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Radiografia Industrial

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Radiografia 
 
Este método de END é baseado em variações da absorção de radiação 
eletromagnética penetrante (raios X e gama) devidas a alterações de 
densidade, composição e espessura da peça sob inspeção (figura 1). 
 
 
Figura 1: Inspeção radiográfica. 
 
A radiografia é realizada com raios X, os quais são gerados, pelo impacto 
contra um alvo metálico, de elétrons acelerados no vácuo por uma fonte 
de alta tensão. A gamatografia, por sua vez, utiliza radiação gama (raios-
γ) resultante da reação nuclear em uma fonte de material radioativo. 
Como esta última, não necessita de energia elétrica para sua operação, ela 
é particularmente usada em inspeções de campo. Em qualquer caso, 
devido aos efeitos extremamente perigosos da radiação penetrante para 
 
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os seres vivos, são necessários cuidados especiais de segurança para a 
realização deste ensaio. 
A absorção diferenciada da radiação poderá ser detectada através de um 
filme, ou através de um tubo de imagem ou mesmo, medida por 
detectores eletrônicos de radiação. Essa variação na quantidade de 
radiação absorvida, detectada através de um meio, irá nos indicar, entre 
outras coisas, a existência de uma falha interna ou defeito no material. 
A radiografia industrial é então usada para detectar variação de uma 
região de um determinado material que apresenta uma diferença em 
espessura ou densidade, comparada com uma região vizinha. Em outras 
palavras, a radiografia é um método capaz de detectar com boa 
sensibilidade defeitos volumétricos. Defeitos como vazios e inclusões, que 
apresentam uma espessura variável em todas as direções, serão 
facilmente detectados desde que, não sejam muito pequenos em relação à 
espessura da peça. 
Por outro lado, a capacidade do processo de detectar defeitos com 
pequenas espessuras em planos perpendiculares ao feixe, como trincas, é 
muito limitada e, dependerá bastante da técnica de ensaio realizado. Os 
defeitos planares (trincas) normalmente só são detectados quando estão 
com orientação paralela a direção de propagação da radiação. 
 
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A figura 2 apresenta um esquema da formação de indicações numa 
inspeção radiográfica, sendo possível perceber o que foi mencionado no 
parágrafo anterior sobre a orientação de um defeito plano. 
 
 
Figura 2: Formação de indicações numa inspeção radiográfica. 
 
A capacidade de penetração em sólidos depende também do 
comprimento de onda da radiação, pois quanto menor for o comprimento 
de onda, maior será a capacidade de penetração da radiação. 
Na figura 3, estão sendo apresentados exemplos de radiografias com 
descontinuidades. Conforme pode ser visto, a radiação, após atravessar o 
material, irá impressionar um filme, formando uma imagem do material. 
Este filme é chamado radiografia. Note-se que ao atravessar as soldas, 
parte da radiação é absorvida. A quantidade de radiação absorvida 
 
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depende da espessura do material. Onde existe um vazio ou 
descontinuidade há menos material para absorver a radiação. Assim, a 
quantidade de radiação que atravessa o material não é a mesma em todas 
as regiões. 
Nota 
As áreas escuras observadas num filme radiográfico, indicam que uma 
maior quantidade de radiação passou por aquela região correspondente 
na peça ensaiada. 
 
 
Figura 3: Exemplos de radiografias de soldas com descontinuidades: (a) 
falta de penetração; (b) falta de fusão; e (c) porosidade agrupada. 
 
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Fontes de Radiação 
Raios-X 
São produzidos eletricamente sendo formados pela interação de elétrons 
de alta velocidade com a matéria. Quando elétrons de suficiente energia 
interagem com elétrons de um átomo, são gerados raios-X. Cada 
elemento, quando atingido por elétrons em alta velocidade, emite o seu 
raios-X característico. 
Quando elétrons de suficiente energia interagem com o núcleo de átomos, 
são gerados raios-X contínuos, que são assim chamados porque o seu 
espectro de energia é contínuo. As condições necessárias para a geração 
de raios-X são: 
- Fonte de elétrons; 
- Alvo para ser atingido pelos elétrons (foco) 
- Acelerador de elétrons na direção desejada. 
 
Os geradores de radiação X são aparelhos com dispositivos elétricos e 
eletrônicos fabricados pelo homem, portanto, não se constituem de uma 
fonte natural de radiação. Os mesmos podem ser portáteis ou 
estacionários, com unidade de comando variando em termos de 
características de ajustes e potência. 
 
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Os Raios X, destinados ao uso industrial e médico, são gerados numa 
ampola de vidro, denominada tubo de Coolidge, que possui duas partes 
distintas: o anodo e o catodo, conforme apresentado na figura 4. 
O anodo e o catodo são submetidos a uma tensão elétrica da ordem de 
milhares de volts, sendo o pólo positivo ligado ao anodo e o negativo no 
catodo. O anodo é constituído de uma pequena parte fabricada em 
tungstênio, também denominado de alvo, e o catodo de um pequeno 
filamento, tal qual uma lâmpada incandescente, por onde passa uma 
corrente elétrica da ordem de miliamperes. 
Quando o tubo é ligado, a corrente elétrica do filamento se aquece e 
passa a emitir espontaneamente elétrons que são atraídos e acelerados 
em direção ao alvo. Nesta interação, dos elétrons com os átomos de 
tungstênio, ocorre a desaceleração repentina dos elétrons, transformando 
a energia cinética adquirida em Raios X. 
 
Figura 4: Esquema de um tubo de raios - X industrial. 
 
 
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Requisitos Básicos para Produção de Raios-X 
Os Raios-X são produzidos quando alguma forma de matéria é atingida 
por elétrons em alta velocidade. Para isso são necessários três requisitos 
básicos: 
- Fornecimento de elétrons; 
- Movimento dos elétrons (acelerador);- Bombardeamento de elétrons em um alvo. 
 
Componentes e Propriedades de um Tubo de Raios-X 
A ampola de raios-X (Figura 4) tem em seu interior, o anodo (terminal 
positivo) e o filamento do catodo (terminal negativo), sob vácuo. Os 
tamanhos das ampolas ou tubos são em função da tensão máxima de 
operação do aparelho. A ampola possui uma alta resistência ao calor. O 
vácuo, por sua vez, reduz o problema das colisões dos elétrons com as 
moléculas de ar, absorvendo-as e fazendo uma isolação entre o anodo e o 
catodo. 
Do ponto de vista da radiografia, uma atenção especial deve ser dada ao 
alvo, contido no anodo. Sua superfície é atingida pelo fluxo eletrônico, 
proveniente do filamento, e denomina-se foco térmico. É importante 
que esta superfície seja suficientemente grande para evitar um 
superaquecimento local, que poderia deteriorar o anodo, e permitir uma 
rápida transmissão do calor (figura 5). 
 
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Figura 5: Corte transversal do anodo direcional, na ampola de raios-X. 
 
Ainda do ponto de vista construtivo, o material do alvo (anodo), conforme 
mencionado antes, é de tungstênio, e isso se deve, principalmente, ao seu 
elevado número atômico. O catodo consiste de um filamento, também de 
liga de tungstênio, emitindo elétrons quando aquecido a uma temperatura 
muito elevada. 
Dá-se o nome de “ponto focal” a área exata do alvo (anodo) bombardeada 
pelos elétrons. A qualidade da radiografia está relacionada ao tamanho do 
“ponto focal”, que quanto menor, produzirá melhores detalhes de 
imagem. 
Para obterem-se imagens com nitidez máxima, as dimensões do “foco 
óptico” (figura 5) devem ser as menores possíveis. As especificações de 
aparelhos geralmente mencionam as dimensões do “foco óptico”. 
 
 
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Unidade Geradora e Painel de Comando 
Os equipamentos de Raios X industriais se dividem geralmente em dois 
componentes: o painel de controle e o cabeçote, ou unidade geradora. 
O painel de controle consiste de uma caixa onde estão alojados todos os 
controles, indicadores, chaves e medidores, além de todo o equipamento 
do circuito gerador de alta voltagem. É através do painel de controle que 
se fazem os ajustes de voltagem e amperagem, além do comando de 
acionamento do aparelho. No cabeçote, está alojada a ampola e os 
dispositivos de refrigeração. A conexão entre, o painel de controle e o 
cabeçote, se faz através de cabos especiais de alta tensão. Na figura 6 
estão sendo mostrados exemplos de aparelhos de raios-X. 
 
Figura 6: Aparelhos de raios-X industrial de até 300 kV. 
 
 
 
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As principais características de um equipamento de Raios X são: 
• Tensão e corrente máxima; 
• Tamanho do ponto focal, dimensões do foco óptico e tipo de feixe 
de radiação; 
• Peso e tamanho. 
 
Esses dados determinam a capacidade de operação do equipamento, pois 
estão diretamente ligados ao que o equipamento pode ou não fazer. Isso 
se deve ao fato dessas grandezas determinarem as características da 
radiação gerada no equipamento. A voltagem se refere à diferença de 
potencial entre o anodo e o catodo e é expressa em quilovolts (kV). A 
amperagem se refere à corrente do tubo e é expressa em miliamperes 
(mA). 
Outro dado importante se refere à forma geométrica do anodo no tubo. 
Quando em forma plana, e angulada, propicia um feixe de radiação 
direcional, e quando em forma de cone, propicia um feixe de radiação 
panorâmico, isto é, irradiação a 360 graus, com abertura determinada 
(figura 7). 
 
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Figura 7: Equipamento de raios-X panorâmico. 
 
Exposição do Filme 
Como num filme fotográfico que é sensibilizado pela luz, o filme 
radiográfico será sensibilizado não somente pela luz, mas também pela 
radiação. Este processo consiste em proteger o filme contra raios de luz e 
permitir que incida sobre ele apenas a radiação durante a exposição. 
A exposição consiste em expor os filmes que possuem uma camada 
denominada emulsão, contendo sais de prata. As áreas escuras 
observadas num filme radiográfico, indicam que uma maior quantidade de 
radiação passou por aquela região correspondente na peça ensaiada. 
 
 
 
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Quando Utilizar o Ensaio Radiográfico 
- Quando a descontinuidade causar uma diferença detectável na sua 
espessura, na densidade ou na composição do material. 
- Quando o material for consideravelmente homogêneo, onde uma 
indicação de descontinuidade pode ser reconhecida. 
- Quando a configuração da peça a ser radiografada permitir o acesso 
aos dois lados. Um lado para posicionar o filme e outro a fonte. 
- Quando a descontinuidade a ser detectada estiver devidamente 
orientada em relação ao feixe de radiação. 
 
Raios-γ (Gama) 
Com o desenvolvimento dos reatores nucleares, foi possível a produção 
artificial de isótopos radioativos através de reações nucleares de ativação. 
O fenômeno de ativação ocorre quando elementos naturais são colocados 
junto ao núcleo de um reator e, portanto, irradiados por nêutrons 
térmicos, que atingem o núcleo do átomo, penetrando nele. Isto acarreta 
uma quebra de equilíbrio energético no núcleo devido ao excesso de 
nêutrons, e ao mesmo tempo, muda sua massa atômica, caracterizando 
assim o isótopo. 
Num isótopo, existe uma tendência espontânea de liberação de energia a 
fim de que haja o restabelecimento do equilíbrio energético do núcleo 
para uma configuração mais estável, ou seja, de menor energia (anterior a 
da ativação). A liberação de energia dá-se na forma de Raios Gama. 
 
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Um átomo que é submetido ao processo de ativação encontra-se com 
núcleo excitado passando a emitir radiação. Contudo, com o decorrer do 
tempo, o número de átomos capazes de emitir radiação diminui 
gradualmente. A esse fenômeno dá-se o nome de “Decaimento 
Radioativo”. 
As transformações nucleares são sempre acompanhadas de uma emissão 
intensa de ondas eletromagnéticas chamadas raios-γ, as quais possuem 
baixo comprimento de onda e apresentam as mesmas propriedades dos 
raios-X. Entre os isótoposradioativos, o Cobalto 60, o Irídio 192 e o 
Selênio 75, são os mais utilizados na radiografia industrial. 
Muitos átomos exibem uma propriedade chamada radioatividade, que é 
um fenômeno de desintegração espontânea, também denominado 
decaimento. Esta característica é causada pela instabilidade da complexa 
estrutura de um átomo sob a ação de forças elétricas, magnéticas e 
gravitacionais. O elemento rádio possui este desbalanceamento natural 
emitindo energia na forma de raios-γ para alcançar uma condição mais 
estável. 
Juntamente com os raios-γ , são emitidas as partículas α (alfa) e β (beta). 
Estas últimas são facilmente absorvidas, porém, os raios-γ ,são mais 
penetrantes, pois sua energia é muito alta. 
Por causa do perigo de radiação sempre presente, as fontes radioativas 
devem ser manejadas com muito cuidado, sendo necessários aparelhos 
 
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que permitam guardá-las, transportá-las e, utilizá-las em condições de 
segurança total. 
 
Características Físicas dos Irradiadores Gama 
São aparelhos constituídos de uma blindagem ou carcaça protetora de 
chumbo, tungstênio ou urânio 238. Esta carcaça apresenta um furo axial, 
no interior do qual existe um estojo metálico, chamado porta-isótopo, 
fixado a um comando mecânico flexível munido de um pequeno volante 
ou manivela para manobras a distância (figura 8). 
 
 
Figura 8: Irradiador portátil. 
 
 
 
 
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O que mais diferencia um tipo de irradiador de outro são os dispositivos 
usados para exposição da fonte radioativa. Esses dispositivos podem ser 
mecânicos, com acionamento manual ou elétrico, ou ainda pneumático. A 
única característica que apresentam em comum é o fato de permitirem ao 
operador trabalhar sempre a uma distância segura da fonte, sem se expor 
ao feixe direto de radiação. 
A figura 9 mostra um exemplo de aparelho para gamagrafia industrial. 
 
Figura 9: Aparelho de gamagrafia industrial 
 
As fontes radioativas para uso industrial, são encapsuladas em material 
austenítico, de maneira tal, que não haja dispersão ou fuga do material 
radioativo para o exterior. 
A manipulação da fonte é feita através de um dispositivo denominado 
de “Porta fonte”, conforme representado na figura 10. O dispositivo 
permite a contenção, transporte e fixação da cápsula que contém a 
fonte radioativa selada, sendo esta solidamente presa através de uma 
ponta a um cabo de aço flexível, e na outra ponta a um engate. 
 
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Figura 10: Exemplo de dispositivo Porta-fonte. 
 
Comparação entre Raios-X e Raios-γ 
A diferença mais importante entre os raios-X e γ é o fato de se poder 
regular a tensão anódica e, em consequência, o poder de penetração dos 
raios-X, ao passo que não é possível de maneira alguma fazer variar o 
comprimento de onda dos raios-γ. 
Com os raios-γ, a única solução é mudar a fonte radioativa. Prefere-se o 
Irídio para as menores espessuras (de 10 a 60 mm para aços) e o Cobalto 
para as espessuras maiores (de 60 a 160 mm para aços). 
Do ponto de vista de qualidade, os raios-X são melhores que os raios-γ. 
Porém, existem, a favor dos raios-γ, diversas circunstâncias nas quais eles 
apresentam um interesse prático. 
Os raios-γ são emitidos espontaneamente, não necessitando de 
aparelhagem ou alimentação elétrica. Em locais onde não existe energia 
elétrica os raios-γ devem ser usados. 
 
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Para espessuras muito altas (acima de 90 mm) o poder de penetração dos 
raios-X não é suficiente. 
As instalações para uso de raios-γ são bem mais baratas que as dos 
raios-X. 
Certos casos particulares apresentam problemas de acesso, tornando o 
uso de raios-γ mais indicado. Para estes casos, as fontes radioativas são 
mais maleáveis, permitindo assim, posicionamentos corretos. 
 
Absorção da Radiação 
Todos os materiais absorvem radiação, alguns mais do que outros. Os 
materiais mais densos e os de maior número atômico absorvem maior 
quantidade de radiação do que, os materiais menos densos e os de menor 
número atômico. 
A espessura também contribui para a absorção, pois quanto maior a 
espessura maior quantidade de radiação absorvida. As figuras 11 e 12 
ilustram estas regras. 
 
 
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Figura 11: Absorção de radiação em função do número atômico do 
material. 
 
 
Figura 12: Absorção de radiação em função da espessura do 
material. 
 
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Filme 
Os filmes radiográficos são compostos de uma emulsão e uma base. A 
emulsão consiste em uma camada muito fina (espessura de 0,025 mm) 
de gelatina, que contém, disperso em seu interior, um grande número 
de minúsculos cristais de brometo de prata. A emulsão é colocada sobre 
um suporte, denominado base, que é feito geralmente de um derivado 
de celulose, transparente e de cor levemente azulada. 
Uma característica dos filmes radiográficos é que, ao contrário dos 
filmes fotográficos, eles possuem a emulsão em ambos os lados da 
base. 
Os cristais de brometo de prata, presentes na emulsão, possuem a 
propriedade de, quando atingidos pela radiação ou luz, tornarem-se 
susceptíveis de reagir com produto químico denominado revelador. O 
revelador atua sobre esses cristais provocando uma reação de redução 
que resulta em prata metálica negra. 
Os locais do filme, atingidos por uma quantidade maior de radiação 
apresentarão, após a ação do revelador, um número maior de grãos 
negros que regiões atingidas por radiação de menor intensidade. Dessa 
forma, quando vistos sob a ação de uma fonte de luz, os filmes 
apresentarão áreas mais escuras e mais claras, que irão compor a 
imagem do objeto radiografado. 
 
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Em resumo, a exposição à radiação cria uma imagem latente no filme, e a 
revelação torna a imagem visível. 
A figura 13 mostra aestrutura de um filme radiográfico. 
 
 
Figura 13: Estrutura de um filme radiográfico. 
 
Quando o inspetor interpreta uma radiografia, ele está vendo os detalhes 
da imagem da peça em termos da quantidade de luz que passa através do 
filme revelado. Áreas de alta densidade (expostas a grandes quantidades 
de radiação) aparecem cinza escuro; áreas de baixa densidade (áreas 
expostas a menos radiação) aparecem cinza claro. 
A densidade é o grau de enegrecimento do filme. A densidade é medida 
por meio de densitômetros de fita ou densitômetros eletrônicos. A 
medição da densidade é feita no negatoscópio, que é o aparelho usado 
para a interpretação de radiografias. O negatoscópio é uma caixa 
 
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contendo lâmpadas, com luminosidade variável e, um suporte de plástico 
ou vidro leitoso onde o filme é colocado, conforme apresentado na figura 
14. 
 
Figura 14: Negatoscópio. 
 
Indicadores de Qualidade de Imagem (IQI) 
Para que possamos julgar a qualidade da imagem de certa radiografia 
(sensibilidade) são empregadas pequenas peças chamadas Indicadores de 
Qualidade de Imagem (IQI), e que são colocadas sobre o objeto 
radiografado. Os IQIs são também chamados como “penetrametros”. 
O IQI é uma pequena peça construída com um material radiograficamente 
similar ao material da peça ensaiada, com uma forma geometricamente 
simples e que contem algumas variações de forma bem definidas tais 
como furos ou entalhes. 
 
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Os IQI’s americanos mais comuns consistem em uma fina placa de metal 
contendo três furos com diâmetros calibrados. Os IQIs adotados pelas 
Normas ASME, Sec. V e ASTM E-142, possuem três furos cujos diâmetros 
são 4T, 2T, e 1T, onde “T” corresponde à espessura do IQI. Nesses IQIs, a 
espessura é igual a 2 % da espessura da peça a ser radiografada. 
Para avaliar a técnica radiográfica empregada, faz-se a leitura do menor 
furo, que é visto na radiografia. As classes de inspeção mais rigorosas são 
aquelas que requerem a visualização do menor furo do IQI. Dessa forma, 
é possível se determinar o nível de inspeção, ou seja, o nível mínimo de 
qualidade especificado para o ensaio. O nível de inspeção é indicado por 
dois números em que o primeiro representa a espessura porcentual do IQI 
e o segundo, o diâmetro do furo que deverá ser visível na radiografia. 
Esses IQI's devem ser colocados sobre a peça ensaiada, com a face voltada 
para a fonte e de modo que o plano do mesmo seja normal ao feixe de 
radiação. 
Quando a inspeção for feita em soldas, o IQI será colocado no metal de 
base, paralelo à solda e a uma distância de 3 mm no mínimo. É 
importante lembrar, nesses casos, que a seleção do IQI inclui o reforço, de 
ambos os lados da chapa. Portanto, para igualar a espessura sob o IQI à 
espessura da solda, deverão ser colocados calços sob o IQI feitos de 
material radiograficamente similar ao material inspecionado. 
 
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O IQI não é usado para julgar o tamanho das descontinuidades ou 
estabelecer limites de aceitação das mesmas. O IQI padrão adotado pelo 
código ASME (“American Society of Mechanical Engineers”) é um prisma 
retangular de metal com três furos de determinados diâmetros, e a 
sensibilidade radiográfica é definida em função do menor furo visível na 
radiografia, conforme apresentado na figura 15. 
 
Figura 15: Exemplo de penetrômetro ASME. 
 
O IQI padrão adotado pela norma DIN (“Deutsche Industrie Normen”) é 
composto de uma série de sete arames de metal e de diâmetros 
padronizados. A sensibilidade radiográfica é definida em função do menor 
arame visível na radiografia (ver figura 16). 
 
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Figura 16: Exemplo de penetrômetro DIN. 
 
Os Penetrômetros devem sempre ser de material idêntico, ou 
radiograficamente similar, ao material da peça ensaiada. 
Recentemente foram introduzidos no código ASME Seção V os IQIs de 
arame da norma ASTM. 
 
Telas Intensificadoras (écrans) 
As telas de chumbo, também chamados de telas intensificadoras, têm 
como finalidade, diminuir o tempo de exposição em ensaios 
radiográficos industriais, usam-se finas folhas de metal (geralmente 
chumbo) como intensificadoras da radiação primária emitida pela fonte. 
O fator de intensificação, além de ser função da natureza e da espessura 
da tela, depende do contato efetivo entre elas e o filme. 
 
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As funções das telas intensificadoras de chumbo, em radiografia 
industrial, devem ser as seguintes: 
- Gerar elétrons por efeito fotoelétrico ou Compton, produzindo fluxo 
adicional de radiação e diminuindo o tempo de exposição; e 
- Absorver ou filtrar a radiação secundária espalhada que pode atingir o 
filme radiográfico, borrando a imagem e empobrecendo a definição. 
 
Processamento do Filme 
Existem dois tipos de processamento: o automático e o manual, sendo 
este último, o mais utilizado na indústria do petróleo. O processamento 
do filme consiste basicamente em: 
- Revelação; 
- Banho de parada; 
- Lavagem intermediária; 
- Fixação; 
- Lavagem final; 
- Banho umectante; 
- Secagem. 
 
Proteção 
As radiações ionizantes dos tipos X ou γ têm uma ação nociva sobre o 
organismo humano. Os efeitos dependem da quantidade de raios que o 
corpo recebe. Os sintomas que se observa, na ordem de doses crescentes, 
são dores de cabeça, falta de apetite, diminuição dos glóbulos vermelhos 
 
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no sangue, esterilidade e destruição de tecidos. Um excesso de radiação 
pode provocar a morte de uma pessoa. 
Para se evitar qualquer problema, deve ser rigorosamente seguido o Plano 
de Radio proteção da empresa executante do serviço e previamente 
aprovado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, o qual 
prevê, as áreas a serem isoladas e, os controles a serem efetuados. Desta 
maneira, os trabalhos podem ser desenvolvidos preservando-se a saúde 
dos que trabalham nos serviços de radiografia e nas imediações dos locais 
do ensaio. 
 
Sequência do Ensaio 
Etapa Descrição 
1 • Verificar o material, diâmetro (no caso de tubos) e espessuraa 
ser radiografada; 
2 • Selecionar a técnica radiográfica; 
3 • Selecionar a quantidade e dimensões dos filmes; 
4 • Montar chassis (envelope, telas e filme); 
5 • Verificar atividade da fonte, no caso de radiografia com raios-γ, 
ou selecionar corrente e tensão, no caso de aparelho de raios-X;
6 • Verificar a distância fonte-filme no procedimento qualificado e a 
densidade requerida; 
7 • Calcular tempo de exposição; 
8 • Selecionar IQI; 
9 • Balizar a área, para proteção; 
10 • Montar conforme o arranjo previsto e bater a radiografia; 
11 • Processamento do filme; 
12 • Laudo; e 
13 • Relatar os resultados. 
 
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Descontinuidades Internas em Juntas Soldadas 
Conforme mencionado anteriormente, são diversas as descontinuidades 
que poderão permanecer internas a solda ou não, durante a soldagem 
por fusão, estando cada uma associada a determinada(s) causa (s). 
As descontinuidades internas, na sua maioria, são detectáveis pelo 
ensaio radiográfico (Raios-X ou Raios-γ). Para ilustrar, na figura 17, são 
apresentadas algumas das mais frequentes. 
 
Figura 17: Exemplos de radiografias de juntas soldadas com indicações de 
descontinuidades. 
 
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Vantagens 
• Registro permanente dos resultados. 
• Detecta facilmente defeitos volumétricos, tais como: porosidades, 
inclusões, falta de penetração, excesso de penetração. 
 
Limitações e desvantagens 
• Descontinuidades bidimensionais, tais como: trincas, duplas-
laminações e faltas de fusão, são detectadas somente se o plano 
delas estiver alinhado ao feixe de radiação. 
• É necessário o acesso a ambas as superfícies de uma peça para 
radiografá-la. 
• Dependendo da geometria da peça, não é possível obter 
radiografias com qualidade aceitável, que permitam uma 
interpretação confiável. 
• A radiografia afeta a saúde dos operadores, inspetores e do público 
e deve, por isso, ser criteriosamente utilizada. 
• É necessária a interrupção de trabalhos próximos para a exposição 
da fonte. 
• O custo do equipamento e material de consumo são relativamente 
altos. 
• É um ensaio relativamente demorado. 
• No caso de raios-X, o aparelho não é totalmente portátil, 
dificultando a execução de radiografias em lugares de difícil acesso. 
• A interpretação requer experiência e conhecimento dos processos 
de soldagem, para identificação correta das descontinuidades.
 
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Você estudou neste texto que o método da radiografia consiste 
basicamente no uso de radiação eletromagnética penetrante para se 
verificar a presença de descontinuidades internas. No caso da 
radiografia industrial sua utilização visa descobrir falhas presentes em 
áreas do material que apresentem diferenças de espessura ou 
densidade. 
Teste agora o seu nível de compreensão do texto respondendo às 
questões de revisão. Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra 
aos tutores para resolver suas dúvidas. 
 
Questões de Revisão 
 
1 – Os ensaios não-destrutivos que utilizam a radiação eletromagnética 
para inspeção envolvem os processos de radiografia e gamatografia, 
realizados com Raios-X e Raios-Gama. Sobre esses ensaios responda: 
a) O que são e como são produzidos os raios-X e raios-Gama? 
b) Que diferenças existem entre ambos os raios? 
c) Como se caracterizam os aparelhos que geram cada um desses 
raios? 
d) Quais são as vantagens e limitações relativas ao ensaio? 
 
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2- Os raios-X utilizados para fins industriais e hospitalares são gerados 
no tubo de Coolidge. Apresente o processo que ocorre dentro desse tubo 
para a transformação de raios-X, aproveitando para descrever os 
componentes existentes e suas respectivas propriedades. 
3 – Os equipamentos de raios-X industrial se dividem em dois 
componentes capazes de determinar o que o equipamento pode ou não 
fazer. Explicite quais são esses dois componentes juntamente com suas 
definições. 
4 – Sabe-se que quando o inspetor interpreta uma radiografia, ele está 
vendo os detalhes da imagem em termos de quantidade e luz que passa 
através do filme revelado. Explique o que os filmes radiográficos 
correspondem e como se analisam os resultados após a radiação. 
5 – Quando se deseja julgar a qualidade da imagem em uma radiografia 
utilizam-se os Indicadores de Qualidade de Imagem (IQI) também 
reconhecidos como Penetrametros. Indique no que consiste esses 
indicadores e como são utilizados para avaliar a técnica radiográfica. 
6 – Estabeleça a relação entre as Telas Intensificadoras (écrans) e os 
ensaios radiográficos industriais, ressaltando as funcionalidades das Telas 
Intensificadoras. 
7 – Descreva a sequência de etapas no qual envolve o ensaio radiográfico.

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