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Contratos Comodato e empréstimo Empréstimo • Infelizmente, o caráter natural que tomamos dessa expressão (empresar de graça) não é o mesmo que a lei dá a esse instituto. • O mundo moderno acabou dando a esse instituto um caráter especulativo, tornando-se num fabuloso instrumento de acumulação de riqueza das classes abastadas e principal meio de dominação moderno, que um sistema forte e protetivo do crédito foi criado. • Portanto, convivemos com duas espécies de empréstimo: • Comodato (579 a 585) • Mútuo (586 a 592) Comodato • O artigo 579 afirma que o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. • É um negócio jurídico. • É unilateral e gratuito. • É real – só se perfaz com a entrega da coisa. Só se considera concluído com a efetiva entrega. • É um contrato fiduciário - baseado em confiança e não em contraprestação. • É personalíssimo, não se transferindo aos herdeiros do comodatário • Uma das partes, comodante, transfere à outra (comodatário) a posse de um determinado bem, móvel ou imóvel, com a obrigação de o restituir. • Tem que ser gratuito, tem que ser bem infungível (insubstituível) e deve haver a obrigação de restituição. • Opera só a transferencia da posse e nunca da propriedade. • Podemos ter como exemplos o contrato de comodato comum no interior do brasil, entre os donos da terra e alguns funcionários especiais, que tem autorização de fazer “roça” e o exemplo dos equipamentos que alguns assinantes de tv acabam por receber. Prazo do comodato • Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado. • Ex. emprestei em comodato ao meu vizinho um trator para colheita. Durante quanto tempo ele terá direito a ficar com o trator? • Como geralmente o comodato é verbal, deverá haver comunicação ao comodatário para que haja devolução. Pode ser feita por meio de notificação judicial ou extra-judicial. Obrigação do comodatário • Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante. • O curioso é o artigo 583: • Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. • Ex: a casa do comodatário está sofrendo uma enchente. Se o comodatário der absoluta prioridade a suas próprias coisas, deixando as do comodante ir com enchente, deverá responder pela destruição, mesmo sendo um caso de força maior. Mútuo • Observar que por séculos o mútuo foi um negócio visto com maus olhos, já que segundo várias doutrinas religiosas, o emprestimo com juros era proibido. • Atualmente, é um negócio jurídico por meio do qual o mutuante transfere a propriedade de um objeto móvel fungível ao mutuário, que se obriga à devolução, em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, acrescida possivelmente de lucro. • Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. • O empréstimo tem por fim a transferência de bens fungíveis. (empréstimo de consumo) • O risco da destruição da coisa correm por risco do tomador do empréstimo, desde o momento da tradição. Depois desse momento, res perit domino. O mutuário torna-se dono da coisa a partir do momento da entrega. Ser assaltado na frente do banco, depois de pegar um empréstimo, é muito azar. • É um contrato real – na mesma linha do comodato, só se torna perfeito com a entrega da coisa. • É unilateral – uma vez formado o contrato, apenas o mutuário assume obrigações. • Pode ser gratuito ou oneroso – será gratuito quando não for fixada expressamente remuneração ao mutuante, pois a onerosidade é a essência do mútuo. • É não solene. • É pessoal. • O mútuo em regra é determinado em relação ao prazo. Mas se nada foi combinado, utiliza- se o artigo 592: • Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: • I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; • II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; • III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. • É um negócio que envolve duas partes: mutuário e mutuante. • Curiosamente, as instituições financeiras, quando estão no polo ativo, não se submetem ao teto legal de juros, estabelecido pelo Código Civil ou pela Lei de Usura, embora, uma nova corrente começe a enquadra-los no código de defesa do consumidor. • O mútuo tem um pressuposto de validade curioso: • Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. • Mas, deve-se ler o artigo anterior em conjunto com o 589 • Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: • I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; • II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; • III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; • IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; • V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. • Obs: Mútuo feneratício • Feneratício está em um sentido de frutos e o fruto civil do dinheiro são os juros. • É a coasntratação onerosa e unilateral
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