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CCJ0020-WL-A-PP-Ponto 16 - Repartição Constitucional de Competências - Sabrina Rocha

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Curso completo de Direito Constitucional
Profª. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha
Atualizada até a EC n° 71 de 29/11/12
Esta apostila não é de autoria pessoal, pois foi produzida através das obras de doutrinadores constitucionalistas, dentre eles Ivo Dantas, J. J. Gomes Canotilho, José Afonso da Silva, Paulo Bonavides, Celso D. de Albuquerque Mello, Luís Roberto Barroso, Walber de Moura Agra, Reis Friede, Michel Temer, André Ramos Tavares, Sérgio Bermudes, Nelson Oscar de Souza, Alexandre de Moraes, Nelson Nery Costa/Geraldo Magela Alves, Nagib Slaibi Filho, Sylvio Motta & William Douglas, Henrique Savonitti Miranda e tomou por base a apostila do Prof. Marcos Flávio, com os devidos acréscimos pessoais.
PONTO 16 - REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS
(este tópico foi retirado na íntegra da apostila do prof. Marcos Flávio).
16.1 - TÉCNICA DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Competência é o poder atribuído pela Constituição para o ente federado emitir decisões. Conforme já estudamos, o cerne, o núcleo, a própria razão de ser do Estado Federal reside na característica da descentralização política, onde diferentes níveis de centros decisórios possuem a competência (poder), atribuída pela Constituição, para criar as normas jurídicas necessárias para controlar a conduta humana em determinado espaço territorial. 
O Federalismo clássico dos Estados Unidos resolveu esta questão mediante técnica de distribuição bem simples. As competências legislativas da União são expressas. As competências dos Estados-membros são residuais ou remanescentes. Assim, tudo que não for da competência da União é da competência dos Estados-membros. 
E no Brasil? No Brasil, como não poderia deixar de ser, por razões históricas e de importação do modelo norte-americano, complicou-se um pouco mais. É baseada no modelo Alemão. 
A nossa Constituição atribui aos membros da federação competências legislativas (iniciativa de elaboração de leis a respeito de temas expressos na Constituição) e competências materiais (que são o exercício de certas atividade ou competências não-legislativas). Estas últimas dizem respeito a um leque enorme que compreende a prestação de serviços, proteção do meio ambiente e ao patrimônio histórico, proteção da saúde e da educação. Enfim, competências para ações administrativas. 
São palavras de José Afonso da Silva: “a nossa Constituição adota sistema complexo que busca o equilíbrio federativo, que consiste na enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (art. 25, §1º) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (art.30), mas combina, com essa reserva de campos específicos, possibilidades de delegação (art. 22, parágrafo único), e ainda áreas comuns em que se prevêem atuações paralelas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e setores concorrentes entre a União e Estados e Distrito Federal (art. 24) em que a competência para estabelecer políticas gerais, diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União (art. 24, §1º), enquanto se defere aos Estados a competência suplementar (art. 24, §2º) e esta competência suplementar se estende até mesmo aos Municípios (art. 30, II)” . 
Em resumo: o Brasil adotou um modelo complexo denominado federalismo de equilíbrio, conhecido também por federalismo de cooperação.
Da leitura dos artigos 21 a 32 da Constituição, percebe-se que no Brasil a área de competência da União é mais dilatada que a dos demais entes federativos, o que ocasiona na prática uma limitação do campo de atuação aos Estados-membros, comprimido ainda mais face a existência de competência exclusiva dos Municípios. 
16.2 - RESUMO DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS:
16.2.1 - RESUMO DAS COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS:
União – privativa expressa (art. 22);
União, Estados, Distrito Federal - concorrente (art. 24)(Repartição vertical de competências);
Estados-membros - residual ou remanescente (§1º, art. 25);
Estados-membros – suplementar (§2º, art. 24);
Estados-membros – supletiva (§3º, art. 24);’
Estados-membros - exclusiva - para instituir regiões metropolitanas (§3º, art. 25); 
Estados-membros – delegada – (parágrafo único do art. 22);
Municípios – privativa expressa (art. 30, I);
Municípios – suplementar (art. 30, II); 
Distrito Federal – cumulativa ( §1º, art. 32).
16.2.2 - RESUMO DAS COMPETÊNCIAS MATERIAIS:
União –exclusiva (art. 21) embora o vocábulo exclusiva não esteja expresso, José Afonso da Silva e outros autores assim consideram-na; 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios - comum(art. 23);
Estados-membros - residual ou remanescente (§1º, art. 25);
Estados-membros – exclusiva – instituir serviços de gás canalizado (§2º, art. 25);
Municípios – privativa (art. 30, III a IX).
Passaremos a trabalhar as competências de cada um dos entes federativos.
16.3 - COMPETÊNCIAS DA UNIÃO
No âmbito da competência material a União dispõe de competência exclusiva (art. 21) e comum (art. 23). No âmbito da competência legislativa dispõe de competências privativa (art. 22) e concorrente (art. 24). 
16.3.1 - COMPETÊNCIA MATERIAL DA UNIÃO (CF art. 21)
O artigo 21 lista as competências materiais da União, trata-se de competência dada apenas à União excluindo os demais entes federados. Como este poder é atribuído apenas à União, excluindo todos os demais entes federados, José Afonso da Silva o considera rol de competências como sendo exclusivas da União. Em termos de concurso público este artigo não é o mais importante. 
Art. 21 - Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
Estes 4 incisos acima, versam sobre a competência da União no âmbito internacional. A União representa o papel de representante da República Federativa do Brasil. Podemos dizer que é o Estado Federal, representado pela União, quem goza de personalidade jurídica perante o Direito Internacional (pessoa jurídica de direito público externo). Por outro lado, a nível interno, a União é definida como pessoa jurídica de direito público interno.
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
Sobre : estado de sítio (art. 137 a 139); estado de defesa (art. 136) ; intervenção federal(art. 34).
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federale dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições (ATENÇÃO: alíneas b e c incluídas pela EC nº 49, de 8-2-2006):
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
 XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
16.3.2 - COMPETÊNCIA PRIVATIVA LEGISLATIVA DA UNIÃO (CF art. 22)
O rol de competências legislativas da União, em termos de exigência nos concursos públicos, é mais importante do que o de competência material visto anteriormente. Trata-se da importantíssima competência legislativaprivativa da União. Cabe apenas à União legislar sobre as questões abaixo enumeradas. Uma diferença básica entre a competência material e a legislativa da União é justamente pelo fato de a Constituição permitir que questões específicas da competência legislativa da União possam, através de lei complementar, elaborada pela União, ser delegadas aos Estados-membros. 
Art.22 - Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II -desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV- águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI -trânsito e transporte; (A memória de vocês deve dar especial atenção a este inciso)
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes;
Atenção: dediquem especial interesse a este inciso XVII. Apresenta diferença entre o Distrito Federal e os Estados-membros. Percebam que é a União quem legisla sobre as instituições acima. Nos Estados-membros, eles mesmos organizam. 
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX -sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII -normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
16.4 - COMPETÊNCIA DOS ESTADOS
CF, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
16.4.1 - COMPETÊNCIA RESIDUAL DOS ESTADOS
A competência residual dos Estados é atribuída pelo §1º, do art. 25 e tem sido solicitada em inúmeras provas. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. O vocábulo “competências” pode ser interpretado como englobador da competência legislativa e da material também. Com a redação dada ao §1º, do art. 25, a Constituição utiliza a técnica tradicional adotada nos Estados Unidos de enumerar as competências da União e atribuir a competência residual (ou remanescente) aos Estados-membros. Mas, no Brasil, como já foi dito, além da competência expressa da União, há também competências expressas atribuídas aos Municípios, bem como competências comuns atribuídas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
E mais: é recomendável “memorizar” o conteúdo dos parágrafos 2º e 3º, porque também são igualmente solicitados nos concursos.
16.4.2 - COMPETÊNCIA DELEGADA PELA UNIÃOAOS ESTADOS(CF, art. 22, parágrafo único)
CF, Art. 22, Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Competência legislativa delegada.
A doutrina identifica este parágrafo único do artigo 22, como atributivo da competência delegada pela União aos Estados–membros. Na verdade, este tema tem “caído” nos concursos públicos, mas você não precisa gravar o termo competência delegada. Um exemplo citado é o conteúdo da Lei Complementar nº 103/2001.
O que você precisa mesmo saber é que a União pode autorizar, mediante lei complementar, os Estados-membros a legislarem sobre questões específicas relacionadas às matérias inseridas no rol das competências legislativas privativas da União. 
16.5 - COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS
16.5.1 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS MUNICÍPIOS
Art. 30 - Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
No inciso I, assunto de interesse local é aquele que, sem excluir o do Estado e o da União, diz respeito mais de perto ao Município e sua população. Este inciso traz a competência privativa, incluindo a área tributária (instituição de tributos e rendas) e financeira (definição de seu orçamento).
O conteúdo do inciso II também é conhecido por competência supletiva.
O inciso III traduz aplicação do princípio da autonomia. O município dispõe de competência legislativa privativa, como previsto no art. 156, I a III, para instituir seu impostos : IPTU, ITBI, ISS, e poderá instituir os demais tributos (taxas, contribuições de melhoria). A segunda parte do inciso diz respeito à competência administrativa, material. 
16.5.2 - COMPETÊNCIA MATERIAL DOS MUNICÍPIOS
Os demais incisos do artigo 30, assim dispõem: 
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Um tema sempre presente nos concursos é o que trata da controvérsia sobre a disciplina do horário de funcionamento dos bancos. Seria matéria de competência do Município nos termos do artigos, 30, incisos I e II, ou por outro lado, competência da União face aos artigos 48, inciso XIII e 192, inciso IV ?. Vejamos também a questão sobre funcionamento de estabelecimentos comerciais. O que vocês acham?
Vejamos o que diz a jurisprudência do STF:
STF – Jurisprudência RE 118363 / PR Rel. Min. CELIO BORJA - 26/06/1990
Ementa: Horário de funcionamento bancário: matéria que, por sua abrangência, transcende ao peculiar interesse do Município. Competência exclusiva da União para legislar sobre o assunto. Precedentes do STF.
E sobre o funcionamento dos estabelecimentos comerciais?
STF – Jurisprudência RE 182.976/SP – Rel. Min. Carlos Velloso 
EMENTA: Horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais: competência municipal, art. 30, I. C.F., artigos 5º, caput, XIII e XXXII; art. 170, IV, V e VIII. I. - Competência do Município para estabelecer horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais: C.F., art. 30, I. II. - Inocorrência de ofensa aos artigos 5º, caput, XIII e XXXII, art. 170, IV, V e VIII, da C.F. III.
SÚMULAS DO STF /2003
SÚMULA 645 - É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. 
	SÚMULA 646 - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
	APARECEU NO CONCURSO PARA AFC/CGU- 2003/2004 ESAF
Compete aos municípios explorar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluídos o de transporte coletivo e os serviços locais de gás canalizado. (esta assertiva está ........................) 
16.6 - COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL
CF, Art 32 . O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. 
§1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
O mais importante a se dizer a respeito das competências do Distrito Federal é que este ente da Federação acumula as competências legislativas dos Estados e dos Municípios. Este dispositivo possui enorme repercussões. Em matéria tributária, por exemplo, o Distrito Federal pode instituir impostos municipais e estaduais.
No entanto, não se pode perder de vista que o Distrito Federal possui algumas especificidades. Entre as quais destacam-se : 
o Distrito Federal não tem Constituição e sim Lei Orgânica; 
A organização do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal é de competência da União (art. 22, XVII), enquanto nos Estados-membros é de competência dos próprios Estados. 
O mesmo se aplica à polícia civil, polícia militar, e o corpo de bombeiros militar (art.21, XIV), No Distrito Federal são organizadas e mantidas pela União, enquanto os Estados-membros eles mesmos cuidam de sua organização e manutenção, observadas as normas gerais determinadas pela União . 
16.7 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE (União, Estados, Distrito Federal)
A competência legislativa concorrente significa a possibilidade de que mais de uma entidade federativa disponha sobre um mesmo tema. Também conhecida por sistema de repartição vertical de competência, é, com certeza, o aspecto do tema repartição constitucional de competências que tem merecido disparadamente maior destaque. Portanto, atenção.
Parece óbvio, mas muitas questões são resolvidas com apenas estas informações :
A competência concorrente NÃO ENVOLVE OS MUNICÍPIOS;
Trata-se de competência legislativa.
CF, Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual; (Inúmeros concursos perguntam de quem é a competência para legislar sobre este assunto. Atenção, não confundir com direito processual, que é competência privativa da União).
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Atenção : seguridade social é de competência privativa da União.)
XIII - assistência jurídica e defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infânciae à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
Eis agora os quatro parágrafos que jamais deixaram de constar de qualquer prova de Direito Constitucional (pelo menos um deles). É questão certa.
§1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficáciada lei estadual, no que lhe for contrário.
Primeiramente, na dicção do parágrafo 1º, a União editará as normas gerais o que a princípio sugere uma certa primazia. Mas, o que são normas gerais? Em verdade são tantas as opiniões que o número de conceituações supera o número dos opinantes. Não há uniformidade entre os autores. Selecionei duas definições a respeito de normas gerais:
“São preceitos jurídicos editados pela União Federal, no âmbito de sua competência legislativa concorrente, restritos ao estabelecimento de diretrizes nacionais e uniformes sobre determinados assuntos, sem descer a detalhes”.(André Luiz Borges Neto, no livro Competências legislativas dos Estados-Membros, pág. 182).
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, não são normas gerais as que exaurem o assunto nelas versado, descendo a pormenores e detalhes. 
Conforme o parágrafo 2º, mesmo que haja normas gerais editadas pela União, os Estados poderão editar normas específicas desdobrando o conteúdo das normas gerais e efetuando o tratamento dos pormenores para si. É que se denomina de exercício da competência suplementar,
Nos termos do comando do parágrafo 3º, caso a União não edite as normas gerais os Estados legislarão plenamente. Isto significa que os Estado poderão estabelecer tanto normas gerais quanto normas específicas. 
O parágrafo 4º disciplina o que acontece no caso de o Estado ter exercido a sua competência plena para legislar e, posteriormente,a União venha a editar lei sobre normas gerais. Tal situação implicará na imediata suspensão da eficácia da lei estadual na parte em que esta contrariar a lei nacional de normas gerais. Por fim, cuidado com as “cascas de bananas” a exemplo de revoga (no lugar de suspende a eficácia). Só uma lei editada pelo mesmo ente político poderá revogar a lei.
Nesta altura dos acontecimentos é bom que fique claro uma coisa que nos ensina André Luiz Borges Neto. Não existe hierarquia entre lei estadual e lei federal, o advento de lei da União, tratando de normas gerais, suspenderá a possibilidade de produção de efeitos jurídicos (eficácia jurídica) por parte da lei estadual, na parte em que ambas forem contraditórias. Em razão disso, como não irá ocorrer revogação da lei estadual, mas apenas suspensão da sua eficácia na parte em que se tratou de normas gerais, com a revogação da lei nacional a lei estadual readquire plenamente sua eficácia, passando a incidir de imediato sobre a conduta humana.
16.8 - COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM (União, Estados, Distrito Federal, Municípios)
Este tópico não tem merecido grandes destaques nos concursos. As questões exigem mais memorização do que raciocínio. Pode parecer simples, mas é necessário enfatizar que: 
A competência comum prevê atuação paralela de todos os entes políticos da federação ;
Trata-se de competência material, ou seja, não legislativa.
Vejamos o que nos ensina o artigo 23 da nossa Constituição:
CF, Art.23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único - Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (EC nº 53 de 19-12-06)
Em face desta passagem (parágrafo único), entre outras, da nossa Constituição, a doutrina denomina o federalismo do Estado Brasileiro de “federalismo de cooperação.”

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