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CCJ0020-WL-B-RA-01-Direito Constitucional II-Organização do Estado - Federação

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Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Constitucional II 
Profa.: Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha 
Disciplina: 
CCJ0020 
Aula: 
001 
Assunto: 
Organização do Estado - Federação 
Folha: 
1 de 16 
Data: 
25/07/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
Plano de Aula: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: FEDERAÇÃO 
DIREITO CONSTITUCIONAL II 
Título 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: FEDERAÇÃO. 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
1. 
Tema 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: FEDERAÇÃO. 
Objetivos 
Ao final desta aula o Estudante deverá ser capaz de: 
 
●- Compreender a organização do Estado brasileiro; 
●- Analisar os entes federativos brasileiros; 
●- Identificar os conflitos federativos. 
Estrutura do Conteúdo 
1.1. Regras de organização 
1.1.1. Adoção da federação. 
1.1.2. Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. 
1.1.3. Capital Federal. 
1.1.4. União. 
1.1.5. Estados-membros. 
1.1.6. Autonomia estadual. 
1.1.7. Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. 
1.1.8. Municípios. 
1.1.9. Lei orgânica municipal. 
1.1.10. Prefeito municipal - responsabilidade criminal e política 
1.1.11. Vereadores - imunidade material. 
1.1.12. Distrito Federal. 
1.1.13. Territórios. 
1.1.14. Formação dos Estados. 
1.1.15. Fusão (incorporação entre si). 
1.1.16. Subdivisão. 
1.1.17. Desmembramento. 
1.1.18. Formação de municípios. 
1.1.19. Vedações constitucionais de natureza federativa. 
 
O Federalismo 
 
O federalismo é em um tema relevante tanto ao pesquisador do Direito Constitucional quanto àquele que se 
dedica ao estudo da Ciência Política. O Direito Constitucional, pelo conteúdo material da Constituição, dedica-se 
ao estudo da organização e do funcionamento do Estado, promovendo um estudo da anatomia do Estado. O 
federalismo, como forma de Estado, liga-se à esta anatomia, pois apresenta a divisão do território do Estado em 
diferentes entes estados-federados, exercendo cada qual sua parcela de competência constitucionalmente 
estabelecida (CAMARGOS e ANJOS, 2009:81). 
Para a Ciência Política, que possui como objeto o poder político, o federalismo trata da divisão do poder 
político através da federação. Na visão de Arend LIJPHART (2003:213): 
Neste capítulo, abordo a primeira variável da dimensão federal unitária (poder dividido): o federalismo e a 
descentralização versus governo unitário e centralizado. É adequado conceder esse primeiro lugar de honra ao 
federalismo, porque ele pode ser considerado o método mais típico e drástico da divisão do poder: ele divide o 
poder entre níveis inteiros do governo. De fato, como termo da ciência política, a divisão do poder é normalmente 
usada como sinônimo de federalismo. 
Desta forma, compreender o federalismo como fenômeno de divisão do poder é o mesmo que analisá-lo 
como a divisão do principal objeto de estudo da Ciência Política. Este ponto, portanto, agrega mais um elemento a 
nossa afirmação que os discursos do Supremo Tribunal Federal acerca da intervenção federal são políticos. 
O federalismo como forma de Estado se apresenta como uma construção do século XVIII, mais 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Constitucional II 
Profa.: Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha 
Disciplina: 
CCJ0020 
Aula: 
001 
Assunto: 
Organização do Estado - Federação 
Folha: 
2 de 16 
Data: 
25/07/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
precisamente ligada ao movimento constitucionalista norte-americano, que sucedeu a revolução da independência 
americana. 
Para tratarmos das origens do federalismo norte-americano é necessário discorrer sobre um de seus 
importantes pressupostos: a Constituição norte-americana. O constitucionalismo norte-americano, cujo legado 
apresentou ao mundo, através da Convenção de Filadélfia, a primeira Constituição escrita em 1787, e uma forma 
de Estado até então desconhecida, que é federal, remonta ao período de aparecimento do próprio estado 
americano. A Constituição norte-americana se apresenta como fundamento de validade do federalismo. 
Como nos dizem CAMARGOS e ANJOS (2009:83), cientistas políticos brasileiros que se dedicam ao 
estudo do federalismo americano: 
Foi da união das treze ex-colônias inglesas, formadas por indivíduos oriundos da Inglaterra, que se 
dirigiram para o novo mundo por razões religiosas, políticas e econômicas, que se criou inicialmente uma 
Confederação no momento imediatamente posterior a independência. Confederação esta que promoveu 
ajustamentos e uma maior aproximação entre os Estados confederados, de forma a fazer surgir uma Federação. 
Na Federação cada uma das treze ex-colônias, que se constituíam anteriormente em Estados 
confederados, tiveram de abrir mão da soberania de que eram dotadas para constituir um poder que se colocava 
em uma instância superior e que abrangesse a todas elas, sendo portanto a soberania atribuída a esse poder, 
surgindo assim o Estado Federal. 
Segundo Alexander HAMILTON (2003:71), autor de "O Federalista", obra referência a respeito desta nova 
forma de organização do Estado, a autonomia dos estados membros combinada com uma união sólida e 
indissolúvel entre eles é a marca distintiva de uma federação, como confirma o texto do próprio autor transcrito 
abaixo: 
Uma União sólida terá a máxima significação para a paz e para a liberdade dos estados-membros, como 
uma barreira contra facções e insurreições internas. É impossível ler a história das pequenas repúblicas da Grécia 
sem um sentimento de horror e pena ante as agitações a que elas foram continuamente submetidas e a rápida 
sucessão de revoluções que as deixavam em estado de constante oscilação entre os extremos da tirania e 
anarquia. 
É de se notar, no caso da federação dos Estados Unidos da América do Norte, que houve uma constante 
preocupação com as questões relacionadas à política externa, de comércio e segurança dos estados federados 
reunidos em torno da União. Todavia, a maior preocupação esteve em torno das crises internas que as ex-
colônias, transmutadas em Estados Confederados, e, posteriormente, em estados federados teriam de enfrentar. 
A autonomia é uma prerrogativa de poder de ente político, própria do Estado federal, que se distingue da 
soberania do Estado, na medida em que não é poder independente. Entretanto, tem como prerrogativas básicas a 
auto organização, pela qual o estado membro pode elaborar sua própria constituição e suas leis; o autogoverno 
que dá ao povo do estado membro o direito de escolher seus governantes tanto no plano do legislativo, como do 
executivo e do judiciário. E a ainda a autoadministração, que permite ao estado membro organizar e gerir sua 
máquina burocrática (DALLARI, 2009). Em razão de peculiaridades de sua história política, o federalismo norte-
americano apresenta grande acentuação na autonomia dos estados federados. 
Mais uma vez podemos citar o trecho de CAMARGOS e ANJOS (2009: 84): 
Na experiência constitucional norte-americana a democracia é verdadeiro pressuposto do federalismo. A 
forma de estruturação do Estado Federal considera a participação dos cidadãos, seja através do exercício do 
direito de escolha de seus representantes pelas eleições, seja como destinatários das políticas públicas e 
competências constitucionais desempenhadas pelo governo federal ou pelos governos estaduais. Originalmente a 
soberania dos Estados Confederados, que criaram a Federação na Convenção de Filadélfia em 1787, certamente 
extraíram esta expressão de poder através da manifestação da vontade de seu povo. Desta forma, tanto o 
governo federal como os estaduais apresentam estruturalmente uma relação de dependência para com o cidadão 
eleitor, estando bastante evidenciado que os que governam exercem um mandato político devendo estrita 
fidelidade a quem os elegeu. 
Para trabalharmoscom as características da federação, vamos lançar mão de um instrumento 
metodológico weberiano (WEBER,1964) que é o tipo ideal. Trata-se da construção de um modelo que traça uma 
espécie de caricatura simplificada da realidade social estudada e que não pretende esgotar as características das 
experiências históricas de cada Estado. Segundo WEBER (1964) dada a diversidade das peculiaridades locais, o 
tipo ideal é instrumento essencial para não cairmos no relativismo extremado, o que nos possibilita comparar 
certos aspectos de um fenômeno social. 
A principal característica do Estado federal, como já salientamos, é a descentralização administrativa e 
política. O que torna esta forma de organização bastante sofisticada é que o poder neste tipo de Estado seja 
dividido em diferentes funções de poder (Legislativo, Executivo e Judiciário), e estas reproduzidas simetricamente 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Constitucional II 
Profa.: Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha 
Disciplina: 
CCJ0020 
Aula: 
001 
Assunto: 
Organização do Estado - Federação 
Folha: 
3 de 16 
Data: 
25/07/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
em todos os níveis da federação. 
Outro elemento fundamental que integra a organização federativa é a existência da manifestação livre e 
eficiente da vontade dos representantes de cada um dos estados federados no sentido de criar a união de todos 
eles, formando assim o Estado federal. Tal fenômeno é denominado de pacto federativo e ele fica estabelecido na 
Constituição federal. 
Com relação ao Direito Constitucional brasileiro José Alfredo de Oliveira BARACHO (1982:54), em obra 
denominada Teoria Geral do Federalismo assim afirma: 
Tecnicamente, o federalismo é uma divisão constitucional de poderes entre dois ou mais componentes 
dessa figura complexa que decorre da existência de um Estado que possa apresentar formas de distribuição das 
tarefas políticas e administrativas. 
Em outras palavras, a descentralização do Estado federal gera a necessidade de repartição de 
competências a serem exercidas pelo Estado federal e pelos estados federados. Esta repartição de competências 
se constitui na grande tarefa do legislador constituinte de forma a harmonizar o exercício do poder por parte de 
todos os estados que integram a federação e o Estado Federal [1]. 
Segundo Raul Machado HORTA (2002:306): 
Se a tendência ocorrida no federalismo é a de fortalecimento do poder central da União Federal, tem-se o 
chamado federalismo contrípeto ou centrípeto, conforme queiram. Por outro lado, se a tendência é de 
fortalecimento dos estados integrantes da federação, diz-se que o federalismo é centrífugo. Havendo equilíbrio 
entre estas duas forças, qual seja, entre o Estado Federal e os estados federados, diz-se que o federalismo é de 
cooperação. 
Por outro lado, o federalismo centrífugo é aquele que fará um caminho oposto. O federalismo centrífugo se 
dirige para a periferia do Estado Federal. Nele não haverá necessariamente maior descentralização, mas 
sobretudo uma tendência à descentralização ao longo do tempo. Exemplo notável é o federalismo brasileiro, que 
surgiu originariamente de um Estado Unitário extremamente centralizador e se direciona ao longo da história 
republicana brasileira a dar maior leque de competências aos estados, seguindo no sentido da descentralização. 
É ainda Raul Machado HORTA (2002: 307) quem aponta como principais características do federalismo e 
que se constituem como seus princípios, técnicas e instrumentos operacionais os seguintes elementos: 
a) A decisão constituinte criadora do Estado Federal e de suas partes indissociáveis, a federação ou 
União, e os estados-membros; [2]. 
b) A repartição de competências entre a federação e os estados-membros; [3]. 
c) O poder de auto-organização constitucional dos estados-membros, atribuindo-lhes autonomia 
constitucional; [4]. 
d) A intervenção federal, instrumento para restabelecer o equilíbrio federativo, em casos 
constitucionalmente definidos; [5]. 
e) A Câmara dos Estados, como órgão do Poder Legislativo Federal, para permitir a participação do 
estado-membro na formação da legislação federal; [6]. 
f) A titularidade dos estados-membros, através de suas Assembleias Legislativas, em número qualificado, 
para propor emenda à Constituição Federal; [7]. 
g) A criação de novo estado ou modificação territorial de estado existente dependendo da aquiescência da 
população do estado afetado; [8]. 
h) A existência do Poder Judiciário Federal de um Supremo Tribunal Federal ou Corte Suprema, para 
interpretar e proteger a Constituição Federal, e dirimir litígios ou conflitos entre a União, os Estados e 
outra pessoas jurídicas de direito interno. [9]. 
 
Finalmente, ainda cabe destacar que as entidades federativas independentemente do tamanho de sua 
população, de sua participação no produto interno bruto do Estado Federal, ou de sua extensão territorial, têm 
entre si plena condição de igualdade formal, igualdade esta que é estabelecida pelas normas constitucionais. 
Após termos apresentado, com fins comparativos, as noções gerais do federalismo como um fato 
característico da história política e constitucional norte-americana, importante se torna compreender como esta 
forma de organização do poder político se aclimata no processo histórico-político brasileiro. 
Em outras palavras, para que possamos entender as representações e significações existentes acerca da 
intervenção federal, devemos contextualizar o que vem a ser federação a brasileira. 
 
[1] Esta divisão na ordem constitucional vigente no Brasil encontra-se insculpida entre os arts. 21 a 25; 30 e 32 da 
CRFB/88. 
[2] "Esta primeira característica faz menção à decisão criadora da federação que já mencionamos anteriormente e 
 
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Turma A – Manhã - 2012.1 
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que é também denominada pacto federativo. O pacto federativo representa a expressão da vontade dos 
representantes dos estados que integram a federação de participar da criação do Estado Federal. Esta vontade 
é expressa na Constituição. Aqui é também apresentada a característica de que os estados federados se 
constituem em partes indissociáveis, não podendo nenhum deles optar por não fazer mais parte da federação, 
posto que ao nela adentrarem abriram mão de significativa parcela de soberania de que eram dotados, 
restando-lhes a autonomia". (HORTA, 2002:307). 
[3] "A repartição de competências aqui mencionada há de ser expressa no texto constitucional e há de delimitar as 
competências legislativas e administrativas do ente federal e dos entes federados. Ao repartir a competência a 
Constituição não há de hierarquizar ou subordinar os entes federados ao federal, mas irá definir o âmbito de 
atuação de cada um deles. Esta repartição de competências se constitui no cerne da disciplina constitucional 
acerca do federalismo. É certo que a competência afeta os órgãos do Poder Judiciário Federal e do Poder 
Judiciário dos estados, muito embora não seja apresentada como repartição de competências relacionadas ao 
federalismo, é de todo correto afirmar que sua definição é corolário do federalismo." (HORTA, 2002:307). 
[4] "Esta capacidade de auto-organização dos estados-membros possui limitações e condicionamentos que são 
expressos pelo texto da Constituição Federal. Aqui há um estado dentro do Estado e esta capacidade de se 
organizar autonomamente é manifestação do poder constituinte decorrente e as Constituições Estaduais 
devem ser elaboradas em conformidade com os princípios e preceitos da ConstituiçãoFederal. Cumpre 
evidenciar que a soberania é atributo exclusivo do poder federal." (HORTA, 2002:307). 
[5] "A regra geral que vigora no federalismo é a de que o ente político mais abrangente irá respeitar a autonomia 
do ente político menos abrangente; excepcionalmente e em casos definidos taxativamente na Constituição 
Federal, a União Federal intervirá nos estados ou diretamente nos municípios quando estes infringirem os 
chamados princípios constitucionais federais sensíveis. A intervenção é um mecanismo de defesa da própria 
federação, seja contra interferências externas ao Estado Federal, e principalmente em razão das intempéries 
ocorridas nos estados federados. Várias são as maneiras de se desencadear o processo interventivo, e quando 
este é desencadeado muitos são os mecanismos e instrumentos constitucionais para mantê-lo como uma 
medida estrita, temporária e da mais absoluta excepcionalidade." (HORTA, 2002:307). 
[6] "O federalismo pressupõe um Poder Legislativo bicameral, onde uma das Casas Legislativas é constituída de 
representantes do povo e a outra Casa Legislativa será constituída pelos representantes dos estados 
federados. Como expressão da absoluta igualdade entre os estados integrantes da federação, cumpre destacar 
que o número de representantes por estado é o mesmo para cada um dos estados. Esta Casa Legislativa 
autoriza o estado federado a participar das principais decisões legislativas tomadas no âmbito federal. Muito 
embora a federação nos apresente dois estados de competências diferenciadas, é forçoso considerar que o 
estado federado apresenta estruturas que estão amalgamadas no Estado Federal e uma delas e de 
considerável relevo é a Casa Legislativa dos estados que compõem o Poder Legislativo Federal." (HORTA, 
2002:307). 
[7] "Qualquer necessária alteração do texto da Constituição Federal deve ser acessível aos estados federados e 
normalmente esta possibilidade de propor emendas a Constituição Federal se dá através dos órgãos 
legislativos estaduais." (HORTA, 2002:307). 
[8] "Esta característica é certamente conseqüência direta da autonomia dos estados federados. Qualquer mudança 
substancial na estrutura da federação ou dos estados federados vai depender da aquiescência direta da 
população diretamente interessada. Estas formas de consulta popular se constituem resquícios de democracia 
direta e normalmente se dão através do plebiscito ou do referendo, conforme o momento em que sejam 
realizados." (HORTA, 2002:307). 
[9] "Um órgão de cúpula no Poder Judiciário que exerça a jurisdição das questões afetas à Constituição Federal. 
Que esta mesma estrutura de poder jurisdicional venha a dirimir conflitos entre a União e qualquer que seja a 
parte, entre os estados federados e pessoas de direito público interno. Fica evidenciada também a 
preocupação de preservação da Constituição Federal através do controle de constitucionalidade concentrado 
em um órgão jurisdicional. Há também a peculiar característica de que a União ou o Estado Federal não fique 
sujeito à jurisdição de justiças estaduais." (HORTA, 2002:307). 
 
O Federalismo no Brasil 
 
A constituição imperial brasileira estabelecia um Estado unitário, apresentando como características a forte 
centralização política e administrativa. É certo que esta centralização decorrente da forma de Estado unitário em 
muito auxiliou na construção da unidade nacional, impedindo assim que o país se desagregasse em razão das 
inúmeras revoltas que ocorreram no seio das províncias (CHACON, 1987). 
 
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Direito Constitucional II 
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Organização do Estado - Federação 
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5 de 16 
Data: 
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No Brasil, a transição da monarquia para a república e do Estado unitário para o Estado federal não se 
constituiu em um processo lento, mas sim relativamente breve. O fato é que esta grande transformação na vida 
política nacional foi obra de alguns poucos intelectuais e militares de alta patente, não tendo havido participação 
popular na deflagração deste processo (CAMARGOS e ANJOS, 2009). 
Discorrendo sobre o assunto em obra que se tornou referência neste tema, José Murilo de CARVALHO 
(1991:68) assim afirma: "Estas observações não estão, no entanto, distantes da frase de Aristides Lobo, segundo o 
qual o povo teria assistido bestializado à proclamação da República, sem entender o que se passava". 
É necessário que se evidencie que o grau de alienação do povo no que se refere ao momento político 
nacional não era muito diferente da ausência de participação das lideranças políticas existentes nas províncias no 
que se refere à adoção do federalismo como forma de Estado. A república e o federalismo foram um movimento 
de intelectuais e militares que residiam na Corte e na província de São Paulo. As demais províncias não tomaram 
parte significativa no evento histórico, e se é certo que o pacto federativo não exige um momento histórico para 
sua caracterização, no Brasil ele foi expresso com a elaboração da Constituição Republicana de 1891 
(CAMARGOS e ANJOS, 2009). 
É certo que na Constituição de 1934 muitas das competências administrativas e legislativas atribuídas aos 
estados anteriormente foram transferidas para a União. Entretanto, em 1937, com o advento do golpe dado por 
Getúlio Vargas, a outorga de uma nova Constituição e a instituição da ditadura do Estado Novo até 1945, o Brasil 
viveu momentos de grande centralização política, quando os estados passaram a não ter sequer o peso político 
apresentado nos anos posteriores à 1ª República. 
Sob a vigência da Constituição de 1946, o país viveu novo período de democratização e os estados da 
Federação passaram a atuar no cenário político nacional com maior desenvoltura, entretanto, esta Constituição 
adotou os mesmos moldes de concentração de competências administrativas e legislativas no rol deferido à União 
(CAMARGOS e ANJOS, 2009). Com o advento do golpe militar de 1964, que institui a ditadura e culminou na 
Constituição de 1967 e emenda nº 1 de 1969, retornando a um período de forte centralização e autoritarismo por 
parte da União federal, havendo aqui verdadeira submissão dos estados federados à União. 
Com a redemocratização do país e a convocação da Assembléia Nacional Constituinte no ano de 1986, 
cujo trabalho redundou na Constituição de 1988, o país retornou ao estado de direito, direito este elaborado e 
exercido legitimamente. Em que pesem os reveses políticos enfrentados pelo país em sua história republicana o 
fato é que as dimensões territoriais brasileiras, que são de grandes proporções, impõem para maior eficiência na 
administração da coisa pública a descentralização tanto política como administrativa. 
A Carta Política de 1988 estabeleceu em seu art. 1º => A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: É de se perceber que houve grande inovação da Constituição ao estabelecer que o Brasil 
é uma federação constituída por estados, municípios e pelo distrito federal, inovação esta que se dá por alçar o 
município a um ente autônomo da federação. É de amplo conhecimento a federação constitui-se tão somente de 
estados, que juntamente com a união apresenta o seu aspecto dualista, daí a grande inovação na nova estrutura 
apresentada pelo federalismo brasileiro. 
O art. 18 da Constituição da República apresenta o município como parte integrante da organização política 
administrativa da República Federativa do Brasil ao lado da União, dos Estados e do Distrito Federal, sendo todos 
dotados de autonomia. 
A federação brasileira adquiri certa peculiaridade ao apresentar três esferas de governoque seriam a 
União, os estados e os municípios, mas autores como José Afonso da Silva questionam se o município foi, de 
fato, elevado à categoria de ente federativo (SILVA, 2007: 641): 
E os Municípios transformaram-se mesmo em unidades federadas - A Constituição não o diz. Ao contrário, 
existem onze ocorrências das expressões -unidade federada e unidade da Federação- referindo-se apenas aos 
Estados e ao Distrito Federal, nunca envolvendo os Municípios. 
A Constituição de 1988, seguindo o exemplo das constituições anteriores, estabeleceu as hipóteses em que, 
excepcionalmente, a União poderia vir a intervir nos estados federados. O instituto da intervenção federal 
encontra-se nas circunstâncias enumeradas nos incisos do art. 34 da Carta Política [1]. 
Na história do federalismo brasileiro é possível notar que a intervenção, notadamente por ser medida 
excepcional, foi utilizada com muita parcimônia, principalmente no período em que vivemos certa normalidade 
política e democrática. Entretanto, na ditadura de Getúlio Vargas, de 1937 a 1945, e durante a ditadura militar de 
1964 a 1984, a intervenção foi utilizada com maior frequência (CAMARGOS e ANJOS, 2009). 
 
[1] "Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional; 
 
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II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de 
força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos 
estabelecidos em lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a 
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e 
serviços públicos de saúde." 
Aplicação Prática Teórica 
Prova: 29º Exame de Ordem - 1ª fase 
 
1 - Considerando as normas constitucionais acerca da estrutura federal brasileira na Constituição, julgue os itens 
abaixo (C - Certo/E- Errado): 
 
I. No sistema constitucional positivo do Brasil, os municípios são integrantes da Federação, apesar de não 
possuírem as mesmas competências e os mesmos poderes da União e dos Estados. (CERTO). 
II. Dos municípios do Distrito Federal, Brasília é a capital dessa unidade da Federação, a qual acumula as 
competências dos estados-membros e dos municípios. (ERRADO. O Distrito Federal é uma Unidade da 
Federação, porém, de natureza híbrida, pois possui algumas características de Estado e outras de município. A 
Conxstituição Federal em seu art. 32 veda sua divisão em municípios. Além disso, Brasília não é a capital dessa 
federação, e sim a Capital Federal). 
III. Considere a seguinte situação hipotética: Em um determinado Estado da Federação, o governador deixou de 
cumprir decisões do tribunal de justiça, o qual, mediante requerimento da parte interessada, comunicou a 
desobediência ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), para fins de intervenção federal. O STJ julgou procedente o 
pedido de intervenção federal e, após gestões inúteis, decretou a intervenção no Estado. Na situação apresentada, 
o STJ agiu conforme lhe autoriza a Constituição. (ERRADO. Tratando-se de descumprimento de Decisão Judicial, 
proveniente de um Tribunal de Justiça => Art. 34, VI, CRFB – sendo uma das hipóteses de intervenção federal, a 
SUS decretação depende de requisição do STJ – Art. 36, II, CRFB – e não há competência deste Tribunal 
Superior para julgar um pedido de intervenção, tão pouco decretá-la, uma vez que a competência para decretar e 
executar tal intervenção é Privativa do Presidente da República – Art. 84, X CRFB: Art. 84. Compete 
privativamente ao Presidente da República: X - decretar e executar a intervenção federal). 
 
IV. Considere a seguinte situação hipotética: Dois Estados-membros vizinhos constataram que em suas 
populações havia o desejo de unirem-se em uma só unidade da Federação. Em face disso, cada um realizou 
plebiscito no respectivo território, sendo aprovada a fusão entre ambos. O resultado dos plebiscitos foi 
comunicado ao Congresso Nacional, que o aprovou, por lei complementar, dando nascimento ao novo Estado. 
Nesse caso, foi constitucionalmente válida a criação da nova unidade da Federação. (CERTO). 
 
A) I - E; II - E; III - E; IV - C; 
B) I - C; II - E; III - E; IV - C; 
C) I - C; II - C; III - E; IV - E; 
D) I - E; II - C; III - E; IV - E. 
 
RESPOSTA: B. I - C; II - E; III - E; IV - C. 
 
Prova: 23º Exame de Ordem - 1ª fase 
 
 
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Disciplina: 
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Assunto: 
Organização do Estado - Federação 
Folha: 
7 de 16 
Data: 
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MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
2 - No que tange à Federação Brasileira, é lícito afirmar: 
 
A) A forma federativa de Estado acolhida no Brasil, segundo os princípios essenciais que a presidem, admite 
a secessão de Estados federados; (ERRADO. A forma federativa do Estado, no Brasil, foi alçada como 
Cláusula Pétrea quando da elaboração da Constituição Federal de 1988 – Art. 60, §4°. Admitindo, caso 
necessário, a intervenção federal nos Estados-membros para manter a integridade nacional. Portanto não 
há o direito de secessão de estado neste modelo). 
B) É facultado à União intervir, diretamente nos Estados federados; (ERRADO. Em alguns casos a 
intervenção é espontânea, ou seja, o Presidente da República age de ofício => Art. 34, I, II, III e V CRFB, 
e em outros dependerá de solicitação ou requisição => Art. 34, IV, CRFB). 
C) As leis orgânicas municipais são votadas e promulgadas pelas respectivas Câmaras municipais, não se 
expondo ao poder de sanção ou de veto dos Prefeitos Municipais; (CERTO). 
D) A decretação de estado de sítio, pelo Presidente da República, no caso de comoção grave de repercussão 
nacional, independe de autorização do Congresso Nacional e não poderá ser por prazo superior a trinta 
dias improrrogável em qualquer hipótese. (ERRADO. A decretação do estado de sítio, pelo Presidente da 
República, depende de autorização do Congresso Nacional => Art. 137, CRFB, e, além disso, sua duração 
não poderá ser superior a 30 dias, mas poderá ser prorrogada, sucessivamente, enquanto perdurar a 
situação de anormalidade, mas cada prorrogação não poderá ser superior a 30 dias). 
 
RESPOSTA: C. As leis orgânicas municipais são votadas e promulgadas pelas respectivas Câmaras municipais, 
não se expondo ao poder de sanção ou de veto dos Prefeitos Municipais. 
 
Caso Concreto: 
 
O Decreto Legislativo n 136/2011 dispõe sobre a realização de plebiscito para a criação do Estado de 
Carajás, nos termos do inciso XV do art.49 da Constituição Federal, enquanto, por sua vez, o Decreto Legislativo n 
137/2011 convocou plebiscito sobre a criação do estado do Tapajós. 
Vale ressaltar, que os parlamentares foram responsáveis pela definição territorial do suposto novo estadocaso fosse aprovado no plebiscito. 
Informe quais seriam os possíveis resultados do plebiscito? 
 
RESPOSTA-01: 
Situação-01: Após a realização de Plebiscito (Decretos Legislativos 136/2011 e 137/2011), o povo responderá que 
não é a favor da separação do Estado do Pará (desmembramento) para a formação de dois novos Estados 
(Carajás e Tapajós). Neste caso, o procedimento não seguirá, pois a vontade do povo vincula o Congresso 
Nacional, que não poderá aprovar qualquer Projeto de Lei Complementar criando os novos Estados, pois s 
democracia Direta (Plebiscito) prevalece sobre a Democracia Representativa. 
Situação-02: O povo respondeu favoravelmente à formação dos novos Estados. Neste caso, o Projeto de Lei 
Complementar poderá tramitar, e o Congresso Nacional, com autonomia, avaliará a conveniência ou não da 
criação dos novos Estados. Caso o Congresso Nacional aprove o Projeto de Lei, ainda assim o Presidente da 
República poderá vetá-lo, pois o mesmo têm autonomia de ir contra a vontade do povo, ou poderá sancioná-lo. 
RESPOSTA-02: 
Se o povo responder que não é a favor da separação para formação de novos Estados (desmembramento 
formação), o procedimento não seguirá, ou seja, a vontade negativa do povo vincula, não podendo, assim, jamais, 
o Parlamento aprovar eventual projeto de lei complementar criando os novos Estados contra a vontade negativa 
manifestada no plebiscito. 
Nesse sentido, parece-nos possível concluir que a democracia direta prevalece sobre a democracia 
representativa. 
Se a vontade do povo for ao sentido favorável, o projeto de lei complementar poderá seguir a sua 
tramitação e, assim, o parlamento, com autonomia, avaliará a conveniência ou não da criação dos novos Estados. 
O Congresso Nacional terá total liberdade para não aceitar a criação dos novos Estados, até porque é o 
órgão político responsável pela avaliação e conveniência do novo desenho do Estado brasileiro. Se a população 
autorizar o procedimento e o Congresso Nacional aprovar o projeto de lei complementar, o Presidente da 
República poderá vetar o projeto de lei? 
Sim! Isso quer dizer que o Presidente da República terá autonomia para ir contra a vontade do povo. E, 
novamente, essa situação não tem qualquer empecilho, na medida em que o Chefe do Executivo, mesmo que 
 
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Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Constitucional II 
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Organização do Estado - Federação 
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MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
eleito pelo povo tem, em igual sentido, liberdade para avaliar a conveniência do novo “desenho”. 
Avançando, o art. 18, § 3.º, CF/88, estabelece que os Estados possam desmembrar-se para formarem 
novos Estados mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso 
Nacional, por lei complementar. 
Em 24.08.2011, o Plenário do STF decidiu, no julgamento da ADI 2650, que o plebiscito para o 
desmembramento de um Estado da federação deve envolver não somente a população do território a ser 
desmembrado, mas a de todo o Estado-membro, no caso, a população de todo Estado do Pará. 
PEDRO LENZA 
Aplicação Prática Teórica (OUTRAS QUESTÕES) 
Caso Concreto 1 
 
Leia a notícia abaixo, publicada no jornal O Globo (edição online) do dia 31/05/2011 às 20h18m: 
 
SENADO APROVA PLEBISCITO NO PARÁ SOBRE CRIAÇÃO DO ESTADO DE TAPAJÓS 
 
BRASÍLIA - Numa votação relâmpago o plenário do Senado aprovou nesta terça-feira projeto de decreto 
legislativo que prevê a realização de um plebiscito, ainda esse ano, para decidir sobre a criação do estado de 
Tapajós. O projeto aprovado prevê que a consulta à população paraense será sobre o desmembramento da área 
do Pará onde se situam 27 municípios localizados na parte oeste do estado. Nessa região vivem hoje cerca de 1,7 
milhão de pessoas, ou seja, mais de 50% do atual território paraense. Depois da promulgação do decreto pelo 
presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), começa a contar o prazo de seis meses para a realização da 
consulta a cargo do Tribunal Regional do Pará, instruído pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No mesmo 
plebiscito a população vai dizer se concorda ou não com a criação de outro estado, o de Carajás, a ser criado com 
o desmembramento de municípios ao sul e sudeste do Pará. 
 
A partir da leitura acima, pergunta-se: 
 
a) Se for aprovada a criação do estado de Tapajós no plebiscito a ser realizado, a Assembleia Legislativa do 
Pará tem efetivamente competência para criar o novo estado por intermédio de lei estadual? Por quê? 
 
RESPOSTA: NÃO. Conforme art. 18,§3º CRFB/88. Só o Congresso Nacional através de lei 
complementar. 
 
b) Suponha que a Assembleia Legislativa do Pará, querendo aproveitar a criação do novo estado de Tapajós, 
resolva também editar lei estadual criando um novo município a partir do desmembramento da cidade 
Santarém (futura capital do estado de Tapajós). De acordo com o direito brasileiro, a criação desse novo 
município seria constitucional? Por quê? 
 
RESPOSTA: NÃO. Conforme art. 18,§4º CRFB/88. Caberá a população interessada. Por lei 
complementar. 
Obs.: A EC-15, que alterou o art. 18,§4º CRFB/88, é norma de eficácia limitada. 
Obs.: LER INFORMATIVO DO STF nº 637 de 22 de agosto. 
 
Questão objetiva: 
 
Acerca do federalismo brasileiro, analise as seguintes afirmativas: 
 
I - Na organização do Estado brasileiro, a substituição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
por um único ente central somente seria possível, por meio de Emenda à Constituição e após a realização de 
plebiscito. (ERRADO. A federação é cláusula pétrea. Afronta o art. 60, §4º, I CRFB/88.). 
 
II - A Federação brasileira surgiu como caso típico de federalismo por segregação, partindo de Estado unitário. 
(CERTO. Por segregação – Descentralizou). 
 
III - Segundo preceitua a Constituição da República de 1988, são entes federativos os estados-membros, o distrito 
federal, os municípios e os territórios federais. (ERRADO. Territórios Federais não são entes federativos. É uma 
 
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autarquia federal). 
 
IV - Na fusão, dois ou mais estados unem-se, geograficamente, para a formação de um novo estado, o que 
implica perda da personalidade primitiva (CERTO. Rio de Janeiro e Guanabara). 
 
V - O Distrito Federal não possui capacidade de autoadministração visto que não organiza nem mantém suas 
próprias polícias. (ERRADO. - Art. 18 CRFB/88 - A organização político-administrativa da República Federativa do 
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta 
Constituição). 
 
Somente é CORRETO o que afirma em: 
 
a) I e III; 
b) II e IV; 
c) III e V; 
d) I e IV. 
 
RESPOSTA: B. II e IV. 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (WALDECK LEMOS) 
 
1ª AULA – Organização do Estado - Federação 
 
Profa. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha – 8505-2192 
 
Conteúdo Programático 
 
Organização Político-administrativa - RFBR 
 
Distribuição de Competências 
 
Separação das Funções Estatais 
 
Poder Legislativo 
Poder Executivo 
Poder Judiciário 
Funções Essenciais à Justiça 
 
Bibliografia – Livre. 
Trazer a Constituição. 
 
Avaliação => Conforme Contrato Pedagógico. 
Sistema Continuado de Avaliação – 4 pontos. 
Prova Institucional – 6 pontos (híbrida). 
 
Estado de Direito (Primado na Lei, não é para todos) => Estado Constitucional de Direito (Reconhecimento 
dos Direitos Fundamentaise Limitação do Poder Estatal). 
 
Limitação do Poder Estatal: Baseado no Princípio da Reserva Legal. 
 
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MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
 
Legalidade Genérica Art. 5°, II CF (Liberdade: Não fazer para o Estado) X Legalidade Restrita 
(Condicionamento: Como fazer Geral). 
 
CRFB/88 
 
TÍTULO III 
Da Organização do Estado 
CAPÍTULO I 
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA 
 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
 
§ 1º - Brasília é a Capital Federal. 
§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou 
reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se 
anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante 
aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso 
Nacional, por lei complementar. 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei 
estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de 
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após 
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da 
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996). 
 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento 
ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, 
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
 
 
 
==XXX== 
 
 
RESUMO DE AULA (PROFESSOR - AULA MAIS - ESTÁCIO) 
 
1ª AULA – Apresentação da Disciplina 
 
Direito Constitucional II 
Professor Rafael Iorio 
Aula 01 
 
Apresentação do Plano de Ensino e Poder Legislativo 
 
Conteúdo Programático desta aula 
 
● Objetivos da disciplina; 
 
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● Bibliografia da disciplina; 
● Regras das avaliações; 
● Noções Gerais sobre Poder Legislativo. 
 
Poder Legislativo: Estrutura e Funções 
 
Poder Legislativo Federal (Arts. 44 a 58 da CRFB): 
 
1. Bicameralismo do Poder Legislativo da União. 
2. Congresso Nacional (Art. 44 da CRFB): 
 
a) CÂMARA DOS DEPUTADOS (Art. 45, CRFB) 
 
● Sistema proporcional em cada Estado e no DF; 
● Quociente eleitoral e quociente partidário; 
● Territórios Federais: 4 deputados federais; 
● Limites: mínimo 8 e máximo 70; 
● Suplência dos deputados federais; 
● Acre 8; 
● Alagoas 9; 
● Amazonas 8; 
● Amapá 8; 
● Bahia 39; 
● Ceará 22; 
● Distrito Federal 8; 
● Espírito Santo 10; 
● Goiás 17; 
● Maranhão 18; 
● Minas Gerais 53; 
● Mato Grosso do Sul 8; 
● Mato Grosso 8; 
● Pará 17; 
● Paraíba 12; 
● Pernambuco 25; 
● Piauí 10; 
● Paraná 30; 
● Rio de Janeiro 46; 
● Rio Grande do Norte 8; 
● Rondônia 8; 
● Roraima 8; 
● Rio Grande do Sul 31; 
● Santa Catarina 16; 
● Sergipe 8; 
● São Paulo 70; 
● Tocantins 8. 
 
b) SENADO FEDERAL (Art. 46, CRFF) 
 
● Sistema majoritário puro; 
● Mandato de 8 anos; 
● Renovação de 4 em 4 anos, alternadamente, por um e dois terços; 
● Suplência dos senadores. 
 
QUADRO COMPARATIVO 
SENADO FEDERAL CÂMARA DEPUTADOS 
Representantes dos Estados e do DF Representantes do povo 
 
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Sistema majoritário Sistema proporcional 
81 Senadores 513 Deputados 
Mandato de 8 anos Mandato de 4 anos 
Renovação a cada 4 anos, por 1/3 e 2/3 Renovação a cada 4 anos 
Idade mínima: 35 anos Idade mínima: 21 anos 
 
 
 
==XXX== 
 
 
APOSTILA (PROFESSORA - Sabrina Rocha) 
 
Ponto 09 – Da Organização Político-administrativa 
 
Direito Constitucional II 
Professora Sabrina Rocha 
 
Ponto 09 – Da Organização Político-administrativa 
 
Toda a estrutura federal baseia-se na repartição de competências, considerada como a grande questão do 
federalismo. 
 
Art. 18 - A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição (art. 18, 
caput). 
§1º Brasília é a Capital Federal. 
 
Poderes/Entes União 
Art. 20 a 24 
Estados Membros 
Art. 25 a 28 
Municípios 
Art. 29 a 31 
Distrito Federal 
Art. 32 
LEGISLATIVO 
Art. 44 a 75 
Congresso 
Nacional 
Art. 44 a 75 
Assembléia 
Legislativa 
Art. 27 
Câmara Municipal 
Art. 29 
Câmara Legislativa 
Art. 32 
EXECUTIVO 
Art. 76 a 91 
Presidência da 
República 
Art. 84 
Governador de 
Estado 
Art. 28 
Prefeitura 
Municipal 
Art. 29, I 
Governadoria 
Distrital 
Art. 32, § 2º 
JUDICIÁRIO 
Art. 92 a 126 
Tribunais 
Superiores 
Art. 92 a 124 
Tribunais de 
Justiça e Juizes de 
Direito 
Art. 125 a 126 
 
Inexiste 
O Poder Judiciário 
é mantido pela 
União 
Art. 22, XVII 
 
Esta é a regra que estabelece o princípio da autonomia dos entes federativos. Na primeira parte desta 
apostila estudamos em detalhes a forma de Federativa de Estado. No Estado Federal há que se distinguir 
soberania e autonomia e seus respectivos titulares. O Estado Federal é o todo, e único titular de soberania 
como pessoa jurídica de Direito Público externo, reconhecida pelo Direito Internacional. A União é entidade 
autônoma, constituindo-se em pessoa jurídica de Direito Público interno. Os Estados-membros são 
entidades federativas também dotadas de autonomia e de personalidade de Direito Público interno (Código 
Civil, art. 41). Os Municípios e o Distrito Federal, também possuem autonomia e são também pessoas jurídicas 
de Direito Público interno. 
Autonomia significa a capacidade de autogoverno, auto-administração, e auto-organização, tudo com base 
no princípio hermenêutico da Simetria Constitucional. 
Esta autonomia se efetivará através da produção de normas jurídicas. As normas não são hierarquizadas 
em função da origem de sua emanação, mas em virtude de um critério de competência distribuída para editá-las, 
 
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Folha: 
13 de 16 
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estabelecido pelo Constituição Federal. 
 
Unidade Federativa Competência 
União Geral - Nacional 
Estados Membros Residual - Geral - Setorial 
Distrito Federal Híbrida 
Municípios Local ou restrita 
 
UNIÃO 
 
Como vimos no capítulo dedicado à teoria geral, a União é pessoa jurídicade direito público interno. 
Externamente, na área das relações internacionais, aparece unicamente a República Federativa do Brasil, como 
pessoa jurídica de direito internacional (externo), competindo à União (CF, Art. 21, I), através dos seus órgãos, 
representar o Estado Brasileiro exercendo as funções de soberania em nome do Estado Federal. A União detém 
competências constitucionais legislativas (Arts. 22 e 24), competências administrativas (Arts. 21 e 23) e 
competências tributárias (Arts. 145 e 153). 
OBS: A Emenda Constitucional 69 de 29/03/12 alterou os arts. 21, 22 e 48 da Constituição Federal, para 
transferir da União para o Distrito Federal as atribuições de organizar e manter a Defensoria Pública do Distrito 
Federal. 
 
TERRITÓRIOS 
 
Os Territórios Federais integram a União, resultando de desmembramento de área pertencente a Estados já 
existentes ou de desmembramento de parte de outro Território Federal. Com a Constituição de 88, os territórios 
que existiam foram incorporados a algum ente federado ou foi transformado em Estado Membro. Atualmente, não 
existem Territórios, havendo apenas a previsão constitucional para formá-los. A sua criação depende de Lei 
Complementar aprovada pelo Congresso Nacional. 
Dentre as várias correntes sobre a natureza jurídica dos Territórios, predomina a que o compreende como 
autarquia territorial federal. 
OBS: Fernando de Noronha não é um território como muita gente pensa, ele foi incorporado ao nosso 
Estado de Pernambuco, de acordo com o Art. 15 do ADCT, ainda que a maior parte da sua área seja um Parque 
Federal, de domínio da União. 
É importante destacar que os Territórios Federais, por integrarem a União, não possuem autonomia. 
O funcionamento do território é regulado em lei ordinária (CF, Art. 33, e § 1º). Os Territórios poderão ser 
divididos em Municípios. Estes Municípios terão autonomia. Não confundir: o ente federativo que não pode 
ser dividido em Municípios é o Distrito Federal. 
Cada Território elegerá 4 (quatro) deputados federais (CF, Art. 45, parágrafo único). 
 
ESTADOS FEDERADOS 
 
Os Estados-Membros caracterizam o modelo federalista brasileiro desde as capitanias hereditárias, como 
forma de facilitar a administração da coisa pública. 
Cabe ressaltar, primeiramente, que o fato de Estados-membros incorporarem-se ou desmembrarem-se não 
significa ofensa à Federação. Tal procedimento em tudo difere da secessão. Esta é proibida por expressa 
limitação material de emenda à Constituição (Art. 60, §4º, I da CRFB/88). 
A história recente, lá pelos idos dos anos 70, registra casos de fusão e de desmembramentos entre 
Estados-membros. O Estado do Rio de Janeiro se fundiu ao Estado da Guanabara dando origem ao Estado do Rio 
de Janeiro, tal como hoje está. No final dos anos 70, a parte sul do Estado do Mato Grosso desmembrou-se para 
formar um novo Estado. 
 
O mais importante, em se tratando de concurso, é fixar os passos a serem seguidos para criar novos 
Estados: 
● Plebiscito, e 
● Lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional. 
 
 
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Folha: 
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As regras para a elaboração das Constituições dos Estados constam da Constituição Federal, no ADCT Art. 
11, pautados no Princípio da simetria constitucional. 
O auto-governo dos Estados se expressa através da eleição direta pelo próprio povo do Governador 
e do Vice-Governador (CF Art. 28, caput), e dos Deputados Estaduais (CF, Art. 27). Os Estados organizarão, 
ainda, sua Justiça (CF, Art. 125). 
Os Estados dispõem de competências administrativas (Art. 23), de competências legislativas (Art. 24 e §3º, 
Art. 25) e tributárias (Arts. 145 e 155) e ainda de competências residuais, pois “são reservadas aos Estados as 
competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição da República” (Art. 25, § 1º, ). Pode, ainda, 
como ente autônomo que é, nos termos da CF e de suas próprias leis, dispor livremente sobre a aplicação dos 
recursos que arrecadar. 
OBS: quanto à competência residual, explicar a única exceção à regra. 
 
MUNICÍPIOS 
 
Os Municípios até o advento da Constituição de 88 não eram considerados partes descentralizada do 
Estado Federado. Deixaram de serem unidades político-administrativas autônomas para, finalmente, garantir o 
status de entidades federadas, ao lado da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal. 
Em termos de concurso este é o ponto mais importante deste capítulo. A prática de desmembramento de 
Municípios para criar novos Municípios vinha sendo muito rotineira. Em Pernambuco, por exemplo, entre muitos 
outros, o município de Tamandaré foi criado a partir do desmembramento de parte do município de Rio Formoso e 
este é apenas um dos muitos exemplos. 
 
A Emenda Constitucional nº 15, de 12/9/1996, deu nova redação ao §4º do Art. 18 da CF. Antes havia 
muita facilidade e, de certo modo, houve proliferação de municípios sem condições financeiras mínimas. Com a 
nova redação, espera-se tornar mais difícil e responsável a criação de novos municípios, tendo em ser necessária 
a ocorrência de quatro condições: 
● Plebiscito; 
● Lei estadual específica que crie determinado município; 
● Lei complementar federal que estabeleça o período possível em que poderão ser criados; 
● Divulgação, na forma da lei, dos requisitos genéricos de viabilidade exigíveis e a publicação de 
estudos de viabilidade municipal. Para Alexandre Moraes esta lei será federal. 
 
As regras para a elaboração das Leis Orgânicas dos Municípios se encontram no Art. 11, parágrafo único, 
do ADCT: 
O Município não dispõe de Poder Judiciário. Os processos de interesse dos Municípios são julgados em 
varas especializadas da Justiça Estadual. 
O Município exerce competências administrativas (Arts. 23 e 30 IV a IX), organiza e presta os serviços 
públicos de interesse local (Art. 30, V) dispõe de competências tributárias próprias através da instituição e 
arrecadação de seus próprios tributos (Art. 30, III, c/c Arts.145 e 156) e ainda de competências legislativas sobre 
assuntos de interesse local e de suplementação da legislação federal e da estadual no que couber (CF, Art. 30, I e 
II). 
Importante ressaltar a Emenda Constitucional nº 58 de 23/09/09 que alterou a forma de composição das 
Câmaras Municipais inserindo no Art. 29, IV, as alíneas d até x, reestruturando a forma de observância dos 
percentuais a serem observados no número de Vereadores de 9 a 55 por casa legislativa. 
 
DISTRITO FEDERAL 
 
O Distrito Federal é a capital do País. Foi o local escolhido para concentrar os centros de decisão política 
na nação. Brasília foi concebida por Juscelino Kubitschek, transferindo a capital do Sudeste, Rio de Janeiro, para 
o Centro-Oeste, localizado no Estado de Goiás. A versão oficial para a modificação foi que a decisão teve a 
intenção de tornar a capital do País segura contra invasões estrangeiras e incrementar o desenvolvimento da 
região Centro-Oeste. 
O Distrito Federal é um ser híbrido no modelo federalista brasileiro, pois exerce as funções de Estado e 
Município ao mesmo tempo. Brasília tem a dualidade de competência e em conseqüência, dispõe de tributos 
estaduais e municipais, o que lhe propicia uma maior arrecadação, podendo oferecer à população serviços 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Constitucional II 
Profa.: Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha 
Disciplina: 
CCJ0020 
Aula: 
001 
Assunto: 
Organização do Estado - Federação 
Folha: 
15 de 16 
Data: 
25/07/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
públicos de melhor qualidade.É vedada a divisão do Distrito Federal em Municípios. 
 
O Poder Judiciário no Distrito Federal apresenta especificidade, quando comparado com o dos 
Estados, na medida em que é organizado e mantido pela União. O Poder Legislativo será exercido por uma 
Câmara Legislativa composta dos Deputados Distritais. Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-
se o disposto no Art. 27, relativo aos Deputados Estaduais. 
O Distrito Federal dispõe de competências administrativas (Art. 23), de competências tributárias 
(Arts.145 e 155) e ainda ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos 
Estados e Municípios (CF, Art. 32, § 1º). Pode, ainda, nos termos da CF e das leis que adotar, dispor livremente 
sobre onde aplicar as suas receitas. 
 
QUADRO RESUMO 
 
FASES DE CRIAÇÃO/TRANSFORMAÇÃO DE ENTES FEDERATIVOS - ART. 18 §§ 2º,3º,4º CF 
 
 PLEBISCITO LEI COMPLEMENTAR APROVADA 
PELO CONGRESSO NACIONAL 
LEI ESTADUAL 
CRIADORA 
ESTUDO DE VIABILIDADE NA 
FORMA DA LEI 
TERRITÓRIO =X= SIM 
(LC CRIADORA) 
=X= =X= 
ESTADO SIM SIM 
(LC CRIADORA) 
=X= =X= 
MUNICÍPIO SIM SIM 
(LC DETERMINARÁ O PERÍODO) 
SIM SIM 
 
Art. 18: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
§ 3º reza: Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a 
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente 
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
§ 4º reza: A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei estadual, 
dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante 
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estados de Viabilidade Municipal, 
apresentados na forma da lei. 
 
ATENÇÃO: A Emenda Constitucional nº 57, de 18/12/08 acrescentou o Art. 96 no ADCT para convalidar os atos 
de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de 
dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua 
criação. 
 
VEDAÇÕES AOS COMPONENTES DA FEDERAÇÃO 
 
CRFB/88 
 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento 
ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, 
na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
 
 
 
Curso de Direito 
Turma A – Manhã - 2012.1 
Direito Constitucional II 
Profa.: Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha 
Disciplina: 
CCJ0020 
Aula: 
001 
Assunto: 
Organização do Estado - Federação 
Folha: 
16 de 16 
Data: 
25/07/2013 
 
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0020/Aula-001/WLAJ/DP 
No Estado brasileiro inexiste religião oficial. Existe total separação e independência entre Estado e igreja, 
por isto recebe o nome de Estado laico. Ligações íntimas entre órgãos do Estado e as igrejas poderiam manipular 
a crença. A colaboração é permitida nas ações de interesse público, tais como o socorro às pessoas vítimas das 
calamidades. 
Os documentos públicos têm fé pública. Fé pública é a certeza de que tais documentos são verdadeiros. 
Trata-se de presunção relativa (juris tantum) porque admitem prova em contrário, no entanto, inverte-se o ônus da 
prova, ou seja, quem duvidar de documentos públicos terá que apresentar provas. 
O inciso III, do Art. 19, enfatiza o princípio da igualdade, previsto no Art. 5º, I. Além deste, no capítulo da 
nacionalidade (§2º, Art. 12), existe uma norma proibindo diferenças entre brasileiros: “a lei não poderá estabelecer 
distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. 
 
 
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LEITURA COMPLEMENTAR - 01 
 
COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL 
http://direitofeitodireito.blogspot.com.br/2013/05/mapa-mental-competencia-constitucional.html 
 
Mapa Mental => 01-MM-CV-Estado - Competência Constitucional 
 
COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL 
 
Sendo a Federação o sistema de organização de Estado adotado pelo Brasil, surge-se o problema da 
repartição, da distribuição de competências entre o governo central (União), Estados-Membros, o Distrito Federal 
e os Municípios. 
No entendimento de José Afonso da Silva, competência “é a faculdade juridicamente atribuída a uma 
entidade, ou a um órgão, ou ainda a um agente do poder público para emitir decisões. Competências são as 
diversas modalidades de poder de que servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções. 
A federação inadmite a hierarquização entre seus entes, ou seja, não é a União superior aos Estados e 
Estados aos municípios. No estudo a seguir deve-se levar em consideração que a competência é, em regra, 
HORIZONTAL (e não vertical), significando dizer a não hierarquia entre os entes da federação. 
 
Fonte: http://entendeudireito.blogspot.com.br/search/label/COMPET%C3%8ANCIA%20CONSTITUCIONAL 
 
 
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