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Narrativa Valorada e Narrativa Simples Fato Jurídico Compor conflitos de interesses por meio judicial é uma das funções primordiais do Direito. Tais conflitos advêm de divergentes formas de se interpretar um determinado fato jurídico. É nessa instância que se legitima o texto argumentativo. A argumentação jurídica caracteriza-se, especialmente, por servir de instrumento para expressar a interpretação sobre uma questão do Direito, que se desenvolve em um determinado contexto espacial e temporal. Ao operar a interpretação, impõe-se considerar esses contextos, ater-se aos fatos, às provas e aos indícios extraídos do caso concreto e sustentá-la nos limites impostos pelas fontes do Direito. Parece claro que nenhum juiz pode apreciar um pedido sem conhecer os fatos que lhe servem de fundamento. A narração ganha status de maior relevância, porque serve de requisito essencial à produção de uma argumentação eficiente. É por essa razão que se costuma dizer que a narração está a serviço da argumentação. Resumidamente, um profissional do Direito deve recorrer ao texto argumentativo para defender seu ponto de vista, mas para o sucesso dessa tarefa, precisa ter, antes, uma boa narração, na qual foram expostos os fatos de maior relevância sobre o conflito debatido. No Direito, é de grande relevância o que se denomina tipologia textual: narração, descrição e dissertação. O que torna essa questão de natureza textual importante para o direito é a sua utilização na produção de peças processuais, como a Petição Inicial, a Contestação, o Parecer, a Sentença, entre outras, podendo cada uma delas apresentar diferentes estruturas, a um só tempo. Para melhor compreender essa afirmação, observe o esquema da Petição Inicial e perceba como essa peça pertence a um gênero híbrido do discurso jurídico, o que exige do profissional do direito o domínio pleno desses tipos textuais. Petição Inicial Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ____ Vara y599p Highlight ____ da Comarca ______ Qualificação das partes (Parte descritiva ) _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ___________________________ Dos fatos (Parte narrativa) _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ____________________________ Do direito (Parte argumentativa) _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ____________________________ Do pedido (Parte injuntiva - se caracteriza por verbos no imperativo: ordenando ou sugerindo.) 1- _____________________; 2- _____________________; 3- _____________________; Das provas Do valor da causa Assim, ainda que cada gênero textual tenha sua relevância na estrutura redacional das peças processuais, não se pode desconsiderar que, se não há o acesso aos fatos, não há como dizer o direito. Portanto, em um primeiro momento, o operador deve saber contar, com habilidade, a história a partir da qual se pretende verificar a violação de um direito subjetivo. Não por outra razão, o primeiro tipo a ser aqui observado mais atentamente é o da narração. Narrativa Simples e Narrativa Valorada Como se percebe pelo esquema anterior, as peças processuais têm um denominador comum: precisam, em primeiro lugar, narrar os fatos importantes do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela análise do fato gerador do conflito. Ainda assim, vale dizer que essa narrativa será imparcial ou parcial, podendo ser tratada como simples ou valorada, a depender da peça que se pretende redigir. A narração simples é a transposição dos fatos como eles realmente são, ou seja, uma apresentação fidedigna dos fatos. E a narração valorada possui um caráter argumentativo Pode-se entender, portanto, que valorizar ou não palavras e expressões merece atenção acurada, pois poderá influenciar na compreensão e persuasão do auditório Essa valoração das informações depende dos mecanismos de controle social que influenciam na compreensão do fato jurídico. São diferentes os objetivos de cada operador do direito; sendo assim, o representante de uma parte envolvida não poderá narrar os fatos de um caso concreto sob o mesmo ponto de vista da parte contrária. Por conta disso, não se poderia dizer que todas as narrativas presentes no discurso jurídico são idênticas no formato e objetivo, visto que depende da intencionalidade de cada um.
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