decorrência de expressa previsão legal, o delito de extorsão 
qualificado pelo resultado morte é tipificado como delito hediondo. 
 
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no 
Decreto-Lei no 2.848 , de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal , 
consumados ou tentados: 
I – 
II – 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 
8.930 , de 6.9.1994) 
 
1.8 A Lei 11.923/09 e a figura do "sequestro relâmpago". 
Questões controvertidas: 
► (Im)possibilidade de incidência da Lei 8.072/90 quando ocorre o resultado 
morte: tal entendimento prevalece face ao princípio da legalidade, haja vista o 
rol do art.1º, da Lei n.8072/1990 ser taxativo. 
 Entretanto, há entendimento minoritário no sentido de que a extorsão com 
resultado morte prevista no §2º também seria aplicável ao §3º (seqüestro 
relâmpago), pois este não configura tipo autônomo, mas mera qualificadora e, 
portanto, aplicar-se-ia o mesmo raciocínio aplicável ao §2º do respectivo 
dispositivo legal (neste sentido CUNHA, Rogério Sanches. Comentários à 
Reforma Criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados. RT, 2009, pp 23) 
 
 
►Possibilidade da ocorrência de concurso de crimes com os demais delitos 
contra o patrimônio. Neste sentido, vide decisão proferida pela Oitava Câmara 
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, in verbis: 
 
Ementa: APELAÇÃO CRIME. ROUBO TRIPLAMENTE MAJORADO E 
EXTORSÃO – SEQUESTRO RELÂMPAGO. 1. AUTORIA. Confissão parcial 
dos réus, sendo um deles preso em flagrante, confirmando as vítimas e 
testemunhas a autoria dos fatos, torna inquestionável a condenação. 2. 
RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS. AFASTAMENTO. 
IMPOSSIBILIDADE. Sendo levadas desnecessariamente as vítimas pelos 
assaltantes no automóvel e ficando em poder deles por certo tempo mediante 
ameaça de morte por armas de fogo, resta evidente a privação da liberdade. 3. 
CRIME ÚNICO. INVIABILIDADE. Se depois de subtraídos os bens as vítimas 
foram levadas até um caixa eletrônico, sendo uma delas obrigada a descer e 
sacar todo o dinheiro possível, permanecendo as outras no automóvel 
acompanhadas por um dos assaltantes, armado, e mediante ameaças de 
morte, caracterizado também o delito de extorsão qualificada. 4. CONCURSO 
MATERIAL. Em se tratando de delitos de espécies diferentes, inviável o 
reconhecimento de concurso formal. 5. PENA DE MULTA. ISENÇÃO. 
INVIABILIDADE. A pena de multa, cumulativamente cominada ao delito, não 
pode deixar de ser aplicada pelo juiz da sentença, em face do princípio da 
legalidade, ainda que o réu seja pobre, mesmo porque pobreza não é causa de 
imunidade penal. 6. CUSTAS PROCESSUAIS. Cabível a suspensão da 
exigibilidade também ao outro réu, nos termos do art. 12 da Lei nº 1060/50, 
diante da afirmação de pobreza e ausência de elementos em sentido contrário. 
RECURSO DE UM DOS RÉUS PARCIALMENTE PROVIDO E DO OUTRO 
DESPROVIDO. (Apelação Crime Nº 70040594723, Oitava Câmara Criminal, 
Tribunal de Justiçado RS, Relator: Danúbio Edon Franco, Julgado em 
16/03/2011) 
 
1.9 Distinção entre os demais delitos contra o patrimônio. 
►Extorsão e roubo. 
 A diferença entre os tipos se verifica a partir da prescindibilidade ou não do 
comportamento da vítima; no delito de roubo a conduta é perpetrada pelo 
agente (sujeito ativo) sendo irrelevante para a consumação do delito o 
comportamento da vítima; no caso da extorsão, o comportamento da vítima é 
imprescindível para que o agente pratique a sua conduta – exemplo clássico é 
o caso no qual a vítima, após o emprego da violência ou grave ameaça pelo 
agente, é obrigada a digitar sua senha no caixa eletrônico. 
 Acerca do tema, vide decisão proferida em sede de Apelação Criminal pelo 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, in verbis: 
 Outro ponto distintivo dos referidos delitos refere-se à sua classificação 
doutrinária quanto ao resultado e, consequentemente, quanto ao momento 
consumativo do delito. O delito de roubo é material, ao passo que o delito de 
extorsão, formal. 
 
►Extorsão e Constrangimento Ilegal 
 
A extorsão é uma espécie de constrangimento ilegal; se a vantagem 
almejada for moral trata-se de constrangimento ilegal; ao contrário, se a 
vantagem for material será extorsão. 
 
►Extorsão e estelionato 
Em ambos a vítima entrega a coisa ao agente; na extorsão a entrega se 
dá por meios coativos (violência ou grave ameaça), enquanto que no 
estelionato a entrega se dá em decorrência da fraude. 
OBS. Se a intenção for de obtenção de vantagem devida será exercício 
arbitrário das próprias razões (art.345 CP). 
 
2. Extorsão mediante sequestro: 
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos 
2.1 Bem jurídico tutelado: patrimônio e liberdade do indivíduo. 
 
2.2 Elementos do tipo. 
► Elemento descritivo: o núcleo do tipo contempla as figuras de 
sequestrar com o fim de obter para si ou para outrem, qualquer vantagem, 
como condição ou preço do resgate. 
► Elemento subjetivo: dolo genérico na conduta de sequestrar e especial fim 
de agir de apossamento definitivo do patrimônio alheio ou outra vantagem 
(NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 6.ed, pp 722/733) 
 
► Elemento normativo: Aplica-se o mesmo raciocício afeto ao delito de 
extorsão previsto no art. 158, CP. 
 
2.3 Classificação doutrinária: delito comum; permanente; formal; dano; 
subjetivamente complexo. 
 
►Obs. Conflito de Direito Intertemporal: Verbete de Súmula n.711, do Supremo 
Tribunal Federal. 
 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, 
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
2.4 Sujeitos do delito: 
Delito comum no que concerne aos sujeitos ativo e passivo, podendo 
admitir a coexistência de mais de um sujeito passivo no caso da vítima do 
sequestro não ser o titular do patrimônio lesionado. 
 
2.5 Consumação e tentativa: 
 
Segundo o prof. Luiz Regis Prado, entendimento majoritário, o delito 
se consuma com o ato de seqüestrar, independentemente da obtenção da 
vantagem indevida que configuraria mero exaurimento da conduta do agente. 
Acerca do tema, vide verbete de Súmula n.96, do Superior Tribunal de Justiça, 
in verbis: 
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da 
vantagem indevida. 
 
2.6 Figuras típicas 
 
a) Simples. Prevista no caput, do art.159, CP 
b) Qualificadas. 
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o 
seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou 
se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
►Obs. Possibilidade de incidência de concurso material de crimes entre 
os delitos previstos nos art.288, CP e 159,§1º, CP face à distinção entre 
os bens jurídicos tutelados. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
 
2.7.Delação premiada: 
 
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à 
autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida 
de um a dois terços. 
 
Configura-se como causa especial de diminuição de pena criada 
pela lei n.8072/1990 (crimes hediondos), sendo imprescindível, para sua 
caracterização a efetiva colaboração na libertação da vítima, caso contrario, 
não será aplicada a referida causa de diminuição. 
►Obs. O instituto da delação premiada previsto no §4º do art.159, 
CP, não foi revogado pela Lei n. 9807/1999 – art.13 e 14 (Lei de proteção a 
vítimas, testemunhas e réus colaboradores) face aos requisitos previstos em 
cada um dos institutos; no caso da legislação especial, efetiva colaboração do 
réu no curso da investigação e processo criminais; no caso do art.159,§4º, 
basta a efetiva colaboração para fins de libertação da vítima. 
Acerca da imprescindibilidade da relação causal entre a delação e a 
libertação da vítima vide decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, in 
verbis: 
DELAÇÃO PREMIADA. FORNECIMENTO. NÚMERO. TELEFONE. 
No caso de extorsão mediante seqüestro (art. 159 do CP), não se 
consideradelação premiada (§ 4º do referido artigo) o fato de o paciente, depois 
de preso, apenas fornecer o número de telefone de seu comparsa, visto que, 
em nenhum momento, facilitou a resolução do crime ou influenciou a soltura da 
vítima. Precedente citado: HC 92.922-SP, DJe 10/3/2008.HC 107.916-RJ, Rel. 
Min. Og Fernandes, julgado em 7/10/2008. 
 
2.8 Incidência da Lei 8.072/90. 
Em decorrência de expressa previsão legal, o delito de extorsão mediante 
seqüestro, ainda que na modalidade simples, prevista no caput do 
dispositivo legal, é tipificado como delito hediondo. 
 
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados 
no Decreto-Lei no 2.848 , de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal , 
consumados ou tentados: 
 IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 
1º, 2º e 3º); 
 
2.9 Distinção entre Extorsão mediante seqüestro e seqüestro 
Na extorsão há o especial fim de agir com relação à obtenção de 
vantagem; no seqüestro não há intenção de obter vantagem.

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