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Eduardo Alcalay ESCOLHER CAPA Coleção CIEE 124 • Programa CIEE de Estágios • Programa Aprendiz Legal • Processos Seletivos Especiais • Programa CIEE de Pessoas com Defi ciência • Programa de Educação à Distância (EaD) • Programa CIEE de Desenvolvimento Estudantil • Programa CIEE de Alfabetização e Suplência Gratuita para Adultos • Programa CIEE de Orientação e Informação Profi ssional • Programa CIEE de Acompanhamento de Estágio • Atendimento às Instituições de Ensino • Orientação Jurídica Gratuita à População Carente • Biblioteca Virtual • Fórum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira • Ciclo de Palestras sobre Recursos Humanos (RH) • Encontros com Educadores • Circuito Nacional de Palestras • Encontros com Entidades do 3º Setor (fi lantrópicas) • Seminário Antidrogas nas Escolas Superiores • Feira do Estudante – Expo CIEE PROGRAMAS E SERVIÇOS OFERECIDOS PELO CIEE: Este livro, resultado da palestra do empresário Fernando Byington para o Fórum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira, com o relevante tema “O novo jeito de realizar negócios no Brasil”, retrata um pouco de sua vivência no mundo corporativo por meio de suas experiências obtidas durante a trajetória profi ssional por diversos segmentos. O autor também comenta sobre a importância dos cursos de capacitação no cenário econômico atual do país. Afi nal, a educação de qualidade é essencial para inserção e sucesso no mercado de trabalho. Esses futu- ros profi ssionais serão responsáveis por preencher di- versas vagas que exigem qualifi cação específi ca e são essenciais para que o país atinja o índice de crescimento esperado. Sob essa visão, Fernando Byington dá um testemunho sobre a gestão e o poder das marcas, além de abordar a importância do relacionamento dos clientes com as empresas, levando em consideração os cenários e as previsões externas que atingem direta e indiretamente os países emergentes, além de seus desafi os e perspec- tivas, principalmente em relação ao Brasil. Fernando Byington Egydio Martins é vice-presidente executivo de marca, marketing, comunicação e interatividade do Banco Santander do Brasil. Ocupou cargos na mesma companhia, como diretor executivo de marketing e comunicação corporativa do ABN Amro. Foi diretor estatutário, responsável pela área de Corporate Finance, repasses e fi nan- ciamentos do Banco Real de Investimentos, e também diretor responsável pela distribuição dos fundos de investimento e de rede. Formou-se em Administração de Empresas pela Fundação Armando Álvares Penteado, a FAAP, iniciou a carreira no Banco Itaú, em 1976, onde trabalhou durante 10 anos, passando três de- les no exterior, em cidades como Londres e Nova York. Em 1985, iniciou seu próprio negócio como empreendedor no ramo do vestuário. Tam- bém foi gestor de atividades no segmento de agronegócios. Cerca de dois anos depois, in- gressou no conglomerado do Banco Real como diretor de empresa e assessoria fi nanceira e planejamento. Filho do ex-governador, o engenheiro Paulo Egydio Martins, que ,entre tantas obras idea- lizadas, concebidas e estruturadas, é respon- sável pela fundação do Centro de Integração Empresa-Escola, participando inclusive, em 1963, do grupo de intelectuais, empresários e educadores que estruturou o CIEE.ISBN: 978-85-63704-12-2 Fernando Byington Egydio Martins O novo jeito de fazer negócios no Brasil AF_CAPA_COLECAO_FERNANDO_BYINGTON_LUCAS.indd 1 2/29/12 4:10 PM Sede Rua Tabapuã, 540 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - CEP 04533-001 Espaço Sociocultural – Teatro CIEE Rua Tabapuã, 445 - Itaim Bibi - São Paulo/SP - CEP 04533-011 Prédio-Escola CIEE Rua Genebra, 65/57 - Centro - São Paulo/SP - CEP 01316-010 Telefone do Estudante: (11) 3046-8211 Atendimento às Empresas: (11) 3046-8222 Atendimento às Instituições de Ensino: (11) 3040-4533 Fax: (11) 3040-9955 www.ciee.org.br O novo jeito de realizar negócios no Brasil Coleção CIEE 124 Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE São Paulo 2012 C389n CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA - CIEE O novo jeito de realizar negócios no Brasil / Centro de Integração Empresa-Escola – São Paulo : CIEE, 2011. 44 p. ; il. (Coleção CIEE ; 124) Palestra proferida por Fernando Byington Egydio Martins durante o Fórum Permanente de Debates sobre a Realidade Brasileira, realiza- do no Espaço Sociocultural - Teatro CIEE, em 28 de abril de 2011. ISBN: 978-85-63704-12-2 1. Política educacional – Brasil 2. Desenvolvimento econômico - Brasil 3. Silva, Ruy Martins Altenfelder 4. Bertelli, Luiz Gonzaga 5. Martins, Fernando Byington Egydio I. Título II. Série CDU : 37.014(81) SUMÁRIO Brasil: oportunidades únicas ...................... Ruy Martins Altenfelder Silva Negócios, clientes e crescimento no mundo globalizado ................................................. Luiz Gonzaga Bertelli O novo jeito de realizar negócios no Brasil . Fernando Byington Egydio Martins Debates ...................................................... Homenagem de encerramento .................... 7 13 19 45 57 Brasil: oportunidades únicas Brasil: oportunidades únicas RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA Advogado, presidente voluntário do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa- -Escola - CIEE, presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas - APLJ, presidente do Conselho Su- perior de Estudos Avançados da Fiesp e vice-pre- sidente da Academia Paulista de História - APH. 8 cOleçãO ciee 124 EEm mais uma edição do Fórum Permanente de De-bates sobre a Realidade Brasileira, o Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE recebeu o em- presário Fernando Byington, que na ocasião abordou a te- mática “O novo jeito de realizar negócios no Brasil”, um as- sunto que abrange aspectos políticos e comerciais do atual cenário nacional e internacional. Esta obra é resultado de um encontro extremamente in- teressante que traz para o leitor o que é preciso para se fa- zer negócios com propriedade e, o mais importante, susten- tá-los. Essa temática está diretamente atrelada ao cenário econômico e social vivenciados atualmente por diversos países. Em contrapartida, outras nações precisam superar tais adversidades para se consolidar como potências confi á- veis sob os olhares dos investidores. Necessitamos urgentemente de uma reforma política. Mais do que isso, também precisamos de agilidade nos pro- cessos administrativos, e de transparência e efetividade nas gestões. O Brasil tem uma oportunidade única para fi nalmente ser nação do presente, trazendo o futuro que há alguns anos parecia distante para o agora. O momento é propício para o tão sonhado desenvolvimento. Mas apesar dos indicativos favoráveis e análises econômicas de várias instituições e publicações, o país ainda esbarra nos proble- mas estruturais. Não se trata apenas de infraestrutura, criminalidade ou desconfi ança política. Para que o crescimento econômico 9O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil A pesquisa acadêmica é essencial para planejar e desenvolver novas tecnologias. tenha um efeito favorável e seja possível alavancar outros setores, é preciso focar no social. Do con- trário, haverá um avanço parcial, muitas vezes ilusório, como ocor- re em determinadas situações na Índia e na China. A pesquisa acadêmica é essen- cial para planejar e desenvolver novas tecnologias. É difícil conse- guir evolução sem treinamento e capacitação dos trabalhadores, sobretudo dos futuros, re- presentados pela grande parcela de estudantes e jovens. O mercado de trabalho e a capacitação de indivíduos nunca foram tão comentados pela mídia, e pode-se afi rmarque grande parte dessas discussões se deve ao momento de oportunidades que o país atravessa. O Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE viabi- liza a questão profi ssional por meio de iniciativas que in- centivam a educação e a inclusão social. Essa integração é constatada pelo encaminhamento de milhares de jovens para programas de aprendizagem e estágios. Desde sua fundação, o CIEE se preocupou com a ati- vidade prática que tanto os estudantes necessitavam. A familiarização com o mercado de trabalho e os conceitos assimilados em sala de aula fi zeram do estágio um inter- mediário poderoso nesse processo de inclusão. Além disso, 10 cOleçãO ciee 124 a instituição também atua em outras atividades paralelas de capacitação. É exatamente disso que o país precisa: efetividade nos processos educacionais, além da aplicabilidade dos concei- tos transformados em prática, uma preocupação constante com o incentivo das empresas contratantes ao ensino seg- mentado de profi ssionais. Para que haja um crescimento econômico e social susten- tável, há de se oferecer uma capacitação decente e acessível para as camadas da população que necessitam ingressar no mercado de trabalho. Este, cada vez mais exigente, busca pro- fi ssionais qualifi cados e com conhecimentos específi cos. Aí está o grande desafi o do Brasil. Faltam profi ssionais em diversos setores, sobretudo nos que exigem conhecimentos técnicos. Esse aspecto infl uencia diretamente o posicionamento do Brasil nos negócios do mundo globalizado. Se, por um lado, há certa exaltação quando são levadas em consideração as potencialidades dos países do BRIC, por outro, instituições in- ternacionais também exageram nos alardes, dizendo que inves- tir nos países desse grupo pode afetar o desenvolvimento mun- dial. Sabe-se que a União Euro- peia sofre há alguns anos com crises de membros importantes. Faltam profi ssionais em diversos setores, sobretudo nos que exigem conhecimentos técnicos. 11O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Isso é reflexo de antevisões equivocadas, onde a realidade não corresponde às previsões. Por isso, vale destacar o papel do CIEE. Sem esse tipo de iniciativa, fica praticamente impossível imaginar o desenvolvi- mento como se almeja no Brasil. Mesmo assim, manter o ritmo de crescimento desejado exigirá cada vez mais esforços, sendo necessário um incentivo contínuo das práticas educacionais. A economia brasileira precisa desse impulso, que só começa- rá ser alcançado com profissionais devidamente qualificados. Não há possibilidade de espera, uma grande quantidade de trabalhadores estrangeiros, dentre eles engenheiros, estão aproveitando esta lacuna e aplicando seus conhecimentos nos países emergentes, inclusive no Brasil. Isso é justificável pela situação do saturado mercado de trabalho de diversos países, uma vez que a formação deficiente de muitos dos nossos profis- sionais exige essa postura dos contratantes. Fernando Byington tem a visão empreendedora de quem trabalhou em diversos segmentos, por isso fala com proprie- dade sobre a tônica dos negócios na atual conjuntura global. Por meio do tema “O novo jeito de realizar negócios no Brasil”, compartilha um pouco de sua experiência e os desafios que teve ao longo da sua trajetória. Destaca também a importância de construir marcas fortes e a importância do relacionamento com os clientes para os negócios. Trata-se de profissional que não se preocupa somente com os resultados, mas fundamentalmente com a motiva- ção cada vez maior dos colaboradores, sobretudo com o lado humano e pessoal dos profissionais. 12 cOleçãO ciee 124 O???? Negócios, clientes e crescimento no mundo globalizado Negócios, clientes e crescimento no mundo globalizado LUIZ GONZAGA BERTELLI Presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, presidente da Academia Paulista de História - APH, diretor e conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP. 14 cOleçãO ciee 124 OOCentro de Integração Empresa-Escola – CIEE teve a honra de receber um grande empresário brasi-leiro, Fernando Byington Martins, para ministrar uma palestra sobre “O novo jeito de realizar negócios no Brasil”. Trata-se de tema de suma importância para todos, especialmente face às mudanças políticas ocorridas no Bra- sil e no mundo nesses últimos meses. No primeiro quadrimestre de 2011, com mais de 120 dias do governo da presidente Dilma Rousseff, há um novo desafi o no cenário mundial tentando barrar o avanço dos chamados países emergentes, casos de Brasil e China, sob a alegação de que o desempenho brasileiro pode desestabi- lizar o desenvolvimento mundial. Não dá para entender, mas é justamente esse discurso que o Fundo Monetário Internacional (FMI) passa a pregar. Não se sabe o motivo. Quem sabe eles queiram que os anti- gos clientes, caso do Brasil, voltem ao seu balcão, pedindo com o “pires na mão”, como acontecia há pouco tempo. O FMI deu a senha, e chegou a dizer recentemente que o Brasil passa por um processo delicado em sua economia. Superaquecimento e ritmo descontrolado de expansão fo- ram diagnosticados. É sabido que o FMI não possui nenhu- ma credibilidade e sequer a mais escassa base de informa- ções técnicas no tocante a tais análises. Erra sistematicamente em todas as previsões, e o histó- rico desses deslizes é extenso, de avaliações positivas de pa- íses prestes a quebrar as indicações de medidas restritivas 15O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Há vagas e não existe pessoal habilitado para preencher essas posições. para economias que precisam seguir adiante; é o caso da brasileira, que precisa criar empregos para inscrever nas vagas oferecidas pelas empresas os milhares de jovens bra- sileiros que deixam suas universidades. Crescer, portanto, 5%, como se vaticina aqui no Brasil, que enten- demos ser possível, exigirá cada vez mais esforços. Precisamos implan- tar uma boa política educacional e isso está sendo sempre requisitado pelos diversos setores da economia brasileira, uma vez que o país está sendo preterido nos seus investi- mentos por falta de formação de mão de obra qualifi cada. Faltam engenheiros, tecnólogos, bons administradores, toda uma gama de vagas que estão deixando de ser preen- chidas por causa, lamentavelmente, do despreparo de nos- sa juventude. Há vagas e não existe pessoal habilitado para preencher essas posições. Outra questão importante é a necessidade de começar um processo de reforma política. Por exemplo, devem ser eleitos para os parlamentos e as casas legislativas os in- divíduos mais votados pelo povo, e não os dependentes de candidatos chamarizes. Sob esse ponto de vista, certamente os partidos sairiam fortalecidos, pois deixariam de buscar pessoas famosas, 16 cOleçãO ciee 124 como Tiririca e Romário, e seriam escolhidas pessoas com vocação po- lítica e formação ética e moral para serem os nossos administradores. O dr. Fernando Byington Egydio Martins é fi lho de um dos maiores governadores que essa nação já teve, o engenheiro Paulo Egydio Martins. Entre tantas obras idealizadas, con- cebidas e estruturadas, é responsável pelo Centro de Integração Empresa- -Escola. Ele participou, em 1963, do grupo de intelectuais, em- presários e educadores que estruturou o CIEE. Foi fundador, ao lado do engenheiro Lucas Nogueira Garcez, do professor Zeferino Vaz e dos empresários Mario Amato e Nadir Figueiredo, do grupo que fundou o CIEE, que em abril de 2011 completou mais de 500 mil bolsas de estudo concedidas para jovens estudantes brasileiros. Dessas bolsas, 60% são para o ensino universitário e 40% para o ensino médio. Se totalizarmos todas as bolsas concedidas desde a nossa fundação,há 47 anos, passaremos de 11 milhões de jovens estudantes contemplados. Isso sem receber nenhum centavo do poder público, seja municipal, estadual ou federal. Todos os recursos e todo o apoio foram de vagas concedidas pelas empresas privadas. Fernando Byington nasceu em 7 de janeiro de 1957, for- Outra questão importante é a necessidade de começar um processo de reforma política. 17O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil mou-se em Administração de Empresas pela Fundação Ar- mando Álvares Penteado, a FAAP, iniciou sua brilhante car- reira no Banco Itaú em 1976, onde trabalhou durante 10 anos, dos quais três em missões externas em Londres e Nova York. Em 1985, iniciou seu negócio próprio como jovem empreendedor no ramo do vestuário e também foi gestor de atividades no ramo de agronegócios. A partir de setembro de 1987, ingressou no conglomerado do Banco Real, inicialmen- te como diretor de empresa e assessoria financeira e plane- jamento do conceituado médico Aloysio de Andrade Faria, figura considerada símbolo do empresariado nacional. Posteriormente, como diretor estatutário, foi o responsá- vel pela área de corporate finance, repasses e financiamen- tos do Banco Real de Investimentos. A partir de janeiro de 1999, com a aquisição do Real pelo ABN Amro, passou a ocupar a diretoria executiva de marketing e comunicação corporativa. Com a aquisição do Banco Real pelo Santander, em 2008, foi convidado para o cargo que hoje exerce, de vice- -presidente executivo de marca, marketing, comunicação e interatividade do Banco Santander do Brasil. Casado, pai de três filhos, adora obras de arte, é engaja- do na sustentabilidade e ama profundamente a vida, como nós. Ele sempre cita a seguinte frase: E a vida é um constante caminhar para a frente. 18 cOleçãO ciee 124 Como aprimorar a educação superior no Brasil O novo jeito de realizar negócios no Brasil FERNANDO BYINGTON EGYDIO MARTINS Vice-presidente executivo de marca, marketing, comunicação e interatividade do Santander/Brasil. 20 cOleçãO ciee 124 EEm primeiro lugar, gostaria de expor que ter participa-do do Fórum Permanente de Debates sobre a Realida-de Brasileira foi uma experiência com sabor especial, porque cresci ouvindo diversas coisas positivas sobre o Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE. Meu pai sempre falou com muito orgulho dessa iniciativa, criada a partir da reunião e do idealismo de um grupo de empresários. Ele está completando 83 anos, e na época tinha 32. Foi ministro no governo Castelo Branco com 35 anos. Era um jovem empresário, um exemplo de visão e de dedicação, que olhava para um Brasil vislumbrando as inúmeras oportu- nidades futuras. Depois, durante minha carreira, continuei ouvindo e utili- zando o CIEE quando fui coordenador de programas regionais do Banco Real. Lembro-me que em Juiz de Fora (MG) contra- távamos jovens por meio do CIEE, que já era muito atuante na cidade, que possui um contingente importante de universida- des públicas e privadas. Há pouco tempo, no banco, uma colaboradora que já está na casa dos 40 anos me disse que seu primeiro registro em carteira aconteceu por meio do CIEE. Então é com muito orgulho que compartilho com vocês um pouco da minha ex- periência de vida. Na realidade, suprimi a referência ao Brasil, uma vez que o mundo está cada vez mais globalizado. Esse jeito de realizar negócios tem que ser válido como uma moeda de integração. 21O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Uma colaboradora que já está na casa dos 40 anos me disse que seu primeiro registro em carteira aconteceu por meio do CIEE. Vale citar que costumo usar em minhas apresentações, desde há alguns anos, a frase de um poeta espanhol, um poema muito bonito chamado “Cantares”: Caminhante, não existe o caminho. Faça o caminho ao caminhar. Mesmo antes de os espanhóis chegarem à minha vida eu já usava essa frase, pois foi esse o processo que vivi durante minha carreira, experimentando setores e atividades dife- rentes ao longo dessa trajetória. Resolvi compartilhar minha experiência procurando fa- zer vocês entenderem um pouco o que signifi ca a gestão da marca, um ativo estratégico importantíssimo das empre- sas. A marca Google é a mais valiosa do planeta hoje, e não sabemos sequer explicar o que é o Google, nem porque sua marca é tão valiosa. De repente surge um negócio chamado Facebook e se transforma no hit do momento e, num piscar de olhos, se transformará em uma das marcas mais valiosas, ainda que seja uma empresa de capital fechado. São fenômenos que estão acon- tecendo no nosso dia a dia, nas nossas vidas, que têm relação co- nosco como indivíduos. Precisamos 22 cOleçãO ciee 124 São fenômenos que estão acontecendo no nosso dia a dia, nas nossas vidas, que têm relação conosco como indivíduos. entender o que ocorre para podermos nos situar e fazer a gestão das nossas marcas individuais e das empresas que representamos e, também, entender a marca como um ne- gócio dentro desse contexto, de um mundo que se transfor- ma de maneira signifi cativa e muito rápida. Nascemos, na minha geração, ouvindo falar muito das frontei- ras geopolíticas, da Guerra Fria entre Estados Unidos e URSS e dos problemas fronteiriços. Sou- bemos das pessoas clamando por independência e de vários povos declarando as suas. Era um con- texto onde o “nós” e o “eles” im- peravam, o individualismo para “eu” ganhar e o “outro” perder. Crescemos ouvindo falar des- se antagonismo ideológico e po- lítico, incluindo-se aí os regimes socialistas, capitalistas e comunistas, em que o “outro” é uma ameaça, um mal necessário. Estava em voga a noção de que grandes causas têm grandes efeitos. Os resultados eram tangíveis e imediatos, e o ativo imobilizado era a grande referência de solidez das empresas. O importante era saber onde fi cava a sede das corporações. Todos os ativos e bens tinham suas etiquetas, seus carimbos e seus controles de imobilizado. 23O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Para um mundo que se transforma em uma velocida- de tremenda, a interdependência passa a ser a dinâmica, o motor das relações, onde o mapa físico passa a preponde- rar. Questões climáticas, ambientais e sociais, e não mais fronteiriças ou políticas, que também são relevantes, pas- sam a nos dar uma noção cada vez maior dessa aldeia glo- bal e desse conjunto de relações. Referimo-nos ao outro como “nós”, como parte desse pla- neta, onde todos vivemos e cada vez mais se fala em rela- ções de “ganha-ganha”. Para o outro ganhar não é necessá- rio que eu perca. É possível que o funcionário, o cliente, o fornecedor, o acionista ganhem e, por que não, a sociedade e o planeta também se beneficiam da ação de uma empresa e de nós, como indivíduos. O “outro” passa a ser riqueza, a diversi- dade passa a ser cada vez mais valorizada, e não somente a diversidade de cor, de raça, de idioma, de origem, mas também a variedade de ideias. Hoje em dia, pequenas causas têm grandes efeitos e exis- tem numerosos exemplos disso. Tivemos o caso WikiLeaks, mostrando que pequenas causas e questões relativamente menores acabam tendo influência global, desestabilizando inclusive relações entre governos e países. Passam a contar também os resultados que são perenes, que se repetem e não são apenas imediatistas, bem como a questão dos intangíveis. Administramos bem o mundo dos 24 cOleçãO ciee 124 tangíveis, mas e o mundo dos intangíveis? Como fazer essa gestão e os entendermos nas empresas? É um benefício vivermos a transição da sociedade in- dustrial para a sociedade do conhecimento. Na sociedade industrial tínhamos, nas relações internacionais, o G7, e agora existem as relações globais,o G20, com uma noção cada vez maior de participação e de fóruns ampliados. Passamos da TV para a internet, do telefone fixo para o celular, da aparência para a transparência, da imagem para a identidade, da moda para o estilo, do consumismo para um gasto cada vez mais consciente, da arte como obra para a arte-experiência, para a dinâmica e, também, para a arte-movimento e multimídia. A mudança de modelos pode ser exemplificada pelo da GM, grande símbolo do sistema capitalista, e o da Toyo- ta, que busca um aperfeiçoamento contínuo por meio da interação entre seus clientes e usuários. Passamos do marketing para o branding numa gestão não apenas de vendas, mas com processos que geram valor. O mundo muda cada vez mais rápido. As empresas e os mercados são feitos de pessoas, e estas estão cada vez mais conectadas. Nós somos as conexões. Os aparelhos ape- nas permitem a comunicação. Os aparelhos são veículos e meios, mas as pessoas é que são as reais conexões. Daí o surgimento das redes sociais e das comunidades com as quais elas se identificam e se relacionam. 25O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil A conexão de internet móvel e a capacidade de mobilidade são o grande diferencial nessas tecnologias atuais . Hoje os clientes são formadores de opinião e compartilham em tem- po real as informações que desejam com outras pessoas. Já temos um Twitter no banco e um diretor mais antigo brincou no seu lançamento, pedindo que colocássemos dois des- ses em seu carro. O Twitter é uma realidade. Hoje o cliente está na fi la de es- pera e está se comunicando, rela- tando que o banco está uma por- caria. Isso vale para o supermercado, para a farmácia, para o serviço público, seja o que for. O cliente interage, envia imagens em tempo real da sua ex- periência e a transmite para milhares de pessoas. Temos hoje 6,8 bilhões de indivíduos no mundo e dois bilhões estão conec- tados à internet. Cinquenta por cento desses utilizam internet móvel, uma realidade presente na vida de todos nós. A conexão de internet móvel e a capacidade de mobilida- de são o grande diferencial nessas tecnologias atuais e não mais o acesso à internet por meio de uma cadeira confor- tável, em desktop. O importante será o uso dela no táxi, no ônibus, no carro, no trabalho. A mobilidade passou a fazer parte da nossa vida. Até 2013 o acesso à internet pelo celular será maior por 26 cOleçãO ciee 124 Não existe mais on e off. Estamos on o tempo todo. As luzes estão acesas o tempo todo. meio dos smartphones do que a quantidade de computado- res existentes. São dados que sentimos e percebemos, mas quando o quantifi camos temos uma ideia da revolução que acontece diante dos nossos olhos. A transparência é um aliado, um fator que faz parte desse pa- cote que estamos vivendo. Não existe mais on e off. Estamos on o tempo todo. As luzes estão acesas o tempo todo. Nossas atitudes e nossa coerência são cobradas, vis- tas e monitoradas o tempo todo. O consumidor está no poder. Os clientes são donos da marca e ela é mais do que um lo- gotipo, mais do que um nome. Na empresa, quando temos alguns milhões para investir em marketing e programas de treinamento, nos sentimos os donos dela, mas seu verda- deiro dono é o cliente. Se ele deixar de consumir a marca X, Y ou Z, ela acaba. Como o mundo está todo interconectado e as pequenas causas têm grandes efeitos, se bobearmos e não tivermos coerência, nós fracassamos radicalmente. Empresas tradi- cionais, e que tiveram história de sucesso durante anos, de- saparecem da noite para o dia. Enron, WorldCom e tantas outras, de que não ouvimos mais falar, tinham arranha- -céus, prédios, corporações e redes gigantescas, e desapa- receram. 27O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Essas empresas não souberam honrar os compromissos entre suas marcas e valores e as obrigações que passaram aos clientes e consumidores, que acabaram se aproprian- do de seus valores e dessa essência. Se a empresa pisar na bola e deixar de honrar seus valores, o consumidor se decepciona e busca a próxima opção. Temos exemplos dos mais variados e certamente alguns são muito conhecidos. É importante pararmos um pouco para pensar sobre o que é marca nesse contexto. Entendemos e pensamos como um nome, um logotipo, é algo presente em nossas vidas no dia a dia. Realizamos um exercício de linguagem em que le- vantamos quais marcas são mais queridas e têm mais atra- tividade e, também por quais motivos. Geralmente o moti- vo é a experiência do consumidor com determinada marca. Marca é uma cultura e uma dinâmica de relações que ge- ram valor, e tem que imprimir essa importância para todas as partes envolvidas, os chamados stakeholders, que são as partes com uma fatia de interesse no negócio que a marca representa. E não podemos perder de vista que, embora a empresa faça a gestão do produto, da embalagem, do nome, das pessoas e do treinamento, o dono da marca é o cliente. Nosso compromisso tem que ser com o cliente e com o mercado. Quando falamos em desenvolver uma cultura cor- porativa, ela somente o é, de fato, se for voltada para den- tro. Porém, se é, e tem a pretensão de ser conectada com esse mundo, o entorno e o interesse dos stakeholders, deve 28 cOleçãO ciee 124 ser reconhecida como uma cultura de marca, que traz em si essa visão mercadológica. A visão da empresa precisa acontecer de dentro para fora para ser possível entender a dinâmica do processo de geração de valor para todas as partes com as quais se rela- ciona. Portanto, a marca é um organismo vivo, e temos que estar com os ouvidos e olhos abertos, escutando, monito- rando, verificando, inclusive por meio dessas novas mídias que funcionam 24 horas por dia e sete dias por semana. Em um domingo recente eu estava na fazenda de um amigo fora de São Paulo, no dia da corrida de Fórmula 1 em que Felipe Massa desacelerou e deixou Fernando Alonso ultrapassá-lo. Ocorre que o Santander patrocina a Ferrari globalmente. Pois bem, isso aconteceu por volta das 11h30. Meia hora depois, o Twitter do banco estava repleto de crí- ticas, como se o Santander tivesse algo a ver com a decisão da equipe. Esse é o efeito da marca associada. No momento em que entra um componente emocional, é muito difícil para as pes- soas entenderem as responsabilidades sobre os fatos. A marca acaba se beneficiando ou, nesse caso, se prejudicando, por causa de um evento. Se esse tipo de atitude de uma equipe à qual temos nosso nome e marca associados se repetir, oca- sionará perda de valor. Diga-me com quem andas que te direi quem és. Te- mos que escolher com quem nos associamos e com quais 29O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Temos que escolher com quem nos associamos e com quais conteúdos queremos que nossa marca seja associada. conteúdos queremos que nossa marca seja associada. A mar- ca é um resultado de todas as experiên cias de todas as pessoas. Nossa organização tem hoje 54 mil funcionários diretos e outros 35 mil indiretos que trabalham diariamente para o banco, dos quais aproximadamente sete mil são vigilantes que fazem a segu- rança dos prédios administrati- vos e das agências, em dois tur- nos, via de regra. Os vigilantes são importantes na experiência da marca? Nas agências há um mal necessário, a porta giratória, que incomoda a todos, seja porque a pessoa tropeça ou precisa tirar algo da bolsa, do bolso. O cliente vai à nossa casa, onde ele deposita seu dinheiro, e encontra esse inconveniente e às vezes um indivíduo mal-encarado, de mal com a vida ou que está no papel apenas de um policial e vigilante. Evidentemente que isso tem efeito no relacionamento com os clientes, e precisamos envolver o vigilante para ele entender seupapel no contexto de relacionamento, inclusi- ve com esse obstáculo que é a porta giratória. Outro dia me “caiu essa fi cha” e concluí que nunca fomos conversar com eles, que são as pessoas que recebem nossos clientes diaria- mente e convivem com os funcionários. 30 cOleçãO ciee 124 Comunicar é a arte de transmitir seu interesse e de fazer o outro entendê-lo. Temos de envolver esse seg- mento, que representa um nú- mero importante de pessoas para a experiência da marca no nosso caso específi co. Esse cuida- do deve ser sempre um refl exo da essência da corporação, daí a im- portância dessa defi nição em um mundo que está mudando cada vez mais rapidamente. Antigamente falava-se que planejar é traçar uma linha reta, para sair do ponto A e chegar ao B. Hoje em dia isso não existe. Pode-se traçar uma linha reta, que será no mí- nimo um zigue-zague, senão uma montanha-russa daque- las mais emocionantes e elaboradas. Não sabemos o que vai acontecer, se haverá uma medi- da, no nosso caso, de contingenciamento de crédito como, por exemplo, aconteceu nesse início de governo, no ano de 2011: medidas, inclusive, necessárias para que a infl ação não retorne, mas que afetam nosso negócio e nosso planeja- mento; ou mesmo providências internas, como a saída não prevista de algum gestor, um dado novo de mercado ou da concorrência que não tínhamos previsto, enfi m, questões que planejamos muito apenas para improvisar melhor. A essência da marca tem a ver com esses fatores e surge a partir do momento em que você instala o DNA de quem 31O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil é a sua empresa, de quem ela deseja ser, de como ela quer ser percebida. E ainda há o aspecto do que o outro efeti- vamente entende ser sua empresa. Comunicar é a arte de transmitir seu interesse e de fazer o outro entendê-lo. Se você não checar o que o outro entendeu, estará falan- do sozinho, e essa é a prática do exercício de identidade. Era talvez mais simples a época em que se fazia marketing e comunicação, e a única preocupação se referia ao que era emitido, um sinal de mão única. Hoje há um diálogo per- manente. É importante discutir a relação, não apenas em casa, mas também na empresa e com o mercado. A abordagem da marca deve ser feita de dentro para fora. Não acre- dito em um processo de construção de imagem em uma sociedade que está conectada em rede, com a luz acesa. Não é mais possível criar uma imagem que não tem um cor- respondente na identidade. Seja no Brasil ou no exterior, a empresa será cobrada no momento seguinte e, se não tiver uma essência, uma coerência, e não souber se posicionar, a empresa fracassa, porque frustrará os anseios do consumidor, não entregará o que promete no discurso e o cliente irá abandoná-la. Hoje em dia, quando falamos na questão de pensar no Não é mais possível criar uma imagem que não tem um correspondente na identidade. 32 cOleçãO ciee 124 Brasil, nas empresas e nos indivíduos nesse mundo glo- balizado, é porque verificamos companhias internacionais desembarcando no país em número cada vez maior, como também muitas empresas brasileiras indo para o exterior. Tenho profunda admiração pela cultura da AmBev. A meu ver, era um pouco radical no início, voltada para a me- ritocracia e baseada na cultura do “eu” ganho para o “ou- tro” perder. Algo forte, impactante, mas a empresa soube moldar essa cultura ao longo dos anos. Assisti recentemente a uma palestra do Carlos Brito, bra- sileiro e presidente global do grupo, e é brilhante a maneira como conseguiram exportar uma cultura de gestão para com- panhias como a Budweiser, para empresas que são tradicio- nais e líderes nos principais mercados do mundo. Compraram o Burger King com um cheque de US$ 4,5 bilhões e estão implantando um modelo de gestão nascido no Brasil. Conheci um brasileiro que trabalhava em uma empresa no Canadá e que agora está nos Estados Unidos, em Atlanta, e sinto orgulho ao ver brasileiros, vistos ain- da aos olhos dos países desenvolvidos muitas vezes como tupiniquins, implantando processos de gestão que nos dão muito orgulho. É com essa cabeça que temos que entender o processo de construção de imagem, a partir dessa identidade, dos valo- res, conhecendo o que somos, o que queremos e como vamos nos relacionar com esse círculo de valor. 33O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Sobre o que chamamos de fi - siologia da marca, antigamente pensávamos o marketing como instrumento de vendas ligado a alguma unidade de negócio. Hoje cada vez mais os mercados de ca- pitais estão próximos dos merca- dos de consumo. As pessoas que tomam as decisões e que transi- tam nesses nichos de negócios são as mesmas. Hoje um funcionário é também acionista e cliente. Os papéis se confundem em uma velocidade incrível. É preci- so entender como esse ciclo se processa e qual o interesse desse player em cada um desses papéis. Pretendo mostrar que cada vez mais a gestão da marca tem que estar próxima e infl uenciando as unidades de ne- gócio, e precisa ser considerada um ativo estratégico vincu- lado diretamente ao centro de decisão; e com uma missão de gerar valor, tangível e intangível, e não com o intuito apenas de fazer uma boa venda. É preciso fazer uma venda pensando na próxima interação. Se eu não deixar um resíduo de satisfação maior para que o cliente tenha vontade de voltar e realizar uma nova compra, não estarei trabalhando a atratividade e a perpe- tuidade da empresa. É super importante a gestão da marca Hoje cada vez mais os mercados de capitais estão mais próximos dos mercados de consumo. 34 cOleçãO ciee 124 como ativo estratégico. No caso do Santander, a marca vale aproximadamente US$ 26 bilhões. No caso do Brasil, cerca de US$ 6 bilhões. A marca Google vale aproximadamente US$ 80 bilhões e existe um componente intangível muito grande nessa mar- ca. É importante compreendermos esse fato porque isso acaba signifi cando atratividade de capital e de talentos a custo mais baixo. Se existir admiração pela empresa, exis- tirá atração em grau e número muito maiores de pessoas talentosas, como também será facilitada a entrada em no- vos mercados. O encantamento pela empresa facilitará também a atração de so- luções inovadoras que contribuam para que a companhia se reinvente e ofereça produtos e serviços novos, melhorando o marketshare, o retor- no de investimentos e o valor pre- sente. A atratividade tem efeito não apenas no mercado de capitais, mas no mercado de consumo, ampliando a aquisição de no- vos clientes e a retenção dos atuais. O fato de termos uma marca querida foi um dos desafi os com que nos deparamos e que ainda enfrentamos na fusão do Real com o Santander, uma vez que a marca Real era Se existir admiração pela empresa, existirá atração em grau e número muito maiores de pessoas talentosas. 35O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil mais querida que a Santander, diferentemente de outras em- presas, inclusive de bancos, que se fundiram. O desafi o é fazer essa trans- ferência sem perder valor. Além disso, fi zemos uma integração tecnológica que apresentou al- gumas instabilidades. Os clien- tes do Banco Real sabem que tivemos problemas, mudanças de hábito e alguma instabilida- de no sistema. Isso é ruim, mas se o cliente gosta, tem afi nidade e vínculo com a marca, ele também é mais tolerante com ela. Ele terá uma paciência maior e entenderá que se trata de um processo de longo prazo ao qual ele atribui valor, seja nos produtos, nos serviços ou nos relacionamentos que ele construiu com aquela marca. Vemos isso inclusive na visão de mundo enfatizada pelo Banco Real, da noção expandida da questão de sustentabilidade,que depois foi seguida por várias empresas. Existirão ganhos de produtividade ao fazer com que a cadeia de fornecedores seja aliada nesse processo, ganhan- do mais agilidade no setor operacional, algo muito impor- tante atualmente para todas as empresas. Fornecedores aliados vão atrair informações mais frescas, porque haverá O fato de termos uma marca querida foi um dos desafi os com que nos deparamos e que ainda enfrentamos na fusão do Real com o Santander. 36 cOleçãO ciee 124 uma rede que fará com que essa qualidade da marca traga mais informações, gerando mais valor e, principalmente, valorizando as pessoas. Estamos falando da criação de uma cultura por meio de participação e colaboração em toda a sociedade, que chamamos de ecossistema da marca. Nesse conceito estão incluídas as relações fortes, as fracas e as negativas, e ele visa entender o que infl uencia a marca e quais são os in- teresses envolvidos nas diferentes comunidades. Ele con- templa o que falei de reconhecer e valorizar a posição do indivíduo em todos os papéis, de gerir e de medir, se quer chegar a algum lugar. Temos um sistema para monitorar a realização dos ob- jetivos e é preciso mensurar nossos avanços para saber se estamos conseguindo caminhar nessa direção: medir não apenas os aspectos tangíveis, como a quantidade de produ- tos vendidos, mas a satisfação e o nível de engajamento dos funcionários, dos clientes e dos fornecedores, além de verifi - car como construir isso, pois não conseguimos controlar to- das as variáveis em nossa área. É preciso realizar as coisas por meio das diferentes áreas e pessoas, instalar essa maturida- de, essa cabeça e esse pensamen- to de forma generalizada para que a organização como um todo, começando pelo presidente, atue nesse sentido. É preciso realizar as coisas por meio das diferentes áreas e pessoas. 37O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Tivemos uma mudança de presidente-executivo. Fábio Barbosa foi para o Conselho de Administração e o espa- nhol Marcial Portela assumiu a cadeira. Pela primeira vez o novo presidente conduziu essa apresentação que anuncia os resultados, colocando a gestão e a atratividade da marca como principal fator para resumir nossas aspirações, o que nós queremos ser. O presidente reconheceu que tivemos algumas falhas durante o processo de integração e instabilidade de siste- mas, como já mencionei, mas olhando para esse futuro e valorizando a marca como a síntese desses valores que que- remos construir junto com os clientes, funcionários, forne- cedores e a sociedade. Se o presidente não der muita importância, a organiza- ção se acomoda, fica mais tranquila e administrará aquela área como se fosse supérflua. O grande desafio é reconhecer o indivíduo em tudo. Prezo muito esse fator, porque não podemos entender um indivíduo e querer que ele seja sempre inteiro, que apresente desempenho, que dê o máximo de si, se não o acolhermos em sua integridade. Não adianta achar que o funcionário está ali como uma máquina que vai apenas pro- duzir mecanicamente. Há dias em que a pessoa está com algum problema ou 38 cOleçãO ciee 124 desconforto e não consegue exercer adequadamente suas tarefas. Temos que entendê-la e acolhê-la para que, passa- do o problema, no dia seguinte, a pessoa esteja de fato em uma condição ótima para dar o melhor de si. Precisamos, nos diferentes papéis, nos comunicar, en- tender e comungar esse interesse comum para, de fato, construir uma parceria. Aliás, essa palavra já está muito desgastada, e tenho preferido usar a palavra aliança, que traz um comprometimento e uma verdade maiores e um interesse comum mais compartilhado. Para conseguirmos valorizar a marca e anteciparmos as necessidades, é necessário dialogar para que tenhamos vín- culos de qualidade baseados em valores, ética e confiança. Outro fator importante é a afetividade. Em uma de nos- sas campanhas publicitárias com um viés mais institucio- nal, utilizamos o conceito “Juntos”, que resume nossa es- sência. Como padrão dessa campanha, no centro da peça estão as pessoas, e fizemos questão de colocar um coração nelas no logotipo desse programa. Houve quem achasse essa ideia boba, fizeram pouco caso dela, mas o Fábio Barbosa a “comprou” na ocasião do lan- çamento do programa. Queremos que os indivíduos sejam respeitados, acolhidos e entrem inteiros na organização. As pessoas não são profissionais-robôs que trabalham em horário comercial e depois vão embora, que vão para seu escri- 39O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil tório e deixam seus problemas em casa. Isso não existe. Ou acolhemos e entendemos os indivíduos em sua inte- gridade, ou então não conseguiremos estabelecer esse elo de confi ança que é básico para a criação das relações em nosso negócio. Devemos fazer com que essa onda permeie gestão, produtos e serviços com a lente da sustentabilidade, ampliada para a da responsabilidade, do impac- to do nosso negócio na sociedade e no meio ambiente. Não entrarei em detalhes, mas temos várias políticas, um comitê de ação social, outro de sustenta- bilidade e tudo isso se tornou par- te de uma política global da em- presa. Existe um comitê global de sustentabilidade, de ação social e também políticas para verifi car o impacto socioambiental nas decisões de crédito que tomamos. Quando iniciamos esse processo há alguns anos, ainda no Banco Real, a sustentabilidade não era moda. Hoje em dia é uma exigência, e o Ministério Público classifi ca a ins- tituição fi nanceira como corresponsável se o crédito conce- dido para determinada empresa causar dano à sociedade ou ao meio ambiente. É muito bom sentir que lideramos esse processo e que, ao olharmos para trás, enxergamos a Ou acolhemos e entendemos os indivíduos em sua integridade, ou então não conseguiremos estabelecer esse elo de confi ança. 40 cOleçãO ciee 124 sociedade caminhando nessa direção. Um pouco do que queremos inaugurar com o programa “Juntos” é essa noção da interdependência. Estamos no mesmo barco e não dá para ter um bom desempenho em um país que vai mal. O “Juntos” é mais do que uma visão de negócios. Coloca as pessoas no centro e não é ape- nas um slogan publicitário. É um jeito de ser e de fazer negócios, reconhecendo as mudanças que estão acontecendo e dando potên- cia a elas. Estamos juntos e a inteli- gência coletiva é maior do que qualquer inteligência individual nesse grupo. Mesmo que se ti- véssemos algum Prêmio Nobel, alguma cabeça brilhante, a inte- ligência desse conjunto aqui representado é maior do que a individual. Daí a importância de potencializar e favorecer essa inteli- gência coletiva para que ela possa trabalhar em prol de todo o mundo, chamando as pessoas para entender essa força e se- rem protagonistas de suas próprias vidas. Iremos assim acelerar, multiplicar e encontrar mais ino- Estamos juntos e a inteligência coletiva é maior do que qualquer inteligência individual nesse grupo. 41O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil vações em razões para fazer parte desse mundo, com in- divíduos juntos, conectados, em rede, conscientes, que in- terferem diretamente e são responsáveis e protagonistas pela transformação da nossa sociedade a partir das nossas ações, do pouco que cada um faz. Se cada um cuidar da rua ao lado, podemos mudar o mundo. Gostaria de compartilhar quatro frases que geralmente uso porque me fazem bem, gosto de transmiti-las, pois po- dem servir de estímulo. A primeira é de Ralph Emerson, um filósofo norte-americano, que em resumo quer dizer que não é preciso falar se você agir. Se você agir, suas atitudes falam por si. Suas atitudes falam tão alto que não consigo ouvir o quevocê diz. Esta outra é de John F. Kennedy: Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país. O Brasil está em um momento espetacular. De maneira simplificada, quer dizer que pela primeira vez a população ativa é maior que a inativa. Temos ainda muito a fazer para incluir a população ina- tiva na força de trabalho e na força econômica. O Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, tem aproximadamente 16 milhões de pessoas e apenas oito milhões são consideradas 42 cOleçãO ciee 124 economicamente ativas. É muito pouco, e isso me deixa tris- te como ser humano. Não é confortante saber que metade da população do Rio de Janeiro está ainda nessa situação. Está vindo, porém, um vento a favor. O bônus demográ- fico é um exemplo. Nos locais em que ocorreu essa inversão de curva, onde as pessoas que geram renda e riqueza pas- saram a constituir uma quantidade maior do que as pes- soas inativas, as sociedades deslancharam e tiveram um grande progresso. Isso é um aditivo superimportante que temos no Brasil e que deve durar 30 anos. Estamos em um momento de conscientização e de pegarmos juntos essa “onda” e tirar proveito dela. A questão da Copa do Mundo, apesar de todas as discus- sões sobre prazos, é um acontecimento, e teremos que nos preparar para ela mesmo com alguns erros e inadequações, talvez até com custo mais alto do que poderia ser feito. Esse é um projeto que vai ficar para a vida toda, e o país vai se beneficiar. Teremos Olimpíadas e os Jogos Militares Mundiais no Rio de Janeiro, a Copa das Confederações em 2013, eventos que não apenas projetam o Brasil, mas colocam para nossa economia uma perspectiva que não tínhamos. Como podemos evoluir como sociedade para que possa- mos sustentar esses patamares que estaremos galgando em termos de infraestrutura e de preparação e capacitação 43O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil de mão de obra? Mudando um pouco a maneira de pensar, como podemos ensinar as pessoas? Entendo que o ensino técnico-profi ssionalizante é im- portantíssimo dentro dessa realidade de escassez de mão de obra que estamos enfrentando. Constatei que faltam diversos ti- pos de profi ssionais, desde ban- cários, engenheiros e técnicos mais especializados, como, por exemplo, padeiros. Trata-se, às vezes, de uma mão de obra simples, mediana- mente qualifi cada, mas de qual- quer forma temos de pensar em como podemos encurtar o perío- do de formação das pessoas com a ajuda de toda essa aparelha- gem tecnológica e de ensino à distância hoje disponível. Sobre esta outra frase, falamos muito sobre isso no ban- co e trata-se de uma frase de diversos autores, por isso nenhum está mencionado. É sobre a importância de dei- xarmos um mundo melhor e também de deixarmos fi lhos melhores para o nosso mundo. Temos de pensar em como podemos encurtar o período de formação das pessoas com a ajuda de toda essa aparelhagem tecnológica. 44 cOleçãO ciee 124 Quando andamos próximos à margem do rio Pinheiros ou do Tietê, vemos a quantidade enorme de lixo que joga- mos nas ruas todos os dias, o mesmo acontecendo no mar quando vamos a Ubatuba ou ao Guarujá, por exemplo. Ou- tro dia parei em um pedágio e observei que a quantidade de papel espalhado ali naquela praça é uma loucura. É lixo, e isso tudo tem um custo social, em termos de educação, um custo ambiental e de processamento. É preciso lutar por esta conscientização, mas só conseguiremos resultados expressivos se caminharmos juntos. E aqui uma frase muito inspiradora, do Gandhi: Qualquer que seja a mudança que você quer ver no mundo, ela está em nossas mãos. D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S D E B A T E S 46 cOleçãO ciee 124 EDUARDO DE OLIVEIRA Superintendente de Operações do CIEE Em primeiro lugar gostaria de parabenizar a brilhante exposição. Minha pergunta se refere à questão de medir a satisfação. Falou-se aqui da im- portância dos clientes e do relacionamento. Gostaria de saber, de forma resumida, como o Santander mede esse contentamento, principalmente a questão dos sinais e fatores intangíveis. Quais são as métricas? Como se faz isso? São pesquisas? Sabemos que os fatores que têm métrica e parâmetros defi nidos são rela- tivamente fáceis de medir, mas como é feita a medição dos intangíveis no Santander? FERNANDO BYINGTON Ótima pergunta. Pesquisas de satisfação são muito importantes. Geralmen- te, é medida pelo clima de engajamento dos funcionários, com pesquisas junto aos fornecedores e a todos os segmentos de clientes. Porém, ultimamente sinto uma insatisfação muito grande com as avalia- ções, e os institutos ou pesquisadores aqui presentes que me desculpem. Estou insatisfeito porque fi camos olhando o leite derramado. Temos hoje que medir on line o que está acontecendo, e as redes sociais nos permitem olhar o que está acontecendo aqui e agora. Fazer uma pesquisa para saber se a empresa teve algum problema e publicar esse resultado de campo e análise daqui a três meses não adianta. Os problemas tecnológicos que enfrentamos, a instabilidade e alguns pro- blemas de uso na integração em fevereiro nos foram comunicados através do SAC e do Twitter. Recentemente vi uma pesquisa que foi encomendada, estruturada e muito bem feita, dizendo mais ou menos a mesma coisa. O estudo tinha uma lente que organizava melhor os dados. Porém, temos que colocar essa lente no SAC e no Twitter para que já possamos imediata- mente capturar e organizar os resultados dessa maneira. É muito importante evoluirmos nessa direção, porque se não o cliente já terá ido embora quando você tiver o resultado da pesquisa. Quem vai a um restaurante, para citar um exemplo mais simples, é mal atendido e come mal, simplesmente não volta ao local. Talvez se a cerveja estiver gelada e se houver uma afi nidade muito grande e um café bom, D E B A T E S 47O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil poderemos voltar. Mas, se formos mal atendidos pela segunda vez, iremos embora. Que adianta receber uma pesquisa no dia seguinte ou na semana seguinte se a experiência foi ruim? Seu vínculo é com o estômago e com o prazer de estar ali, e você não vai recomendar aquele restaurante a ninguém. Muito pelo contrário, vai falar mal dele. Da mesma maneira isso acontece com um banco, mesmo que não exista uma mobilidade assim tão grande. Sou cada vez mais favorável a pesquisas informais e momentâneas, para saber como a empresa está atuando. Gosto muito de uma solução que a Lojas Renner adotou, chamada Encantômetro. Vi recentemente uma pes- quisa similar em um hotel que perguntava sobre a qualidade do serviço do manobrista. Temos que trazer cada vez mais esse poder e essa informação sobre quem está no comando, que é o próprio consumidor. Entendo que as pesquisas são importantes e gostaria de comentar que a maioria, para não dizer todos os indicadores, corre o risco de errar porque interpreta o que aconteceu:quantas contas foram abertas, quantos pro- dutos vendidos, quantos negócios fechados, quais os saldos e balanços. O único indicador que utilizamos que olha para a frente e dá a propensão de consumo futura é a atratividade da marca. Se eu não tivesse conta nesse banco, em qual eu teria? É isso o que vai in- dicar de fato se o cliente deseja permanecer e qual a tendência de relação. Fizemos esse tipo de pesquisa e tivemos bons resultados. No Real utilizá- vamos esse sistema e, no segmento Van Gogh, chegamos a ultrapassar o banco que estava em primeiro lugar. Existe um contingente de clientes indecisos, e não precisamos apenas rou- bar clientes do concorrente, estratégia que dá muito mais trabalho. Traba- lhar os indecisos no mercado é uma boa alternativa. MARÍLIA CASAGRANDE Analista de Planejamento e Comunicação Corporativa da Agência Rino Com É sabido que a publicidade hoje em dia não tem mais credibilidade e não oferece relacionamento. Gostaria de saber como o senhor vê o futuro dessa área perante as redes sociais. D E B A T E S 48 cOleçãO ciee 124 FERNANDO BYINGTON Essa é uma pergunta que pode me complicar... Bem, serei muito franco. Não sou oriundo da área de marketing e nem tive formação em publicidade. Minha área sempre foi a de negócios, mas a vida me direcionou e acabei me encaminhando para essas áreas. Acredito muito no marketing boca a boca, e não tenho os vícios da indús- tria. Você tem toda razão e sua pergunta é muito boa, adequada e atual. Quando se compra um carro, o manual não é lido. Às vezes, lê-se o anúncio. Há uma marca que tem anunciado bastante e deve ter alguma credibilidade porque vem divulgando reconhecimentos externos. Mas, hoje em dia, a maneira mais efi caz para quem não é um expert em compra de carros, já que nas famílias sempre existe um especialista, é en- trar na rede. Ali é possível ouvir os usuários e conhecer a experiência das pessoas, navegar por sites de compras pela internet e verifi car o que dizem as pessoas que avaliaram o produto. Às vezes, até desconfi amos que os próprios funcionários das empresas fi - zeram as avaliações cinco estrelas, mas as redes acabam desmistifi cando um pouco tudo isso, porque nela encontramos pessoas como nós falando de suas experiências, seja um expert no assunto, ou porque é alguém que teve uma experiência comum, que gosta do produto e que selecionou um aspecto que os mais escolados deixam passar despercebido. Cito, como exemplo, a questão de uma maçaneta que quebrava as unhas das mulheres. Um homem provavelmente não perceberia isso. A empresa melhorou a questão da ergonomia, fazendo adaptações próprias para cada país. Nada melhor do que ouvir o consumidor e estar conectado à rede. As deci- sões são melhores, mais críveis, e nos sentimos melhor. isso é um pouco da história do programa “Juntos”. ALEXIS POMERANTZEFF Ordem dos Parlamentares de São Paulo Parabéns pela sua brilhante exposição. Concordo que as pesquisas são mal feitas e acredito que deveriam ser feitas ao longo de toda a história do Brasil, porque não adianta saber apenas o que acontece hoje, e sim o que D E B A T E S 49O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil também aconteceu no passado. Se eu perguntar quem foi o melhor ministro da Economia da história bra- sileira, a maioria das pessoas não saberá responder. Na verdade, o maior ministro foi o marquês de Maricá, no tempo de d. Pedro I. Ele percebeu que não dá para fazer com que cada cidadão fosse um milio- nário, porque o país não funcionaria. Ele escreveu um tratado de fi losofi a, como maior fi lósofo da história do Brasil, em que dizia que podemos fa- zer de cada cidadão do país um milionário de cultura, de conhecimento, e por isso até hoje ele sofre de um grande preconceito, porque o sistema de educação não repercute esse modelo de cidadão que foi idealizado pelo marquês, que foi também senador do Império, ministro da Economia. Se as pesquisas fossem bem feitas elas poderiam transmitir o conhecimento do nosso passado. FERNANDO BYINGTON O senhor fala algo que eu percebo um pouco. Hoje me pediram para escre- ver uma resposta a um jornal de propaganda, o Meio & Mensagem, porque parece que as agências de publicidade têm reclamado muito que os jovens estão chegando às agências, com muita rotatividade, e os mais experientes estão sendo desprezados. Acho uma pena esse processo em um país que precisa da preservação da memória para cultivar principalmente o capital humano. O jornal falava de um processo de “juniorização”. Acredito que esse, digamos, fenômeno seja de qualifi cação de um indivíduo que não seja um modelo ou bom exemplo. O jovem que é bom, engajado e entusiasmado, é mais sênior, às vezes, do que muitas pessoas mais velhas. O que me preocupa é o que chega com todas as respostas, que acha que o mundo passou a existir no dia em que ele nasceu ou em que tirou o diploma. A questão é como utilizar a experiência dos mais velhos. É um crime que as pessoas estejam vivendo cada vez mais, e com 60 ou 65 anos irem para casa. É um desperdício de capital e conhecimento. Com a sociedade em rede teremos condição de preservar e estimular conhecimentos maiores. D E B A T E S 50 cOleçãO ciee 124 FÁBIO RAMPAZZO Empreendimentos Imobiliários Gostaria primeiramente de agradecer a presença do conferencista pela pa- lestra brilhante, uma exposição dinâmica e atual. Precisamos valorizar esse tipo de abordagem. A questão do valor da marca é algo que ainda vem sendo aprendido no Brasil, um entendimento não muito antigo. O Banco Real tinha um valor de marca que considero muito alto, uma marca que era, há muitos anos, bem cotada e posicionada. Já a do Santander era bem diferente, inclusive porque era um banco que veio do exterior. Como esse capital consegue ser aproveitado na fusão, uma vez que são duas mar- cas que nada tinham em comum? Como fazer sinergia dessas marcas e como conseguir com que o cliente que tinha identifi cação com o Real a transfi ra para o Santander? Isso não é algo automático, e deve exigir um empenho muito grande. FERNANDO BYINGTON Não é automático, com certeza. Sua pergunta é muito boa. Esse é o desafi o, e não apenas meu; divido-o com o presidente do banco, com os outros vice- -presidentes e com toda a organização. A atratividade da marca é uma responsabilidade de todos, do vigilante, do gerente, do Call Center e do SAC, quando ocorre algum “estresse” e aparece um cliente com alguma adversidade. A difi culdade e o problema precisam ser valorizados. Nosso SAC teve um problema de gestão recentemente e passou para uma área central de qualidade, ligada diretamente ao presidente. Acho ótimo, mas continuo envolvido no assunto porque o SAC é muito importante para a reputação da marca. O problema só é um problema de fato se eu não faço nada com ele. Pelo contrário, o cliente que reclama é o que consideramos bom, e ele nos dá uma oportunidade para agir, para inverter uma situação ruim. A satisfação está diretamente relacionada à expectativa. O importante é saber o que queremos fazer com aquele problema, e para mim todos eles são importantes. É muito raro pegar algo fora da curva, sem pé nem cabeça. Então, temos sempre que fazer alguma coisa. Essa é a “dor de dono”. Todos os funcionários precisam ter isso em mente. D E B A T E S 51O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Essa postura envolve consciência e maturidade, e é preciso entender, na organização, que marca é cultura. A marca Real era querida, apesar dos vários problemas internos de que eu tinha consciência. O Santander tem aplicativos muito melhores, do ponto de vista de proces- sos e sistemas, mas os resultados ainda não apareceram. De certa forma, exemplifi cando, houve uma mudança de chassis e um certo solavanco na transição do Real parao Santander. Viajei todo o Brasil nos road shows e eventos preparativos dessas mudan- ças, alguns deles com até três mil pessoas. Em todos os eventos, a maioria dos gerentes, pessoas com 20 ou 30 anos de casa, já tinham passado por algum processo de integração. Ninguém achava que o banco estava pior do que o de origem. A vida tende a dar certo, a melhorar, e estamos vendo uma evolução no tra- tamento do consumidor. O Código de Defesa do Consumidor completou 20 anos no ano passado. Hoje, há acesso para pessoas com defi ciência física em quase todas as calçadas, na grande maioria dos estabelecimentos, algo que não víamos antes. São conquistas, mais ou menos a fórceps, mas que são da sociedade. A tendência é evoluirmos, e em todos os bancos, pois uns competem com os outros, e os que não evoluírem fi carão sem clientes. Temos que atender bem e irmos ao encontro do cliente. É uma questão de tempo. Não quero pedir voto de confi ança, mas trabalho diariamente no assunto. Temos um novo presidente muito experiente, o Marcial, com 66 anos de idade, que conhece a área de tecnologia e recentemente falou a jornalistas que busca a tolerância zero em termos de erros e problemas de sistemas, até o fi nal do ano. Pode levar um pouco mais, mas iremos buscar essa meta. Compramos um terreno para servir como site de tecnologia em Campinas. O banco já tem uma tecnologia muito boa e moderna. Esses sistemas se desenvolvem em camadas. O sistema do Real já tinha 40 anos, como ocorre com o de outros bancos, também. O Bradesco, agora, está renovando o seu sistema. O Santander tem um sistema com sete anos de idade, muito mais ágil, ro- busto e blindado a interferências. O costume, no sistema bancário, é ir jun- tando sistemas em camadas. O pessoal é muito capaz e qualifi cado e, no fi nal, tudo dá certo, mas não é o ideal. D E B A T E S 52 cOleçãO ciee 124 Outro fator polêmico é o fato de que o mundo consegue melhorar sua fun- cionalidade e o consumidor está, com certeza, mais impaciente e intoleran- te. Nunca vemos o Google, o Facebook ou o Twitter fora do ar. O próprio celular ainda tem problemas, mas funciona muito bem e não nos deixa na mão com frequência. Os sistemas dos bancos ainda apresentam problemas e os clientes ainda precisam pagar pelos seus serviços. Porém, o Google e o Facebook são gra- tuitos. Isso tem que mudar. Pelo menos, nossos sistemas precisam funcionar muito bem. Falo isso como responsável pela questão na área em que trabalho. Dia- riamente me dedico para que possamos construir essa cultura de marca e entregarmos isso, de fato, no dia a dia, de uma maneira padronizada, para os clientes. Estamos evoluindo, vamos chegar lá e vejo também os esforços dos outros bancos. Ainda temos altos índices de reclamação no PROCON, mas não é possível mudar a estrutura de um banco, com milhares de pessoas e enor- me complexidade, da noite para o dia. O caminho é esse e não tenho dúvidas de que vamos evoluir muito e teremos orgulho, como sociedade, do tratamento dado às pessoas e ao consumidor. VERA LIA MARTINIANO Fórum da Agenda 21 Já fui funcionária do Banco Real e sinto muita saudade do bom tratamento aos funcionários. Na época em que trabalhava, éramos muitas mulheres. Quando uma fi cava grávida, todas queriam ter fi lhos ao mesmo tempo. Nunca sofremos qualquer tipo de discriminação. A lembrança que tenho é que o Banco Real trata bem as mulheres e a terceira idade, sempre teve preocupação com a saúde do funcionário, e tí- nhamos prazer em trabalhar no banco. Hoje me pergunto: para quê tanto SAC? Naquela época não precisávamos disso, porque trabalhávamos com alegria. Outra questão envolve o pesquisador. Sou freelancer de alguns institutos e esbarro na falta da informação do brasileiro. Ele não pensa que pode mudar o destino do país com aquele questionário chato que tem que responder. 53O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Outro problema é a pressa que os pesquisadores têm ao desenvolver o levan- tamento. Sofremos uma cobrança muito grande com prazos. FERNANDO BYINGTON Muito obrigado. Muito bom saber que você trabalhou no banco e bebeu daquela fonte. Para nós é essencial cuidar bem dos funcionários. Pode ser que em algum momento tenha havido algum descompasso na primeira medida, ainda sob a presidência de Fábio Barbosa. Quando começamos a pensar e focar um pouco sobre qual seria nossa missão nessa fusão de culturas, procuramos lançar um plano conjunto, unificando o que os dois bancos tinham de melhor. Prevaleceu muito da estrutura do Real. O Santander não dispunha, por exem- plo, de um plano de previdência privada para os funcionários. Conseguimos fazer com que o plano abrangesse todos os funcionários. São conquistas. O Real tinha uma prática para as gestantes poderem tirar o leite e armazená-lo. Chamava-se lactário, e essa prática existe até hoje em unidades do Santander, o que é algo muito bacana. Temos depoimentos emocionantes de pessoas que utilizaram esse recurso. Essas práticas, ano após ano, são aplicadas para concorrermos ao prêmio “As Melhores Empresas para Você Trabalhar”, o que também foi uma evolução. Está em nossa agenda e queremos melhorar. Existe uma série de práticas, um clima de engajamento e não há porque tratar mal os funcionários. Temos pessoas no centro do nosso modelo, e acreditamos que a satisfação do cliente, genuinamente satisfeito, é o que perpetuará nosso negócio e o rentabilizará ainda mais. Para isso, temos que começar com um funcionário satisfeito. Não dá para ter um funcionário insatisfeito e de mal com a vida. Talvez meia dúzia de pessoas consigam fazer isso, mas o modelo não é humanamente viável. Estamos evoluindo diariamente. Às vezes por questões de contenções orçamentárias um programa pode ter sofrido um pouco mais, mas não o essencial desse programa. O essencial é uma política de valorização e de participação no lucro que não existia na extensão atual. Existem algumas questões pendentes ainda, como um número de terceiriza- dos muito alto em algumas funções que talvez não se justifique, como no call center. Temos ainda alguns desafios para lidar, mas nosso modelo passa pela 54 cOleçãO ciee 124 valorização do funcionário e queremos recuperar as posições que perdemos no ranking “As Melhores Empresas para Você Trabalhar”. Existe uma agenda. O clima já melhorou muito. Quando você junta dois tran- satlânticos, gera uma insegurança, com sobreposição de pessoas e ativida- des, dispensas de pessoal por conta das sinergias, mas isso já está superado e estamos avançando bem. Na questão dos institutos de pesquisa, entendo que você tem toda a razão. Costumo dizer que depois de conquistar o cliente, que é o bem mais precioso de uma empresa, a segunda coisa mais importante são as informações a res- peito da pessoa. Precisamos saber se o cliente é homem ou mulher, jovem ou idoso, se tem filhos, se tem casa e qual sua escolaridade. As nossas decisões, qualquer que seja o nível, em nossa vida pessoal, nas empresas e no país, serão tão boas quanto as informações nas quais se basearam. Temos problemas de clientes que não atualizam o cadastro. Precisamos de dados atualizados para enriquecer nossas informações do banco de dados e para que, com todo o respeito, com as permissões devidas, a empresa possa se relacionar melhor com seus clientes. É algo que faz parte de um modelo cultural, de uma mentalidade, e tem um aspecto de insegurança, de como lidamos com a questão de reserva e privacidade em um mundo que está um pouco assustado com os desvios de rota. Mas é uma questão muito importante para com que devemos aprender. JAIME Área de Turismo Tenho certeza de que sua palestra fez muito bem para todos. Todo esse trabalho brilhante que você vem desempenhando não pode ficar no meio do caminho por causa de meios. A Copa do Mundo e as Olimpía-das, por exemplo, não podem ter intercorrências desnecessárias por falta de meios. É única a oportunidade de pedir apoio do Santander para esse sucesso acontecer em sua plenitude. FERNANDO BYINGTON Muito obrigado. Nessa questão de meios não existem muitos atalhos. Con- seguimos apenas alguns, dependendo das soluções. Vou dar um exemplo: no Rio de Janeiro haverá 15 mil leitos prontos para a Copa do Mundo. A 55O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil necessidade prevista é de 30 mil, e a solução serão os navios, com 15 mil leitos boiando e flutuando. É uma solução paliativa, porém inteligente e boa. O governo atual teve uma boa estreia e está tomando decisões com muito bom senso. A saída é trabalhar em conjunto. Fazemos nossa parte, temos atuação muito forte na área de universidades e universitários, com cursos de capacitação e inclusão social, para espanhol e inglês. Se cada um fizer um pouco, conseguiremos fazer essa entrega e, principalmente, sustentar esse patamar. Não adianta executar reformas físicas se depois a sociedade não conseguir manter o nível de atividade gerada em razão desses eventos. Temos que pen- sar nisso. Outro dia fiquei sabendo que o proprietário da rede Galeto´s, da qual sou cliente, que é português, mudou-se para o Rio de Janeiro, atento a esse crescimento. No banco estamos nos mobilizando com uma frente chamada “Rio 100 em 5”, que busca dobrar nossa presença em negócios nos próximos cinco anos. O projeto é desenvolvido no Rio de Janeiro, porque em São Paulo já temos uma base muito forte. O Nordeste é a região do Brasil que mais cresce, e onde estamos com a maior performance em termos de crescimento. Temos uma base muito boa em Per- nambuco e em outros estados. É bacana pensarmos de forma ampliada e vermos como podemos participar e nos unir para que, juntos, consigamos de fato avançar. 56 cOleçãO ciee 124 57O nOvO jeitO de realizar negóciOs nO Brasil Homenagem de encerramento Neusa Helena Menezes, superintendente de Assuntos Institucionais e RH do CIEE, entrega o Troféu Integração a Fernando Byington Egydio Martins. Durante a cerimônia de encerramento deste Fórum de Debates sobre a Realidade Brasileira, a superintendente de Assuntos Institucionais e RH do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, Neusa Helena Menezes, entregou ao palestrante, Fernando Byington Egydio Martins, o Troféu Integração concedido pelo CIEE, que expressa a fi losofi a e os objetivos da instituição, não governamental e fi lantrópica, mantida pelo empresariado brasileiro. 58 cOleçãO ciee 124 C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E C O L E Ç Ã O C IE E Coleção CIEE-01 (esgotado) Estágio - investimento produtivo Publicação Institucional do CIEE Coleção CIEE-02 (esgotado) A globalização da economia e suas repercussões no Brasil Ives Gandra da Silva Martins Coleção CIEE-03 (esgotado) A desestatização e seus reflexos na economia Antoninho Marmo Trevisan Coleção CIEE-04 (esgotado) Rumos da educação brasileira Arnaldo Niskier Coleção CIEE-05 (esgotado) As perspectivas da economia brasileira Maílson da Nóbrega Coleção CIEE-06 (esgotado) Plano Real: situação atual e perspectivas Marcel Solimeo e Roberto Luís Troster Coleção CIEE-07 (esgotado) Os desafios da educação brasileira no século XXI Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CIEE-08 (esgotado) Os cenários possíveis para a economia em 98 Luís Nassif Coleção CIEE-09 (esgotado) O fim da escola Gilberto Dimenstein Coleção CIEE-10 (esgotado) O peso dos encargos sociais no Brasil José Pastore Coleção CIEE-11 (esgotado) O que esperar do Brasil em 1998 Marcílio Marques Moreira Coleção CIEE-12 (esgotado) As alternativas de emprego para o mercado de trabalho Walter Barelli Coleção CIEE-13 (esgotado) Redução tributária - urgência nacional Renato Ferrari, Alcides Jorge Costa e Ives Gandra da Silva Martins Coleção CIEE-14 (esgotado) A contribuição do 3º Setor para o desenvolvimento sustentado do País Seminário do 3º Setor Coleção CIEE-15 (esgotado) Os rumos do Brasil até o ano 2020 Ronaldo Mota Sardenberg Coleção CIEE-16 (esgotado) As perspectivas da indústria brasileira e a atual conjuntura nacional Carlos Eduardo Moreira Ferreira Coleção CIEE-17 (esgotado) As novas diretrizes para o ensino médio Guiomar Namo de Mello Coleção CIEE-18 (esgotado) Formação de especialistas para o mercado globalizado Luiz Gonzaga Bertelli Coleção CIEE-19 (esgotado) A educação brasileira no limiar do novo século Simpósio CIEE/O Estado de S. Paulo Coleção CIEE-20 (esgotado) A formação da nacionalidade brasileira João de Scantimburgo Coleção CIEE-21 (esgotado) A educação ontem, hoje e amanhã Jarbas Passarinho Coleção CIEE-22 (esgotado) A universidade brasileira e os desafios da modernidade Paulo Nathanael Pereira de Souza Coleção CIEE-23 (esgotado) Os novos rumos do real: previsões para a economia brasileira após a mudança da política cambial Juarez Rizzeri Coleção CIEE-24 (esgotado) Brasil: saídas para a crise Alcides de Souza Amaral Coleção CIEE-25 (esgotado) A educação e o desenvolvimento nacional José Goldemberg Coleção CIEE-26 (esgotado) A crise dos 500 anos: o Brasil e a globalização da economia Rubens Ricupero Coleção CIEE-27 (esgotado) A língua portuguesa: desafios e soluções Arnaldo Niskier, Antonio Olinto, João de Scantimburgo, Ledo Ivo e Lygia Fagundes Telles Simpósio CIEE/ABL Coleção CIEE-28 (esgotado) Propostas para a retomada do desenvolvimento sustentável nacional João Sayad Coleção CIEE-29 (esgotado) O novo conceito de filantropia II Seminário do 3º Setor Coleção CIEE-30 (esgotado) As medidas governamentais de controle de preços Gesner de Oliveira Coleção CIEE-31 (esgotado) A crise brasileira: perspectivas Antônio Barros de Castro Coleção CIEE-32 (esgotado) O futuro da justiça do trabalho Ney Prado Coleção CIEE-33 (2ª ed./esgotado) Perspectivas da economia e do desenvolvimento brasileiro Hermann Wever Coleção CIEE-34 (esgotado) O que esperar do Brasil na virada do século Eduardo Giannetti Coleção CIEE-35 (esgotado) O ensino médio e o estágio de estudantes Rose
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