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CCJ0033-WL-B-AMMA-09-Dos Crimes Contra a Família-01

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DIREITO PENAL III 
Aula 9- Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa para fim de 
 Prostituição ou outra Forma de Exploração Sexual. Do 
 Ultraje Público ao Pudor 
DIREITO PENAL III 
OBJETIVOS 
Ao final da aula o aluno será capaz de: 
● Compreender a relevância da subsunção das normas penais 
aos preceitos constitucionais; 
● Compreender os reflexos advindos da reforma penal de 2009 
(Lei 12.015, que alterou o Título VI, do Código Penal) sobre a 
tipificação dos delitos a dignidade sexual e consequentes 
conflitos de Direito Intertemporal. 
● Diferenciar as diversas figuras típicas que integram os dois 
capítulos em estudo, entre si e com os demais crimes contra a 
dignidade sexual; 
● Analisar criticamente a necessidade de tipificação das 
condutas previstas nos capítulos em estudo e a incidência do 
princípio da adequação social aos casos de ato obsceno e de 
escrito ou objeto obsceno. 
Do Lenocínio .Do Ultraje Público ao Pudor – AULA 9 
DIREITO PENAL III 
Estrutura de Conteúdo. 
 1. Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa para fim de 
Prostituição ou outra Forma de Exploração Sexual: 
 Mediação para servir à lascívia de outrem; Favorecimento 
da prostituição ou outra forma de exploração sexual; Casa de 
prostituição; Rufianismo (art. 227, 228, 229 e 230, do Código 
Penal). 
2. Do Ultraje Público ao Pudor. 
 Ato obsceno; Escrito ou objeto obsceno (art.233 e 234, do 
Código Penal). 
Do Lenocínio .Do Ultraje Público ao Pudor – AULA 9 
DIREITO PENAL III 
CONTEÚDO 
1.Do Lenocínio. 
1.1. Mediação para servir à lascívia de outrem. 
 Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
 Análise da figura típica. 
▶ Tutela-se a integridade e autonomia sexual, não sendo 
exigida a habitualidade da conduta. 
▶ Não obstante o núcleo do tipo contemple o verbo “induzir”, 
o tipo penal, caracteriza-se como delito material. 
▶ Tipo subjetivamente complexo. 
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DIREITO PENAL III 
Questões relevantes: 
1) Ofensa ao princípio da lesividade quando o induzimento tem 
por objeto pessoa maior de 18 anos e não ocorre violência ou 
grave ameaça. 
2) Distinção da figura típica do art. 228, CP – pessoa certa e 
determinada (outrem) e ausência de contraprestação por parte 
de terceiro (GRECO, Rogério.Código Penal Comentado, 4.ed. 
pp 641). 
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DIREITO PENAL III 
▶ Figuras Qualificadas. 
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 
(dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, 
cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a 
quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou 
de guarda: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. 
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave 
ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena 
correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se 
também multa. 
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1.2. Favorecimento da prostituição ou outra forma de 
exploração sexual. 
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de 
exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a 
abandone: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 Compreensão das expressões prostituição e exploração 
sexual (Citadas na aula 8). 
▶ a exploração sexual pode caracterizar-se de quatro formas: 
prostituição; turismo sexual; pornografia e tráfico para fins sexuais 
(...)( FALEIROS, Eva). 
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▶ A expressão prostituição compreende o “comércio habitual 
do próprio corpo exercido pelo homem ou mulher, em que 
estes se prestam à satisfação sexual de indeterminado número 
de pessoas” (...) “cabe salientar que, não visa, 
necessariamente, ao lucro” (HUNGRIA, Nelson apud CAPEZ, 
Fernando. Curso de Direito Penal. V.3. 8.ed. pp 102). 
Análise da figura típica. 
▶ A conduta de “prostituição” é atípica; típica é a conduta de 
quem (terceiro) a explora. 
▶ Tutela-se a integridade e autonomia sexual, exigindo-se a 
habitualidade da conduta. 
▶ Tipo subjetivamente complexo. 
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▶ Delito material em todas as figuras típicas; no caso de induzir, 
atrair ou facilitar, ocorre quando a vítima é inserida na atividade 
da prostituição ainda que não atenda a nenhum cliente; na 
modalidade de impedir e dificultar, no momento em que, por 
exemplo, cria obstáculos financeiros para tal. 
▶ Figuras Qualificadas. 
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, 
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou 
empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
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§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave 
ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena 
correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se 
também multa. 
1.3. Casa de prostituição. 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, 
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou 
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou 
gerente: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
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 Análise da figura típica. 
▶ O bem jurídico extrapola a liberdade/autonomia sexual e 
passa-se a tutelar o interesse da coletividade de modo a evitar 
a proliferação de todas as formas de lenocínio (PRADO, Luiz 
Regis. Curso de Direito Penal. v.2. 8.ed. pp 652). 
▶ Tipo penal subjetivamente complexo. 
▶ Por tratar-se de delito habitual, consuma-se com a efetiva 
manutenção do estabelecimento para fins de exploração 
sexual, independentemente da ocorrência efetiva de ato 
libidinoso, bem como do agente auferir lucro. 
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Questões relevantes: 
▶ A prostituição na própria residência e a não ocorrência 
de crime; 
▶ O concurso de pessoas entre o proprietário e a pessoa que 
usa o imóvel como casa de prostituição - locador e locatário; 
▶ Confronto entre os delitos de favorecimento à prostituição e 
casa de prostituição: o delito previsto no art. 228, CP prevê 
uma conduta genérica, na qual se facilita a prostituição; por 
outro lado, no art. 229, CP, face à sua habitualidade, o delito 
previsto no art.228, CP restaria como crime-meio para a sua 
prática. 
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▶ A descaracterização da conduta típica nos casos de casas 
de massagem, boates, hotéis de alta rotatividade e 
estabelecimentos similares – incidência dos princípios da 
intervenção mínima, fragmentariedade e adequação social. 
 Acerca do tema, vide decisões proferidas pelo Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, in verbis: 
Ementa: APELAÇÃO CRIME. CRIMES CONTRA A 
DIGNIDADE SEXUAL. CASA DE PROSTITUIÇÃO. ART. 229 
DOCÓDIGOPENAL.ATIPICIDADEMATERIAL. 
AFASTAMENTO DA ILICITUDE DA CONDUTA QUE ADVÉM 
DA MODIFICAÇÃO DOS PADRÕES DE COMPORTAMENTOS 
SOCIAIS E MORAIS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA. 
CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE. SUBMISSÃO DE ADOLESCENTE À 
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além de outros requisitos (imputação objetiva, elemento 
subjetivo). A conduta clandestina de manter apartamentopróprio para encontro sexual afeta o bem jurídico protegido de 
forma intolerável, não sendo aceita pela sociedade como 
adequada, pouco importando a tolerância policial. Penso que o 
exame da tipicidade desta infração depende do caso concreto, 
mormente o local em que a conduta habitual vem sendo 
praticada. Tratando-se de prédio situado em área residencial, o 
constante ingresso de garotas de programa e clientes ávidos 
para satisfazer o apetite sexual mediante o pagamento de preço 
acordado, inquestionavelmente,agride a moral pública protegida 
pelo tipo respectivo. Fato típico. 
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PROSTITUIÇÃO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL. NÃO 
COMPROVAÇÃO.MANUTENÇÃODASENTENÇA 
ABSOLUTÓRIA. - Ainda que a manutenção de casa de 
prostituição seja conduta típica prevista no art. 229 do Código 
Penal, há de considerar-se sua atipicidade material, que leva 
ao afastamento da ilicitude diante do princípio da adequação 
social, pois que deixou de ser considerada delituosa em 
decorrência da modificação dos padrões comportamentais da 
sociedade atual. - Caso em que não restou suficientemente 
comprovada nos autos a prática do crime imputado às rés, 
razão pela qual imposta está a sua absolvição. APELAÇÃO 
DESPROVIDA. (Apelação Crime Nº 70046046736, Sétima 
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José 
Conrado Kurtz de Souza, Julgado em 09/02/2012 
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Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. MANUTENÇÃO DE CASA DE 
PROSTITUIÇÃO. ATIPICIDADE. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO 
SOCIAL. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA. COMERCIALIZAÇÃO 
DECDS"PIRATAS".ATIPICIDADE.ABSOLVIÇÃO. 
Manutenção de casa de prostituição. Aplicação do princípio da 
adequação social. A conduta de manter casa de prostituição 
inseriu-se na sociedade contemporânea, sendo aceita pela 
coletividade, razão pela qual a absolvição dos réus se impõe. 
Embora formalmente típica, a prática em liça carece de 
tipicidade material. Receptação qualificada. Absolvição. 
Atipicidade da conduta, uma vez que não se enquadra no delito 
do art. 180, §1º, CP. Em razão da precariedade da prova 
pericial, que só analisou externamente as amostragens 
coletadas, e da ausência de prejuízo às empresas detentoras 
das licenças, não configurada a procedência criminosa dos CDs, 
motivo pelo qual 
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a prática não se subsume à receptação qualificada. Afastada a 
origem criminosa dos bens adquiridos com o escopo de 
posterior alienação, não configurado o delito pelo qual os 
acusados foram indiciados. APELO DEFENSIVO PROVIDO. 
UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70044460350, Sexta Câmara 
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ícaro Carvalho de 
Bem Osório, Julgado em 06/10/2011) 
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1.4. Rufianismo 
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando 
diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo 
ou em parte, por quem a exerça: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 Análise da figura típica. 
▶ Compreensão das figuras do rufião, proxeneta e gigolô. 
 Para Luiz Regis Prado o rufianismo “pode ser descrito como 
a atividade do agente que explora economicamente uma ou 
mais pessoas que praticam a prostituição, tirando proveito 
total ou parcial de tal atividade” (op. cit. pp.654) 
▶ Delito permanente e habitual. 
▶ Possibilidade do reconhecimento do concurso de crimes 
entre as figuras típicas previstas nos art. 229 e 230, do CP. 
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▶ A incidência dos princípios da intervenção mínima, 
fragmentariedade e adequação social. 
 Acerca do tema, vide decisão proferida pelo Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, in verbis: 
 EMENTA. PENAL. CASA DE PROSTITUIÇÃO. 
TIPICIDADE MATERIAL . RUFIANISMO. PROVA O moderno 
conceito de tipicidade não se satisfaz com a mera adequação 
da conduta ao tipo legal. Não basta a tipicidade formal. Exige- 
se a chamada tipicidade material, sendo indispensável que a 
conduta imputada tenha causado um resultado jurídico 
(ofensa ao bem jurídico) relevante (principio da insignificância) 
e intolerável (princípio da adequação social), além de outros 
requisitos (imputação objetiva, elemento subjetivo). 
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 A conduta clandestina de manter apartamento próprio para 
encontro sexual afeta o bem jurídico protegido de forma 
intolerável, não sendo aceita pela sociedade como adequada, 
pouco importando a tolerância policial. Penso que o exame da 
tipicidade desta infração depende do caso concreto, mormente o 
local em que a conduta habitual vem sendo praticada. Tratando- 
se de prédio situado em área residencial, o constante ingresso de 
garotas de programa e clientes ávidos para satisfazer o apetite 
sexual mediante o pagamento de preço acordado, 
inquestionavelmente, agride a moral pública protegida pelo tipo 
respectivo. Fato típico. De outro giro, sendo o imóvel ocupado por 
várias garotas de programa que praticam com clientes sexo no 
próprio local, o pagamento de um percentual recebido pelo 
serviço prestado para mantença do imóvel, 
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ainda que a administração caiba a uma ou algumas delas, não 
tipifica o delito do artigo 230 do Código Penal, mormente 
quando residem no local e se prostituem pessoas maiores de 
idade, todas agindo livremente naquela atividade respectiva. 
No caso concreto, porém, inobstante a tipicidade reconhecida, 
não há nos autos elemento de prova a indicar o envolvimento 
do apelante naquele delito, certo que outros denunciados já 
foram condenados, apenas não havendo prova no sentido de 
que o apelante de alguma forma contribuía para os delitos lá 
praticados, sendo irrelevante a prova indiciária de que ele seria 
locatáriodoimóvel,circunstâncianãocabalmente 
demonstrada, até porque a Câmara, em procedimento similar, 
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absolveu o proprietário do imóvel, devendo a mesma regra ser 
adotada para o eventual locatário que sublocou indevidamente a 
outras pessoas que passaram a utilizar o imóvel para fim ilícito. 
(TJRJ. 0161039-28.2005.8.19.0001- APELAÇÃO. DES. 
MARCUS BASILIO - Julgamento: 13/09/2011 - PRIMEIRA 
CAMARA CRIMINAL). 
 CASO CONCRETO. Não comete crime quem: 
a) Utiliza a própria residência, com habitualidade, para a prática 
da prostituição. 
b) Aluga imóvel para a montagem de casa de prostituição, 
sabendo da finalidade do locatário. 
c) Paga os aluguéis do imóvel onde reside com o dinheiro obtido 
pela prostituição de outrem. 
d) Convence a própria filha a manter relações sexuais com seu 
namorado. 
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▶ Figuras Qualificadas. 
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 
(catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, 
padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, 
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por 
quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Obs. Distinção da figura prevista no art. 218-B, CP. 
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, 
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre 
manifestação da vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da 
pena correspondente à violência. 
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2. Do Ultraje Público ao Pudor. 
2.1. Ato obsceno 
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou 
exposto ao público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 Análise da figura típica. 
▶ A compreensão da expressão “pudor coletivo” e do 
elemento normativo do tipo penal “ato obsceno”. 
 Obsceno é o que fere o pudor ou a vergonha (...) tendo 
sentido sexual (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito 
 Penal.6.ed. pp.859). 
▶ Juízo de valor fluido e temporal 
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▶ lugar público, ou 
aberto ou 
-local no qual todas as pessoas tem 
 acesso; 
- o acesso é livre ou condicionado; 
exposto ao público - local privado, mas visível para quem se 
 se encontra num local público ou 
 aberto ao público. 
▶ Caso seja local privado visível de outro local privado, será 
caracterizada a contravenção penal do art. 61, da LCP 
(CAPEZ, Fernando. Op. cit. pp 169) 
▶ Confronto com a contravenção penal de importunação 
ofensiva ao pudor (art.61, do Dec. Lei n.3688/1941) e com o 
delito de injúria real (art.140, CP) - A necessidade da prática 
de conduta corporal.Do Lenocínio .Do Ultraje Público ao Pudor – AULA 9 
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▶ Ato obsceno ≠ ato contrário à decência pública: neste são 
ofendidas as regras de convivência social e o decoro; naquele, 
com conotação sexual, o pudor público (PRADO, Luiz Regis. 
op.cit. pp 669). 
▶ Crime de perigo – a publicidade refere-se ao local e não às 
pessoas. 
▶ A incidência dos princípios da intervenção mínima, 
fragmentariedade e adequação social. 
 Acerca do tema, vide decisão proferida pelo Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, in verbis: 
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BEIJO NA BOCA DE MENOR. ATENTADO VIOLENTO AO 
PUDOR. PROPORCIONALIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO. 
ATO OBSCENO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE O ato beijar 
a boca da vitima, criança de 05 anos de idade, merece 
reprimenda, mas na proporcionalidade com a gravidade do fato 
que, diferentemente de outros, não atinge as características de 
violência e o repúdio do atentado violento ao pudor. A resposta 
jurisdicional pretendida daria ao fato a mesma sanção de um 
homicídio simples, o que evidencia a desproporção entre a 
ação e sanção alvitrada no recurso da acusação. A presunção 
de violência não pode atingir o injusto. O fato ocorreu no bar do 
apelante, lugar aberto ou exposto ao público. 
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Reprimenda necessária que se faz com a desclassificação do 
delito, tal como promovida na sentença. O crime e de ato 
obsceno tipificado no artigo 233, CP. Extingue-se a 
punibilidade pela pena concretizada no voto. RECURSO 
PARCIALMENTEPROVIDO.(ApelaçãoCrimeNº 
70031774896, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça 
do RS, Relator: Aramis Nassif, Julgado em 27/10/2010). 
 Ainda, acerca do tema, cabe transcrever trecho de decisão 
proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de 
Janeiro: 
(...) prática de conjunção carnal no interior do veículo. na 
conjuntura dos fatores, in casu, não caracteriza estarem 
expostos ao público. compulsando os autos, 
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extraí-se dos depoimentos dos policiais militares e dos 
interrogatórios do apelante e da corré a incerteza quanto a 
prática do ato obsceno, no caso em tela não restou 
demonstrado a ofensa ao bem jurídico tutelado no artigo 233 
do código penal, ou seja, o pudor público, tendo em vista que o 
apelante e sua namorada estavam dentro de veículo de 
propriedade particular, em local com pouca iluminação, não 
podendo veementemente apontar se o casal estaria praticando 
conjunção carnal dentro do veículo quando foram abordados 
pela polícia militar. conjunto probatório vacilante a ensejar a 
absolvição com fulcro no artigo 386, inciso VII do Código de 
Processo Penal (...) (TJRJ. 0003302-68.2008.8.19.0061 
(2009.050.05674)- APELAÇÃO. DES. SIRO DARLAN DE 
OLIVEIRA - Julgamento: 31/08/2010 - SETIMA CAMARA 
CRIMINAL). 
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 CASO CONCRETO 
Renata, jovem de 22 anos de idade, estudante de Engenharia, 
mantém relacionamento amoroso com Geovana, 21 anos de 
idade e que também cursa Engenharia, na mesma turma de 
Renata. Em determinada noite, no intervalo entre as aulas, as 
duas jovens vão até a cantina da faculdade para lanchar e, no 
local, começam a trocar carícias e beijos. O responsável pelo 
estabelecimento alerta a segurança do campus universitário 
sobre o fato e um dos vigilantes pede às jovens para que se 
retirem da cantina. Como não foi atendido, o vigilante entra em 
contato com a Reitoria que solicita auxílio policial a fim de 
solucionar a questão. 
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Alguns minutos depois, uma viatura da Polícia Militar chega ao 
local e os policiais, ao verem Renata e Geovana se beijando, 
dão voz de prisão às duas pelo delito de ato obsceno, 
conduzindo- as até a Delegacia Policial onde, após lavratura 
do Termo Circunstanciado ambas assumem o compromisso de 
comparecer ao JECrim competente quando intimadas,sendo 
liberadas em seguida. Diante dos fatos apresentados, com 
base nos estudos realizados, diga se foi correta a prisão em 
flagrante e a lavratura do Termo Circunstanciado pelas 
autoridades policiais. 
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 2.2. Escrito ou objeto obsceno. 
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua 
guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição 
pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto 
obsceno: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: 
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos 
objetos referidos neste artigo; 
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, 
representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter 
obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo 
caráter; 
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo 
rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. 
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Questões controvertidas. 
 ▶ A constitucionalidade do art. 234, do CP face ao disposto 
no art. 5° IV, IX, art. 220, caput e §2º, todos da CRFB/1988. 
▶ As figuras típicas previstas na Lei n. 8069/1990 (ECA). 
 Art. 240, 241, 241-A a 241-E. 
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