Buscar

CCJ0033-WL-D-AMMA-12-Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública-02

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL III
Aula 12- Crimes contra a Paz Pública
Art.286, 287 e 288, do Código Penal.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
OBJETIVOS
Ao final da aula o aluno será capaz de: 
● Aplicar os institutos previstos na parte geral do Código Penal
aos crimes em espécie;
● Reconhecer os tipos penais em estudo como crimes de
perigo e crimes vagos;
● Analisar a incidência do concurso de crimes ou conflito
aparente de normas entre os delitos em estudo.
● Compreender a exigência do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória para que o autor de crime seja
objeto de apologia;
● Diferenciar as figuras típicas de bando ou quadrilha previstas
no art. 288, do Código Penal no art. 8º, da Lei n. 8.072/90 e no
art. 35, da Lei n. 11.343/06).
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
Estrutura de Conteúdo.
Incitação ao crime: análise da figura típica. Questões
relevantes: distinção com o crime de apologia de crime ou
criminoso; incitação feita a pessoa certa e determinada;
incitação da prática de contravenção penal. Apologia de crime
ou criminoso: análise da figura típica. Questões relevantes:
distinção com o delito de incitação ao crime; apologia feita em
particular; apologia feita a acusado de crime; apologia de
contravenção. Bando ou quadrilha. Análise da figura típica.
Questões relevantes: confronto entre as figuras típicas previstas
no art.288, CP, art.8º, da Lei n. 8072/1990 e art.35, da Lei n.
11343/2006. A majorante do bando armado (caracterização); o
instituto da delação premiada. Permanência do delito de
quadrilha ou bando e os Conflitos de Direito Intertemporal.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
CONSIDERAÇÕES GERAIS.
Os delitos previstos neste capítulo tutelam o bem jurídico
“paz pública”, o que significa a tutela da manutenção da
tranqüilidade pública e a convicção de segurança social
(PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro,
v.3, 6.ed, 2010, pp180).
► Configuram-se como delitos de perigo.
► Configuram-se como delitos vagos
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
1. Incitação ao crime art. 286, do CP.
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa
1.Análise da figura típica.
► Crime comum em relação ao sujeito ativo.
► Incitar significa instigar, induzir seriamente a prática de
crime determinado.
► Não constitui a referida figura típica a conduta de incitar a
prática de contravenção penal, bem como a prática de
delitos culposos.
► Imprescindível a ocorrência da publicidade para que seja
alcançado um número indeterminado de pessoas.
► Consuma-se com a mera incitação, desde que
perceptível a um número indeterminado de pessoas,
independentemente da prática do crime incitado.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
:
OBS. Não configura o delito em exame a simples tese defensiva
acerca da possível descriminalização de uma conduta.
OBS. Lei n. 2889/1956, art. 3º - Genocídio.
Lei n. 7716/1989, art. 20 – Crimes de Preconceito de
Raça ou de Cor.
Decreto-Lei n. 1001/1969, art. 155, CPM.
1.2. Questão relevante:
► Distinção com o crime de apologia de crime ou criminoso:
Na figura típica de incitação ao crime, o fato criminoso ainda
não ocorreu, ao passo que, na figura típica do art.287, CP o fato
criminoso já está concretizado.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
2 Apologia de crime ou criminoso: art. 287, do CP
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso
ou de autor de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa
2.1. Análise da figura típica
► Crime comum em relação ao sujeito ativo.
► Fazer apologia significa elogiar, exaltar, enaltecer a 
prática de fato criminoso, certo, determinado e já 
concretizado.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
► Não constitui a referida figura típica a conduta de enaltecer a
prática de contravenção penal, a prática de delitos culposos ou
a prática de delitos futuros.
► Consuma-se quando a apologia é perceptível a um número 
indeterminado de pessoas, independentemente da efetiva 
perturbação da ordem pública. 
2.2. Questões relevantes:
2.2.1 Apologia feita em particular
► Atipicidade da conduta, haja vista ser imprescindível a
percepção por um número indeterminado de pessoas.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
2.2.2. Apologia feita a autor do crime.
► Não constitui a referida figura típica se os elogios não 
forem relacionados à prática da conduta delitiva, mas, sim, à 
qualidades pessoais do autor do crime.
2.3. A (im)prescindibilidade do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória para a caracterização do
delito.
► A caracterização do delito prescinde do trânsito em julgado
de sentença condenatória ( Neste sentido Luiz Regis Prado e
Nelson Hungria).
► Para a caracterização do delito de apologia ao crime é
imprescindível em julgado da sentença penal condenatória
(entendimento majoritário – neste sentido: Celso Delmanto,
Luiz Flávio Gomes).
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
3.Quadrilha ou bando art. 288, do CP
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou
bando, para o fim de cometer crimes:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou
bando é armado.
3.1. Análise da figura típica.
► Delito plurissubjetivo, permanente, formal.
► Associar-se significa “reunir-se em sociedade para um
determinado fim, havendo uma vinculação sólida, quanto à
estrutura e durável, quanto ao tempo” (CUNHA, Rogério
Sanches. Direito Penal. Parte Especial, 2.ed. p 329)
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
► A conduta descreve a associação, de no mínimo, 4
agentes, com animus de estabilidade e permanência, para a
prática de um número indeterminado de crimes.
► Delito formal: consuma-se com a caracterização da
associação estável e permanente, ainda que não sejam
praticados delitos.
► Delito Permanente. Verbete de Súmula n. 711, do Supremo
Tribunal Federal.
► Delito autônomo, logo,uma vez praticados delitos pela
associação, será aplicado, para fins de aplicação de pena, o
sistema do cúmulo material de penas, previsto no art. 69, do
CP (concurso material de crimes).
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
3.2 Questões relevantes:
3.2.1 Desnecessidade de que todos os associados sejam
imputáveis.
3.2.2 Desnecessidade de que os associados pratiquem os
crimes pretendidos para que o delito de quadrilha ou bando se
configure.
3.2.3 Finalidade de praticar mais de um crime como especial
fim de agir na quadrilha ou bando.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
3.2.4 Majorante da quadrilha ou bando armado.
► Caracteriza a figura típica a utilização de qualquer tipo de
arma (própria ou imprópria) para configurar a majorante.
► É desnecessário que todos os integrantes estejam
armados;
► É imprescindível o uso ostensivo da arma.
Acerca do tema, vide decisão proferida pelo Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro:
Réu preso temporariamente (08.02.2012) e preventivamente
em 16.02.2012 e culminando denunciado por infração aos
artigos 288, parágrafo único (quadrilha armada), do Código
Penal c/c artigo 8o, caput, da Lei no 8.072/90 (. Três a seis
anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal,
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
quando se tratar de crimes hediondos.), c/c artigo 62, I, do
Código Penal (agravante ¿ coage ou induz outrem á
execução material do crime) na forma do artigo 69 do Código
Penal (concurso material) em coautoria com outros três
agentes. Milícia. Pedido de liberdade provisória, diante das
pretensas inépciada denúncia, ausência de fundamentação
da decisão e, por fim, desnecessidade da custódia cautelar
(falta dos pressupostos do artigo 312 do Código de Processo
Penal). A peça ministerial contem a devida exposição da
suposta conduta criminosa e de todas as suas circunstâncias,
a qualificação do acusado, a classificação do malfeito e o rol
de testemunhas, permitindo, outrossim, o exercício do amplo
direito de defesa.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
Deliberação da magistrada decretando a prisão preventiva
suficientemente justificada. Imprescindível o encarceiramento
para impossibilitar qualquer intervenção na instrução criminal e
assegurar a ordem pública. Processo aguardando a entrega das
defesas prévias no prazo de 10 dias. DENEGAÇÃO DA
ORDEM. (TJRJ, 0012416-78.2012.8.19.0000 - HABEAS
CORPUS, DES. JOSE ROBERTO LAGRANHA TAVORA -
Julgamento: 08/05/2012 - QUARTA CAMARA CRIMINAL)
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
► Possibilidade de condenação por quadrilha ou bando
armado e roubo majorado pelo emprego de arma de fogo
(art.288, parágrafo único e art.157,§ 2º, I, CP – não ocorrência
de bis in eadm:
Sobre o tema, vide decisão proferida pelo Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro:
APELAÇÕES. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. QUADRILHA
ARMADA. (I) PRELIMINAR. NULIDADE. INTERCEPTAÇÕES
TELEFÔNICAS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. REJEIÇÃO. (II)
MÉRITO. (2.1.) ARTIGO 157, § 2º, I e II DO CÓDIGO PENAL.
MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
RECONHECIMENTO POR FOTOGRAFIA. CONFIRMAÇÃO
EM JUÍZO. IMPOSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO.
CONCURSO FORMAL. O AUTOR DO FATO DELE SE
DEFENDE E NÃO DE SUA CAPITULAÇÃO JURÍDICA.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
ARTIGO 383 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
DOSIMETRIA DA PENA. REDIMENSIONAMENTO COM A
REDUÇÃO DOS PERCENTUAIS IMPOSTOS PARA
ATENDIMENTO AOS PRINCÍPIOS DA
PROPROCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE NA
TERCEIRA ETAPA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 443 DO STJ.
REGIME FECHADO. ARTIGO 111 DA LEI DE EXECUÇÃO
PENAL. (2.2.) ARTIGO 288, PARÁGRAFO ÚNICO, DO
CÓDIGO PENAL. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. IMPOSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO.
PENA-BASE. PERSONALIDADE. CONSEQUÊNCIAS DO
CRIME. DECOTES. REDIMENSIONAMENTO PARA AMBOS
APELANTES. REGIME SEMIABERTO FIXADO PARA
CUMPRIMENTO DA REPRIMENDA IMPOSTA AO APELANTE
FERNANDO LUCIANO. (III)
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
(III) FIXAÇÃO DE VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DE 
DANOS. EXCLUSÃO. - DA PRELIMINAR (TJRJ, Apelação. N 
0015076-39.2009.8.19.0036. DES. DENISE VACCARI 
MACHADO PAES - Julgamento: 27/03/2012 - TERCEIRA 
CAMARA CRIMINAL). 
3.2.5 Quadrilha ou bando com finalidade de praticar crimes
hediondos ou equiparados.
► Princípio da Especialidade.
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista
no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins ou terrorismo.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à
autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
3.2.6 Associação para o tráfico distinção com o delito de
quadrilha ou bando;
► Princípio da Especialidade.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos
nos arts. 33, § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
3.2.7 Delação premiada nos casos de quadrilha ou bando
previsto na Lei 8.072/90 (art. 8°, parágrafo único).
► Requisitos: sendo direito subjetivo do réu, para que seja 
reconhecida, necessário que seja ato voluntário do agente, 
bem como deva ser eficaz para fins de desmantelamento da 
quadrilha ou bando. 
► controvérsia sobre a aplicação da minorante (incidência
somente sobre o crime de quadrilha ou bando ou também
sobre os demais crimes praticados pelos associados).
► aplicação exclusiva ao crime de quadrilha ou bando previsto
na Lei 8.072/90 (princípio da especialidade);
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
3.2.8 O delito de associação para fins de tráfico previsto no art.
14, da Lei n.6368/1976 e no art. 35, da Lei n. 11343/2006 –
Conflito de Direito Intertemporal.
Art. 14. Associarem-se 2(duas) ou mais pessoas para o fim de
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos
nos art. 12 ou 13 desta lei.
Pena. Reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
50 (cinquenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
CASO CONCRETO
Leovegildo, 25 anos, se une a Artur e Leandro, ambos com 17
anos de idade, e resolvem iniciar o tráfico de drogas através
da aquisição de certa quantidade de substância entorpecente
para revender no bairro onde moram. Para tanto, passam a
fazer minucioso planejamento e a realizar contato com
potenciais fornecedores e "clientes". Porém, antes que
fizessem a primeira aquisição de drogas, seus planos foram
descobertos pelos pais de Artur que resolveram informar os
fatos à autoridade policial. Esta, verificada a procedência das
informações, prendeu Leovegildo em flagrante e, no mesmo
momento, apreendeu Artur e Raul, sendo estes encaminhados
à Delegacia especializada.
DELITOS CONTRA A PAZ PÚBLICA– AULA 12
DIREITO PENAL III
Os defensores dos presos se insurgiram contra a prisão e
apreensão de seus clientes apresentando os seguintes
argumentos de ordem material:
1. Atipicidade do fato, pois a quadrilha ou bando exige a
associação de, no mínimo, 4 pessoas;
2. Atipicidade do fato, pois, ainda que se pudesse vislumbrar a
possibilidade de quadrilha ou bando, dois dos três integrantes
são inimputáveis;
3. Atipicidade do fato, pois os associados não chegaram a
praticar os crimes que haviam planejado;
Diante do caso apresentado, com base nos estudos
realizados, diga fundamentadamente se os argumentos da
defesa deverão prosperar.

Continue navegando