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CCJ0033-WL-B-AMMA-05-Dos Crimes Contra o Patrimônio - Dos Delitos de Apropriação

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DIREITO PENAL III 
 Aula 5- Crimes contra o Patrimônio. 
 DELITOS DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. 
ESTELIONATO. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS 
DIREITO PENAL III 
OBJETIVOS 
Ao final da aula o aluno será capaz de: 
●Identificar as condutas perpetradas de modo a tipificá-las 
Corretamente. 
● Aplicar os institutos previstos na Parte Geral do Código 
Penal aos crimes em espécie; 
● Diferenciar os delitos em estudo entre si e dos demais 
crimes contra o patrimônio; 
● Identificar as escusas absolutórias e as condições de 
punibilidade e procedibilidade que podem incidir sobre os 
crimes contra o patrimônio, em razão de parentesco ou de 
relação matrimonial, bem como, os casos em que tais 
disposições são inaplicáveis. 
DELITOS DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. ESTELIONATO. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS – AULA 5 
DIREITO PENAL III 
 Estrutura de Conteúdo. 
1.Apropriação Indébita. 
 Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Classificação 
doutrinária. Sujeitos do delito. Consumação e tentativa. 
Figuras típicas. 
2. Estelionato. 
Bem jurídico tutelado. Elementos do tipo. Classificação 
doutrinária. Sujeitos do delito. Consumação e tentativa. 
Figuras típicas. Questões relevantes:Torpeza bilateral. Fraude 
para recebimento de indenização de seguro. Distinção com 
outros crimes contra o patrimônio. 
 3. Escusas absolutórias. 
Conceito. Natureza jurídica. Aplicabilidade e 
incomunicabilidade. 
DELITOS DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. ESTELIONATO. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS – AULA 5 
DIREITO PENAL III 
1. Apropriação Indébita. 
Art. 168, CP - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a 
posse ou a detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Aumento de pena 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente 
recebeu a coisa: 
I - em depósito necessário; 
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, 
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; 
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 
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 1.1. Bem jurídico tutelado: posse e propriedade. 
 1.2 Elementos do tipo. 
:► Elemento descritivo: o núcleo do tipo contempla a ação de 
 apropriar-se o agente e coisa alheia móvel da qual tenha a 
 posse ou detenção. 
 ► Elemento subjetivo: dolo genérico e especial fim de agir de 
 assenhoreamento definitivo. 
 ► Elemento normativo: coisa alheia móvel (idem delito de 
 furto) 
 1.3 Classificação doutrinária: comum, subjetivamente 
 complexo, dano, material. 
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1.4.Consumação e tentativa. 
 Ocorre no momento em que o agente inverte o “animus” 
sobre a posse ou detenção da res e passa a tratá-la como se 
proprietário fosse. 
Pode ocorrer em duas situações: quando dispõe (por 
exemplo aliena ou aluga) a res, ou quando se nega a restituí- 
la ao seu proprietário, findo o prazo para sua entrega, como 
por exemplo, nos casos de notificação, interpelação judicial 
ou protesto por parte da vítima. (Neste sentido CAPEZ, 
Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Especial. v.2. 
10.ed. pp 540). 
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Distinção entre Furto e Apropriação Indébita 
 Na apropriação indébita a coisa é entregue licitamente ao 
agente e a sua posse sobre a coisa é desvigiada, no furto o 
agente não tem a posse do bem, apoderando-se deste contra a 
vontade da vítima, ou seja, na apropriação indébita há que se 
ter posse lícita prévia, o que é incompatível com o verbo 
subtrair. 
 Acerca do tema, vide decisão proferida em sede de 
Apelação Criminal pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal 
de Justiça do Rio de Janeiro, in verbis: 
 FURTO.TIPIFICAÇÃO.Estando o apelante, como os outros 
mecânicos que trabalhavam na empresa, autorizado a retirar do 
almoxarifado as peças necessárias ao trabalho externo, 
sujeitando-se, obviamente, a posterior prestação de contas, 
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tinha a posse lícita e desvigiada da coisa, ainda que 
posteriormente pudesse haver controle de estoque, que, como é 
óbvio, não se confunde com a posse vigiada, única hipótese em 
que poderia estar caracterizado o furto, segundo a melhor 
doutrina. Portanto, se procurou dar-lhe destinação diversa, em 
benefício próprio, terá cometido outro crime, qual seja o de 
apropriação indébita, pelo qual não responde, não sendo 
possível, a esta altura, a mutatio libelli. RECURSO MINISTERIAL 
A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
(TJRJ. 2005.050.05908 - APELACAO CRIMINAL , DES. 
MANOEL ALBERTO - Julgamento: 27/03/2007 - TERCEIRA 
CAMARA CRIMINAL,) 
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Distinção entre Apropriação Indébita e Estelionato. 
 No estelionato o agente atua dolosamente desde o inicio, 
enquanto neste ultimo, o dolo é posterior a posse ou a detenção. 
 Acerca do tema vide decisão proferida em sede de 
Apelação Criminal pela Segunda Câmara Criminal do Tribunal 
de Justiça do Rio de Janeiro, in verbis: 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA EM CONCURSO MATERIAL COM 
ESTELIONATO - FATOS TÍPICOS DOS ARTIGOS 168, § 1º, 
INCISO III E 171, CAPUT, NA FORMA DO 69, TODOS DO 
CÓDIGO PENAL - PROVA SUFICIENTE DE AUTORIA E 
MATERIALIDADE - SENTENÇA QUE DEIXA DE FIXAR O 
REGIME PRISIONAL. OMISSÃO SANÁVEL EM 2º GRAU DE 
JURISDIÇÃO. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. APROPRIAÇÃO 
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COMO MEIO PREPARATÓRIO PARA A PRÁTICA DO 
ESTELIONATO. PROVIMENTO PARCIAL PARA EXCLUIR 
DA CONDENAÇÃO O CRIME DE APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA. Típica, antijurídica e culpável de um estelionato 
consumado a ação daquele que, na qualidade de prestador 
de serviços, apodera-se de dois cheques assinados e em 
branco para, tempos depois, depositá-los em sua própria 
conta, com o intuito de tirar vantagem. Sentença omissa 
quanto ao regime prisional, mas que não contamina todo o 
decisum uma vez que se trata de deficiência sanável nesta 
instância. O Princípio da Consunção se aplica quando a 
conduta do agente, em vez de realizar a descrição contida em 
diversos tipos penais que se excluem entre si, realiza o 
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conteúdo de mais de um tipo penal não excludente, mas que 
em função de uma conexão lógica e justa, há de ser 
considerado absorvido pelo outro. No caso em exame, o crime 
de estelionato, por ser o crime fim, absorveu o crime de 
apropriação indébita, crime meio, porque a intenção do agente 
ao manter em sua posse os cheques, assinados e em branco, 
era obter vantagem ilícita. Recurso voluntário defensivo 
provido em parte. (2006.050.04734 - APELACAO CRIMINAL. 
DES. J. C. MURTA RIBEIRO - Julgamento: 20/03/2007 - 
SEGUNDA CAMARA CRIMINAL) 
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 Apropriação indébita de pequeno valor: relação entre 
primariedade do agente e pequeno valor da coisa apropriada. 
 Neste caso, por expressa previsão legal, aplica-se o 
disposto no art.155,§2º, do CP. 
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o 
disposto no art. 155, § 2º. 
1.5. Figuras típicas. 
► Simples. Prevista no caput, do art. 168, CP. 
► Majoradas. Previstas no §1º, do art. 168, CP. 
 obs. Ofício é a ocupação em atividade mecânica ou manual 
habitualmente e com fins lucrativos; profissão é a ocupação em 
atividade intelectual realizada habitualmente e de forma 
remunerada; por outro lado, o emprego é a ocupação em 
serviço particular realizada em hajavínculo empregatício 
gerador de subordinação (CAPEZ, Fernando, op.cit. pp 543) 
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► Privilegiada. Prevista no do art. 170, CP. 
 Apropriação indébita Previdenciária: acrescida pela Lei. 
9983/2000. 
 Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as 
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma 
legal ou convencional: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
► Extinção de punibilidade. Art. 168-A, §2º, CP 
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, 
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, 
importâncias ou valores e presta as informações devidas à 
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, 
antes do início da ação fiscal. 
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► Perdão judicial. Art. 168-A, §3º, CP. 
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar 
somente a de multa se o agente for primário e de bons 
antecedentes, desde que: 
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de 
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social 
previdenciária, inclusive acessórios; ou 
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja 
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, 
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento 
de suas execuções fiscais. 
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2. Estelionato. 
2.1.Bem jurídico tutelado. 
► Obs. Ilícito civil e ilícito penal: a distinção gira em torno 
da aceitação social da fraude. Os pequenos engodos que 
visam à valorização de um produto não adquirem relevância 
penal, por ausência de tipicidade material. 
►Requisitos do estelionato: 
 a) emprego de fraude (para induzir ou manter a vítima 
 em erro); obs. Art.17, CP. 
 b) vantagem ilícita; 
 obs.Art. 345, CP; 
 c) prejuízo alheio; 
 A vantagem ilícita não necessita ser patrimonial 
(econômica), mas, SIM, o prejuízo alheio. 
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2.2.Elementos do tipo. 
Art. 171, CP - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, 
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, 
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o 
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 
155, § 2º. 
2.3.Classificaçãodoutrinária:comum,subjetivamente 
complexo, material, dano, instantâneo, plurissubsistente. 
► O especial fim de agir configura-se pelo dolo de obter lucro 
ou proveito indevido. 
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2.4. Consumação e tentativa. 
 Tratando-se de delito material consuma-se com a 
obtenção da vantagem ilícita e produção de prejuízo alheio 
(PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro.v.2. 
8 ed. pp 437). 
 Ainda, por ser plurissubsistente,a tentativa é possível 
quando, ainda que tenha induzido a vítima a erro, no 
momento da obtenção da vantagem indevida é impedido por 
circunstâncias alheias à sua vontade (CUNHA, Rogério 
Sanches. Direito Penal. Parte Especial. 2.ed. pp 167). 
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► Obs. Momento do dolo em relação à obtenção da 
vantagem ilícita: 
 a) anterior à conduta: induzimento a erro (art.171, CP); 
 b) concomitante à conduta: manutenção em erro 
 (art.171, CP); 
 c) posterior à conduta de obtenção da vantagem ilícita: 
 apropriação indébita. 
2.5. Figura Privilegiada. 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o 
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 
155, § 2º. 
2.6. Figuras Equiparadas 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
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2.6.Questões relevantes: 
► Torpeza bilateral: em que pese a posição de Nelson 
Hungria, que não admite a existência de crime nessa hipótese, 
sob o argumento de que o Direito Penal não pode tutelar 
posturas ilícitas, não resta dúvida acerca da natureza delituosa 
da fraude encetada. 
► Fraude para recebimento de indenização de seguro. 
Art.171, §2º, V, CP. 
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou 
lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências 
da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou 
valor de seguro; 
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A modalidade, que é equiparada ao estelionato, é absorvida 
pelos crimes de incêndio e explosão, mas não pelo 
desabamento ou desmoronamento, ou pela inundação. 
► Fraude no pagamento por meio de cheque 
Art.171, §2º, VI CP. 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder 
do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
Obs. Verbetes de Súmula 246, 521 e 554, STF. 
 Verbetes de Súmula 244, STJ. 
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 .► Estelionato e falsidade documental: 
 Em tema de conflito aparente de normas ou de concurso de 
crimes entre o estelionato e o falso, quando ambas as condutas 
são praticadas em um mesmo contexto, qual será a tipificação 
correta? 
•O estelionato absorve o falso (Súmula 17 do STJ) – “quando o 
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é 
por este absorvido” (contra, TJSP, AC 94.165-3). 
•O falso absorve o estelionato – TJSP, RT, 544/345 (caso em que 
houve compra de bens através da falsificação de assinaturas 
documentos públicos). 
•Concurso de crimes – material ou formal (art.69 e 70, CP) STF, 
RE 100.510-6/RJ 
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2.7.Distinção com outros crimes. 
► Estelionato e apropriação indébita: esta pressupõe posse 
inicialmente lícita. Se, desde logo, já há intenção fraudulenta, a 
constituição da posse é ilícita e, por conseguinte, há 
estelionato. 
 ► Estelionato e curandeirismo (art.284, CP) neste, “há a 
prática criminosa por indivíduo inculto, completamente 
ignorante acerca das práticas curativas eficientes (...)”. 
Naquele, “há, para a consecução da vantagem ilícita, o uso de 
um meio fraudulento apto a ludibriar a vítima, o que se mostra 
incompatível com a cultura rasteira do curandeiro” 
► Estelionato e charlatanismo (art.283, CP) – o uso do meio 
fraudulento é apto a enganar a vítima acerca da existência de 
um meio secreto e infalível para a cura de enfermidades. 
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 CASO CONCRETO 
João queria se desfazer de seu veículo automotor, um VW Gol, 
ano 2009. Para isso, paga R$ 500,00 (quinhentos reais) a Pedro 
para que leve seu veículo até o Paraguai e lá efetue a venda do 
veículo, o que já havia acertado pelo valor de R$ 5.000,00 (cinco 
mil reais). Ato contínuo, registra uma ocorrência na Delegacia de 
Polícia afirmando que seu veículo havia sido furtado e, de posse 
do referido registro, solicita à seguradora o pagamento da 
indenização do seguro. Após algumas investigações da polícia e 
da seguradora, descobre-se o golpe que João havia planejado e 
a indenização do seguro não é paga. Diante do acima exposto, 
com base nos estudos realizados, tipifique penalmente a 
conduta de João. 
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 QUESTÃO OBJETIVA 
Maria ingressou em um estabelecimento comercial e efetuou 
compras, pagando com cheque subtraído de Carla e falsificado 
por ela (Maria), apresentando, no ato do pagamento, a identidade 
de Carla com sua fotografia. Enquanto a funcionária consultava o 
título de crédito, como era de costume, Maria, pressentindo que 
seria descoberta, resolveu abandonar o estabelecimento. 
Estamos diante da hipótese de: (Juiz de Direito/SP, 2006) 
a) estelionato tentado. 
b) desistência voluntária. 
c) arrependimento eficaz. 
d) arrependimento posterior. 
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3. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS (IMUNIDADES ABSOLUTAS) 
3.1.Conceito. Causas Extintivas de Punibilidade. 
 “As causas de extinção da punibilidade implicam renúncia, 
pelo Estado, do exercício do direito de punir, seja pela não 
imposição de pena, seja pela não execução ou interrupção do 
cumprimento daquela já aplicada”. (GARCIA MARTIN, L.et alii 
APUD, PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 
v.1. 9 ed. pp 653). 
 Fernando Capez sintetiza que causas de extinção de 
punibilidade “são aquelas que extinguem o direito de punir 
do Estado”. (CAPEZ, Fernando. Material Didático. pp 586). 
 Na verdade, configuram condições negativas pessoais de 
punibilidade definidas por critérios de política criminal, ou seja, 
são causas especiais de isenção de pena aplicadas a 
determinadas pessoas. 
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► Não se comunicam no caso de concurso de agentes. 
3.2. Espécies. 
Absolutas: excluem a imposição de pena (art.181, CP). 
Relativas: condições de procedibilidade da ação penal 
 (art.182, CP). 
Art. 181, CP - É isento de pena quem comete qualquer dos 
crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo 
ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
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Art. 182, CP - Somente se procede mediante representação, se o 
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita 
III- A idade da vítima será considerada à época da conduta. Não 
se aplica a presente exceção se o agente supunha 
justificadamente ter a vítima menos de sessenta anos. 
►Obs: A escusa absolutória referente ao crime cometido contra 
cônjuge pode ser estendida às pessoas que convivem em união 
estável, por analogia. 
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3.3.Exceções às imunidades: 
I- Seguindo-se a regra da interpretação analógica, o dispositivo 
não se aplica quando o crime é praticado mediante qualquer 
outra forma de redução da capacidade de resistência. 
II- As imunidades referidas nos artigos anteriores são sempre 
intuitu personae. 
Art. 183 do CP. Não se aplica o disposto nos dois artigos 
anteriores: 
 I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando 
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; 
 II - ao estranho que participa do crime. 
 III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou 
superior a 60 (sessenta) anos. 
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 ATIVIDADE ESTRUTURADA. 
Ler o texto anexo, intitulado "O Direito Penal dos ricos e 
o dos pobres" e, após realizar uma análise crítica, 
apontar, através da confecção de uma resenha, a 
seletividade do Direito Penal, bem como, indicar a forma 
adequada de aplicá-lo. 
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