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CCJ0033-WL-A-PP-Unidade I -09-Disposições Gerais - Renan Marques

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ALUNO:
MATRÍCULA:
PROF: RENAN MARQUES – Penal III
Atenção ! – o presente material foi elaborado com base nos livros de Rogério Sanches Cunha(Direito Penal: Parte especial, 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 e Código Penal Para Concursos, 5ª Ed. Salvador: Editora JusPODIVM), Rogério Greco(Código Penal Comentado, Ed. Impetus, 2011) e Fernando Capez (Curso de Direito Penal: Parte Especial: dos crimes contra os costumes a dos crimes contra a administração pública,Volume 3, São Paulo: Ed. Saraiva, 2011)
UNIDADE I. Crimes contra o Patrimônio.
9. Disposições Gerais
9.1 Imunidades Absoluta. 
- O Art. 181 do Código Penal tem a natureza jurídica de uma imunidade penal absoluta, também conhecida como escusa absolutória, incidente sobre os crimes contra o patrimônio, previstos no Título II da Parte Especial do Código Penal, cuja consequência principal é a extinção da punibilidade em determinadas situações. 
- Apesar de a redação do referido artigo ser semelhante a uma causa de exclusão da culpabilidade prevista no Art. 26 do Código Penal, trata-se, na verdade, de causas extintivas da punibilidade, tonando impuníveis os delitos patrimoniais não violentos, cometidos entre cônjuges ou parentes próximos, por razões de política criminal, ou seja, nos casos que serão estudados logo a seguir, as pessoas serão imunes penalmente, não sendo excluída, todavia, a tipicidade, a antijuridicidade ou a culpabilidade.
- Nos exatos termos do Art. 181 do Código Penal: É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
- Neste inciso são exigidos dois requisitos para que incida a imunidade: 
1º) Que o autor esteja casado com a vítima;
2º) Que a conduta tenha sido praticada na constância da sociedade conjugal – podemos entender como constância da sociedade conjugal o período que vai da realização do casamento até a sua efetiva dissolução, não importando, para efeito de aplicação desta escusa absolutória, se o casal estaca se separando de fato no momento em que ocorreu o delito patrimonial. Assim, para efeito de aplicação desta escusa absolutória é de suma importância levar em consideração o tempo do crime. 
- Vale lembrar que o casamento é o vínculo legal que une um homem a uma mulher, e pode ser dissolvido pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio. Nesta hipótese de imunidade penal absoluta, o regime de bens é irrelevante, tendo em vista que a lei tem a finalidade de evitar a violação da intimidade e o desprestígio da família, ou seja, procura-se manter a harmonia da família. 
- Tendo em vista a finalidade acima mencionada, nota-se que esta escusa absolutória, protegerá, também, segundo entendimento doutrinário, aqueles que vivem em união estável, nos termos do Art. 226, § 3º, da Constituição Federal, uma vez que esta foi equipara ao casamento pela Carta Magna. 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
- Este inciso refere-se aos ascendentes ou descendentes, abrangendo os parentes em linha reta, sem grau de limitação e independentemente da natureza do parentesco, ou seja, resta abrangida, por exemplo, qualquer tipo de filiação, como a legítima, civil ou natural.
- Vale ressaltar, contudo, que o parentesco civil da filiação é apenas o que resulta da adoção, NÃO abrangendo a afinidade. Desta forma, os parentes afins em linha reta, a exemplo de sogros, genros e noras, não se enquadram na hipótese de imunidade penal absoluta em estudo. 
9.2 Imunidade Relativa. 
- Os casos trazidos no Art. 182 do Código Penal consubstanciam hipóteses em que a natureza jurídica é de imunidade penal relativa ou processual, pois não há a extinção da punibilidade, como ocorre nas hipóteses do Art. 181 do Código Penal, mas apenas impõe-se uma condição objetiva de procedibilidade para a ação penal. 
- Ou seja, nas situações trazidas no Art. 182 do Código Penal a ação penal será pública condicionada à representação da vítima, podendo as pessoas arroladas neste artigo, no prazo decadencial de 6 meses, oferecer sua representação, permitindo, assim, a abertura do inquérito policial, bem como o início da ação penal de iniciativa pública que estava a ela condicionada. 
- Nos exatos termos do Art. 182 do Código Penal: Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
- Esta primeira situação diz respeito ao fato de a infracao patrimonial ter sido cometida em prejuízo do cônjuge separado judicialmente, haja vista que não mais encontra abrigo em nossa legislação civil a expressão desquitado. Essa separação judicial é aquela que tem por finalidade terminar a sociedade conjugal, não se confundindo com a mera separação de corpos, prevista no Art. 1.562 do Código Civil.
- Assim, o marco inicial para aplicação deste inciso I será o transito em julgado da sentença que decretar a separação judicial. Vale lembrar que, no direito civil existe controvérsia doutrinária se, após o advento da Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de 2010, ainda subsistiria a separação judicial, pela extinção desta já se posicionaram, dentre outros, os autores Maria Berenice Dias e Pablo Stolze Gagliano. Por sua vez, pela possibilidade de separação judicial, já se posicionaram os autores Wesley Marques Branquinho e Mário Godoy. 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
- Esta segunda hipótese refere-se ao fato de ser o delito patrimonial cometido em detrimento de irmão, não se podendo levar a efeito, depois da edição da Constituição Federal de 1988, qualquer designação discriminatória. Ou seja, não se distingue se os irmão são germanos ou bilaterais, legítimos ou ilegítimos, consanguíneos ou não(no caso de um deles ou ambos serem adotados). 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
- Em relação ao tio ou sobrinho, exige a lei que o agente com ele coabite, não de forma passageira, mas duradoura, pouco importando o local da prática do delito. O sentido da coabitação não abrange visitas esporádicas ou mesmo temporárias, devendo haver efetiva residência em comum, desde que, obviamente, no momento do crime. 
9.3 Inaplicabilidade das imunidades penais. 
- Determina o Art. 183 do Código Penal o seguinte: Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
- Não incide a imunidade absoluta ou relativa se o crime é de roubo ou extorsão, ou se, genericamente, na prática do delito patrimonial haja o emprego de grave ameaça (coação psicológica) ou violência à pessoa (violência física), pois, além da lesão patrimonial, haverá ofensa a outros bens jurídicos inerentes à pessoa humana, como a integridade física ou a saúde. 
- Ou seja, nesse caso, tratando-se de crimes pluriofensivos, embora o legislador penal tenha agido motivado por razões de política criminal, com o objetivo de preservar a família quando a infração penal dissesse respeito ao patrimônio de um de seus membros, não ignorou a utilização da violência ou da grave ameaça, o que aumenta, sensivelmente, o juízo de reprovação que recai sobre o agente, não se podendo, agora, fechar os olhos para essa situação. 
II - ao estranho que participa do crime.
- A lei não estende, também, as imunidades absolutas ou relativas ao terceiro que comete o crime patrimonial em concurso com o agente beneficiado. É que no concurso de pessoas vigora a regra no sentido de que não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime, nos exatos termos do Art. 30 do Código Penal.
- Como a imunidade absoluta ou relativa é uma circunstancia pessoal e não é elementar dos crimes contra o patrimônio, ela simplesmente não se comunicará ao coautor ou partícipe que pratique o crime junto com que é beneficiado por referidas imunidades. 
- Além disso, Rogério Greco acrescente ainda que,como o partícipe do crime não se encontra no círculo familiar a que pertence a vítima, não teria sentido qualquer restrição à sua punição. 
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
- Este inciso III do Art. 183 do Código Penal foi acrescentado pela Lei n. 10.741/2003, que criou o Estatuto do Idoso. Dessa forma, não incidirá a imunidade absoluta ou relativa se o crime for praticado contra pessoa idosa, ou seja, que se encontre na faixa etária igual ou superior a 60 anos. 
- Dessa forma, não importando se existir relação entre cônjuges, durante a constância da sociedade conjugal ou mesmo entre ascendentes ou descendentes, se a vítima for pessoa com idade igual ou superior a 60 anos restará afastada a imunidade penal absoluta ou relativa, vale dizer, o fato poderá ser objeto de persecução por meio da Justiça Penal, bem como a ação penal será considerada de iniciativa pública incondicionada.

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