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CCJ0033-WL-B-LC-Crimes de Roubo e Extorsão - Rafael Damaceno de Assis

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CRIMES DE ROUBO E EXTORSÃO 
Rafael Damaceno de Assis 
1. DO CONCEITO DE ROUBO E NOÇÕES GERAIS: 
 
O crime de roubo se encontra inserido no rol dos crimes contra o patrimônio. Esse crime possui 
as mesmas características do furto, porém, possui fatores que, agregados ao elemento do tipo 
subtrair, geram um novo tipo penal. Há no roubo a subtração de coisa alheia móvel, para si ou 
para outrem, porém com a existência de grave ameaça ou com o emprego de violência contra 
a pessoa, os fatores que empregados fazem com que haja a entrega da coisa, são as 
circunstâncias especiais que relevam sua diferença para o furto. Assim ensina Heleno Cláudio 
Fragoso: "A distinção conceitual entre furto e roubo é que no primeiro a subtração é 
clandestina; no segundo, o arrebatamento é público e violento". Nesse sentido é a descrição 
típica do artigo 157 do Código Penal: "Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, 
reduzido à impossibilidade de resistência. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e 
multa". 
 
A tutela jurídica oferecida pelo tipo penal do roubo é a de acobertar o patrimônio contra 
terceiros. A essência do crime de roubo é a de ser um crime contra o patrimônio. Porém, 
convém lembrarmos que este é um crime complexo, conforme elucida Júlio Fabbrini Mirabete: 
"Tratando-se de crime complexo, objeto jurídico imediato do roubo é o patrimônio. Tutelam-se, 
também, a integridade corporal, a liberdade e, no latrocínio, a vida do sujeito passivo". A 
proteção normativa se desdobra em dois planos distintos, porém, de existência vital, pois são 
feridos dois bens jurídicos distintos. No primeiro ele visa a proteção do patrimônio contra 
eventual subtração por via da iminência da aplicação da sanção penal que, no tipo em estudo, 
se revela de alto teor. Em um segundo momento, podemos verificar que há a tutela à 
manutenção do estado do corpo-humano, zelando ora pela sua integridade física ora pela 
totalidade da existência da vida humana, evitando que este seja afrontado para obtenção de 
um bem material de gradação inferior a vida humana, que se encontra no ápice dos bens nos 
quais o direito tutela, conforme corolário constitucional. 
 
O crime de roubo é um crime comum, portanto, qualquer um pode ser o sujeito ativo. Porém, 
quanto ao sujeito passivo não há um liame necessário entre o ato ofensivo e a pessoa que seja 
seu possuidor, detentor ou proprietário. A violência pode ser utilizada contra um terceiro, com 
vistas a obter o bem de um outro. Mas ambos serão vítimas do crime de roubo. Edgard 
Magalhães Noronha tece interessantes considerações sobre o tema: "...pode essa ofensa não 
recair diretamente sobre o possuidor da coisa, mas como a violência ou ameaça constituem, 
com a subtração, um todo que corporifica o delito, haverá um sujeito passivo direto da violência 
ou da ameaça, e um sujeito passivo direto da violação possessória. Os dois serão sujeitos 
passivos do roubo. Ambos estarão estreitamente ligados pelo objetivo final do agente: a 
subtração e o apossamento da coisa alheia". 
 
2. TIPO OBJETIVO E SUBJETIVO: 
 
Heleno Cláudio Fragoso anota que: "A execução deve dar-se, porém, mediante violência à 
pessoa (esforço corporal sobre a vítima), ameaça (violência moral) ou por qualquer meio que 
reduza a vítima à impossibilidade de resistir (narcóticos, estupefacientes)". 
 
O delito descrito no tipo penal preceitua que a subtração da coisa deve vir jungida com a 
violência ou a grave ameaça, sendo esta empregada, antes ou depois, contra a pessoa. A 
conduta deve ser por uma via apta a causar o temor na vítima (sofrimento psíquico), tornando 
diminuta sua capacidade de resistência à intenção de subtrair, ou impor a ela algum tipo de 
dor, martírio, que é vislumbrado por meio da violência (sofrimento físico), mas deve ser 
abstraído o grau da lesão corporal, de lesividade à integridade física que fora empregado, 
bastando a constrição física. 
 
Damásio de Jesus anota que a violência pode ser de algumas espécies: "própria com o 
emprego de força física, consistente em lesão corporal ou vias de fato; imprópria com emprego 
do 'qualquer outro meio' descrito na norma incriminadora, abstraída a grave ameaça; imediata: 
contra o titular do direito de propriedade ou posse; mediata: contra um terceiro; física: emprego 
da vis absoluta (força física) e moral com o emprego da vis compulsiva (grave ameaça)". 
 
A ameaça independe de uma gradação, porém, revela-se contumaz, para sua configuração a 
aparição dos seus reflexos na vítima, gerando a ela, um temor, um medo em relação à sua 
integridade física. A vis moralis pode aparecer de formas diversas, não exigindo o comando 
legal uma vinculação a formas específicas de gerar a ameaça. Esta pode se dar por via de 
gestos, gritos (ameaçando com palavras de matar o ente querido que está no lugar ou 
apontando a arma para outra pessoa na sala). Essa ameaça de ocorrência de violência deve 
recair sobre pessoa humana, não podendo de forma alguma ser sobre um objeto. No caso de 
ser sobre objeto, estaremos, pois, diante de uma necessária desclassificação para o crime de 
furto qualificado (art.155, § 4º, I do CP. A violência deve ser manifestadamente física, com a 
utilização de meio apto a lesionar, a causar uma alteração no estado de integridade física da 
pessoa. A gravidade, o teor da lesão corporal deve ser apreciada para fins de aplicação do 
princípio da absorção ou não. Sendo a lesão leve, será absorvida pelo roubo, pois, está 
inserido no tipo, mas, ao revés, se for o dano físico subsumido a forma grave, estaremos 
defronte a uma qualificadora, conforme o artigo 157, V, § 3º do Código Penal. Porém, se essa 
lesão for de cunho gravíssimo a conduta será apreciada em crime autônomo na forma 
concursal com o artigo 69 do Código Penal. 
 
O meio capaz de reduzir a possibilidade de resistência deve ser compreendido como todo 
aquele que seja apto a tornar diminuta a capacidade de apresentar repulsa a subtração 
patrimonial. Para a determinação do meio que tenha eficácia para decrescer a vontade de 
evitar o ilícito deve ser determinado de forma subjetiva, sob a resistência dele ao meio e não 
submetendo isso a critérios objetivos (homem médio). "Tem-se entendido que devem ser 
consideradas as condições pessoais da vítima, como vida social, sexo, grau de instrução, 
idade, saúde, etc". Alguns exemplos podem ser colhidos na doutrina, tais como, sonífero, 
emprego de drogas, hipnose, intoxicação etílica. Os meios definidos no artigo como 
garantidores da consumação do delito, que no primeiro momento revela como crime de furto, 
com o fato agressor da integridade física ou psíquica, sendo agregado e dando a configuração 
de roubo. 
 
O elemento subjetivo do tipo é o ânimo de ter para si coisa móvel pertencente a terceiros. Essa 
vontade de subtrair traz consigo o emprego de algumas das formas vinculadas no caput do 
artigo, sendo exigido o chamado dolo específico. Ou como ponderam César Roberto Bitencourt 
e Luís Régis Prado: "o dolo e o elemento subjetivo do tipo constituído pelo fim especial de 
apoderar-se da coisa subtraída, para si ou para outrem". 
 
3. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
O roubo é considerado consumado quando a coisa sai completamente do domínio da vítima, 
ou, como salienta Júlio Fabbrini Mirabete: "O delito de roubo, tal como o de furto, somente se 
consuma quando a coisa sai da esfera de vigilância da vítima". Mas o crime estará consumado 
se o agente, tendo a posse calma da coisa, mesmo que por pouco tempo, tendo que se 
desfazer dela para evitar o flagrante ou a perde durante a perseguição, estaremos diante do 
delito na sua forma consumada. O lapso temporal em que há a posse tranqüila é irrelevante 
para a consumação do fato típico. O requisito é a existência dessa posse em algum momento, 
não precisando desse liame entre a passividadeda posse e o tempo decorrido do alcance da 
posse. 
 
4. ROUBO IMPRÓPRIO: 
 
O roubo impróprio é o cerne do presente trabalho, que encontra base normativa no artigo 157: 
"Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra 
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa 
para si ou para terceiro". 
 
Esta forma de roubo difere do roubo próprio justamente para Magalhães Noronha: "Distingue-
se do roubo próprio, porque, neste, a ameaça e a violência são meios para a consecução da 
aprehensio, ao passo que, nele o agente já se apoderou da coisa. Não há roubo impróprio, 
sem a detenção anterior do móvel, pelo delinqüente, seguindo-se a logo a ameaça ou a 
violência, para o fim de assegurar a detenção da coisa ou a impunidade do delito". A diferença 
reside no momento da agressão, enquanto no tipo originário a agressão se dá para obter a 
subtração da coisa, no tipo derivado a agressão ocorre com o objetivo de manter para si a 
posse da coisa ou acautelar-se de apenamento. 
 
4.1 Tentativa e Consumação no Roubo Impróprio - Possibilidade de Existência? 
 
Um ponto muito controverso a respeito do roubo impróprio reside na existência ou não de sua 
forma tentada. 
 
Heleno Cláudio Fragoso aponta que: "O momento consumativo do roubo impróprio é aquele 
em que o agente exerce violência ou grave ameaça à pessoa. Se a subtração é apenas 
tentada e o agente, na fuga, emprega violência, haverá concurso material de tentativa de furto 
e do crime praticado contra a pessoa (lesões corporais, homicídio, etc). Para que haja roubo 
impróprio é preciso que a coisa já tenha sido subtraída, ou seja, que o furto tenha sido 
consumado (RT 425/389)". A consumação da subtração se dá se o agente, 
concomitantemente, com o apossamento da coisa alheia para si profere a agressão ou a grave 
ameaça, e, sendo, em momentos opostos, teremos concurso de crimes e não roubo impróprio. 
 
Damásio de Jesus anota que: "Entretanto, a jurisprudência vencedora considera que o roubo 
impróprio atinge a consumação com emprego da violência ou grave ameaça, sendo 
inadmissível a figura da tentativa. Ou o sujeito emprega violência contra a pessoa ou grave 
ameaça, e o delito está consumado, ou não emprega esses meios de execução, 
permanecendo furto tentado ou consumado". 
 
Em que pesem os argumentos do nobre penalista Damásio, entendemos persistir a forma 
tentada, por exemplo, podemos ter a subtração e antes da real consumação do crime nos 
deparamos com o emprego de violência tentada (tiro disparado que não atinge o guarda 
noturno) ou quando temos o uso da violência, mas em um momento posterior, a consumação 
não se consolida (o tiro atinge o guarda noturno, porém o agente é flagrado pela Polícia). 
Nesse sentido se inclina Fragoso: "A tentativa de roubo impróprio é possível e se verifica 
sempre que o agente, tendo completado a subtração, é preso após tentar o emprego da 
violência ou da ameaça para assegurar a posse da coisa ou a impunidade". 
 
4.2 Da Grave Ameaça ou Violência e o Limiar Temporal: 
 
O requisito normativo é que ocorra a agressão física ou a iminência da ocorrência da imposição 
de algum suplício de ordem psíquica e que essa seja empregada com o objetivo de assegurar 
a posse tranqüila da coisa para si ou terceiro ou que até mesmo seja esta lançada com o fito 
de garantir a não comunicação do fato crime às autoridades, mantendo o delito impune. 
 
Mas esse espaço de tempo deve ser curto, segundo entende Júlio Fabbrini Mirabete: "A 
violência posterior ao roubo, para assegurar sua impunidade, deve ser imediata. Se entre a 
subtração e a violência medeia um sensível espaço de tempo e de lugar, a conexão 
desaparece e não há que se falar no delito do art. 157 e sim do art. 129 ou 121, § 2º, incisos IV 
e V)". 
 
O tipo penal também diz respeito ao decurso de tempo ocorrido entre a subração da coisa e a 
agressão, devendo entre eles haver um laço breve, não podendo a agressão demorar para 
ocorrer, pois, se decorrer um lapso temporal relevante entre as formas do tipo e a aquisição da 
posse tranqüila da res, nos depararemos com os crimes contra o patrimônio e contra a 
integridade física na forma concursal. 
 
Esse limite de tempo deve ser fixado no contexto onde o crime ocorreu. Mas em algumas 
hipóteses esse critério de tempo, pode ser suprimido por uma mera interpretação do iter 
criminis, por exemplo: se a subtração ocorreu dentro de um armazém durante o dia, e o agente 
fica escondido durante o dia para fugir a noite, e, durante o dia ele agride um dos funcionários 
deixando-o desmaiado, porém o segurança descobre somente à noite a fuga e a agressão e na 
hora em que o agente ia fugir ele agride o segurança para garantir ambos, a impunidade e a 
detenção da coisa, falaremos nessa forma derivada do tipo e não em concurso. Pois, embora 
haja um decurso de tempo longo, haverá um liame conectivo entre a consumação e a agressão 
do segurança e do funcionário, nesse caso, falaremos, ao nosso ver, em roubo impróprio e não 
em concurso ou em roubo próprio. 
 
O importante é o nexo entre a agressão e o assessoramento da impunidade ou da detenção, 
como se pode ver a norma penal incriminadora exige o elemento subjetivo do tipo, a agressão 
proferida com o revelado objetivo de proteger a consumação delitiva ou a conservação da 
posse precária da coisa para si, sendo necessário, portanto, o dolo específico. 
 
4.3 Omissão Legislativa na “Redução à Impossibilidade de Resistência” - Implícito no Tipo 
Penal ou Relapso Legiferaste: 
 
O delito consignado no artigo 157 prevê que a redução à impossibilidade de resistência é 
considerado meio de ofensa à pessoa da vítima ou a terceiro, que acabe por dar ação a 
consumação do roubo. É interessante analisar que o caput menciona tal dispositivo, nos casos 
de roubo próprio esquecendo-se de elencar tal hipótese na forma imprópria. 
 
Nelson Hungria, o criador do nosso Código Penal se defende dizendo que: "a omissão foi 
voluntária, pois o uso de qualquer meio deve entender-se empregado disfarçadamente, e que 
não se compadece com a situação do ladrão que, surpreendido em flagrante ou quase-
flagrante, cuida de se salvar com instintiva violência e apressuradamente, razão por que o 
Código, tendo tomado por modelo, nesse particular, o artigo 139 do estatuto suíço, não lhe foi 
entretanto, inteiramente fiel". 
 
Um problema hermenêutico surge da interpretação deste comando legal, vez que, em sede de 
aplicação de normas penais, é proibido a analogia in malam partem, adequando a elementar 
da cabeça do artigo ao parágrafo primeiro. Ou, pela outra mão, poder-se-ia estender os limites 
do conceito de violência, para inserir a impossibilidade de resistência. A interpretação 
expansiva deve ser vista com cuidado, para evitar que o diploma atinja patamares elásticos, 
desconfigurando o real significado do verbo inserido no tipo. 
 
Um raciocínio interessante pode ser extraído dessa omissão legislativa, pois, gerará uma 
capitulação diferente e de teor gravoso ao agente. Ao supormos que temos a subtração da 
coisa e o agente ao se evadir do local coloca um narcótico na água do guarda para fugir. Em 
tese teríamos a redução da incapacidade total de resistir ao crime, portanto, capitulando uma 
das elementares do tipo. Como o direito penal veda a analogia cujos efeitos serão piores para 
o réu, estaremos defronte, na verdade, de um furto mediante fraude, qualificadora prevista no 
artigo 155, § 4º, II do Código Penal. 
 
A fraude para Bitencourt e Prado é: "a utilização de artifício, de ardil, para vencer a vigilância 
da vítima", lançando-se de elemento doloso, repulsivo, apto a confundir o ofendido, retirando o 
seu natural dever de cuidado e de vigilância para com a sua coisa. O embuste no exemplo 
seria o entorpecente que, no caso, se tornaria apto a impedir a resistência ao animus furandi. 
Portanto,é, de se denotar que se configuraria o roubo impróprio, porém, por uma inexistência 
de previsão típica, seria capitulado como furto mediante fraude. 
 
Os efeitos práticos estariam na cominação da pena, vez que o furto mediante fraude tem penas 
de 2 (dois) a 8 (oito) anos de reclusão e multa, ao passo que, no roubo impróprio será de 4 
(quatro) a 10 (dez) anos de reclusão mais multa, acrescido da incidência da causa específica 
de aumento de pena. Ainda, há o princípio constitucional da isonomia, inserido no artigo 5º, I, 
Constituição Federal, nivelando homens e mulheres em direitos e obrigações. Estando ambos 
em igualdade, porque a vinculação do tipo, empregada em momento posterior ou anterior traria 
alguma diferença prática. 
 
Na verdade, a derivação típica do § 1º deveria obter ou um agravamento de pena, tornando-se 
qualificadora ou retirando-a do Código Penal, vez que em ambos pode haver a retirada da 
possibilidade de defesa, sendo o momento o fator diferenciador da capitulação. Caso inexista a 
retirada da possibilidade de defesa, posteriormente a subtração seria irrelevante, vez que, não 
há comando legal incidente no roubo impróprio e deveria existir essa hipótese. 
 
Existindo a presença da violência ou ameaça, antes ou depois, seria irrelevante, pois, o 
gravame do delito existiria, independente do tempo da ocorrência. 
 
O relapso existe, porém em termos de aplicação de pena, não gerará diferenças para o 
tratamento de um ou outro réu, no caso de roubo próprio ou impróprio simples. 
 
5. DO CONCEITO DA EXTORSÃO E NOÇÕES GERAIS: 
 
Define-se o delito de extorsão comum no art. 158, que é constranger alguém mediante 
violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem 
econômica, a fazer, tolerar, que se faça ou deixa de fazer alguma coisa: pena de reclusão, de 4 
a 10 anos e multa. Ocorre o crime, portanto quando o agente obriga o sujeito passivo a 
entregar-lhe dinheiro, a não efetuar uma cobrança, anão impedir que se lhe rasgue um titulo de 
credito. 
 
5.1 Objetividade Jurídica: 
 
Como a extorsão é um crime contra o patrimônio, é este o tutelado pelo dispositivo, embora, 
indiretamente, estejam protegidas também a inviolabilidade e a liberdade individual. Ao 
contrario do que ocorre no furto e no roubo, entretanto, ano é só a coisa móvel a ser objeto do 
crime; pode ocorrer a extorsão obrigando-se a vitima a transferir a propriedade de um imóvel 
ao agente ou terceiro. 
 
5.2 Sujeito Passivo e Sujeito Ativo: 
 
Qualquer pessoa pode praticar extorsão, mas sendo o agente funcionário publico a simples 
exigência de uma vantagem indevida em razão da função caracteriza o delito da 
concussão(art.316 do CP). Mas o agente da autoridade que constrange alguém, com emprego 
de violência ou grave ameaça, para obter proveito indevido, não incorre unicamente nas pena 
do delito de concussão; vai mais adiante, praticando uma extorsão. 
 
Uma ou varias pessoas podem ser sujeitos passivos do crime em estudo. É vitima aquele que 
é sujeito a violência ou ameaça, o que deixa de fazer ou tolerar que se faça alguma coisa e, 
ainda, o que sofre prejuízo econômico. 
 
5.3 Tipo Objetivo e Subjetivo: 
 
A conduta prevista no dispositivo é constranger (obrigar, forçar, coagir) a vitima mediante 
violência ou grave ameaça, desde que seja ele meio idôneos a intimidar. Embora de tenha em 
vista, quanto a possibilidade de intimação, o homem médio, já se tem decidido que é 
indispensável que o sujeito passivo sofra a ameaça de dano capaz de intimidá-lo. A ameaça 
pode constituir-se na promessa de revelar um segredo. 
 
A simples ameaça de recorrer a justiça ou mover ação não configura, porem , ilícito penal. 
 
Ao contrario do que ocorre quanto ao roubo, não prevê a lei, não extorsão, outros meios que 
não a grave ameaça ou a violência. Assim, se o constrangimento é efetuado por meio de 
narcóticos. 
 
A violência física ou moral deve ser destinada a pratica de um ato pela vitima (entregar ao 
agente certa quantia), a omissão desta (não cobrar uma divida ou a sua permissão para algum 
ato (destruição de um titulo de credito do que é credor). 
 
O tipo subjetivo ou seja o dolo o delito é à vontade de constranger, mediante ameaça ou 
violência, ou seja, a de coagir a vitima a fazer, deixar de fazer ou a tolerar que se faça alguma 
coisa. O elemento subjetivo do tipo (dolo especifico) é à vontade de obter uma vantagem 
econômica ilícita, constituindo esta corolário da ameaça ou violência. Na ausência de um fim 
econômico, o delito será outro (constrangimento ilegal, crime contra os costumes etc.) 
 
5.4 Consumação e Tentativa: 
 
Há duas orientações quanto a consumação do crime, na primeira diz se que extorsão é um 
crime formal, consumado-se quando a vitima faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma 
coisa. Pela a segunda o delito é material e só estará consumado quando o agente obter a 
vantagem ecomonica. 
 
Embora formal, o crime é possível a ocorrência da tentativa, uma vez que o crime não se 
perfaz, único actu. 
 
5.5 Extorsão Qualificada: 
 
Classifica-se o crime, com o aumento da pena de 1/3 ate a metade quando é ele “cometido por 
duas ou mais pessoas ou com emprego de arma”. 
 
Na primeira parte, exige-se o concurso de agentes. A nota-se que, agora o dispositivo exige 
que duas pessoas pelo menos, pratiquem ato executivo do delito, para classificar-se o crime, 
ao contrario do que se ocorre no furto e no roubo. 
 
Quando ao emprego de arma reitera-se o que foi exposto com relação ao roubo, com a 
observação de que “ estar armado não tem a mesma tipificação de cometer o crime com 
emprego de arma”. 
 
5.6 Distinção: 
 
A extorsão é um crime semelhante ao roubo, sendo muitas vezes difícil de ser dele distinguida. 
Aponta-se como diferença principal entre ele o fato de existir, no roubo, a subtração , ou seja, 
uma atividade do agente e, na extorsão, uma conduta da vitima em entregar a coisa , praticar 
um ato etc. Não a diferença ponderável no fato de o agente, sob ameaça, subtrair a carteira da 
vitima ou na mesma circunstancia obrigar a vitima a entregá-la. No primeiro há roubo e no 
segundo extorsão. 
 
5.7 Concurso: 
 
Admite-se a continuidade, como no crime de roubo ainda quando se trata de crime contra 
pessoas diversas. Exigindo-se e obtendo-se por varias vezes vantagem ilícita da mesma 
pessoa, há crime continuado de extorsão. Entretanto, se a vantagem econômico indevida é 
obtida de forma parcelada, ocorre uma única ação desdobrada em atos sucessivos, o que 
impede o reconhecimento da continuidade delitiva, caracterizando-se crime único. 
 
6. Extorsão Mediante Seqüestro: 
 
Pode uma extorsão ser praticada tendo como meio para obtenção da vantagem econômico a 
privação de liberdade de uma pessoa. Configura-se no caso, o crime de extorsão mediante 
seqüestro (Art.159), seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate: pena reclusão de 8 a 15 anos. A mesma lei 
conceituou a extorsão mediante seqüestro simples ou qualificada, tentada ou consumada, 
como crime hediondo. 
 
6.1 Objetividade Jurídica: 
 
Tutela-se o patrimônio já que o fim do agente é a vantagem econômica. A liberdade individual, 
a incolumidade pessoal e a própria vida, estas nas formas qualificadas, são também protegidas 
indiretamente pelo dispositivo. 
 
6.2 Sujeito Ativo e Passivo: 
 
Sujeito ativo do crime é o que pratica qualquer dos elementos objetivos do tipo: seqüestra, leva 
mensagens, etc. tratando-se de autoridade policial, se o móvel do agente foi o de privar a 
vitima de sua liberdade para dela extorquir vatangem indevida, que é crime comum, e não 
qualquer daqueles que são próprios do funcionário publico. 
 
Alem da pessoa seqüestrada, é sujeito passivo do crime aquele que sofre o prejuízo 
econômico. 
 
7. EXTORSÃO INDIRETA: 
 
Define-seno art. 160 um tipo especial de extorsão: “exigir ou receber como garantia de divida, 
abusando da situação de alguém, documento, que pode dar causa e procedimento criminal 
contra a vitima ou contra terceiro: pena reclusão de 1 a 3 anos, e multa”. É o caso do agente 
que para garantir-se de uma vitima, usa meio ilícito. É a “ exploração torpe do credito, parte 
integrante do patrimônio, em detrimento do que, compelido pelas necessidades, recorre ao 
auxilio financeiro do onzenario, que, assim, constrói sua fortuna sobre a ruína econômica de 
outrem”. 
 
REFERÊNCIAS: 
BITENCOURT, César Roberto. Elementos de direito penal. São Paulo: RT, v. 2, 2004. 
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal - Parte especial. 10. ed., Forense; Rio de 
Janeiro: Forense, 2003, v. I, p. 342. 
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. V-VIII. 
JESUS, Damásio E. de. Direito penal. 11. ed., São Paulo: Saraiva, 2003, v. II. 
JESUS, Damásio E. de. Código Penal anotado. 11. ed., Saraiva; São Paulo: Saraiva, 2001. 
MAGALHÃES NORONHA, Edgard. Direito penal. 2. ed., Saraiva; São Paulo: Saraiva, 2001, v. 
II. 
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 18. ed., São Paulo: Atlas, v. II, 2001. 
PRADO, Luis Régis. Elementos de direito penal. São Paulo: RT, 2003, v. 2. 
 
Autor: RAFAEL DAMACENO DE ASSIS, acadêmico de direito, estagiário do Tribunal de Justiça 
do Estado do Paraná e da Vara de Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios da 
Comarca de Londrina/Pr, credenciado pela OAB/PR sob nº 10.433E, atualmente atua junto a 
Procuradoria do Município. 
e-mail: Rafael_iesb@yahoo.com.br

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