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Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ)
Instituto de Química da Universidade de Brasília (IQ/UnB) 	
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Tabela Periódica Adaptada para Língua de Sinais: um instrumento pedagógico facilitador do processo de ensino-aprendizagem de alunos surdos. 
Amanda Arebalo Schein1 (IC)*(amanda.aschein@gmail.com), Jeniffer Merenock Vaz1 (IC). 
1Aluna do curso de Licenciatura em Química, IFFar – Campus Alegrete.
Palavras-Chave: Educação Inclusiva, Ensino de Química, Língua de Sinais.
Área Temática: Educação Inclusiva
Resumo: A inclusão escolar faz parte da filosofia de um ensino para todos em um mesmo ambiente. Porém, cabe ao professor desenvolver métodos de trabalho diferenciados, resultando em uma aprendizagem significativa para todos em sala de aula (AUZUBEL, 1963)1. Tendo como base a Tabela Periódica e a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como suporte linguístico, desenvolveu-se um recurso pedagógico que, correlacionado às imagens do cotidiano, contribuirá para o processo de ensino-aprendizagem de alunos surdos (BUZAR, 2009)3. O uso deste instrumento adaptado potencializou o aprendizado do aluno surdo, surgindo uma nova visão no professor a respeito da inclusão e, ainda, despertou nos alunos ouvintes a curiosidade de conhecer a cultura surda. Portanto, é possível que este instrumento adaptado sirva de suporte para o ensino-aprendizagem de alunos surdos, contribuindo para uma educação inclusiva, igualitária e de qualidade, para que, enquanto futuros professores nos tornemos conscientes de nossas responsabilidades sociais.
INTRODUÇÃO
A inclusão escolar é fruto de uma evolução, que tem como filosofia o ensino que abranja todos os alunos, em uma única escola. Porém, para que isso se torne realidade, é essencial que o professor não veja o ensino inclusivo como algo exclusivo do campo da Educação Especial, mas sim, algo pertencente também a sua função dentro da sala de aula, onde ele priorize as relações igualitárias. 
É pensando sobre este viés, que o presente trabalho, tem como principal objetivo, incluir alunos surdos e ouvintes no mesmo contexto de aprendizagem funcional e significativa, beneficiando ambos, independentemente de seu talento ou deficiência, através da proposta de uma Tabela Periódica dos Elementos, adaptada para a realidade do aluno surdo.
METODOLOGIA
A ideia para a confecção deste recurso pedagógico adaptado, surgiu da participação no projeto de ensino realizado no Campus Alegrete, intitulado “Jogos adaptados utilizados como recurso pedagógico facilitador do processo de ensino-aprendizagem de alunos com deficiência e/ou Altas Habilidades”, em que refletiu-se sobre os conteúdos abordados para o ensino da química e foi possível perceber que a Tabela Periódica dos Elementos é um recurso essencial, pois ela é a base para a aprendizagem de vários conteúdos da disciplina de química.
Pensando neste instrumento como sendo um material de consulta para alunos surdos, é que foram elaboradas as cartas. Essas, com o nome de cada elemento químico, seu símbolo e número atômico, através do Alfabeto Manual e os números em Língua de Sinais, confeccionados a partir da fonte em Libras, no programa Word. 
Além desta adaptação linguística, foram inseridas imagens dos alimentos, objetos ou utilidades de onde os elementos químicos podem ser encontrados, correlacionadas com o cotidiano dos alunos, para uma melhor assimilação do conteúdo, pois se sabe que o processo de aprendizagem do aluno surdo, se dá através de imagens, e que referências visuais, como estratégia de ensino, vêm a contribuir de forma significativa na corrente educacional geral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao aplicar este instrumento foi possível notar no aluno, ao manusear este recurso pedagógico adaptado para a sua própria língua, a satisfação e a alegria em receber, um material que condiz com as suas necessidades linguísticas. Além disso, o professor da classe pode perceber que é possível desenvolver recursos adaptados para os alunos com deficiência, e que esses aproximaram mais os alunos e ouvintes e surdos. Por isso, o docente ao receber um aluno com deficiência, tem que estar preparado para os desafios que a educação inclusiva impõe no seu planejamento do dia a dia.
O professor, muitas vezes, terá que modificar a sua metodologia, ou seja, sair do método tradicional, para um método inclusivo, planejando aulas diferenciadas para atender as necessidades específicas dos alunos com deficiência, confeccionando recursos e jogos adaptados. Inclusive a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional2 (1996) afirma que os sistemas de ensino devem proporcionar ao educando com deficiência, métodos e recursos educativos adaptados as suas necessidades. Porém, a confecção de tais materiais, demanda tempo e estudo sobre a surdez, o que muitas vezes pode ser a causa do desinteresse do docente em querer adaptar suas aulas.
Segundo Karagiannis, Stainback e Stainback(1999, p. 21)4 “o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos, em escolas e salas de aulas provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas”, em que o significado da palavra “todos” refere-se a todas as pessoas sem exceção, seja ela com ou sem deficiência. Ainda, de acordo com a Secretaria de Educação Especial (2001), incluir significa existir uma igualdade entre todos os indivíduos em sala de aula. Para tanto, devemos oferecer de forma igualitária em sala de aula, a estes alunos, as mesmas condições e oportunidades sociais e educacionais, respeitando as características pessoais de cada um.
Sob essas perspectivas a Tabela Periódica proporcionou ao aluno surdo uma real inclusão nas aulas de química, pois este instrumento é a base para grande parte dos conteúdos dessa disciplina. O uso desse instrumento facilitou a aprendizagem do aluno surdo, pois as imagens priorizaram a comunicação visual, e segundo Reily5 (2003), os alunos surdos necessitam de referências visuais, pois a sua língua é de modalidade visual, logo, o processo de aprendizagem do aluno surdo se dá através de imagens.
CONCLUSÕES
Nota-se que enquanto a escola não compreender os fundamentos da inclusão e esperar que os alunos se moldem às suas metodologias, ela não conseguirá se fazer inclusiva. Nós, autoras deste instrumento pedagógico adaptado, percebemos que é possível contribuir para uma educação inclusiva, igualitária e de qualidade, mas para isto, precisamos nos tornar conscientes de nossas responsabilidades sociais. O uso deste recurso potencializou o aprendizado do aluno com necessidades educacionais especiais e ao mesmo tempo desenvolveu interações sociais, que segundo Vygotski (1997)6, são fundamentais para desenvolver estruturas humanas, como o pensamento e a linguagem. Sendo assim, o uso deste instrumento adaptado, facilitou o processo de ensino dos alunos surdos, bem como, instigou nos alunos ouvintes o interesse em aprender um pouco mais desta língua e em comunicar-se com os colegas surdos.
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1AUSUBEL, D.P. (1963). The psychology of meaningful verbal learning. New York,Grune and Stratton.
2BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica/ Secretaria de Educação Especial – MEC; SEESP, 2001
3BUZAR, E. A. S. A singularidade visuo-espacial do sujeito surdo: implicações educacionais. Dissertação de mestrado. Brasília: Faculdade de Educação da UnB, 2009.
4KARAGIANNIS, A.; STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Fundamentos do ensino inclusivo. In: STAINBACK, Susan; STAINBACK, Willian. Inclusão: um guia para educadores. Trad. Magda França Lopes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
5REILY, L. H. As imagens: o lúdico e o absurdo no ensino de arte para Pré- escolares surdos. Em I. R.Silva; S. Kauchakje & Z. M.Gesueli (Orgs.), Cidadania, Surdez e Linguagem: desafios e realidades. Cap. IX (pp.161-192).SP: Plexus Editora, 2003.
6VYGOTSKI, L.S. Obras escogidas V: fundamentos de defectologia. Madrid: Visor Distribuiciones, 1997.
XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília,DF, Brasil – 21 a 24 de julho de 2010

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