Buscar

CCJ0033-WL-A-AMMA-08-Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual-03

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL III
Aula 8- Crimes contra a Dignidade Sexual.
 OS DELITOS CONTRA VULNERÁVEL
DIREITO PENAL III
OBJETIVOS
Ao final da aula o aluno será capaz de:
● Compreender os reflexos advindos da reforma penal de 2009
– Lei n.12.015, na tipificação das condutas e conseqüente
conflito de Direito Intertemporal.
● Analisar a incidência dos institutos repressores da Lei n.
8.072/90 nos delitos contra a dignidade sexual.
●Distinguir os crimes sexuais contra vulnerável, entre si e das
demais figuras típicas contra a dignidade sexual.
●Distinguir os crimes sexuais contra vulnerável dos crimes
previstos na Lei 8.069/90 (E.C.A.);
●Identificar a revogação da Lei 2.252/54 e a alteração
promovida pela Lei 12.015/09, no Estatuto da Criança e do
Adolescente.
● Reconhecer a forma de promoção da ação penal nos crimes
sexuais contra vulnerável.
 DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
Estrutura de Conteúdo.
A compreensão da expressão Vulnerável. Estupro de
Vulnerável. Corrupção de menores. Satisfação da lascívia
mediante a presença de criança ou adolescente;
favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual de vulnerável arts. 217 a 218-B, do
Código Penal.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 CONTEÚDO
A compreensão da expressão Vulnerável
Grupo de Vulnerável é o conjunto de pessoas que por
questões ligadas a gênero, idade, condição social, deficiência
e orientação sexual, tornam-se mais suscetíveis à violação de
seus direitos. Para efeito didático esse grupo pode ser
classificado em seis categorias: mulheres, crianças e
adolescentes, idosos, população de rua, pessoas com
deficiência física ou sofrimento mental (AGUDO, Luis Carlos.
Considerações sobre a Lei nº 12.015/09 que altera o Código
Penal. Disponível em: www.ibccrim.org.br)
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 Assim, o legislador considerou os menores de 14 anos como
um grupo mais suscetível à violação de seus direitos, no caso,
sexuais, bem como as pessoas e condições fáticas elencadas
no art.217 – A, caput e §1º, CP.
1. Estupro de Vulnerável art. 217A, do CP.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
 §1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no
caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§2º (VETADO)
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
1.1 Bem jurídico tutelado: Liberdade sexual do vulnerável.
1.2 Elementos do tipo: a ação nuclear visa à satisfação da
lascívia do agente como especial fim de agir.
1.3 Classificação do delito: comum em relação ao sujeito
ativo; subjetivamente complexo; de forma livre; material.
Obs. Causas de aumento prevista no art. 226, CP.
 Art. 226. A pena é aumentada:
 I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso
de 2 (duas) ou mais pessoas;
 II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tem autoridade sobre ela;
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
1.4 Consumação e tentativa: configura-se como delito
material.
 1.5 Questões relevantes.
1.5.1 A revogação do art. 224, do Código Penal e a
irretroatividade da Lei 12.015/09.
 A anteriormente previsão de presunção de violência,
descrita no art.224, CP foi expressamente revogada pela Lei
n.12015/2009, tendo o legislador optado pela compreensão
acerca da expressão vulnerável.
 Como assevera Guilherme de Souza Nucci, o que se
pretende com a expressão vulnerabilidade é abranger a noção
de “coação psicológica” (NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes
contra a Dignidade Sexual. Comentários à Lei 12015 de 07
de agosto de 2009, RT, 2009, pp 35).
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 Não obstante a referida opção legislativa remanesce a
controvérsia acerca do caráter absoluto ou relativo da referida
vulnerabilidade, da mesma forma que ocorria em relação à
presunção de violência. Configurava-se como presunção
absoluta, a que não admitia prova em contrário,
independentemente da análise do caso concreto; por outro
lado, relativa, aquela na qual admitia-se a avaliação casuística
do grau de discernimento/ conscientização da “vítima” acerca
da prática da atividade sexual.
 Acerca da discussão sobre a possibilidade de relativização
da vulnerabilidade, cabe transcrever trecho de decisão
proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede Recurso
Especial:
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
(...) O referido diploma legal manteve a violência ficta com a
denominação de “vulnerabilidade”, tendo por finalidade proteger
o menor que não tem condições para dar seu consentimento na
relação sexual (...) (Resp. 1107142; Min. Og Fernandes;
publicado em 18/10/2010).
 No que tange à impossibilidade da relativização, no caso de
menores de 14 anos, já proferiu decisão a Sexta Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, in verbis:
 Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA E
MINISTERIAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. IRRELEVÂNCIA
DOCONSENTIMENTO.CONDENAÇÃOMANTIDA.
IRRELEVÂNCIA DO CONSENTIMENTO
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
Não há de se perquirir acerca do consentimento ou
relativização da presunção de violência quando o acusado tem
conhecimento da idade da ofendida. Regra no sentido de que o
menor de quatorze anos não é capaz de consentir com o ato
sexual (innocentia consilii). A relativização da presunção de
violência em crimes sexuais encontra espaço em situações
excepcionais, quando o acusado desconhece a idade da vítima
e as suas características, desenvoltura sexual e circunstâncias
de fato o fazem crer que a mesma é possuidora de maioridade,
não sendo essa a hipótese dos autos. NÃO INCIDÊNCIA DA
MAJORANTE. Acerto na decisão de primeiro grau que afastou
a majorante do art. 226, II, CP, sob o argumento de que o
acusado era tão somente casado com a tia da vítima, não
exercendo autoridade sobre a mesma. Entendimento contrário
iria em sentido oposto à teleologia normativa.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
(Apelação Crime Nº 70044293108, Sexta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Batista Marques Tovo,
Julgado em 24/11/2011).
 No mesmo sentido, a Oitava Câmara Criminal do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro, já decidiu:
 Embargos Infringentes e de Nulidade. A Segunda Câmara
Criminal, ao julgar a apelação interposta pelo ora embargante
contra a sentença que o condenou, por violação ao artigo 214,
c/c 224, alínea "a", e 226, inciso II, por diversas vezes, n/f do
artigo 71, todos do Código Penal, na pena de 9 anos de
reclusão, regime fechado, decidiu, por maioria, prover
parcialmente o recurso defensivo, para, mantendo o juízo de
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
reprovação, fixar a pena final em 8 anos e 9 meses de
reclusão, vencida a Des. Leony Maria Grivet Pinho que
reconheceu relativa a menoridade da ofendida, e tendo em
vista o lapso temporal, fatos ocorridos em 1995, declarou a
atipicidade da conduta, para absolver o embargante. Merece
transcrição trecho do Acórdão ora impugnado:"Impõe-se
refutar a tese defensiva quanto a absolvição do Apelante em
decorrência da insuficiência de provas, vez que o mesmo
manteve relações sexuais, ainda que mediante consentimento
da menor, e o contexto probatório revelou-se consistente nesse
sentido. Sendo assim, o decisum do primeiro grau merece
prevalecer, em razão da robustez das provas coligidas,
inexistindo qualquer excludente em favor do réu que, na
hipótese, exclua o crime.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITOPENAL III
 No Código Penal de 1940 havia o artigo 224, que versava
sobre a presunção de violência, ou seja, era praticada a
violência sexual quando a vitima era menor de 14 anos,
alienada ou débil mental (quando o agente conhecia a
circunstância), ou, quando a vitima não estava incapacitada de
oferecer qualquer resistência. O artigo 224 foi revogado, o que
trouxe um desfecho às discussões doutrinárias quanto â sua
constitucionalidade, pois afirmavam ser este artigo incondizente
com nosso Estado Democrático de Direito. Porem, e de suma
importância ressaltar que não importa se o (a) menor de 14
anos, pessoa enferma ou deficiente mental (parágrafo primeiro
do novo artigo) consentiram ao realizar o ato, o crime de
estupro de vulnerável
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
já está consumado quando se pratica qualquer ato com esses
sujeitos passivos, pouco importando ter a vitima hímem
complacente ou a prova produzida insinuar que o ofensor e
ofendida chegaram a nutrir amor um pelo outro. Essas
circunstâncias são reservadas tão só a dosimetria da pena." (...)
(...)Não sendo a menor devassa ou possuidora de maturidade
sexual e, considerando todos os aspectos e peculiaridades dos
fatos, não há motivo algum para o afastamento da presunção
de violência. Embargos improvidos. (TJRJ, Embargos
Infringentes e de Nulidade nº 0018180-12.1998.8.19.0008; Des.
Marcus Quaresma Ferraz - julgamento: 23/11/2011 - Oitava
Câmara Criminal).
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 CASO CONCRETO
Palmério casou-se com Gilvânia em maio de 2008 e,
em razão do matrimônio, passou a morar com sua
mulher e sua enteada, Valéria, de 10 anos de idade. A
partir de agosto daquele mesmo ano, Palmério passou
a praticar, sistematicamente, atos libidinosos com sua
enteada, inicialmente, sem o conhecimento de Gilvânia
que, após algum tempo, mesmo tomando ciência da
situação, nada fez para impedir que seu marido
continuasse a molestar sexualmente a menina. Em 20
de agosto de 2009,Valéria deu entrada no pronto
socorro do hospital apresentando sangramento vaginal
e algumas lascerações na região genital. O fato foi
levado ao conhecimento da autoridade policial que,
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
após minuciosa investigação, concluiu pelo indiciamento de
Palmério e Gilvânia. O Ministério Público denunciou os agentes
pelo delito de estupro de vulnerável em continuidade delitiva,
sendo a inicial acusatória recebida pelo juiz competente. A
defesa dos denunciados resolve impetrar habeas corpus contra
o recebimento da denúncia, alegando, a uma, que Palmério
havia iniciado a prática dos crimes antes da Lei 12.015/09 entrar
em vigor e, portanto, não poderia ser denunciado por estupro de
vulnerável, a duas, que Gilvânia não poderia constar do pólo
passivo da ação penal, haja vista que não havia praticado
nenhum ato libidinoso com a filha. Diante dos fatos narrados,
com base nos estudos realizados, diga fundamentadamente se
o remédio constitucional impetrado deve prosperar.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
1.5.2. A prática do estupro com violência presumida em
continuidade delitiva, estendendo-se para além da entrada
em vigor da Lei 12.015/09 e o enunciado n° 711, da Súmula
do STF.
1.5.3 O estupro de vulnerável como tipo misto alternativo e
a prática de várias condutas em um mesmo contexto
fático.
 Como já discutido na aula relativa ao crime de estupro,
cabe salientar que, o atual entendimento predominante na
jurisprudência, é no sentido de que a figura típica do estupro
contempla tipo misto cumulativo e não alternativo.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
1.5.4.A hediondez do estupro de vulnerável.
A Lei n.12015/2009 expressamente alterou o disposto no
art.1º, da Lei n.8072/1990 de modo a tipificar o estupro de
vulnerável como delito hediondo, ainda que na forma simples.
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes,
todostipificadosnoDecreto-Lei no
 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e
4o).
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
1.5.5. As qualificadoras relativas ao resultado mais grave
(lesão grave e morte)
 § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
grave:
 Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
 § 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
 Nestes casos, as qualificadoras resultam de condutas
preterdolosas, ou seja, nas quais há a ausência de dolo na
configuração do resultado. Em outras palavras, cabe salientar
que as lesões corporais de natureza leve ou as vias de fato
resultantes da violência empregada pelo agente serão
absorvidas pela figura típica simples, prevista no caput, do art.
217-A.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 1.5.6 Reflexos da revogação do art. 224, do CP sobre a Lei
8.072/90.
 O reconhecimento da revogação tácita da causa de
aumento prevista no art.9º, da Lei n.8072/1990 – novatio legis in
mellius.
 Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados
nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º,
213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo
único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo
único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade,
respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a
vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também
do Código Penal.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 Acerca do tema, já decidiu o Superior Tribunal de
Justiça pela caracterização de novatio legis in mellius, in
verbis:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM HABEAS CORPUS.
PROCESSUALPENAL.CONTRADIÇÃO.EQUÍVOCO
CONFIGURADO.ATRIBUIÇÃODEEFEITOS
INFRINGENTES. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.
VIOLÊNCIA REAL. CAUSA DE AUMENTO PREVISTA NO
ART. 9.º DA LEI N.º 8.072/90. APLICABILIDADE.
SUPERVENIÊNCIA DA LEI N.º 12.015/2009. INCIDÊNCIA. LEI
POSTERIOR MAIS BENÉFICA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DA EXECUÇÃO PENAL. EMBARGOS ACOLHIDOS COM
EFEITOS INFRINGENTES. HABEAS CORPUS CONCEDIDO
DE OFÍCIO.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
1. Conforme dispõe o art. 619 do Código de Processo Penal,
os embargos de declaração destinam-se a suprir omissão,
afastar obscuridade, eliminar contradição ou ambiguidade
existentes no julgado.
2. A atribuição de efeitos infringentes somente é possível,
excepcionalmente, nos casos em que, reconhecida a
existência de um dos defeitos elencados nos incisos do art.
619, a alteração do julgado seja consequência inarredável da
correção do referido vício, bem como nas hipóteses de erro
material ou equívoco manifesto, que, por si sós, sejam
suficientes para a inversão do julgado. Precedentes.
3. Se restou comprovada a existência de violência real ou
grave ameaça no crime de estupro ou atentado violento ao
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
pudor cometido contra menor de 14 (quatorze) anos, deve ser
aplicada a referida causa de aumento de pena, o que ocorreu
no presente caso. Precedentes.
4. Entretanto, com o advento da Lei n.º 12.015, de 7 de agosto
de 2009, os delitos de estupro e atentado violento ao pudor
praticados contra menor de 14 (quatorze) anos passaram a
ser regulados por um novo tipo penal, sob a denominação de
estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal,
não sendo mais admissível a aplicação do art. 9.º da Lei n.º
8.072/90 aos fatos posteriores a sua vigência.
5. A lei posterior mais benéfica ao condenado deve ser
aplicada aos fatos anteriores a sua vigência, nos termos do
art. 2.º, parágrafo único, do Código Penal. Portanto, devem
incidir, na espécie, os preceitos da Lei n.º 12.015/2009, por ser
mais favorável aoPaciente. Precedentes.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
6. Embargosde declaração acolhidos, com efeitos
modificativos, para, sanando a contradição apontada, denegar
o writ. Habeas corpus concedido, de ofício, para determinar ao
Juízo das Execuções Criminais que proceda à aplicação da Lei
n.º 12.015/2009 à hipótese dos autos. (EDcl no HC 188432 /
RJ 2010/0195303-4; Quinta Turma; Min. Laurita Vaz; julgado
em 15/12/2011).
2.Corrupção de menores art. 218, do CP.
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a
satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
2.1 Bem jurídico tutelado: liberdade sexual do vulnerável.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
2.2 Elementos do tipo: a ação nuclear prevê a conduta de
induzimento, aliciamento do menor a satisfazer a lascívia de
outrem.
2.3 Consumação e tentativa: consuma-se com o induzimento
do vulnerável a satisfazer a lascívia de outrem (pessoa
determinada).
2.4 Questões relevantes: A revogação da Lei 2.252/54 e a
alteração promovida na Lei 8.069/90.
 A Lei nº 12.015/09, revogou a Lei nº 2.252/54, que tratava
também da corrupção de menores, bem como acrescentou ao
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o artigo 244-B, in
verbis:
Art. 244-B: Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
anos, com ele praticando infração penal ou induzindo a praticá-
la: Pena: reclusão, de 01 a 04 anos.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
3. Satisfação da lascívia mediante presença de criança ou
adolescente art. 218 - A, do CP.
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14
(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou
outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de
outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
3.1 Bem jurídico tutelado: liberdade sexual do vulnerável.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
3.2 Elementos do tipo.
 O tipo penal descreve a satisfação de lascívia com a
presença de criança ou adolescente. A referida conduta típica
comporta duas possibilidades, a saber:
A prática, na presença de menor de 14 anos, de conjunção
carnal ou ato libidinoso ou
O induzimento de menor de 14 anos a presenciar conjunção
carnal ou ato libidinoso.
OBS. A vítima não pode participar dos atos libidinosos (ato
sexual), pois, neste caso restará caracterizado o estupro de
vulnerável (art.217-A, CP).
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
3.3 Classificação do delito: o delito é subjetivamente
complexo, pois apresenta em todas as suas modalidades o
especial fim de agir de satisfazer a lascívia própria ou de
outrem.
 3.4 Consumação e tentativa: delito formal na modalidade de
induzimento do menor a presenciar o ato sexual.
3.5 Questões relevantes:
 Com o advento da Lei n.12015/2009, pode-se afirmar que
houve abolitio criminis em relação à corrupção de menores
de 18 e, maiores de 14 anos, incidindo, portanto, o disposto
no art.2º, caput, do CP (Antiga redação do art.218, CP:
“Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14
(catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando
ato de libidinagem ou induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-
lo”.).
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
4. Favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual de vulnerável art. 218-B, do CP.
Interessante ressaltar a compreensão acerca do conceito de
exploração sexual apresentada por Rogério Sanches Cunha,
segundo a qual:
 (...) a exploração sexual pode ser definida como uma
dominação e abuso do corpo de crianças, adolescentes e
adultos (oferta), por exploradores sexuais (mercadores),
organizados, muitas vezes, em rede de comercialização local e
global (mercado),ou por pais ou responsáveis, e por
consumidores de serviços sexuais pagos (demanda),
admitindo quatro modalidades:
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
prostituição; turismo sexual; pornografia e tráfico para fins
sexuais (...)( FALEIROS, Eva apud CUNHA, Rogério Sanches.
Comentários à reforma criminal de 2009 à Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados.RT. pp 58/59)
Obs. A pornografia envolvendo criança e adolescente encontra-
se tipificada nos art. 240, 241, 241-A a 241-D, da Lei
n.8069/1990)
 ATENÇÃO: Nesta figura típica, o legislador considerou
vulnerável o menor de 18 anos.
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra
forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos
ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la,
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
impedir ou dificultar que a abandone:
 Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.
4.1 Bem jurídico tutelado: liberdade sexual do vulnerável,
neste caso, considerado o menor de 18 anos.
4.2 Elementos do tipo.
 A expressão prostituição compreende o “comércio
habitual do próprio corpo exercido pelo homem ou mulher, em
que estes se prestam à satisfação sexual de indeterminado
número de pessoas” (...) “cabe salientar que, não visa,
necessariamente, ao lucro” (HUNGRIA, Nelson apud CAPEZ,
Fernando. Curso de Direito Penal. V.3. 8.ed. pp 102)
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 O tipo penal comporta as seguintes modalidades de
realização, a saber:
a) Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de
exploração sexual, menor de 18 anos ou quem não tenha
discernimento para a prática do ato.
b) Facilitar prostituição ou outra forma de exploração sexual de
menor de 18 anos ou quem não tenha discernimento para a
prática do ato.
c) Impedir ou dificultar o abandono da prostituição ou outra
forma de exploração sexual de menor de 18 anos ou quem não
tenha discernimento para a prática do ato.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
 Distinção entre as figuras previstas nos art. 218; 218-A
e 218-B, do CP.
 A figura típica prevista no art.218 contempla as práticas
sexuais meramente contemplativas; a figura do art.218- A,
compreende o induzimento ao menor de 14 anos para que este
assista/ presencie a prática de atos libidinosos; por fim, a
conduta descrita no art.218-B recai sobre um número
indeterminado de pessoas, diferentemente do que ocorre no
art.218, no qual a conduta recai sobre uma pessoa
determinada.
 4.3. Consumação e tentativa: consuma-se no momento em
que a vítima passa a dedicar-se habitualmente à atividade da
prostituição, tendo sido aliciada pelo agente ou, ainda que já
inserida na atividade da prostituição, ao tentar abandoná-la, vê-
se impedida pelo agente.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
Obs. A habitualidade não é afeta à realização do núcleo do
tipo penal, mas, sim, mas o seu resultado, qual seja: a
prostituição da vítima.(CAPEZ, Fernando. Op.cit. pp 107).
 4.4 Figuras típicas: simples, qualificada pela multa e
equiparadas:
§2o Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na
situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
 § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito
obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
Ação Penal nos Crimes Sexuais contra Vulnerável.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública condicionada à
representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
ou pessoa vulnerável.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8
DIREITO PENAL III
Ação Penal Pública
 Incondicionada
Art. 213, § 1º
Art. 216-A, § 2º;Art. 217-A e seus parágrafos;
Art. 218;
Art. 218-A;
Art.218-B
Art. 213, caput
Art. 215;
Art 216-A, caput.
Ação Penal Pública
 Condicionada
 à representação.
DELITOS CONTRA VULNERÁVEL– AULA 8

Outros materiais