Buscar

Urgência e Emergência em Saúde Mental

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
EM SAÚDE MENTAL
O ACOLHIMENTO DAS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
 
 Diana Malito
OBJETIVOS DA AULA:
O campo de trabalho na Saúde Mental se caracteriza por demandas peculiares e complexas. Urgência e emergência em saúde mental não se restringem a episódios de crise. 
Faz-se necessário desmistificar a ideia de caracterizar como urgente ou emergencial apenas situações extremas de alvoroço e confusão. Assim, propomos: 
 Diferenciar urgência e emergência através da avaliação de níveis de complexidade;
 Pensar estratégias de acolhimento e encaminhamento dessas situações. 
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA:
Todas as demandas que chegam aos serviços de saúde mental devem ser acolhidas, assim como todos os pacientes devem receber tratamento adequado. Algumas situações, entretanto, exigem maior intensificação das intervenções. 
Por exemplo: rompimento de vínculos comunitários e/ou familiares, perda de interesse pela vida, agravamento de sintomas, situações que colocam a vida do paciente ou de terceiros em risco, abandono do tratamento, impossibilidade de sair de casa, efeitos colaterais de medicações, etc. 
Dependendo do contexto e do nível de complexidade, as demandas serão classificadas em urgência ou emergência.
ALGUNS EXEMPLOS:
 Perturbação de funções fisiológicas (sono, apetite ou outras); 
 Dificuldade de auto cuidado e higiene;
 Exposição não habitual (ex.: despir-se na rua, falar na frente todos questões que costumeiramente não falaria);
 Isolamento e/ou apatia excessivos; 
 Acumulação de lixo no local onde vive (ex.: restos de comida, excrementos);
 Hostilidade nas relações familiares e sociais sem motivo aparente; 
 Ideações suicidas ou tentativas recentes (planejadas ou súbitas);
 Auto agressões, auto mutilações; 
 Comportamento caótico, não consegue mais realizar movimentos e ações de forma organizada;
 Agressão a familiares, vizinhos, ou mesmo desconhecidos (geralmente quando o paciente sente-se perseguido ou influenciado por uma pessoa específica); 
 Negligência a recém-nascidos (ocorre geralmente em psicoses ou depressão desencadeadas após o parto). 
URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA?
 Ambas as situações requerem maior rapidez e intensificação nas estratégias de cuidado. A diferença está na dimensão dos riscos envolvidos e o tempo do qual se dispõe para intervir. Assim:
 Urgência: a situação é grave, mas controlável, evolui mais lentamente, o desfecho não é iminente, e a intervenção pode ser retardada por um breve período. 
 Emergência: a gravidade é indiscutível, há distúrbios psíquicos agudos e graves, com potencial para um desfecho catastrófico, e necessidade de intervenção imediata. 
No concreto, esse limiar nem sempre é nítido.
ALGUNS CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO:
A classificação da gravidade das situações depende da avaliação da equipe, a partir do cruzamento de diversos fatores. Alguns critérios prioritários devem ser considerados: 
 Agudização dos sintomas (piora, exacerbação). 
 Noção de morbidade do paciente, isto é, se há crítica frente aos sintomas e ao sofrimento vivenciado.
 Preservação ou rompimento dos vínculos relacionais. 
 Histórico da evolução do caso: se a situação já ocorreu antes, se ocorre com frequência, se há histórico de internação, se o paciente responde bem a medicação, etc.
Alguns critérios não são prioritários na identificação da urgência ou emergência:
 O tipo do transtorno mental, embora importante na avaliação dos casos, não define sua gravidade. Ex. Casos de psicose não são necessariamente mais graves do que certos casos de neurose.
 A dimensão do alvoroço provocado pelo paciente não qualifica por si só a gravidade do caso. A desorganização, a confusão e o comportamento violento são características mais facilmente associadas a situações emergenciais. Entretanto, o choro, o isolamento, a apatia, são expressões as quais deve-se estar atento. Ex. Riscos de suicídio.
PONTOS DE APOIO NO MAPEAMENTO DAS SITUAÇÕES:
A agudização da sintomatologia, indica a classificação dos riscos envolvidos. Observar se: 
 Há atividade delirante e/ou alucinatória perturbadora; 
 Há agitação psicomotora intensa, dificilmente suportável para o paciente ou terceiros;
 Há lentificação psicomotora, isolamento e estupor; 
 Há intoxicação por substâncias*;
 Há ideação suicida, relatos de ideias ou tentativas concretas de autoagressão;
 Os sintomas estão prejudicando acentuadamante o sono, o apetite ou outras funções fisiológicas.
 
 
PONTOS DE APOIO NO MAPEAMENTO DAS SITUAÇÕES:
A receptividade do paciente à ajuda ofertada auxilia na identificação do nível de gravidade. Observar: 
 Como o paciente vivencia e justifica seus sintomas atuais; 
 Como reage à abordagem do profissional; 
 Se está com medo, sente-se encurralado ou sem saída; 
 Como avalia suas relações com o círculo social, o trabalho, consigo próprio; 
 Como age diante dos familiares e/ou outros acompanhantes presentes; 
 Se está ou já esteve vinculado a algum tratamento em Saúde Mental e/ou na Atenção Básica. 
 
PONTOS DE APOIO NO MAPEAMENTO DAS SITUAÇÕES:
O apoio de familiares e o suporte social, indicam o nível de complexidade que será exigido na intervenção. Observar: 
 Qual a posição da família: confusão, perplexidade, medo do paciente, preocupação com o seu estado, indiferença, etc.; 
 Como o paciente se sente com relação a família;
 Se a família ou acompanhantes se comprometem com o tratamento proposto para o paciente; 
 Se há outros parentes, vizinhos, amigos, que possam ajudar;
 Atentar-se para as condições materiais de sobrevivência e moradia.
 
RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS:
As situações de urgência e emergência não são de responsabilidade apenas do técnico de referência do caso, mas de toda a equipe (recepcionista, oficineiro, farmacêutico, técnico de enfermagem, etc.). O modelo de cuidado substitutivo ao Hospital, rompe com a “psiquiatrização” do tratamento, compartilhando as responsabilidades entre a rede de cuidado, a família e o usuário.
 
QUANDO A URGÊNCIA/EMERGÊNCIA PARTE DO PROFISSIONAL DE SAÚDE:
O apelo das situações de sofrimento psíquico podem provocar angústia nos profissionais. Não suportando lidar com determinadas demandas, buscam resoluções imediatas. 
Algumas atitudes auxiliam no enfrentamento desse mal estar:
 Supervisão clínico-institucional e reuniões de equipe: compartilhar impressões auxilia a colocar os acontecimentos em perspectiva;
 Compreender distinções entre atendimento resolutivo, atendimento ineficaz e atendimento acolhedor;
 Atentar-se para os protocolos de fluxo estabelecidos nos serviços auxilia a não contar apenas com o improviso nas situações mais críticas;
 Atentar-se para a problematização de demandas automáticas. O acolhimento das situações de urgência e/ou emergência exige antes de tudo, suportar a angústia dos pacientes e familiares, a fim de traçar as estratégias de cuidado necessárias. 
ESTRATÉGIAS DE CUIDADO:
 Falar com o paciente a sós; não desmenti-lo nem enganá-lo; explicar as medidas tomadas; não tratá-lo como “objeto” porque se encontra numa situação difícil; 
 Prestar orientação e apoio a família, mas numa atitude de parceria, não de cumplicidade;
 Avaliar a medicação, vinculação ao serviço, necessidade de encaminhamento externo, etc.;
ESTRATÉGIAS DE CUIDADO:
 A adesão é facilitada quando o paciente possui vínculo de confiança com a equipe;
 É dificultada quando conhece apenas formas autoritárias e excludentes de tratamento, como a internação em hospital psiquiátrico;
 Quanto maior o suporte sócio-familiar, maiores as chances de tratá-lo em serviços de menor complexidade.
 Se o paciente não consegue
chegar até nenhum serviço da saúde mental, a equipe deve se organizar para chegar até onde ele estiver (em outro serviço de saúde, em casa, na rua)
Ex.: pessoas que se recusam a sair da cama; desenvolvem medo do local de tratamento, de andar na rua; estão em período de errância, etc. 
 
 O cuidado ofertado ao paciente deve considerar tanto as medidas imediatas a serem tomadas, quanto o processo de acompanhamento, que podem envolver:
A Rede de Saúde Mental
A Rede de Atenção Básica
A Rede de Emergência
A Rede socioassistencial
 
AS REDES E A INTERSETORIALIDADE:
PRÓXIMA AULA:
Outro olhar para a “Crise” na Saúde Mental 
REFERÊNCIAS :
BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, nº34. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf>
LOBOSQUE, Ana Marta. Curso de Urgência e Emergência para profissionais de saúde. Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais – SUS, 2006-2007. <http://ead.esp.mg.gov.br/esm/UrgenciaSaudeMentalAula1.pdf
 
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes