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2012 – 1º Semestre Aluno: Alexandre José Granzotto Título: Introdução à Engenharia Matéria: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA Notas de Aula Engenharia Civil Prof. Ailton Adriano Pissolati Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 2 de 115 CONTEÚDO 1. A Evolução do Concreto 2. Alvenaria 3. Fundações 4. Preparo e Uso do Concreto 5. Patologia das Construções ATENÇÃO: Este arquivo, “Notas de Aula – Introdução à Engenharia”, traz o conteúdo das aulas da disciplina de Introdução à Engenharia, ministrada no 1º semestre de 2012 pelo Prof. Ailton Adriano Pissolati, do curso de Engenharia Civil, período diurno, da Faculdade de Engenharia Dom Pedro II. Está complementado por excertos retirados de obras encontradas na internet e não mantém qualquer ligação ou submissão ao material elaborado por professores da entidade de ensino, sendo totalmente de minha responsabilidade. Este arquivo foi editorado por Alexandre José Granzotto, e pode ser encontrado no site ResumosConcursos ( www.resumosconcursos.com ) Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 3 de 115 INTRODUÇÃO À ENGENHARIA 1. A EVOLUÇÃO DO CONCRETO ARMADO O concreto moderno, utilizado atualmente para a construção dos mais diversos tipos de estrutura é fruto do trabalho de inúmeros homens, que durante milhares de anos observaram a natureza e se esmeraram por aperfeiçoar materiais, técnicas, teorias e formas estruturais. A história do concreto armado não começou no século passado, mas com a própria civilização humana, pois a partir do momento que o homem existe sobre a terra, ele tem a necessidade básica de morar e morar melhor a cada dia, desenvolvendo novas tecnologias para isto. Mas podemos ir mais longe que isto, a milhões de anos atrás, se considerarmos que os primeiros cimentos e concretos foram gerados pela natureza. Podemos até considerar as rochas sedimentares como concretos naturais. Em linha cronológica relatamos fatos diversos que consideramos relevantes para a evolução da ideia de se construir com concreto. Concreto: Material plástico, que é moldado de maneira a adquirir a forma desejada antes que desenvolva um processo de endurecimento, adquirindo resistência suficiente para resistir sozinho aos esforços que o solicitam. 12.000.000 a.C. – Israel Reações entre calcário e argila xistosa durante combustão espontânea formaram um depósito natural de compósitos de cimento. Estes depósitos foram caracterizados por geólogos israelenses na década de 1970. Este é o cimento natural, o primeiro cimento que os homens utilizaram. Cimento: Mistura finamente moída de compósitos inorgânicos que quando combinados com água endurecem por hidratação. 8.000 a 4.000 a.C. – Europa Somente no final do período neolítico e início da idade do bronze é que surgem as primeiras construções de pedra, principalmente entre os povos do Mediterrâneo e os da costa atlântica. No entanto, como esses monumentos colossais tinham a função de templo ou de câmaras mortuárias, não se tratando de moradias, seu advento não melhorou as condições de habitação. Pelo peso dessas pedras, acredita-se que não poderiam ter sido transportadas sem o conhecimento da alavanca. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 4 de 115 Existem três tipos de formações megalíticas: os dolmens, galerias cobertas ou espécie de corredor que possibilita o acesso a uma tumba; os menires, que são pedras gigantes cravadas verticalmente no solo, encontradas isoladamente ou em fileiras (alinhamentos); e os cromlech, que são menires dispostos em círculo. As construções megalíticas mais famosas são as de Stonehenge, em Salisbury, na Inglaterra; as da ilha de Malta e as de Carnac, na França. Todos esses monumentos tem uma função ritual, já que não serviam de habitação. Alinhamento de Menires de Carnac -Morbihan, Bretanha, França Cromlech de Stonehenge - Wiltshire, Inglaterra Interior de uma Habitação Neolítica – Skara Brae, Ilhas Órcadas Apesar de rudimentares vemos nestas edificações o desenvolvimento de estruturas aporticadas (dolmens), onde dois pilares de pedra apoiam uma viga também de pedra. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 5 de 115 4.000 a.C. – Iraque Escavações arqueológicas revelaram vestígios de uma construção de aproximadamente 4.000 a.C. executada parcialmente em concreto. 3.500 a.C – Suméria Os sumérios constituíram a civilização mais antiga do Oriente Próximo, que por volta do ano 3500 a.C. havia se estabelecido nas terras da Mesopotâmia e erigiu uma das civilizações mais esplendorosas do mundo antigo. Porta de Ishtar Ruínas do Zigurate de Aqarqui Zigurate de Ur ( Detalhe da Escadaria ) - Mesopotâmia A arquitetura da Mesopotâmia empregou nos seus estágios iniciais tijolos de barro cozido, maleáveis, mas pouco resistentes, o que explica o alto grau de desgaste das construções encontradas. As obras mais representativas da construção na Mesopotâmia - os zigurates ou templos em forma de torre - são da época dos primeiros povos sumérios e sua forma foi mantida sem alteração pelos assírios. Na realidade, tratava-se de edificações superpostas que formavam um tipo de pirâmide de faces escalonadas, dividida em várias câmaras. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 6 de 115 Pela escassez de outros materiais de construção na região (pedra, madeira) os povos desta região DESENVOLVERAM a fabricação de tijolos de barro e a construção sobre solos com pouca capacidade de suporte. Estes povos já sabiam da natureza frágil dos tijolos, como podemos observar pela forma de suas construções, como por vestígios do uso de esteiras de fibras vegetais para reforçar a estrutura de zigurates, combatendo os esforços de tração que tendem a desmoronar o maciço. A ideia de combinar materiais frágeis e dúcteis é lançada. Material frágil: material que se rompe sem sofrer grande deformação, quer no sentido longitudinal quer no sentido perpendicular. Ex. vidro, porcelana. Material dúctil: material que se deforma sob tensão cisalhante (cortante). Ouro, cobre e alumínio são metais muito dúcteis 3.000 a.C. a 2.500 a.C. – Egito Uso de barro misturado com palha para fabricação de tijolos (secos ao ar livre) e de argamassas de gipsita e de cal na construção das pirâmides. Pirâmides de Gizé – Antigo Império Egípcio Cal: é o nome genérico de um aglomerante simples, resultante da calcinação de rochas calcárias,que se apresenta sob diversas variedades, com características resultantes da natureza da matéria-prima empregada e do processamento conduzido. Argamassa: Pasta de um aglomerante misturado à areia. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 7 de 115 Gipsita: É constituída por sulfato bi-hidratado de cálcio (CaSO42H20) geralmente acompanhado de uma certa proporção de impurezas, como sílica, alumina, óxido de ferro, carbonatos de cálcio e magnésio. Da sua calcinação obtém-se o gesso. Gesso: um aglomerante que endurece por hidratação, mas que se dissolve lentamente na água, inclusive pela ação da chuva. O gesso é obtido por processo semelhante ao empregado na fabricação da cal 800 a.C. – Grécia: Creta e Cyprus Uso de argamassas de cal mais resistentes que as argamassas romanas. Construção de muros e paredes de baixo custo compostas por tijolos de barro (secos ao sol) ou pedras, assentados diretamente uns sobre os outros ou com argila e reforçados com madeira apareceram cedo na Grécia e foram comuns mesmo na era clássica para edificações modestas. Nas construções monumentais gregas, ao invés de argamassa, grampos ou tarugos de ferro foram geralmente usados para manter juntos os blocos de pedra. Grampos usados em construções gregas 500 a.C. – Atenas Apesar do cimento e a argamassa não terem sido usados na Grécia, tanto para a construção de paredes ou fundações, o cimento hidráulico já era conhecido desde o começo do século V a.C. e foi comumente utilizado para revestir fontes atenienses deste período. 437 a.C. – Atenas Uma surpreendente técnica usando ferro para aumentar a confiabilidade das peças estruturais de pedra é encontrada no Propylaea, em Atenas, construído entre 437 e 432 a.C. pelo arquiteto Mnesikles. A cobertura de mármore é suportada por uma série de vigas que se apoiam sobre arquitraves jônicas. As vigas que coincidem com colunas que sustentam as arquitraves, transmitem seu carregamento diretamente aos pilares, por compressão. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 8 de 115 Entretanto, as vigas posicionadas na metade do vão das arquitraves produzem uma flexão significante e originam consequentemente esforços de tração nas arquitraves. Para reduzir esta flexão, transferindo a carga do meio do vão para um ponto mais próximo das colunas, barras de ferro foram embutidas da face superior das arquitraves, deixando-se abaixo delas uma fenda com 2,5cm de altura para permitir a deflexão das barras de ferro sem que estas entrem em contato com as arquitraves. Em efeito, as barras de ferro agem como vigas independentes de alívio. Propylaea, Atenas – Barra de ferro inserida na viga sobre os pilares Estas barras de ferro não podem ser interpretadas como pertencendo a uma forma similar à armadura utilizada no moderno concreto armado, entretanto podemos considerar outra forma incipiente de se associar um material dúctil a um material frágil, de modo a permitir o uso do material frágil sob tração. Tração: é a força aplicada sobre um corpo numa direção perpendicular à sua superfície de corte e num sentido tal que, possivelmente, provoque a sua ruptura. Uma peça estará sendo tracionada quando a força axial aplicada estiver atuando com o sentido dirigido para o seu exterior. A tração faz com que a peça se alongue no sentido da força e fique mais fina, com menor seção transversal, pois teoricamente, seu volume deve manter-se constante. Um exemplo simples de corpo submetido aos esforços de tração é o do cabo dos elevadores, tracionado pelo peso do elevador e de seus ocupantes e pelo motor e aparatos que o puxam ou o mantém estático em determinada posição. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 9 de 115 Compressão: a tendência é uma redução do elemento na direção da força de compressão. Torção: forças atuam em um plano perpendicular ao eixo e cada seção transversal tende a girar em relação às demais. Flambagem: é um esforço de compressão em uma barra de seção transversal pequena em relação ao comprimento, que tende a produzir uma curvatura na barra. Cisalhamento: forças atuantes tendem a produzir um efeito de corte, isto é, um deslocamento linear entre seções transversais. Flexão: ocorre uma deformação na direção perpendicular à da força atuante. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 10 de 115 Cal Pozolânica: descoberta pelos romanos, a MISTURA de uma cinza vulcânica encontrada nas proximidades do Vesúvio chamada pozolana com cal hidratada (que entra em proporção variável, de 25 a 45%), resultava num aglomerante que endurecia sob a água. Esse material, atualmente encontra-se em desuso. Sua reação de endurecimento se dá por processo químico e produz um material resistente sob a água. Cal Hidráulica: O nome é aplicado a uma família de aglomerante de composição variada, obtidos pela calcinação de rochas calcárias que, natural ou artificialmente, contenham uma porção apreciável de materiais argilosos. O produto goza da propriedade de endurecer sob a água, embora, pela quantidade de hidróxido de cálcio que contém, sofra também ação de endurecimento pela carbonatação proveniente da fixação de CO2 do ar. A cal hidráulica é fabricada por processos semelhante ao da fabricação da cal comum. A matéria-prima é calcinada em fornos e o produto obtido subsequentemente extinto. Apesar de endurecer sob a água (reação de hidratação) e resistir quando imerso, não é um produto apropriado para construções sob a água, pois usa pega muito lenta. 300 a.C. a 476 d.C – Império Romano O concreto foi usado na construção dos muros de uma cidade romana no século IV a.C. situada a 64km de Roma e no século II a.C. este novo material começou a ser usado em edificações em Roma. A Arquitetura romana, começando no último período republicano, diferenciou-se dos precedentes gregos pelo uso de novos materiais e novas formas. Tijolos (cozidos) e concreto foram utilizados na criação de edifícios públicos com espaçosos abobadados interiores. Para dar sustentação a estes experimentos arquitetônicos, construtores romanos similarmente introduziram novas soluções técnicas. As mais importantes inovações nas fundações romanas foram as plataformas de concreto. A capacidade hidráulica do cimento pozolânico (ou mais corretamente cal pozolânica) utilizado pelos romanos permitiu que as fundações pudessem ser lançadas mesmo sob a água, como por exemplo, em Ostia, a cidade portuária de Roma. Roma situa-se sobre uma região onde predominam solos arenosos de origem vulcânica. Deste fato resultou a necessidade de que as valas abertas para a construção das edificações fossem revestidas com madeira para evitar desmoronamentos e prover uma fôrma para o concreto. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 11 de 115 Detalhe defôrma de madeira utilizada em construções romanas Estes solos possuem pouca capacidade de suporte. A solução adotada para distribuir as enormes cargas dos edifícios públicos, evitando recalques diferenciais e reduzir a pressão aplicada sobre o solo foi a adoção de espessos radiers, sob toda a estrutura. Além disso, como o peso da fundação é grande quando comparado com o da superestrutura, muitos dos problemas resultantes do adensamento do solo podem ser corrigidos antes que uma significante porção da superestrutura tenha sido construída. Apesar de caros, os radiers foram uma solução tecnicamente muito adequada utilizada pelos romanos. As fundações do Coliseu consistem de um anel com 12m de profundidade, construído com concreto ciclópico. Similarmente, o Pantheon se assenta sobre um anel de concreto com 4,5m de profundidade e 7m de largura. Coliseu (80 d.C.) superestrutura e fundações Radiers: As lajes radiers ou simplesmente radiers são lajes de concreto armado em contato direto com o solo que captam as cargas dos pilares e paredes e descarregam sobre uma grande área do solo. Possuindo aproximadamente 10 cm de espessura, são utilizadas em obras de pequeno porte, se limitando a casas térreas, uma vez que para fazer um radier para uma casa assobradada este seria inviabilizado pelo aumento da espessura, uma vez que uma grande vantagem desse tipo de fundação é o baixo custo e a rápida execução. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 12 de 115 Concreto Ciclópico: Concreto onde se usa pedras de mão (pedra marroada) para aumentar seu volume e peso. Estas pedras de mão podem variar de 10 a 30 centímetros de diâmetro. É um concreto de baixa resistência à tração, mas com boa resistência à compressão. O volume de pedra de mão no concreto pode variar em função da resistência desejada. Na arquitetura, pode-se querer dar a um muro de concreto ciclópico um valor estético. Neste caso é desejável que as pedras sejam grandes com suas faces mais planas voltadas para fora, e o volume de pedras marroadas pode chegar a até 80%, na medida em que se está valorizando o aspecto estético e não o estrutural. Fundação romana de um muro (séc. IV d.C.) Na construção de muros, o concreto romano era em alguns aspectos simplesmente argamassa, utilizada para assentar tijolos nas faces externas dos muros e preencher os vazios com pedaços de pedra ou tijolos quebrados que eram colocados no espaço entre as faces de alvenaria. Diferentemente da prática moderna, que emprega fôrmas metálicas ou de madeira temporárias para suportar o concreto fresco até que ele endureça, os romanos frequentemente empregaram na construção de seus muros e pilares fôrmas de pedras ou tijolos, classificadas de acordo com o padrão do revestimento usado. Os três principais tipos foram opus incertum, um revestimento irregular de pequenos paralelepípedos, opus reticulatum, pedras quadradas assentadas diagonalmente e opus testaceum, revestimento de tijolos. Revestimentos Romanos: (a) Opus Incertum (b) Opus Reticulatum (c) Opus testaceum Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 13 de 115 Mas na construção de abóbadas, que se tornaram dominantes na arquitetura romana, o concreto era claramente usado de acordo com sua própria natureza, um material plástico que podia ser moldado até que desenvolvesse resistência suficiente para se manter de pé sozinho. Uma vez que as paredes de alvenaria alcançavam a altura necessária, escoramentos de madeira para a construção das cúpulas eram erigidos. A escassez de madeira em grande parte do Império Romano demandava economia na preparação das fôrmas, sendo o reaproveitamento de fôrmas e escoramento prática comum. Pisos alternados de edifícios eram frequentemente suportados por cúpulas de concreto enquanto os pisos entre eles eram construídos em madeira. Foi a técnica de se construir com concreto que constituiu a base para a ordem espacial encontrada na arquitetura romana. A expressão máxima do desenvolvimento da cúpula durante o Império Romano é encontrada no Pantheon de Roma, construído entre 118 e 128. Sua cúpula de 43m de diâmetro apoia-se num cilindro composto por um núcleo de concreto pozolânico revestido com tijolos e mármore com 6m de espessura nas nervuras. Pantheon de Roma– Interior Pantheon O principal uso dos arcos se deu na construção de aquedutos, pontes e como estruturas de alívio, desviando a carga de aberturas nas paredes de alvenaria. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 14 de 115 As cidades e fortificações do vasto Império Romano eram ligadas por um notável sistema de estradas, muitas das quais resistem até hoje. O leito das estradas romanas representa uma obra de mestre em termos de dimensionamento de fundações, sobrepondo camadas de resistência crescente a uma camada drenante de areia. O pavimento era escolhido conforme o tráfego da estrada, podendo ser de concreto ou paralelepípedos. Estrada romana: Corte transversal A ideia de ASSOCIAR barras metálicas à pedra ou argamassa com a finalidade de aumentar a resistência às solicitações de serviço remonta ao tempo dos romanos. Durante a recuperação das ruínas das termas de Caracalla em Roma, notou-se a existência de barras de bronze dentro da argamassa de pozolana, em pontos onde o vão a vencer era maior do que o normal na época. Idade Média Arquitetos medievais utilizaram pedras na maioria de suas construções. Para a fundação, construtores góticos usualmente preenchiam uma vala com pedregulhos e os compactavam para servir de base para a alvenaria, mas em alguns edifícios mais importantes, uma fundação melhor era feita com um resistente concreto constituído por pedregulhos e argamassa de cal. A Idade Média não trouxe inovações expressivas no emprego de argamassas e concretos. Pelo contrário, a qualidade dos materiais cimentíceos, em geral, decai, perdendo-se o uso da cal pozolânica (adição). Inovações expressivas só começam a ocorrer no século XVIII no tocante ao uso de cimentos e argamassas. 1586 – Simon Stevinus, Holanda Os fundamentos da estática gráfica são publicados por Simon Stevinus em seu livro Mathematicorum Hipomnemata de Statica. 1678 – Robert Hooke, Inglaterra Hooke estabelece os fundamentos da elasticidade através de seus experimentos com molas. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 15 de 115 1678 – Joseph Moxon, Inglaterra Joseph Moxon descreve a natureza exotérmica da reação de hidratação da cal virgem, escrevendo sobre um "fogo escondido" na cal, que aparece com a adição de água à cal virgem. Muito dos estudos iniciais do cimento foram dirigidos para melhorar as argamassas, particularmente as utilizadas na construção de estruturas portuárias no século XIX, visando melhorar sua estabilidade sob a água. Entretanto, logo se reconheceu a vantagem de se utilizar o cimento como concreto. 1757 – Leonhard Euler O matemático suíço Euler publica um trabalho estabelecendo uma fórmula para determinação da máxima carga que podia seraplicada a uma coluna antes dela flambar. 1770 – Pantheon de Paris A associação moderna do ferro com a pedra natural aparece pela primeira vez na estrutura da Igreja de Santa Genoveva, hoje Pantheon, em Paris, 1770. Segundo seu arquiteto, Jacques Germain Soufflot, a intenção era de reunir nesta obra a leveza do gótico com a pureza da arquitetura grega. Existindo poucas colunas na fachada, era necessário executar grandes vigas capazes de efetuar a transferência das elevadas cargas da superestrutura para as fundações. Com o senso admirável de Rondelet foram executadas em pedra lavrada, verdadeiras vigas modernas de concreto armado, com barras longitudinais retas na zona de tração e barras transversais de cisalhamento. As barras longitudinais eram enfiadas em furos executados artesanalmente nas pedras e os espaços vazios eram preenchidos com uma argamassa de cal. Alvenaria de pedra armada, Pantheon de Paris Analisando a figura acima percebemos que já havia um grande entendimento do encaminhamento das cargas na estrutura e da natureza destes esforços, combinando-se ferro e pedra para resistir aos esforços. Faltava apenas um meio mais fácil e barato de empregar esta ideia largamente, que viria com a invenção do cimento. O cimento permitiu inverter-se o processo de fabricação, executando-se primeiro a armação Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 16 de 115 1775 – Charles Augustin Coulomb, França Coulomb, um físico e engenheiro militar francês, estabelece os fundamentos da teoria de vigas: “a linha neutra de uma seção retangular homogênea se situa na metade da sua altura, a resultante das forças de tração atuantes de um lado do eixo neutro é igual à resultante de compressão do outro lado e a resistência dos esforços internos da viga deve equilibrar o momento introduzido pelas cargas externas.” 1796 – Cimento Romano de James Parker, Inglaterra James Parker patenteia um cimento hidráulico natural, obtido da calcinação de nódulos de calcário impuro contendo argila. Este cimento é chamado Cimento de Parker ou Romano. Este material, primeiramente conhecido como cimento de Parker e depois como cimento romano era feito a partir de "nódulos" encontrados em vários lugares na Inglaterra. Conhecidos localmente como pedras de cimento e tecnicamente como septaria, estas pedras de forma arredondada continham veios e um núcleo de material argiloso. Para produzir cimento romano, estes nódulos eram despedaçados por meninos munidos de marretas e carregados para fornos em forma de garrafa com capacidade para até 30 t, aonde carvão necessário para queimá-los era adicionado. Após três dias, a rocha que já havia sido suficientemente queimada podia ser retirada por uma abertura na parte de baixo do forno e mais rocha e carvão eram adicionados no topo do forno. A rocha calcinada era então moída e peneirada antes de ser acondicionada em barris para expedição. 1824 – Cimento Portland de Joseph Aspdin, Inglaterra Joseph Aspdin inventa o cimento Portland, queimando calcário e argila finamente moídos e misturados a altas temperaturas até que o gás carbônico (CO2) fosse retirado. O material obtido era então moído. Aspdin denomina este cimento como cimento Portland em menção às jazidas de excelente pedra para construção existentes em Portland, Inglaterra. A definição moderna de cimento Portland não poderia ser aplicável ao produto que Aspdin patenteou. O cimento Portland hoje em dia é "feito a partir da queima a altas temperaturas – até a fusão incipiente do material – de uma mistura definida de rocha calcária e argila, finamente moídas, resultando no clínquer”. É duvidoso que o cimento produzido sob a patente de Aspdin de 1824 tenha sido queimado a uma temperatura suficiente para produzir clínquer e, além disso, sua patente não define as proporções dos ingredientes empregados. Desta forma, Aspdin não produziu cimento portland como conhecemos atualmente. Cimento Portland: era produzido pela queima conjunta de pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Era obtida uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 17 de 115 Clinquer: O clinquer pode ser definido como cimento numa fase básica de fabrico, a partir do qual se fabrica o cimento Portland, habitualmente com a adição de sulfato de cálcio, calcário e/ou escória siderúrgica. Existe como mercadoria independente, transacionada mundialmente, porque não é tão sensível à umidade como o cimento Portland e, como tal, facilita a sua armazenagem, manuseio e transporte. Clínquer para cimento branco, recém-extraído do forno. 1850– B. P. E. Clapeyron, França Clapeyron, um engenheiro francês começa a utilizar um novo método para resolver o problema de vigas contínuas, o "Teorema dos Três Momentos". 1850 a 1855 – Joseph Louis Lambot, França A primeira publicação sobre Cimento Armado (denominação do concreto armado até mais ou menos 1920) foi do francês Joseph Louis Lambot. Presume-se que em 1850 Lambot efetuou as primeiras experiências práticas do efeito da introdução de ferragens numa massa de concreto. Em 1954, Lambot já executava construções de "cimento armado" com diversas finalidades. Imerso em estudos sobre o concreto armado e motivado por problemas com a manutenção de canoas de madeira utilizadas para lazer em um pequeno lago existente em sua propriedade em Miraval, no Var, sul da França, Lambot tem a ideia de construir um barco de concreto. Nada mais lógico, pois o concreto é durável, requer pouca manutenção e resiste bem em meios aquáticos. Lambot empregou para a construção de sua canoa uma malha fina de barras finas de ferro (ou arame), entrelaçadas, entremeadas com barras mais grossas, usando essa malha fina ao mesmo tempo como gabarito para se obter o formato adequado do barco , para segurar a argamassa, dispensando a confecção de moldes e para evitar problemas com fissuras. Em 1855 Lambot expõe seu barco na Exposição Mundial de Paris e solicita a patente de seu projeto. No documento representativo do pedido de patente existe além da placa que corresponde à armação do barco também o desenho de algo parecido com um pilar de seção retangular com quatro barras longitudinais de ferro. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 18 de 115 Apesar de ser considerado por muitos como o pai do concreto armado, os experimentos de Lambot não tiveram muita repercussão por si só, mas segundo alguns autores, serviu de inspiração para Joseph Monier difundir sua utilização 1854 – William Boutland Wilkinson, Inglaterra Em 1854, um fabricante de gesso de paris e cimento romano chamado Wilkinson obtém a patente de um sistema de lajes nervuradas que demonstra o domínio dos princípios básicos de funcionamento do concreto armado ao dispor barras (ou cabos) de aço nas regiões tracionadas das vigas ou viguetas. Wilkinson percebeu que a rigidez da laje pode ser aumentada através da inserção de vazios (através de moldes) regularmente espaçados e separados por nervuras, aonde cabos de aço eram colocados na sua porção inferior no meio do vão e subiam para a parte superior da viga nasproximidades dos apoios. 1855 – Alemanha Início da fabricação do cimento Portland na Alemanha. 1860 Começo da era do cimento Portland em sua composição moderna. 1877 – Joseph Monier, França Monier patenteia um método para construção de vigas de concreto armado sem qualquer embasamento teórico ou por experimentação sistemática. Como princípio estrutural ele não diferia muito dos sistemas de piso franceses que eram comuns já a algumas décadas. 1903 - Ingalls Building, Cincinnati, OH, Estados Unidos O Ingalls Building foi o primeiro arranha-céu construído em concreto armado, com 16 andares. Projeto da firma de arquitetura Elzner and Anderson teve a Estrutura de concreto feita executada com o sistema de Ransome, utilizando lajes planas. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 19 de 115 Ingalls Building Com a enorme expansão do uso do concreto armado proliferam-se acidentes e falhas, cujas causas mais frequentes eram divididas entre projeto inadequado, emprego de materiais de baixa qualidade e falhas de execução. Tendo em vista esta situação organizações profissionais e agências governamentais movimentaram-se para trazer ordem à extrãordinária variedade de teorias, fórmulas e práticas empregadas. 1911 – John E. Conzelman, Estados Unidos Conzelman desenvolve um sistema de construção pré-fabricada entre 1910 e 1916 e em 1911 constrói um edifício de cinco andares para a National Lead Company em St. Louis, Missouri. Fábrica construída com pré-moldados em Rogers Park, Illinois, 1911 Anos 20 – Introdução do Concreto Pré-Misturado A qualidade do mistura do concreto passa a ser muito melhor controlada após a introdução do concreto preparado em usina. Década de 70 Introdução do concreto reforçado com fibras e de concretos de alta resistência. 1975 - Canadá Construção da CN Tower em Toronto, a mais alta torre autoportante jamais construída. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 20 de 115 Autoportante: diz-se de qualquer estrutura cuja estabilidade é assegurada com o apoio em uma única extremidade. 1996 – Petronas Towers, Malásia Completado em 1996 as torres gêmeas de 88 andares possuem uma altura total de 452m, tornando-se o edifício comercial mais alto do mundo construído em concreto armado. Presente e Futuro do Concreto O concreto evoluiu muito desde o tempo de Roma. A engenharia usa concreto atualmente em campos muito diversos, em muitos casos sob ambientes extremamente agressivos. Para se adaptar aos novos e desafiadores usos o homem criou uma infinidade de tipos de concretos, utilizando uma enorme gama de cimentos, agregados, adições, aditivos e formas de aplicação (armado, protendido, projetado,...). Encontramos concreto na fundação de plataformas petrolíferas nos oceanos ou enterrado a centenas de metros abaixo da terra em fundações, túneis e minas e a 452m acima do solo, em arranha-céus. O grande desafio da tecnologia de concreto, atualmente, parece ser aumentar a durabilidade das estruturas, recuperar estruturas danificadas e em entender o complexo mecanismo químico e mecânico dos cimentos e concretos. Para isto, uma nova geração de concretos está sendo desenvolvida, métodos tradicionais de execução e cálculo de concreto estão sendo revistos, teorias não-lineares e da mecânica do fraturamento estão sendo desenvolvidas. Alguns Concretos Especiais: - Concreto de Alto Desempenho - Concreto Compactado com Rolo - Concreto Projetado - Concreto Protendido - Concreto com adição de fibras Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 21 de 115 2. ALVENARIA 2.1. CONCEITOS Alvenaria: é a pedra sem lavra com que se erguem paredes e muros mediante seu assentamento COM ou SEM argamassa de ligação, em fiadas horizontais ou em camadas parecidas, que se repetem sobrepondo-se umas sobre as outras. Ou Alvenaria: é o sistema construtivo de paredes e muros, ou obras similares, executadas com pedras, tijolos cerâmicos, blocos de concreto, cerâmicas e silico-calcário, assentados COM ou SEM argamassa de ligação. 2.1.1. DENOMINAÇÕES: a) Alvenaria Ciclópica - executada com grandes blocos de pedras, trabalhadas ou não; b) Alvenaria Insossa - executadas com pedras ou blocos cerâmicos, assentadas SEM argamassa, denominadas também de “alvenaria seca”; c) Alvenaria com Argamassa - executadas COM argamassa de ligação entre os elementos, sendo também denominada: Alvenaria hidráulica - executada com argamassa mista (argamassa básica de cal e areia, adicionando-se cimento); Alvenaria ordinária - executada com argamassa de cal (argamassa de cal e areia). d) Alvenaria de Vedação - painéis executados com blocos, entre estruturas, com objetivo de fechamento das edificações. e) Alvenaria de Divisão - painéis executados com blocos ou elementos especiais (drywall – gesso acartonado), para divisão de ambientes, internamente, nas edificações. Argamassa: é a mistura feita com pelo menos um aglomerante, agregados pequenos e água. O aglomerante pode ser a cal, o cimento ou o gesso. O agregado mais comum é a areia, embora possa ser utilizado o pó de pedra. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 22 de 115 2.2. TIPOS DE ALVENARIAS Quanto aos materiais, as alvenarias podem ser executadas com: 2.2.1. PEDRAS NATURAIS a) Pedras irregulares - usando-se pedras em estado natural, simplesmente encaixadas entre si ou assentadas com argamassa; b) Pedras regulares - usando-se pedras naturais trabalhadas, com formas regulares ou não, assentadas com juntas secas ou juntas argamassadas, alinhadas ou desencontradas (travadas). 2.2.2. PEDRAS ARTIFICIAIS a) Blocos de concreto - São elementos produzidos com dimensões de 19x19x39 cm e 14x19x39 cm, vazados, com resistência à compressão de até 30 MPa, assentados com argamassa, ou podem ser utilizados em sistemas de construção em alvenaria armada. b) Blocos sílico-calcário - São elementos produzidos com areia e cal viva, endurecidas ao vapor sobre pressão elevada, com as mesmas características dos blocos de concreto. c) Blocos de concreto leve - São elementos de concreto leve, fabricados a partir de uma mistura de cimento, cal, areia e pó de alumínio, autoclavado, que permite a formação de um produto de elevada porosidade, leve, resistente e estável. O produto é apresentado em blocos ou painéis, com dimensões e espessuras variadas, que permitem a execução de paredes de vedação e lajes. d) Tijolos cerâmicos - Elementos fabricados por prensagem ou extrusão da argila, que após um processo de pré-secagem natural, passa pelo processo de queima controlada sob alta temperatura, produzindo blocos maciços ou furados com dimensões padronizadas e normatizadas. São tradicionalmente utilizados nas alvenarias de vedação nas construções. e) Blocos de solo-cimento - São elementos fabricados a partir da massa de solos argilosos ou areno-argilosos mais cimento Portland, com baixo teor de umidade, em prensa hidráulica, formando tijolos maciços. Podem ser construídas, também, paredes monolíticas, atravésdo apiloamento (compactação) da massa em formas deslizantes, entre pilares guia. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 23 de 115 2.3. ASSENTAMENTO DE ALVENARIAS DE TIJOLOS CERÂMICOS 2.3.1. CONFECÇÃO DE ALVENARIAS 2.3.1.1. Tipos de tijolos a) De acordo com as necessidades do projeto e a disponibilidade técnica e econômica pode-se especificar o material cerâmico de vedação dentro de uma vasta oferta de tipos de tijolos encontrados no mercado. Os de uso mais comum atualmente são tijolos de 4, 6 e 8 furos e ainda, em menor frequência, os tijolos de 2 furos e maciços. A seguir, são mostrados os tijolos mais usados e suas características: Tijolos Cerâmicos Características Dimensões para orçamento 5 x 10 x 20 10 x 10 x 20 10 x 15 x 20 Quantidade por metro quadrado alvenaria de ½ vez (a chato) 76 46 46 Quantidade por metro quadrado alvenaria de ½ vez (de espelho) 42 46 (alv. ¾) 25 Bloco de Vedação 9x19x19 Bloco cerâmico com furos na vertical Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 24 de 115 2.3.1.2. Processos de assentamento e juntas de argamassa a) Assentamento com juntas desencontradas b) Processo de assentamento 2.3.1.3. Sistemas e dimensões de paredes a) Tipos de assentamento tradicionais de tijolos maciços 1 c m 1,5 c m Argamassa reba tida c om a c olher 1º método Argamassa abundante Argamassa ap lic ada no tijo lo c om a c olher 2º método a chato 1/ 2 vez Ajuste corrente a chato 1 vez Fileira ímpar em planta Fileira par em planta Ajuste francês Para paredes de 22 a 25 cm de espessura Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 25 de 115 Fileira ímpar em planta Fileira par em planta Ajuste inglês ou gótico Para paredes de 22 a 25 cm de espessura Fileira ímpar em planta Fileira par em planta Ajuste francês Para paredes de 34 a 38 cm de espessura Fileira ímpar em planta Fileira par em planta Ajuste inglês ou gótico Para paredes de 34 a 38 cm de espessura Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 26 de 115 Para execução de pilares de tijolos maciços – BAIXAS CARGAS b) Tipos de amarrações – consideram-se alvenarias amarradas as que apresentam juntas verticais descontínuas. A seguir, nas figuras, são mostrados os tipos de amarrações mais comuns para tijolos maciços ou de dois furos. Os esquemas também são válidos para outros tipos de tijolos cerâmicos ou blocos de concreto Ajuste de pilares de tijolos maciços Para pilares de 25x25 cm Fiada pa r Fiada ímpar Fiada pa r Fiada ímpar Para pilares de 38x38 cm Fiada pa r Fiada ímpar Para pilares de 50x50 cm 1ª fiada 2ª fiada Em T - parede de 1/ 2 vez 1ª fiada 2ª fiada Cruzamento - parede de 1/ 2 vez 1ª fiada 2ª fiada Parede de meia vez em paredes de uma vez Em T – paredes de ½ vez Parede de ½ vez Parede de 1 vez Cruzamento – parede de ½ vez Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 27 de 115 1ª fiada 2ª fiada Parede de meia vez 1ª fiada 2ª fiada Parede de uma vez 1ª fiada 2ª fiada Canto em parede de meia vez 1ª fiada 2ª fiada Canto em parede de uma vez Parede de espelho (cutelo) Parede de meio tijolo Parede de um tijolo Parede de um tijolo e meio Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 28 de 115 c) Tipos de juntas – a forma escolhida para o acabamento das juntas nas alvenarias aparentes pode influir na qualidade e na durabilidade. Nas figuras a seguir, são mostrados os tipos de juntas mais comuns, incluindo algumas que não são recomendadas, tendo em vista os problemas que poderão provocar em termos de infiltração de umidade, retenção de poeira, formação de musgo, estética etc. Côncava - recomendada Plana Em V - recomendada Rebaixada V - não recomendada chanfrada - recomendada Escorrida- não recomendada Aprofundada - recomendada Chanfro invertido não recomendada Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 29 de 115 Abaixo são mostrados alguns tipos de fresadores manuais usados no acabamento das juntas em alvenaria aparente. 2.3.2. CUIDADOS NA EXECUÇÃO DE ALVENARIAS DE VEDAÇÃO 2.3.2.1. Proteção das alvenarias na execução de vãos Com a finalidade de absorver tensões que se concentram nos contornos dos vãos (portas e janelas), oriundas de deformações impostas, é necessário prever a execução de vergas, contravergas e cintas de amarração. A verga é o elemento estrutural localizado SOBRE o vão. A contraverga é o reforço colocado SOB a abertura ou vão. ±45o Vão de janela Provável trinca colocar contraverga Sobrecarga sobre a esquadria colocar verga Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 30 de 115 a) Para vãos de até 1,0 m pode-se executar o reforço no próprio local conforme mostra a figura a seguir: b) Para vãos de 1,0 a 2,0 m, as vergas podem ser executadas in loco ou pré-moldadas. No caso da opção ficar em pré-moldadas haverá um ganho em termos de produtividade. As dimensões mínimas estão mostradas na figura a seguir: Vão de porta 0,30 <1,0 m 0,30 Pé -d ire ito 2Ø1/ 4” A B Cinta de argamassa 1:3 (cimento e areia) Corte AB Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 31 de 115 c) Paredes altas - nas alvenarias com altura superior a 3,0 m, deverão ser previstas cintas de amarração intermediárias, dimensionadas, sobretudo, para absorver a ação de cargas laterais. Acima de 5,0 m de altura, as paredes deverão ser dimensionadas como alvenaria estrutural. 2.3.2.2. Encunhamento das paredes Na elevação do fechamento das alvenarias de vedação, durante a cura da argamassa ocorre uma pequena redução de dimensões. Por esse motivo, junto às lajes ou vigas superiores, após um tempo mínimo de 10 dias, deve-se executar o encunhamento, que é realizado com o assentamento na última fiada com tijolos cerâmicos maciços (cozidos) um pouco inclinados com argamassa relativamente fraca. Essa prática vem, no entanto, sendosubstituída pela utilização de novos materiais e técnicas com o objetivo de obter um melhor rendimento, como por exemplo: a) Cimento expansor - argamassa pronta para uso à base de cimento, que com a adição de água expande-se ocupando o espaço deixado ou ocorrido com a retração; b) Polietileno expansor - produto com alta aderência que aplicado por meio de aerossol, aumenta de volume. 2.3.2.3. Ligações com estruturas de concreto a) Ligação da parede com pilares de concreto - junto às faces das peças de concreto que terão ligação com a alvenaria, após limpeza do desmoldante, deverá ser aplicado chapisco. Nas ligações com pilares, poderão ser melhoradas com a colocação de ferros de espera (ferro- cabelo) chumbados durante a própria concretagem do pilar (dobrados e encostados na face interna da forma), ou com ferros de Φ 6 mm embutidos em furos de 10 a 12 cm, executados com broca vídia de 8 mm e colados com resina epóxi (Compound da SIKA), após a desforma, com espaçamento médio de 50 cm e transpasse de 50 cm. Encunhamento com tijolos maciços Pilar Viga Parede Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 32 de 115 b) Nos encontros de paredes, onde não haja amarração, tratar a junta com selante flexível (mastique), garantindo acabamento e estanqueidade, e o embutimento de tela de estuque na argamassa de revestimento (20 cm para cada lado da junta) para evitar o destacamento do mesmo. Ligação da parede com pilar Pilar Parede 0,50 m 0, 50 m Ferro-cabelo 1Ø6mmChapisco Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 33 de 115 2.4. GLOSSÁRIO NA ÁREA DE EXECUÇÃO DE ALVENARIA Alvenaria estrutural ou alvenaria armada - é o tipo de alvenaria autoportante usada em edificações dispensando as estruturas convencionais (viga e pilar) e requer projetos e técnicas construtivas especiais. Argamassa de assentamento – é a mistura de aglomerantes (cimento e cal) e agregado (areia) em traço apropriado para assentamento de tijolos cerâmicos ou blocos de concreto. Escantilhão – é uma régua de madeira ou metálica de comprimento igual ao pé-direito, com dispositivos que permitem a graduação das fiadas nas alturas desejadas. Os escantilhões, se bem utilizados (pessoal treinado) pode promover grandes ganhos em termos de produtividade e de qualidade (prumos e níveis). Estuque – tipo de alvenaria artesanal que utiliza argamassa mista ou gesso sobre telas de arame ou ripas finas de madeira. Facear – é o procedimento de alinhamento vertical dos tijolos em uma das faces, geralmente a externa, para compensar possíveis diferenças de dimensões dos tijolos. Ferros-cabelo – são armaduras fixadas nos pilares e que se estendem nas fiadas da alvenaria. Fresador ou frisador – ferramenta manual utilizada para dar acabamento nas juntas em alvenaria aparente. Graute – tipo de concreto com agregados em dimensão reduzida (areia e pedrisco) utilizado para preencher o vazio das peças armadas (blocos e tijolos) na alvenaria estrutural. Na composição de graute pode-se usar cal hidratada. Marcação ou locação – é a colocação das primeiras fiadas das paredes com a marcação dos vãos, sendo executadas com grande cuidado para obedecer o projeto. A marcação é geralmente feita pelo mestre junto com pedreiro responsável pelo levantamento das paredes com o uso de esquadros, réguas, níveis de mangueira e bolha, linhas e prumos. Em grandes obras devem-se usar equipamentos topográficos (teodolito e nível). Marcos ou aduelas – são 6 tacos de madeira chumbados nas laterais dos vãos de portas com a finalidade de servir como elemento de ligação da alvenaria e o caixão da porta. Nível de mangueira – é a ferramenta simples constituída de uma mangueira transparente (diâmetro de até 13 mm) cheia d’água, utilizada para marcar e controlar o nível (cotas) nos vários pontos da obra. Pode ser substituída pelo nível de tambor que utiliza o mesmo princípio, embora com mais segurança nas marcações. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 34 de 115 Prumada – é o alinhamento vertical da alvenaria, termo empregado pelo pessoal de obra para designar a necessidade de fazer ou verificar o alinhamento utilizando o prumo de pedreiro. Traço - é a proporção em volume entre os componentes das argamassas (usualmente cimento, cal hidratada e areia). Os traços variam de acordo com a utilização que vai ser dada à argamassa 2.5. NORMAS TÉCNICAS PERTINENTES Título da norma Código Última atualização Agregados leves para concreto de elementos para alvenaria EB228 1969 Argamassa de assentamento para alvenaria de bloco de concreto - Determinação da retenção de água MB2412 NBR9287 1985 Argamassa industrializada para assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos – Especificação NBR 13281 1995 Argamassas endurecidas para alvenaria estrutural - Retração por secagem MB1904 NBR8490 1983 Bloco cerâmico para alvenaria – Especificação EB 20 NBR 7171 1992 Bloco cerâmico para alvenaria - Formas e dimensões PB1008 NBR8042 1992 Bloco cerâmico para alvenaria - Verificação da resistência à compressão MB53 NBR6461 1983 Bloco cerâmico portante para alvenaria - Determinação da área líquida MB1820 NBR8043 1983 Bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural EB959 NBR6136 1994 Blocos vazados de concreto para alvenaria - Retração por secagem MB3458 NBR12117 1991 Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Determinação da absorção de água, do teor de umidade e da área líquida MB3459 NBR12118 1991 Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Determinação da resistência à compressão MB116 NBR7184 1991 Blocos vazados de concreto simples para alvenaria sem função estrutural – Especificação EB 50 NBR 7173 1982 Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 35 de 115 Cal hidratada para argamassas – Especificação EB 153 NBR 7175 1992 Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto NB1228 NBR10837 1989 Cimento de alvenaria EB1964 NBR10907 1989 Cimento de alvenaria - Ensaios MB3121 NBR10906 1989 Cimento portland comum – Especificação EB 1 NBR 5732 1991 Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos - Procedimento NB 788 NBR 8545 1983 Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto NB889 NBR8798 1984 Paredes de alvenaria estrutural - Determinação da resistência ao cisalhamento NBR14321 1999 Paredes de alvenaria estrutural - Ensaio à compressão simples MB2162 NBR8949 1985 Paredes de alvenaria estrutural - Verificação da resistência à flexão simples ou à flexo-compressão NBR14322 1999 Prismas de blocos vazados de concreto simples para alvenaria estrutural - Preparo e ensaio à compressão MB1849 NBR8215 1983 Tijolo maciço cerâmico para alvenaria EB19 NBR7170 1983Tijolo maciço cerâmico para alvenaria - Forma e dimensões PB1007 NBR8041 1983 Tijolo maciço cerâmico para alvenaria - Verificação da resistência à compressão MB52 NBR6460 1983 NORMAS DO MINISTÉRIO DE TRABALHO NR – 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais NR – 18 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção LINKS NA INTERNET Associação Nacional da Indústria Cerâmica http://www.anicer.com.br/ Materiais cerâmicos para construção http://geocities.com/ceramicauefs/ Associação Brasileira de Cerâmica http://www.abceram.org.br/ Associação Brasileira de Normas Técnicas http://www.abnt.org.br/ Instituto Nacional de Metrologia http://www.inmetro.gov.br/ Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 36 de 115 3. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FUNDAÇÕES 3.1. DEFINIÇÃO FUNDAÇÃO: É a parte de uma estrutura que transmite ao terreno subjacente a carga da obra. Esquema dos elementos de uma edificação 3.2. EXAME DO TERRENO SONDAGEM: É o exame realizado no solo antes de se elaborar o projeto construtivo. Muitas vezes o aspecto de um solo leva o técnico a considera-lo firme. No entanto, um exame mais cuidadoso pode mostrar tratar-se de solo altamente compressível, exigindo consolidação prévia. Finalidade: verificar a natureza do solo, a espessura das diversas camadas, a profundidade e a extensão da camada mais resistente que deverá receber as cargas da construção, e determinar o tipo da estrutura de fundação a ser especificada. Materiais que ocorrem na superfície da crosta terrestre: a) Rochas - solos rochosos (rochas em decomposição ou sãs); b) Solos Arenosos/Siltuosos - com propriedade de compacidade (grau de compacidade); c) Solos Argilosos - com propriedade de consistência (limite de consistência). Antes de se decidir pelo tipo de fundação em um terreno, é essencial que o profissional adote os seguintes procedimentos: a) visitar o local da obra, detectando a eventual existência de alagados, afloramento de rochas etc.; su p ra es tru tu ra In fra es tru tu ra Alic erc e ou ba ld rame Solo resistente Fu nd a çõ es Soc o ou pedesta l Pé-d ireito Estrutura da c oberturaTe lham ento da c ob ertu ra Parede de vedaç ão Parede d ivisória Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 37 de 115 b) visitar obras em andamento nas proximidades, verificando as soluções adotadas; c) fazer sondagem a trado (broca) com diâmetro de 2” ou 4”, recolhendo amostras das camadas do solo até atingir a camada resistente; d) mandar fazer sondagem geotécnica. 3.3. EQUIPAMENTOS DE SONDAGEM Dependendo do tipo solo, a sondagem deverá utilizar o melhor processo que forneça indicações precisas, sem deixar margem de dúvida para interpretação e que permitam resultados conclusivos, indicando claramente a solução a adotar. Sondagem geotécnica a percussão: É a sondagem mais executada em solos penetráveis e a de mais simples reconhecimento. Equipamento de sondagem a percussão Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 38 de 115 Planta de locação dos furos de sondagem Perfil de sondagem geológica (parte do laudo técnico) Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 39 de 115 3.4. ESPECIFICAÇÃO DE UMA ESTRUTURA DE FUNDAÇÃO O processo de especificação de um tipo de fundação, na generalidade dos casos, determina frequentemente dois tipos de fundações, chamadas genericamente de fundações do tipo rasa ou direta e do tipo profunda. 3.4.1. ESPECIFICAÇÃO PARA FUNDAÇÕES RASAS OU DIRETAS Fundação do tipo rasa: é executada quando a resistência de embasamento pode ser obtida no solo superficial numa profundidade que pode variar até 1,0. Fundação do tipo direta: é executada quando a resistência de embasamento pode ser obtida no solo superficial numa profundidade que pode variar de 1,0 até 3,0 metros. São executadas em valas rasas, ou as que repousam diretamente sobre solo firme e aflorado, como por exemplo rochas, moledos (rochas em decomposição), arenitos, piçaras compactas, etc. Nesse caso, pode-se executar alicerces ou sistemas de sapatas interligadas por vigamentos, levando em conta os seguintes cuidados na execução: a) executar o escoramento adequado na escavação das valas com profundidades maiores que 1,5 m, quando o solo for instável; b) consolidar o fundo da vala, com a regularização e compactação do material; c) executar o lastro de concreto magro, para melhor distribuir as cargas quando se tratar de alicerces de alvenaria de tijolos ou pedras, ou proteger o concreto estrutural, quando se tratar de sapatas; d) determinar um sistema de drenagem para viabilizar a execução, quando houver necessidade; e) utilizar sistema de ponteiras drenantes (Well Points), de acordo com a próxima figura, dispostas na periferia da escavação com espaçamento de 1,0 a 3,0 m, interligadas por meio de tubo coletor a um conjunto de bombas centrífugas, que realizam o rebaixamento do lençol freático em solos saturados e arenosos; f) determinar um processo de impermeabilização da alvenaria acima do soco, para não permitir a permeabilidade da umidade por capilaridade. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 40 de 115 Sistema de rebaixamento de lençol freático 3.4.2. ESPECIFICAÇÕES PARA FUNDAÇÕES PROFUNDAS Quando o solo resistente se encontra em profundidades superiores a 3,0 metros, podendo chegar a 20,0 m ou mais é recomendado executar fundações do tipo profunda, cujo dimensionamento e especificação são determinadas pelas características das cargas e do solo analisado, constituída de peça estrutural do tipo haste (ou fuste) que resistem predominantemente esforços axiais de compressão. 3.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES No dimensionamento de fundações o estudo compreende duas partes distintas: a) estudo do solo, por meio da sondagem, com a aplicação do estudo da Mecânica dos Solos e Rochas; b) cálculo das cargas atuantes sobre a fundação, com a aplicação do estudo da análise das estruturas. Com esses dados, passa-se à escolha do tipo de fundação, tendo-se ainda presente que: a) as cargas da estrutura devem ser transmitidas às camadas de solo capazes de suporta- las sem ruptura; b) as deformações das camadas de solo subjacentes às fundações devem ser compatíveis com as da estrutura; c) a execução das fundações não deve causar danos as estruturas vizinhas; d) ao lado do aspecto técnico, a escolha do tipo de fundação deve atender ao aspecto econômico. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notasde Aula Página 41 de 115 e) finalmente, segue-se o dimensionamento e detalhamento, estudando-se a fundação como elemento estrutural. 3.6. CLASSIFICAÇÃO DAS FUNDAÇÕES As fundações são elementos estruturais destinados a repartir sobre o solo o peso da obra. No Quadro mostrado na próxima página são apresentadas as tipologias mais comuns das estruturas de embasamento levando em consideração a forma de execução, implantação, equipamento necessário e as vantagens e desvantagens de sua utilização. 3.6.1. FUNDAÇÕES DIRETAS São aquelas estruturas executadas em valas rasas, com profundidade máxima de 3,0 metros, OU as que repousam diretamente sobre solo firme e aflorado, como por exemplo: rochas, moledos (rochas em decomposição), arenitos, piçaras compactas etc., caracterizadas por alicerces e sapatas. ALICERCES: são estruturas executadas pelo assentamento de pedras ou tijolos maciços recozidos, em valas de pouca profundidade (entre 0,50 a 1,20 m), e largura variando conforme a carga das paredes. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 42 de 115 Tipos de sistemas de infraestrutura de edificações e obras de engenharia Sistema Rasas ou diretas Profundas ou especiais Recuperação de patologias Obras simples Tipo 1 Alicerce ou sapata corrida Estaca de madeira Estaca Mega ou prensada Estaca broca 2 Sapata isolada Estaca metálica Estaca injetada 3 Placas ou Radiers Estaca de concreto 4 Strauss 5 Siimplex 6 Franki Forma de execução 1 Moldada in-loco Pré-fabricada Pré-fabricada Moldada in-loco 2 Moldada in-loco 3 4 Moldada in-loco 5 6 Forma de implantação 1 Alvenaria de tijolos maciços ou concreto Cravação Cravação por reação Escavação 2 Concreto armado Perfuração 3 Concreto armado e Concreto protendido 4 5 6 Equipamento 1 Não necessita de equipamento especial Bata-estacas de gravidade Macaco hidráulico Trado manual 2 Bate-estacas de gravidade ou a motor Perfuratriz e equipamento de injeção 3 Equipamentos usuais das obras em concreto Bate-estacas 4 5 6 Vantagens 1 Simplicidade - Baixo-custo - Facilidade de corte e emenda - Resistente aos esforços de transporte e manuseio - Durabilidade ilimitada se usada em locais submersos (água doce) Indicada para recuperar estruturas sem demolição Rapidez Baixo custo 2 Flexibilidade de formas - Facilidade de cravação - Maior garantia de integridade - Muito Resistente aos esforços de manuseio Indicada para recuperar estruturas onde não é possível utilizar vibração (bate-estacas) Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 43 de 115 3 Baixo custo em terrenos homogêneos - Grande durabilidade - Indicada para vários tipos de solicitações 4 - Baixo custo - Equipamento com boa mobilidade no canteiro 5 - Pode ultrapassar o lençol freático 6 - Admite altas cargas - Indicada para grandes profundidades Desvantagens 1 - Exige cuidados especiais com solo abaixo do lençol freático - Pouca durabilidade em locais com variação de umidade - Baixa resistência a umidade e ataques de organismos - Alto custo - Demorada - Poucas profundidades 2 Exige cuidados especiais com a escavação - Alto custo - Alto custo - Equipamentos especiais 3 Exige cuidados especiais no dimensionamento - Baixa resistência aos esforços de manuseio e transporte - Dificuldade de execução de cortes e emendas - Grande possibilidade de falhas de integridade 4 - Grande possibilidade de falhas - Não pode ultrapassar o lençol freático 5 - Difícil de encontrar comercialmente 6 - Grande possibilidade de falhas de integridade - Vibração excessiva no entorno Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 44 de 115 As sapatas são estruturas de concreto armado, de pequena altura em relação às dimensões da base. São estruturas “semiflexíveis”; ao contrário dos alicerces que trabalham a compressão simples, as sapatas trabalham a flexão. A sapata é preferida onde o baldrame não é recomendado, quer pelo peso do prédio ou pela baixa resistência do solo. A sapata é um bloco de concreto armado construído diretamente sobre o solo dentro de uma escavação Quanto à forma, elas são usualmente de base quadrada, retangular, circular ou poligonal. Forma da seção das sapatas isoladas Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 45 de 115 Sapata Corrida A sapata corrida é contínua, isto é, percorre todo o comprimento da parede. A vantagem no custo da sapata corrida é que ela pode ser confeccionada em alvenaria e não necessita de vigas e pilares para a sustenção do peso da parede e do telhado, porém vale ressaltar que a alvenaria deve ser toda com tijolo maciço, com amarrações entre as paredes em "L" e "T", com forro de gesso, estuque ou lambril; em caso de vãos pequenos podendo até utilizar laje pré. Baldrame: O baldrame é o tipo mais comum de fundação. Constitui-se de uma viga, que pode ser de alvenaria, de concreto simples ou armado, construída diretamente no solo, dentro de uma pequena vala. É mais empregada em casos de cargas leves como residências construídas sobre solo firme. O alicerce é a base que sustenta a casa, dá solidez e transmite para o terreno toda carga (peso) da casa (paredes, lajes, telhados, etc.). Um alicerce bem feito evita o surgimento de trincas nas paredes e evita o surgimento de umidade na parte de baixo das paredes. 3.6.2. FUNDAÇÕES INDIRETAS OU PROFUNDAS São aquelas em que o peso da construção é transmitido ao solo firme por meio de um fuste. Estas estruturas de transmissão podem ser estacas ou tubulões. Na figura a seguir podem-se ver os elementos componentes de um sistema de estaqueamento. Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 46 de 115 Fuste: do latim fuste (pau de madeira), é, de certa forma, a própria coluna (elemento vertical de apoio), constituindo a sua central e maior parte e fazendo a ligação entre a base e a cabeça. Pode ser composto por um só bloco (monolítico) ou segmentado pela sobreposição de diversos blocos (também designados tambores). Caso a coluna só apresente fuste, o extremo inferior deste designa-se imoscapo e o superior sumoscapo. 3.7. ALICERCES E SAPATAS São fundações diretas que podem ser executados em estruturas dos tipos: isolada, contínua ou radier (placas). Fundações isoladas: A fundação do tipo isolada é a que suporta apenas a carga de um pilar, podendo ser um bloco (em concreto simples ou ciclópico, com grande altura em relação à base) ou uma sapata (em concreto armado, de pequena altura em relação a base).Os alicerces na generalidade dos casos são executados de forma contínua, sob a linha de paredes de uma edificação, utilizando-se: a) Sistema de alvenaria de tijolos maciços; b) Sistema de pedras argamassadas, sobre lastro de concreto simples; c) Sistema de alvenaria sobre lajes de concreto armado (sistema misto); d) Sistema em concreto ciclópico. fuste bulbo base esperas cabeça Estaca moldada in-loco ponta Estaca pré-moldada Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 47 de 115 As sapatas são estruturas que podem ser executadas de forma isoladas, associadas ou combinadas, contínuas sob pilares ou muros. Sapatas Combinadas impermeabilização Alicerce em alvenaria escalonada Alicerce em laje de CA Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 48 de 115 O radier é um sistema de fundação que reúne num só elemento de transmissão de carga, um conjunto de pilares. Consiste em uma placa contínua em toda a área da construção com o objetivo de distribuir a carga em toda superfície. Seu uso é indicado para solos fracos e cuja espessura da camada é profunda. Podem ser executados dois sistemas de radier: sistema constituído por laje de concreto (sistema flexível) e sistema de laje e vigas de concreto (sistema rígido). Radier Flexível Radier Rígido Tronco piramidal Retangular Nervurada Sapata Baumgart di vi sa viga de equilíbrio Sapata de divisa Sapata comum Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 49 de 115 3.8. ESTACAS As estacas são peças estruturais alongadas, de formato cilíndrico ou prismático, que são cravadas (pré-fabricadas) ou confeccionadas no canteiro (in loco), com as seguintes finalidades: a) Transmissão de cargas a camadas profundas do terreno; b) Contenção dos empuxos de terras ou de água (estaca prancha); c) Compactação de terrenos. Tipos de Estacas quanto à resistência do Terreno As estacas recebem, da obra que suportam, esforços axiais de compressão. A estes esforços elas resistem, seja pelo atrito das paredes laterais da estaca contra o solo, seja pelas reações exercidas pelo solo resistente sobre a ponta da peça. Podem ser estacas flutuantes (a estaca resiste apenas pelo atrito lateral ) ou estacas carregadas de ponta (a estaca resiste pela ponta). A figura a seguir ilustra as definições dadas; em (a) a capacidade resistente da estaca se compõe de duas parcelas: atrito lateral e de ponta; em (b) a estaca é carregada na ponta, trabalhando pois como pilar; em (c) ela resiste pelo atrito lateral: é a estaca flutuante. Na situação (d) a estaca atravessa um terreno que se adensa sob seu peso próprio, ou sob a ação de uma camada de aterro sobrejacente, produzindo o fenômeno do atrito negativo, isto é, o solo em vez de se opor ao afundamento da estaca, contrariamente, vai pesar sobre ela favorecendo assim a sua penetração no solo. Tipos de estacas quanto a resistência do terreno Tipos de Estacas quanto à posição do Terreno e aos Esforços Quanto à posição, as estacas podem ser verticais e inclinadas e quanto aos esforços a que ficam sujeitas, classificam-se em estacas de compressão, tração e flexão, conforme exemplo da figura a seguir. P a) b) c) d) P P P Terreno resistente Terreno em c urso de c onsolidaç ão Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 50 de 115 Estacas resistindo a diversos esforços 3.9. ESTACAS DE SUSTENTAÇÃO São as que se caracterizam pela função de transmitir as cargas a camadas profundas do solo. Podem ser classificadas em: a) estacas de madeiras; b) estacas de concreto; c) estacas metálicas. 3.9.1 - ESTACAS DE MADEIRA As estacas de madeiras devem ser de madeira dura, resistente, em peças retas, roliças e descascadas. O diâmetro da seção pode variar de 18 a 35 cm e o comprimento de 5 a 8 metros, geralmente limitado a 12 metros com emendas. No caso da necessidade de comprimentos maiores as emendas deverão ser providenciadas com talas de chapas metálicas e parafusos, devidamente dimensionados. A vida útil de uma estaca de madeira é praticamente ilimitada, quando mantida permanentemente sob lençol freático (água). Caso esteja sujeita a variação de umidade apodrecerá rapidamente. De qualquer maneira a estaca deve receber tratamento de preservação para evitar o apodrecimento precoce e contra ataques de insetos xilófagos. As madeiras mais utilizadas são: eucaliptos, peroba do campo, maçaranduba, arueira etc. Empiricamente, pode-se calcular o diâmetro mínimo de uma estaca de madeira em função do seu comprimento, usando a seguinte fórmula: Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 51 de 115 A carga admissível depende das dimensões da estaca e da natureza das camadas atravessadas no terreno, como ordem de grandeza, exemplifica-se: Comparação da carga admissível entre estacas de madeira e pré-moldadas Durante a cravação, as cabeças das estacas devem ser protegidas por um anel cilíndrico de aço, destinado a evitar seu rompimento sob os golpes do pilão, assim como é recomendável o emprego de uma ponteira metálica, a fim de facilitar a penetração e proteger a madeira. D = 0,15 + 0,02 L Ex: pa ra uma estac a de 10 m de c omprimento D L = 10 m D = 0,15 + 0,02 x 10 D = 0,15 + 0,2 D = 0,17 m Ponteira metá lic a Anel Diâmetro (cm) 30 35 40 Carga admissível (toneladas) 33 38 45 Dimensões (cm) 30x30 35x35 40x40 Carga admissível (toneladas) 40 48 55 Estacas de madeira Pré-moldadas de concreto Assunto: Introdução à Engenharia Matéria: Professor: Introdução à Engenharia Ailton Adriano Pissolati Notas de Aula Página 52 de 115 3.9.2 - ESTACAS DE CONCRETO As fundações de estacas em concreto podem ser: • Moldadas no local (in loco ou in situ) ou • Pré-moldadas cravadas com a utilização de equipamento mecânico. ESTACAS MOLDADAS NO LOCAL a) Estacas Brocas Estas estacas são executadas por uma ferramenta simples denominada broca (trado de concha ou helicoidal – um tipo de saca rolha), que pode atingir até 6 metros de profundidade, com diâmetro variando entre 15 a 25 cm, sendo aceitáveis para pequenas cargas, ou seja, de 50 kN a 100 kN (kilo Newton). Recomenda-se que sejam executadas estacas somente acima do nível do lençol freático, para evitar o risco de estrangulamento do fuste. Devido ao esforço de escavação exigido são necessárias duas pessoas para o trabalho. O espaçamento entre as estacas brocas numa edificação não pode ultrapassar 4 metros e devem ser colocadas nas interseções das paredes e de forma equidistante ao longo das paredes desde que menor ou igual ao espaçamento máximo permitido. Nas figuras a seguir pode-se ver um exemplo da distribuição das estacas brocas numa edificação de pequeno
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