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GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO - ÂNGELA PAIVA DIONÍSIO - DEGUSTAÇÃO

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Gêneros Textuais & Ensino
Gêneros Textuais & Ensino
1ª edição - abr/2002
2ª edição - out/2002
1ª reimpressão - out/2003
3ª edição - jan/2005
4ª edição - out/2005
5ª edição - set/2007
Angela Paiva Dionisio (UFPE)
Anna Rachel Machado (PUC-SP)
Maria Auxiliadora Bezerra (UFCG)
Organizadoras:
Gêneros Textuais
& Ensino
5ª edição
Rio de Janeiro
Copyright © 2007 by
Angela Paiva Dionisio, Anna Rachel Machado e Maria Auxiliadora Bezerra
Todos os direitos reservados e protegidos.
Proibida a duplicação ou reprodução desta obra ou partes da mesma,
sob quaisquer meios, sem autorização expressa dos editores.
Conselho Editorial:
Angela Paiva Dionisio Leonor Lopes Fávero
Carlos Eduardo Falcão Uchôa Luiz Carlos Travaglia
Dino Fioravante Preti Neusa Maria de Oliveira Barbosa Bastos
Evanildo Cavalcante Bechara Ricardo Stavola Cavaliere
Ingedore Grunfeld Villaça Koch Sueli Cristina Marquesi
José Luiz Fiorin Valter Kehdi
5.ed 
CIP-Brasil. Catalogação na fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
M277c Gêneros textuais e ensino / organizadores Angela Paiva Dionisio, Anna Rachel
Machado, Maria Auxiliadora Bezerra. - 5.ed. - Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
232p. : 23cm
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-86930-18-8
1. Linguagem e línguas - Estudo e ensino. 2. Análise do discurso. 3. Professores
de línguas - Formação. 4. Prática de ensino. I. Dionisio, Angela Paiva. II. Machado,
Anna Rachel. III. Bezerra, Maria Auxiliadora.
07-3132. CDD 407
CDU 800.7
Produção Gráfica: Editora Lucerna
Capa: Rossana Henriques
EDITORA LUCERNA® é marca registrada da
EDITORA YH LUCERNA LTDA.
Rua Colina nº 60 sl. 210 – Jd. Guanabara
CEP 21931-380 – Rio de Janeiro – RJ
Telefax: (21) 3393-3334 / 2462-3976
http://www.lucerna.com.br / info@lucerna.com.br
Caixa Postal 32054 – CEP 21933-970 – Rio de Janeiro – RJ
Sumário
Apresentação
Angela B. Kleiman 07
Os Autores 13
Parte I
Suportes Teóricos e Práticas de Ensino
1. Gêneros textuais: definição e funcionalidade 19
Luiz Antônio Marcuschi
2. Ensino de língua portuguesa e contextos teórico-metodológicos 37
Maria Auxiliadora Bezerra
3. Gêneros discursivos e ensino de língua inglesa 47
Abuêndia Padilha Pinto
4. Gêneros jornalísticos no letramento escolar inicial 58
Lusinete Vasconcelos de Souza
5. Elaboração de material didático para o ensino de francês 73
Eliane Gouvêa Lousada
6. O chat educacional: o professor diante desse gênero emergente 87
Lília Santos Abreu-Tardelli
7. O gênero quarta-capa no ensino de inglês 95
Vera Lúcia Lopes Cristóvão
8. As letras e a letra: o gênero canção na mídia literária 107
Nelson Barros da Costa
Parte II
Gêneros textuais na mídia escrita e ensino
1. Verbetes: um gênero além do dicionário 125
Angela Paiva Dionisio
2. Revisitando o conceito de resumos 138
Anna Rachel Machado
3. “Frase”: caracterização do gênero e aplicação pedagógica 151
Cleide Emília Faye Pedrosa
4. O funcionamento dialógico em notícias e artigos de opinião 166
Dóris de Arruda Carneiro da Cunha
5. Entrevista: uma conversa controlada 180
Judith Chambliss Hoffnagel
6. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos 194
Márcia Rodrigues de Souza Mendonça
7. Por que cartas do leitor na sala de aula? 208
Maria Auxiliadora Bezerra
Bibliografia 217
Páginas da Web citadas 228
Revistas consultadas 228
“... imensos tesouros de um sentido potencial”
Bakhtin: Resposta ao Novy Mir1
A proposta dos PCN de fundamentar o ensino da língua materna, tanto
oral quanto escrita, nos gêneros do discurso, desencadeou uma relevante e
significativa atividade de pesquisa visando, primeiro, descrever uma diversi-
dade considerável de gêneros a partir dos heterogêneos textos que os atualizam
e, segundo, apresentar sugestões didáticas para o uso dos textos enquanto
exemplares e fonte de referência de um determinado gênero2. Ambos são
objetivos louváveis – tanto o lingüístico-discursivo como o educacional –,
que contribuem para tornar uma tarefa sempre presente no cotidiano do
professor – como escolher um “bom” texto – numa atividade menos ambí-
gua, menos árdua, menos onerosa. Ao contrário do que geralmente acontece
com novas propostas impostas pelos órgãos governamentais, devido ao inte-
resse teórico da noção de gênero, a concretização da proposta dos parâmetros
nacionais pode não vir a se constituir em mais uma exigência e uma sobre-
carga feitas a um profissional já demais exigido e sobrecarregado.
Este volume é um bom exemplo dessa contribuição, tão necessária num
campo pouco explorado, o de produção, na universidade, de conhecimentos
relevantes para a produção de conhecimentos na escola. Dividido em duas
Apresentação
Angela B. Kleiman
1 (1992). In: Estética da Criação Verbal, pp. 366.
2 Por exemplo, o livro organizado por Brandão, Helena M. (2000) Gêneros do discurso na escola.
São Paulo: Cortez, ou as várias teses sobre gêneros e sua aprendizagem, dentre as quais, produ-
zidas no ano passado, mencionamos: da Costa, Deborah C. P. (2001) A construção de gêneros
secundários na educação infantil: a emergência dos gêneros notícia e verbete. Campinas: UNICAMP;
Dias, Daniella L. (2001) A entrevista mediada por computador: uma proposta de análise da configuração
do gênero, Belo Horizonte: PUC; de Souza, Lusinete V.(2001) As proezas das crianças: das mal
traçadas linhas ao texto de Opinião, SP: PUC.
Angela B. Kleiman
8
partes, o volume apresenta, na primeira, as bases teórico-metodológicas3 que
fundamentam a noção de gênero como unidade enunciativo-discursiva nas
práticas sociais institucionalizadas e que validam sua transposição para a escola,
tanto pela evidência das análises dos gêneros como das experiências de seu
ensino e aprendizagem. Na segunda parte, é analisado um conjunto significa-
tivo de gêneros da mídia escrita, discutindo-se, também, algumas implicações
didáticas dessas análises que abrangem o suporte, o estilo, o tema, a composição,
e/ou a função na situação sócio-comunicativa, do gênero em foco.
Dentre as contribuições teóricas do volume, é importante destacar a análise
e explicação de noções que saíram da academia, instituição onde a polêmica
e o conhecimento inacabado, a ausência de consenso, fazem parte de todo e
qualquer programa de pesquisa, e que passaram a circular na escola,
instituição que precisa da definição, da ordem, da classificação sem exce-
ções4 . Embora o conjunto dos gêneros seja tido como potencialmente infi-
nito e mutável, há na obra um esforço para criar campo e terminologia co-
muns, para os eventuais usos pedagógicos dos gêneros, o que deveria, em
princípio, facilitar a leitura dos trabalhos acadêmicos sobre o assunto aos
não especialistas (continuando, no entanto, a oscilação terminológica entre
gênero textual e gênero discursivo, termos considerados equivalentes pelos
autores que contribuem para o volume).
Assim, no primeiro capítulo, “Gêneros textuais: definição e funcionalidade”,
Luiz Antônio Marcuschi apresenta várias conceituações relevantes no campo
e levanta argumentos para diferenciar tipo textual de gênero textual, duas
noções que, para o autor, devem ser claramente distinguidas, pois sua confusão
pode esvaziar a noção de gênero textual da sua carga sociocultural, historica-
mente construída, ferramenta essencial, para alguns, na socialização do aluno
via linguagem escrita. Esse rigor descritivo deveria dificultar uma compreensão
equivocada do conceito de gênero no contexto escolar, que, por exemplo,
limitasse o ensino dos gêneros aos seus aspectos meramente estruturais ou
que, para dar outro exemplo, ignorasse o fato de que a construção dos gêneros
valorizados da escrita está assentada nos gêneros da oralidade.
Continuando o percurso que relaciona teoria, metodologia analítica e prá-
tica escolar, o texto “Ensino de língua portuguesa e contextos teórico-metodológicos”,
de Maria AuxiliadoraBezerra, aponta a necessidade de se ensinar textos e gêneros
3 Seguindo a posição de Bakhtin (1953/1992) e os desdobramentos propostos por Bronckart
(1999). Ver referências no volume.
4 Ver, a respeito, Roulet, E. (1991) Une Approche discursive de l’hétérogéneité discursive, Études
de Linguistique Appliquée 83.8.
da mídia, questão que é retomada na prática analítica dos diversos capítulos
que se ocupam da descrição dos gêneros para fins didáticos.
Os dois textos seguintes levam a discussão ao campo específico da sala de
aula, focalizando, desta vez, o conhecimento do aluno. Em “Gêneros discursivos
e ensino de língua inglesa”, Abuêndia Padilha Pinto recorta, de um projeto
maior sobre o conhecimento de diversos gêneros por parte de alunos univer-
sitários, a produção de slogans, cartas e cartões postais em língua inglesa, a
fim de verificar o domínio desses gêneros que, argumenta a autora, em prin-
cípio deveriam ser objeto de programas de ensino na escola no nível médio,
pois constituem importante aprendizado para a socialização do aluno atra-
vés de práticas discursivas valorizadas.
No capítulo seguinte, intitulado “Gêneros jornalísticos no letramento escolar
inicial”, Lusinete Vasconcelos de Souza focaliza o aluno que está começando
seus processos de alfabetização e letramento escolar. A autora discute os resul-
tados de uma intervenção didática que visava à construção de gêneros
argumentativos por crianças durante a pré-escola e a primeira série. A análise
dos textos produzidos por uma criança, ao longo de um período de dois
anos, é argumento convincente do seu processo de aprendizagem, que en-
volve a apropriação de gêneros jornalísticos expositivos para a construção do
gênero que a autora denomina texto de opinião escolar.
No capítulo seguinte, intitulado “Elaboração de material didático para o
ensino de francês”, Eliane Gouvêa Lousada apresenta, de forma programática,
uma proposta temática para o ensino de francês de nível avançado, funda-
mentada na leitura e produção de gêneros da mídia: jornal, sites na Internet,
programas na TV, em combinação com propostas dos manuais didáticos de
francês língua estrangeira. Um dos aspectos interessantes da proposta é a
integração dos materiais do livro didático com textos da mídia eletrônica, o
que torna a possibilidade de uso, no ensino, de gêneros que circulam em
práticas sociais fora da escola, mais concreta. O ensino embasado nos gêneros
não é apenas uma questão de disponibilidade mas, sobretudo, de viabilidade,
nas condições de trabalho vigentes na sala de aula.
Gênero emergente e pouco conhecido e, por isso, com menos probabili-
dades de utilização, é objeto de análise no capítulo seguinte desta primeira
parte. No texto “O chat educacional: o professor diante desse gênero emergente”,
Lilia Santos Abreu caracteriza o chat enquanto ferramenta material de ação
numa situação de aprendizagem muito recentemente desenvolvida, mas que,
na opinião da autora, pode constituir-se numa tecnologia eficaz na comuni-
cação professor aluno, desde que melhor entendido e utilizado.
Apresentação
9
A seguir, no capítulo intitulado “O gênero quarta-capa no ensino de inglês”,
Vera Lúcia Lopes Cristóvão defende a construção de modelos didáticos de
gêneros para guiar o ensino. Esses modelos, a serem utilizados na elaboração
de materiais didáticos para o ensino, deveriam incorporar, segundo a autora,
tanto aspectos programáticos quanto aspectos curriculares, descrições
lingüístico-discursivas e, também, uma avaliação das capacidades do aluno.
A análise proposta é exemplificada com o gênero quarta capa (mais conhecido
como contracapa) que, além de ser altamente legível pelo fato de ser curto e
acessível, tem a função social de seduzir o leitor para outras leituras.
Encerrando a primeira parte, no capítulo, “As letras e a letra: o gênero canção
na mídia literária”, Nelson Barros da Costa argumenta que, quando a literatura
especializada é parcimoniosa em relação a um gênero importante na tessitura
sócio-cultural brasileira, como no caso do gênero canção (articulador por
excelência de linguagem verbal com linguagem musical), então, a caracteri-
zação discursiva desse gênero negligenciado deve ser transformada numa
ocupação legítima e necessária do analista, para viabilizar o trabalho didático
e seu ensino na escola.
Na segunda parte do volume, encontramos a análise de um conjunto significativo
de gêneros que ocorrem na mídia escrita. Encontramos velhos conhecidos do campo
didático, porém transformados pelo tratamento teórico que aqui recebem e pelo
processo de transformação que os seus novos suportes – jornais e revistas – neles
exercem. Assim, Angela Paiva Dionisio analisa, no capítulo “Verbetes: um gênero além
do dicionário”, esse gênero, porém não como uma entrada em dicionários ou enciclo-
pédias, o gênero verbete, não nos suportes usuais, os dicionários ou enciclopédias,
que originalmente abrigaram esse gênero escolar por excelência. Interessa à autora a
migração do gênero verbete para os textos veiculados em revistas dirigidas a um
público leitor adolescente, onde são tematicamente (em vez de alfabeticamente)
organizados, mantendo a função social de instruir o público leitor.
Anna Rachel Machado também realiza uma análise de um velho gênero
transformado pela mídia escrita e, portanto, pelas condições de recepção pre-
vistas nesses veículos, no capítulo “Revisitando o conceito de resumos”, onde a
autora examina a produção textual resultante do processo de sumarização.
Essa produção é articulada em diversos gêneros da mídia escrita que podem ser
mais, ou menos, autônomos, de algum texto original e, portanto, não resultam
necessariamente dos processos de redução semântica pressupostos por teorias
cognitivas e textuais e ainda ensinados (quando ensinados) na escola.
O capítulo “‘Frase’: caracterização do gênero e aplicação pedagógica”, de autoria
de Cleide Emília Faye Pedrosa, também revisita um antigo objeto didático, a
frase, porém não como objeto sintático mas, como nos demais trabalhos, en-
Angela B. Kleiman
10
quanto gênero jornalístico de revistas e jornais. O gênero frase estaria, assim,
orientado por representações sobre o contexto de produção, os destinatários, a
instituição social em que foi produzida, além de obedecer a um padrão formal
de textualização. O ensino alicerçado nas frases – humorísticas, atuais e fáceis
porque extremamente curtas – pode vir a ser o início de uma nova relação com
a língua escrita para aqueles alunos que “não gostam de ler”.
Também realizando uma análise que nos mostra um velho conhecido sob
um novo olhar, no capítulo de título “O funcionamento dialógico em notícias e
artigos de opinião”, Dóris de Arruda Carneiro da Cunha utiliza a perspectiva
teórica do dialogismo bakhtiniano para analisar as formas em que os discursos
inscrevem-se na notícia e no artigo de opinião, e argumenta que o funciona-
mento dialógico diferenciado – ou seja, as diversas formas de representação
do discurso dos outros – pode constituir-se em relevante eixo para o ensino
desses gêneros jornalísticos na escola.
No capítulo intitulado “Entrevista: uma conversa controlada”, Judith
Chambliss Hoffnagel explora as possibilidades didáticas do gênero tal qual
atualizado em textos de diversas revistas populares: informativas, noticiosas,
de fofocas, para público adulto ou adolescente. A autora afirma que a entre-
vista jornalística é um subtipo dentro de uma constelação de eventos orais
transcritos para publicação, com uma estrutura formal comum, o par per-
gunta-resposta, e com recursos estilísticos diferenciados que refletem as rela-
ções sociais que orientam a interação e que determinam editorações realizadas
segundo as representações sobre o público leitor específico.
Em “Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos”, Márcia Rodrigues
de Souza Mendonça, motivada por questões de ordem didática, busca nashistórias em quadrinhos da mídia escrita o gênero que poderá converter para
a leitura o aluno que não lê (ou melhor dito, “que não lê o quê?”, como bem
coloca a autora). Tipologicamente heterogêneas (embora a seqüência narra-
tiva seja a mais comum), variadas nas interseções intertextuais que estabelecem
com outros domínios discursivos (por ex., em campanhas educacionais, nos
anúncios publicitários, na divulgação de clássicos da literatura), as histórias
em quadrinhos poderiam atender os desejos, necessidades e objetivos de lei-
tura de um público leitor também heterogêneo, desde que não sejam utilizadas
como pretextos para exercícios de gramática, mas como objetos semióticos
complexos, para desenvolver o gosto pela leitura e, eventualmente, propiciar
oportunidades de produção textual para o aluno.
O segundo texto de Maria Auxiliadora Bezerra, e último nesta coletânea,
“Por que cartas do leitor na sala de aula?”, apresenta uma proposta pedagógica
envolvendo um conjunto de atividades que visam tanto à reflexão sobre o
Apresentação
11
funcionamento da linguagem quanto ao desenvolvimento da leitura. A
autora recomenda que as atividades propostas sejam organizadas segundo
interesses temáticos dos alunos e que tenham como um dos objetivos finais
a produção, pelo aluno, de textos do gênero cartas do leitor, para publica-
ção na mídia escrita, podendo essa produção funcionar como âncora do
trabalho sistemático sobre esse gênero nos diversos meios de comunicação.
As discussões teóricas e as análises de gêneros incluídos neste volume tra-
zem uma contribuição valiosa para o ensino e a formação do professor de
língua. Os textos aqui reunidos tornam acessíveis ao professor, ao aluno dos
cursos de Pedagogia e de Letras, aos estudiosos da linguagem em geral, um
conjunto de gêneros novos, relativamente desconhecidos, da mídia eletrônica,
e um segundo conjunto de gêneros, melhor conhecidos, porém com uma
roupagem nova – a dos suportes da mídia escrita – e, portanto, com novas
funções em novas situações comunicativas. A originalidade da descrição
lingüístico-textual e discursiva dos gêneros para efeitos didáticos encontra-se
na realização de tal descrição sem deformar o gênero no processo, como acon-
tece nos tratamentos efetuados pelos livros didáticos, que descaracterizam
aspectos constitutivos de práticas sociais que envolvem alguma forma de
ação – cantar a letra de uma canção, mandar uma opinião a um jornal, citar
uma frase memorável – em textos que materializam os gêneros.
Se considerarmos todo processo de didatização como uma forma de cons-
trução de conhecimento na prática social segundo os parâmetros da institui-
ção, o trabalho do analista será o de descrever a heterogeneidade constitutiva
dos textos pertencentes a um gênero e o do professor o de realizar as transfor-
mações necessárias para a retextualização do gênero na aula – o processo
conhecido como transposição didática – que, bem realizado, permita desen-
volver no aluno a capacidade que Bakhtin, no texto da epígrafe, atribui ao
“escritor artesão”, aquele que consegue usar o gênero, de forma competente
e crítica, ao fornecer-lhe uma “matriz externa”, porém sem aprisioná-lo num
cliché pré-determinado. E que, dessa forma, abra espaço para o “grande artista”
revelar “as virtualidades do sentido latentes no gênero”.
Angela B. Kleiman
12
ANGELA B. KLEIMAN, lic. Universidad de Chile, Mestre e PhD. pela University of Illinois (EUA),
foi Diretora de Programas de Educação Bilíngüe em Detroit, Michigan (EUA), professora de
Lingüística na PUC – Campinas e hoje é Professora Titular no Departamento de Lingüística
Aplicada na Unicamp. Tem publicações nacionais e internacionais nas áreas de leitura, interação
em sala de aula, alfabetização de jovens e adultos e formação de professores, incluindo os livros
Leitura: ensino e pesquisa (1989); Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura (1989), ambos publicados
pela Editora Pontes/Unicamp; Os significados do letramento (1995); Leitura e interdisciplinariedade:
tecendo redes nos projetos da escola (1999, com Silvia Moraes), ambos publicados pela Editora Mer-
cado de Letras; O ensino e a formação do professor (2000, com I. Signorini), publicado pela Editora
Art-Med. Email: akleiman@mpc.com.br
Os Autores
Abuêndia Padilha Pinto, professora de Língua Inglesa e de Inglês
Instrumental da UFPE, atuando também na pós-graduação em Letras da mes-
ma universidade. Doutora em Lingüística Aplicada ao Ensino de Línguas pela
PUC-São Paulo, sob a orientação da Prof.a Dr.a Maria Antonieta Alba Celani.
Tem trabalhos publicados nas áreas da Lingüística Aplicada, da Cognição e
Leitura, da Lingüística Textual e da Psicolingüística.
Angela Paiva Dionisio é professora da Universidade Federal de Pernambuco,
onde atua na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Letras. Tra-
balha com Lingüística e Lingüística Aplicada voltada para o ensino de lín-
gua materna. É autora de vários trabalhos, como, por exemplo, a organiza-
ção e tradução, com Judith Hoffnagel, de parte da obra de Charles Bazerman
(Gênero, agência e escrita e Gêneros textuais, tipificação e interação); Tecendo
textos, construindo experiências (Lucerna,2003), em co-autoria com Normanda
Beserra; Livro didático de português: múltiplos olhares (Lucerna, 2001).
Anna Rachel Machado é professora do Programa de Estudos Pós-graduados
em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) da PUC/SP e líder
do Grupo de Pesquisa ALTER (CNPq) – Análise de linguagem, trabalho edu-
cacional e suas relações. É autora dos livros “O diário de leituras: a introdu-
ção de um novo instrumento na escola” (1998, São Paulo: Martins Fontes),
“Resumo” (2004), Resenha” (2004), “Planejar gêneros acadêmicos” (2005) e
“Trabalhos de pesquisa: diários de leitura para a revisão bibliográfica” (2007),
da coleção “Leitura e produção de gêneros acadêmicos e técnicos” (São Pau-
lo: Parábola Editorial), e de artigos científicos em periódicos e livros da área,
enfocando questões sobre o ensino-aprendizagem de leitura e produção tex-
tual e sobre o trabalho do professor. Organizou os livros “O ensino como
trabalho” (2004, Londrina: Eduel); e “Atividade de linguagem, discurso e
desenvolvimento humano“ (Bronckart, 2006. Campinas: Mercado de Le-
tras) e traduziu “Atividades de linguagem, textos e discursos” (Bronckart,
1999. São Paulo; Educ).
Cleide Emília Faye Pedrosa, mestre em Lingüística pela Universidade Fe-
deral de Pernambuco, é professora da Universidade Federal de Sergipe. Com
especialização em Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa (UFPE) e
em Metodologia do Ensino Superior (Faculdade Pio Décimo em Sergipe), sua
experiência profissional soma 12 anos como professora da Rede Estadual de
Pernambuco; 7 anos como coordenadora das Escolas Adventistas em Recife
e Aracaju; e 9 anos como professora universitária. Suas produções incluem
trabalhos em Sociolingüística (laboviana e interacional); Semântica,
Pragmática; e Análise do Discurso. Dentre eles, destacam-se também traba-
lhos com o discurso religioso.
Dóris de Arruda C. da Cunha, doutora em Ciências da Linguagem pela
Universidade de Paris V (1990), é professora nos cursos de graduação e pós-
graduação do Departamento de Letras da UFPE, onde orientou e orienta
dissertações e teses, nas áreas de Lingüística e de Lingüística Aplicada. Pes-
quisadora do CNPq, publicou livro, capítulos de livros e artigos, sobre as
relações entre discursos e a construção do sentido, em diversos gêneros da
fala e da escrita.
Eliane Lousada, mestre em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem
pela PUC/SP, é professora de francês e de inglês há mais de dez anos, tendo
participado de vários grupos de elaboração de livros didáticos e paradidáticos.
Sua pesquisa de mestrado foi realizada na área de formação de professores em
serviço. Doutoranda do mesmo programa, concentra-se na mesma área e no
uso de diferentes gêneros detextos para o ensino-aprendizagem de línguas
estrangeiras. Entre suas outras atividades, inclui-se a participação em grupos
de pesquisa ligados à formação de professores e ao ensino à distância.
Judith Chambliss Hoffnagel, professora de Lingüística e de Antropologia
na graduação e pós-graduação dos Departamentos de Letras e Ciências So-
ciais da UFPE. PhD em Antropologia pela Indiana University e Pós-doutora-
do em Antropologia Lingüística pela University of Texas-Austin, trabalha em
uma perspectiva interdisciplinar com especial interesse na interface lingua-
gem/sociedade, linguagem/cultura. Participa no Projeto Integrado Fala e Es-
crita: características e usos do Núcleo de Estudos da Língua Falada e Escrita
(NELFE) da UFPE, com trabalhos publicados sobre linguagem e gênero,
modalização e formação de corpus. E-mail: hoffnagel@uol.com.br
Os Autores
14
Lília Santos Abreu-Tardelli é doutora e mestre em Lingüística Aplicada e
Estudos da Linguagem (LAEL) da PUC-SP, e é graduada em Letras pela
UNICAMP. Participante do grupo de pesquisa ALTER-CNPq (Análise de Lin-
guagem, Trabalho Educacional e suas Relações), é co-autora de livros didáti-
cos e paradidáticos de língua inglesa e portuguesa. É também autora de
artigos referentes ao ensino de línguas e ao trabalho educacional. É profes-
sora do curso de extensão “Elaboração de Atividades Didáticas para o Ensi-
no de Gêneros” da COGEAE da PUC-SP e professora de língua portuguesa
do CEFET-SP (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo).
Luiz Antônio Marcuschi fez doutorado em Filosofia da Linguagem (1976) e
pós-doutorado em problemas de língua escrita e oral (1987), ambos na Ale-
manha. É Professor Titular em Lingüística do Departamento de Letras da
UFPE, onde iniciou suas atividades em julho de 1976, lecionando na Gradu-
ação e na Pós-Graduação. Na UFPE, criou o Núcleo de Estudos Lingüísticos
da Fala e Escrita (NELFE). Foi um dos fundadores da ANPOLL e seu presiden-
te de 1988 a 1990. É membro de várias associações científicas nacionais e
internacionais no âmbito da linguagem. Pesquisador IA do CNPq, foi por
várias vezes representante de área tanto no CNPq quanto na CAPES. Possui
uma vasta publicação entre artigos e livros, sendo muito deles pioneiros na
área da Lingüística. Pela editora Lucerna é autor nas seguintes obras: O livro
didático de Português: múltiplos olhares (2001), Gêneros Textuais e Ensino (2002),
Hipertexto e Gêneros Digitais (2004), Fenômenos da Linguagem
Lusinete Vasconcelos de Souza, doutora em Lingüística Aplicada e Estudos
da Linguagem pela PUC/SP, é professora do Centro de Ensino e Pesquisa
Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás. Suas pesquisas
centram-se no ensino de produção e leitura de textos da 1ª à 4ª série do
Ensino Fundamental. Atualmente coordena o projeto Gênero do discurso na
prática de produção de textos e prepara o livro “As proezas das crianças: das
mal traçadas linhas ao texto de opinião”.
Márcia Rodrigues de Souza Mendonça é mestre em Lingüística pela UFPE e
professora de Língua Portuguesa do Departamento de Letras dessa universidade.
Além de atuar junto aos graduandos, tem colaborado em atividades diversas de
formação continuada de professores. Interessa-se por questões relativas ao ensino
de língua materna, especialmente a leitura e os livros didáticos. Participou da
coletânea O livro didático de português: múltiplos olhares (Lucerna, 2001) pela
Lucerna, com o trabalho Pontuação e sentido: em busca da parceria. Atua no
Núcleo de Avaliação e Pesquisa Educacional da UFPE.
Os Autores
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Maria Auxiliadora Bezerra doutora em Lingüística pela Universidade de
Toulouse-le Mirail (França), é professora da Universidade Federal de Campina
Grande (Paraíba), atua na área de Lingüística Aplicada, mais especificamente,
ensino de língua materna, livro didático e formação do professor de
português. É professora do Programa de Pós-Graduação em Linguagem e
Ensino, da UFCG, é membro de várias associações científicas relativas à
linguagem. É autora de vários trabalhos, dentre os quais A escrita em contexto
de formação continuada: objeto a aprender e objeto a ensinar, no livro Significados
da inovação no ensino de língua portuguesa e na formação de professores,
organizado por Inês Signorini (2007); Gramática e dicionário, em co-autoria
com Luiz F. Dias, no livro A palavra e a frase,organizado por Eduardo
Guimarães e Mónica Zoppi-Fontana (2006); Concepções de ensino de língua
escrita em curso de formação continuada, publicado na Revista Línguas e
Instrumentos Lingüísticos, em 2005, Livro didático de português: múltiplos olhares
(Lucerna, 2001) em co-autoria com Angela Paiva Dionisio, e Estudar
vocabulário:como e para quê?, de 2004.
Nelson Barros da Costa, doutor em Lingüística Aplicada e Estudos da Lin-
guagem pela PUC/SP, na área de Análise do Discurso, é professor adjunto de
Lingüística do Departamento de Letras Vernáculas e do Mestrado em Lin-
güística da Universidade Federal do Ceará. Suas pesquisas têm se voltado,
com especial destaque, para o gênero canção, na música popular brasileira.
Atualmente, desenvolve a pesquisa “Posicionamentos no discurso lítero-
musical brasileiro: descrição e análise”.
Vera Lúcia Lopes Cristóvão doutora em Lingüística Aplicada e Estudos da
Linguagem pela PUC-SP. Professora da Univ. Estadual de Londrina na gra-
duação de Letras, nos cursos de especialização em Língua Inglesa e em Ensi-
no de Língua Estrangeira, e no Programa de Pós-Graduação em Estudos da
Linguagem. Foi coordenadora geral do I SIGET realizado em Londrina em
2003, evento organizado junto com os membros do projeto de pesquisa que
coordena: Modelos Didáticos de Gêneros: uma abordagem para o ensino de LE.
Coordena o Programa de Extensão Núcleo de Assessoria Pedagógica da UEL.
Dentre suas publicações, destacam-se Gêneros textuais e ensino: contribuições do
interacionalismo sócio-discursivo, um capítulo do livro Gêneros textuais refle-
xões e ensino organizado por Acir Mário Karwoski et al. (Lucerna, 2006).
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