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CCJ0033-WL-A-AMMA-10-Dos Crimes Contra a Família-02

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DIREITO PENAL III
PROF.ª DANIELA DUQUE-ESTRADA
AULA 10
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO I.
OBJETIVOS
Ao final da aula o aluno será capaz de:
● Compreender a relevância da subsunção das normas penais aos preceitos constitucionais;
● Aplicar os institutos previstos na parte geral do Codigo Penal aos crimes em espécie;
●Realizar a perfeita diferenciação entre os delitos em estudo e, ainda, entre estes e os crimes contra a fé pública;
●Identificar o início da contagem do prazo prescricional nos crimes de falsificação de assentamento de registro civil.
● Reconhecer a possibilidade de concurso de pessoas nos crimes em estudo.
Estrutura de Conteúdo.
Dos Crimes contra o Estado de Filiação. Registro de nascimento inexistente: análise da figura típica. Consumação e tentativa. Parto Suposto: análise da figura típica. Consumação e tentativa. Perdão Judicial. Sonegação de estado de filiação: análise da figura típica. Consumação e tentativa. Questões relevantes: Início da contagem do prazo prescricional. Confronto entre as figuras típicas.
Registro de nascimento inexistente art.241, do CP.
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Análise da figura típica.
O bem jurídico imediatamente tutelado é o estado de filiação e, mediatamente, a fé pública.
 ▶Há desta forma, a prática do delito de falsidade ideológica, previsto no art.299, CP, sendo, entretanto, absorvido pelo delito previsto no art.241, CP.
 ▶ A expressão “nascimento inexistente” compreende a pessoa não concebida, bem como o natimorto.
Consumação e tentativa.
O delito se consuma com a inscrição, no Registro Civil, do nascimento inexistente, independentemente dos seus efeitos.
Parto Suposto.
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Análise da figura típica. 
Da mesma forma que, no delito previsto no art.241, CP, tutela-se o estado de filiação e, de forma mediata, a fé pública, entretanto, neste delito, houve o nascimento, restando a falsidade sobre a filiação do nascituro.
O delito, tipo misto, admite quatro modalidades de conduta, a saber:
Dar parto alheio como próprio.
▶ delito próprio, podendo ser atípico caso não gere prejuízo a interesse de terceiros;
▶ para a sua consumação é imprescindível a existência de período de tempo suficiente a ensejar a alteração do status familiae do neonato.
II. Registrar como seu o filho de outrem.
▶ popularmente denominada de “adoção à brasileira”.
▶ consuma-se com a efetiva inscrição da criança no registro civil.
III. Ocultar recém-nascido suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil. 
▶Conduta subjetivamente complexa.
▶ consuma-se com a supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil. Caso não ocorra, será tipificada a conduta na modalidade tentada.
IV Substituir recém-nascido suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil.
▶ É irrelevante, nesta conduta, a inscrição da criança no registro civil. Conduta subjetivamente complexa.
▶ consuma-se com a supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil. Caso não ocorra, será tipificada a conduta na modalidade tentada.
Figura Privilegiada e incidência do instituto do Perdão Judicial.
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: 
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. 
▶ Trata-se de causa de extinção de punibilidade, sendo, considerada direito subjetivo do réu, uma vez preenchidos seus requisitos.
CASO CONCRETO
Claudirene, às 20 horas do dia 15 de março de 1994, deu à luz um menino na única maternidade existente na pequena cidade onde morava. Ocorre, porém, que tão logo sai da maternidade, Claudirene, que havia sido abandonada pelo pai da criança e não desejava criá-la sózinha, acaba por entregar o recém-nascido para Lúcia, uma velha conhecida sua. Esta, visando evitar o trâmite legal do processo de adoção, registra o menino como sendo seu filho, levando-o para morar com ela em uma cidade distante. Em janeiro de 2010, o ex-companheiro de Claudirene a procurou, pois desejava conhecer o filho que havia abandonado dezesseis anos antes. Ao tomar conhecimento do que havia acontecido, vai até a Delegacia de Polícia e relata o fato às autoridades. Instaurado inquérito policial, Lúcia acaba sendo indiciada pelo crime previsto no art. 242, do Código Penal. Seu advogado, no entanto, impetra habeas corpus visando obter o arquivamento do procedimento inquisitorial em razão da ocorrência de prescrição da pretensão punitiva. Com base nos estudos realizados, diga fundamentadamente se deve prosperar a pretensão defensiva.
Cabe salientar que o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou acerca da denominada “adoção à brasileira” no sentido de reconhecer a paternidade socioafetiva.Sobre a referida decisão, vide informativo n.400, do STJ.
ADOÇÃO À BRASILEIRA. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. 
Na espécie, o de cujus, sem ser o pai biológico da recorrida, registrou-a como se filha sua fosse. A recorrente pretende obter a declaração de nulidade desse registro civil de nascimento, articulando em seu recurso as seguintes teses: seu ex-marido, em vida, manifestou de forma evidente seu arrependimento em ter declarado a recorrida como sua filha e o decurso de tempo não tem o condão de convalidar a adoção feita sem a observância dos requisitos legais. Inicialmente, esclareceu o Min. Relator que tal hipótese configura aquilo que doutrinariamente se chama de adoção à brasileira, ocasião em que alguém, sem observar o regular procedimento de adoção imposto pela Lei Civil e, eventualmente assumindo o risco de responder criminalmente pelo ato (art. 242 do CP), apenas registra o infante como filho. No caso, a recorrida foi registrada em 1965 e, passados 38 anos, a segunda esposa e viúva do de cujus pretende tal desconstituição, o que, em última análise, significa o próprio desfazimento de um vínculo de afeto que foi criado e cultivado entre a registrada e seu pai com o passar do tempo. Se nem mesmo aquele que procedeu ao registro e tomou como sua filha aquela que sabidamente não é teve a iniciativa de anulá-lo, não se pode admitir que um terceiro (a viúva) assim o faça. Quem adota à moda brasileira não labora em equívoco. Tem pleno conhecimento das circunstâncias que gravitam em torno de seu gesto e, ainda assim, ultima o ato. Nessas circunstâncias, nem mesmo o pai, por arrependimento posterior, pode valer-se de eventual ação anulatória, postulando desconstituir o registro. Da mesma forma, a reflexão sobre a possibilidade de o pai adotante pleitear a nulidade do registro de nascimento deve levar em conta esses dois valores em rota de colisão (ilegalidade da adoção à moda brasileira, de um lado, e, de outro, repercussão dessa prática na formação e desenvolvimento do adotado). Com essas ponderações, em se tratando de adoção à brasileira a melhor solução consiste em só permitir que o pai adotante busque a nulidade do registro de nascimento quando ainda não tiver sido constituído o vínculo de socioafetividade com o adotado. Após formado o liame socioafetivo, não poderá o pai adotante desconstituir a posse do estado de filho que já foi confirmada pelo véu da paternidade socioafetiva. Ressaltou o Min. Relator que tal entendimento, todavia, é válido apenas na hipótese de o pai adotante pretender a nulidade do registro. Não se estende, pois, ao filho adotado, a que, segundo entendimento deste Superior Tribunal, assiste o direito de, a qualquer tempo, vindicar judicialmente a nulidade do registro em vista da obtenção do estabelecimento da verdade real, ou seja, da paternidade biológica. Por fim, ressalvou o Min. Relator que a legitimidade ad causam da viúva do adotante para iniciar uma ação anulatória de registro de nascimento não é objeto dopresente recurso especial. Por isso, a questão está sendo apreciada em seu mérito, sem abordar a eventual natureza personalíssima da presente ação. Precedente citado: REsp 833.712-RS, DJ 4/6/2007. REsp 1.088.157-PB, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 23/6/2009. 
3.Sonegação de estado de filiação. 
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
3.1. Análise da figura típica. 
 
 ▶ Tutela-se a organização familiar e o estado de filiação.
 ▶ Para que haja a configuração do delito é imprescindível que, além do abandono, a inexistência de qualquer forma de identificação da criança.
 ▶ Caso o abandono ocorra em outros locais, que não os elencados no tipo penal do art.243, CP, a conduta poderá ser tipificada como incursa nos tipos penais de abandono ou exposição de recém-nascido ou abandono de incapaz (art. 133 e 134, do CP)
3.2. Consumação e tentativa. 
 
Consuma-se com o abandono da criança e, conseqüente, alteração de sua filiação, seja por meio da ocultação ou de falsa atribuição de outra.
Questões relevantes: 
Ação Penal – Nos delitos em exame a ação penal se procede mediante denúncia oferecida pelo Ministério Público – Ação Penal Pública Incondicionada.
Início da contagem do prazo prescricional. 
Consoante o disposto no art.111, IV, do Código Penal, o prazo prescricional tem como termo a quo, a data em que o fato se tornou conhecido. 
QUESTÃO OBJETIVA
Assinale a alternativa correta:
a) Quem promove registro de nascimento inexistente comete o crime de falsidade ideológica.
b) Quem registra como seu o filho de outra pessoa pode não ser punido.
c) Quem deixa de prover a subsistência de filho menor de 18 anos e de ascendente inválido responde por um único crime, aplicando-se o princípio da alternatividade.
d) O crime de sonegação de estado de filiação somente se consuma se a vítima sofrer prejuízo em algum direito inerente ao estado civil.

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