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DPC4P2_Ação de consignação em pagamento

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
Tema 02 -	AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. Pagamento por consignação. Hipóteses. Competência. Providência preparatória espontânea. Legitimidade ativa e passiva. Depósito. Resposta do Réu. Falta de depósito – extinção do processo. Dúvida quanto a titularidade do crédito. Natureza da Sentença.
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.
 PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO
Em razão de ser, o assunto relativo à ação de consignação em pagamento, matéria de competência legislativa privativa da União, conforme soa o art. 22, I, da Constituição Federal de 1988, tornou-se irrelevante a discussão sobre a sua natureza jurídica. Isto porque, sendo o instituto composto de matéria de natureza de direito material e instrumental, a um só tempo, encontra sede no dispositivo do inciso citado, quando, unificando a origem legislativa, garante privativa a competência da União para legislar sobre direito civil e direito processual.
Não se pode desconhecer, contudo, que os Estados podem legislar concorrentemente sobre procedimentos em matéria processual (art. 24, XI, da C.F.), todavia não são competentes para legislar sobre o processo judicial. Igualmente o Parágrafo Único do citado art. 22 fala sobre lei complementar para que os Estados possam “legislar sobre questões específicas” daquelas matérias. Todavia isto não turva a competência originária da União mas, tão somente, limita às questões específicas em que os Estados podem legislar concorrentemente.
Importante, ao estudarmos esta figura jurídica da consignação em pagamento, é termos em mente distinguir :
. CONSIGNAÇÃO modalidade de extinção da obrigação 
.AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO exercício da pretensão consignatória
 
Aí encontramos o nítido traço entre a norma de direito material que cuida da extinção da obrigação, caracterizada pelo conteúdo do pagamento, e a norma de direito processual, que é a forma, a maneira como se deve processar a pretensão para se obter o êxito e fazer valer a disposição do direito material, que tem o indivíduo de exercer o seu direito de pagar, o mesmo que dizer o direito de cumprir a obrigação de pagar.
Com essas considerações, concluímos que a natureza processual da consignação em pagamento é de conteúdo híbrido, tanto mais quando enfeixa norma de direito material, porque é eficaz na extinção da obrigação; e norma de direito processual porquanto disciplina o rito do processo.
Dispõe, o art. 890 do Código de Processo Civil :
 “	Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida”.
Destaca-se ai o conteúdo de direito material, quando a norma expressa consignação “... nos casos previstos em lei... com efeito de pagamento...”.
Vê-se, claramente, aí, que a norma processual visa criar condições para que o devedor possa libertar-se da sua obrigação, seja a prestação fundada em valor pecuniário - quantia - ou mesmo quando a prestação, como objeto da obrigação, corresponde à entrega da coisa devida, em conseqüência de qualquer relação obrigacional.
O Código, ao definir assim, e limitar, inclui as obrigações de pagar quantia e de entregar coisa, desde que sejam devidas. Evidente que daí se exclui as obrigações de fazer ou de não fazer, quando aquelas se resumem em simples “facere”, ou em obrigações negativas. Isto porque, via de regra, não é admissível alguém consignar depositando uma prestação de serviço, ou um compromisso de se abster de fazer alguma coisa, por exemplos.
A legislação, como é próprio da natureza das coisas e das interações humanas, somente prevê as hipóteses de consignar coisas corpóreas, individuadas, além das dívidas em dinheiro. 
 
É oportuno registrar, por outro lado, quanto às obrigações de fazer, o seguinte :
	a) quando a obrigação de fazer se constitui em puro “facere”, não 	cabe a consignação, pelos motivos obviamente expostos;
	b) quando a obrigação de fazer resulta em um produto corpóreo, 	cabe a consignação.
HIPÓTESES. PRESSUPOSTOS
Quanto ao cabimento da pretensão consignatória, ou seja as hipóteses, fala o Código dos “casos previstos em lei”. Donde se infere que a lei processual optou pela restrição e remeteu para o direito objetivo :
“direito civil, direito comercial e todos os demais ramos do direito material.” 
Na especificação dos casos em que se admite a extinção da obrigação pela via do depósito judicial, em consignação, temos como principais fontes :
	. Código Civil (art. 334 e seguintes)
	. Código Tributário Nacional (art. 164). 
Observa-se que a legislação mencionada não especifica casos concretos, mas tão somente enfoca situações em que tem lugar a consignação. Vale dizer que quando o caso concreto, individualizado, se enquadrar em determinada situação, conforme o elenco da norma material, tem cabimento a consignação em pagamento.
No particular, transcrevemos o C. Civil :
		 “art. 335 - A consignação tem lugar :
I. 	Se o credor, não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II. 	Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III.	Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV.	Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; 
Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
	art. 336 - Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.”
Consoante preleciona Humberto Theodoro Júnior :
“Todos esses permissivos legais referem-se a embargos enfrentados pelo devedor na busca de libertar-se da obrigação, de sorte a não conseguir efetuar o pagamento ou não lograr efetuá-lo com segurança jurídica de plena eficácia”.
“Ao permitir o depósito judicial liberatório, cuida a lei, pois, de contornar situações como :
		a) a impossibilidade real do pagamento voluntário :
		1. 	por recusa injusta de receber a prestação por parte do credor; 	ou por
2. 	ausência, desconhecimento ou inacessibilidade do sujeito ativo da obrigação;
		b) da insegurança ou risco de ineficácia do pagamento voluntário : 
		1. por recusa do credor de fornecer a quitação devida;
		2. por dúvida fundada quanto à pessoa do credor;
		3. por litigiosidade em torno da prestação entre terceiros;
		4. por falta de quem represente legalmente o credor incapaz.
Procura a lei, dessa maneira, evitar que o devedor fique à mercê do arbítrio ou da malícia do credor, ou que corra o risco de pagar mal e não conseguir meios hábeis para a extinção da obrigação, em casos de dúvidas quanto à pessoa e aos direitos do possível credor.
São, destarte, pressupostos do pagamento por consignação :
		a) a mora do credor ; ou
		b) o risco de pagamento ineficaz.
Incumbe ao autor da ação de consignação em pagamento demonstrar, na petição inicial, e provar na fase de instrução processual, a ocorrência de algumas dessas hipóteses, sob pena de ser havido como improcedente o seu pedido, e como inoperante o depósito da res debita em juízo. ”
 (obra cit. págs. 17)
C O M P E T Ê N C I A
Quanto à competência do Juízo para processar e julgar a ação de consignação em pagamento, está disciplinada no art. 891 do CPC. Com efeito, “ab initio”, o foro competente é o do lugar em que deverá ser cumprida a obrigação de pagar :
 “	art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessandopara o devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente”.
Sobre a espécie, igualmente, disciplina o art. 100, IV, letra “d” do CPC, quando diz que é competente o foro onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento.
Isto exclui a alternativa do foro de eleição (genérica) ou do domicílio do demandado, que é a regra comum. Esta regra é pertinente para a consignação como ação principal, ou autônoma. Se a consignação é em procedimento incidente, ou seja, como pedido cumulado, em ação ordinária, por exemplo, as regras de competência serão as comuns. A determinação da competência ocorrerá em razão da ação principal que, no caso, não é a consignatória.
Por seu turno, o parágrafo único do art. 891, assim disciplina : 
“Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra.”
C O N S I G N A Ç ÃO E X T R A J U D I C I A L O U
P R O V I D Ê N C I A P R E P A R A T Ó R I A E S P O N T Â N E A
Nos termos dos §§ 1º ao 4º do artigo 890 do CPC, quando a obrigação versar sobre dívida pecuniária (obrigação em dinheiro) o devedor, ou terceiro, espontaneamente, poderá optar, antes de intentar a ação consignatória, pelo depósito da quantia devida em estabelecimento bancário, preferencialmente em banco oficial, desde que situado no local do pagamento, em conta especifica com correção monetária.
Deve o credor ser cientificado por carta, com aviso de recebimento, para que manifeste no prazo de 10(dez) dias o motivo da recusa, perante o estabelecimento bancário.
Decorrido esse prazo, sem a manifestação do credor, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.
Ocorrendo a recusa, manifestada ao estabelecimento, o depositante tem um prazo de 30 (trinta) dias para propor a ação de consignação, instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa. Em caso de o consignante não propor a ação consignatória no prazo de 30 dias, o depósito ficará sem efeito, podendo o depositante levantá-lo.
LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA. DEPÓSITO. 
RESPOSTA DO RÉU. FALTA DE DEPÓSITO 
EXTINÇÃO DO PROCESSO.
As pessoas legítimas para figurarem na relação processual consignatória, são as mesmas envolvidas na lide, o mesmo que dizer : os titulares dos interesses conflitantes. A legitimidade ativa envolve o devedor e do lado passivo o credor ou os diversos pretensos credores. Neste caso, quando ocorre a hipótese de não se conhecer o verdadeiro credor ou legítimo titular, do direito de crédito, é a oportunidade em que o autor requererá a citação de todos os pretensos e possíveis credores.
No que diz respeito ao depósito, para que o pagamento, por consignação, seja válido, hão que ser cumpridas todas as exigências da própria obrigação.
Nesse passo, compreende-se que o depósito seja completo, somando-se o principal, juros e correção monetária, além de outros acessórios previstos em contrato ou lei. Quando a obrigação for de dar ou de fazer (com resultado de coisa corpórea), o principio é o mesmo, porque deve a consignação corresponder ao que ficar estipulado quanto ao cumprimento da obrigação, inclusive quanto a tempo, lugar e modo.
A lei admite a complementação do depósito, quando o credor alegar ser este insuficiente, oportunidade em que o demandante tem um prazo de 10 (dez) dias para completá-lo (art. 899), salvo quando o inadimplemento é previsto como causa de rescisão contratual.
O autor, na petição inicial, requererá o depósito e a citação do réu para levantá-lo ou oferecer resposta, tudo conforme o disposto no art. 893 :
“ O autor, na petição inicial, requererá :
 I -	o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do § 3º do art. 890;
 II -	a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta.”
O réu tem duas opções : 
		a) levantar o depósito ; ou
		b) oferecer contestação.
Na primeira hipótese, haverá o demandado de receber e dar quitação extinguindo a obrigação e o feito.
No segundo caso, o Réu, a contar da citação, (doutrinadores admitem à partir do dia que for designado para o recebimento), terá um prazo de 15 (quinze) dias para, em contestação, oferecer a resposta, oportunidade em que poderá alegar, na forma do art. 896, que:
		a) não houve recusa ou mora em receber quantia ou coisa devida ;
		b) foi justa a recusa ;
		c) o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento ;
		d) o depósito não é integral.
Cabe, no caso deste procedimento, qualquer espécie de defesa, como seja : contestação, exceção e reconvenção. Uma vez contestada a ação, o processo prosseguirá no rito ordinário.
Caso não haja resposta do réu, no prazo, e ocorrentes os efeitos da revelia, o Juiz julgará o mérito do pedido, declarando extinta a obrigação, com a condenação nas custas e honorários. Da mesma forma se procede se o credor receber e der quitação (art. 897 e parágrafo único). O credor obviamente só se exime de tais despesas se a ação for julgada improcedente.
Não havendo depósito por parte do demandante, é “o caso de imediata extinção do processo sem julgamento do mérito, por ter se tornado juridicamente impossível a tutela jurisdicional de início requerida” (art. 267, VI).
Quanto a dúvida da titularidade do crédito, assim disciplina o CPC :
 “ art. 898 - quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se-á o depósito em arrecadação de bens de ausentes ; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano ; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores ; caso em que se observará o procedimento ordinário”.
Por fim, resta dizer que a sentença da consignação em pagamento, tem natureza declaratória, porque declara extinta a obrigação, ou que não há obrigação a cumprir, etc.		
Complementando o assunto, e para discussão em sala de aula, entendemos oportuno transcrever:
“Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 05(cinco) dias, contados da data do vencimento.
.................................................................................................................................
	Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 05(cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.
.................................................................................................................................
	Art. 899. Quando na contestação o Réu alegar que o depósito não é integral, é lícito ao Autor completá-lo, dentro em 10(dez) dias, salvo se corresponder a prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
	§ 1º. Alegada a insuficiência do depósito, poderá o Réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do Autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.
	§ 2º. A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos.”
___________________________________________________________
APOSTILA DE RESPONSABILIDADE DO PROFº. LUIZ SOUZA CUNHA.
Ernani Fidélis dos Santos		Manualde Direito Processual Civil 
	3º Volume - 3ª Edição - 1994
Humberto Theodoro Júnior	Curso de Direito Processual Civil
	Volume III- 34 ª Edição – 2005
Marcus Vinicius Gonçalves	Novo Curso de Direito Processual Civil
	Volume 2 – Saraiva – 2005
Atenção:	A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.
	
Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
	
Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores. 
Atualizada em junho/2012
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DPC4_p2_Ação de Consignação em pagamento

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