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CCJ0014-WL-A-AMMA-04-Classificação dos Contratos e Efeitos dos Contratos

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DIREITO CIVIL III
Aula 4- Classificação dos
 Contratos e Efeitos do
 Contratos Perante
 Terceiros
Conteúdo Programático desta aula
 Distinguir as várias classificações dos
contratos;
 Estudar a estipulação em favor de
terceiros;
 Compreender a promessa de fato de
terceiro.
Classificação dos Contratos
1-Quanto à qualidade dos sujeitos
contratantes, os contratos podem ser:
a) Contratos de direito comum: são regulados
pelo direito civil. São considerados contratos
paritários, em decorrência do princípio da
igualdade formal que informa o direito civil.
b) Contratos de consumo: são contratos cuja
polarização se dá entre consumidor e
fornecedor. Os contratos de consumo
são regulados pelas normas do Código de
Defesa do Consumidor(Lei nº 8.078/90)
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VERTICAL
Art. 2°. Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo.
A r t . 3 ° Fornecedor é toda pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
2- Quanto ao momento do
aperfeiçoamento do contrato, os
contratos podem ser:
a) Contratos consensuais: são
aqueles que se aperfeiçoam
simplesmente pela declaração da
vontade dos contratantes.
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b ) Contratos reais: são aqueles que, para se aperfeiçoarem, precisam da
efetiva entrega da coisa (traditio rei). A declaração de vontade é
elemento necessário, porém insuficiente, devendo ocorrer a entrega do
bem para que o contrato seja celebrado.
Obs: aperfeiçoamento é diferente de cumprimento
3- Quanto à forma, os contratos
podem ser:
a) Solenes: aqueles cuja forma é
determinada pela lei. A
desobediência à forma prevista
em lei gera invalidade do
negócio jurídico.
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b) Não solenes: aqueles em que não há forma especial para sua
celebração, seguindo, pois, o princípio da liberdade das formas.
Obs: parte da doutrina diferencia o contrato solene do contrato formal.
Segundo esta linha de pensamento, os contratos solenes são aqueles em
que há exigência de escritura pública para a sua celebração. Por outro
lado, os contratos formais são aqueles em que há regras especiais para sua
formação, como a exigência de forma escrita.
4- Quanto à tipicidade, os contratos podem ser:
a) Típicos: regulamentados por lei.
b) Atípicos: não regulamentados por lei.
OBS: Há parte da doutrina que não identifica como sinônimas as
 expressões típico e nominado, admitindo hipóteses de contratos
 nominados e atípicos, como o contrato de locação de garagem ou
 estacionamento, previsto no art. 1°, parágrafo único, da Lei n°
 8.245/90 (Lei de Locação).
5-Quanto as Pessoas de Direito Público e
Privado:
a) Contratos de Direito Público: são os
contratos em que a Administração Pública
figura em um dos pólos.
b) Contratos de Direito Privado: travados
entre particulares e regidos pelas normas de
direito privado. Os contratos de direito
privado podem ser de direito comum,
mercantis ou de consumo.
6-Quanto às obrigações recíprocas, os contratos podem ser:
a) unilaterais: impõem deveres a apenas uma das partes.
b) bilaterais: impõem deveres recíprocos a ambas as partes. São chamados
de contratos sinalagmáticos.
Obs: atentar para os chamados contratos bilaterais
 imperfeitos.
7- Quanto ao sacrifício patrimonial das
partes, o contrato pode ser:
a) Gratuito ou benéfico: é aquele em que só
há sacrifício de uma das partes.
b) Oneroso: é aquele em que há sacrifício
patrimonial de ambas as partes, de modo que
inexiste uma prestação e uma
contraprestação a ela correlata e
proporcional
7.b.1) Comutativos - quando
ambas as partes sabem com
exatidão suas prestações e
Contraprestações.
7.b.2) Aleatórios - quando há a
presença do risco (álea), que
pode recair tanto na própria
existência da coisa (contrato
aleatório emptio spei – de coisa
esperada), quanto na quantidade
da coisa (contrato aleatório
emptio rei speratae).
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8-Quanto às relações recíprocas, os contratos podem ser:
a) Principais: são independentes, existindo por si só.
b) Acessórios: são aqueles que guardam uma relação de dependência com
outro contrato, existindo em função dele
Os contratos coligados constituem situação intermediária, pois
se tratam de dois contratos principais por natureza, mas que,
por vontade das partes, estão unidos por um nexo funcional.
9- Quanto ao momento de seu cumprimento, os contratos
 podem ser:
a) de execução imediata (instantâneos): aqueles cujo
 vencimento ocorre concomitantemente com o
 aperfeiçoamento do contrato.
b) de execução diferida: são contratos a termo, que
 deverão ser adimplidos em sua totalidade na data do
 vencimento ajustada.
c) de execução continuada (execução sucessiva ou trato
 sucessivo): aqueles cuja execução se dará de forma
 periódica.
10- Quanto a elaboração:
a) Paritário – elaborado conjuntamente pelas partes
b) Adesão – art. 54, CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas
 tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou
 estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou
 serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
 substancialmente seu conteúdo.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou
 contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável
 ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que
 estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
 natureza do negócio.
Efeitos dos contratos perante
 terceiros
Estipulação em favor de terceiros
É aquela em que uma das partes
beneficiará terceiro.
Elementos:
•estipulante
•promitente ou devedor
• terceiro ou beneficiário
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir
 o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se
 estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la,
ficando, todavia, sujeito às condições e normas do
 contrato, se a ele anuir, e o estipulante não inovar nos
 termos do art. 438.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o
 contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a
 execução, não poderá o estipulante exonerar o
 devedor.
Há, pois, dois momentos na estipulação em favor de
 terceiro:
a) Antes da aceitação do beneficiário - nesta fase, o
 estipulante pode revogar a qualquer tempo o benefício.
b) Depois da aceitação do beneficiário - nesta fase, a
 estipulação torna-se irretratável, excetuando somente
 a situação descrita no art. 438.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de
 substituir o terceiro designado no contrato,
 independentemente da sua anuência e da do outro
 contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato
 entre vivos ou por disposição de última vontade.
Promessa de Fato de Terceiro
Ocorre quando uma parte declara uma
vontade que será realizada por terceiro;
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de
terceiro responderá por perdas e danos,
quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não
existirá se o terceiro for o cônjuge do
promitente, dependendo da sua anuência o
ato a ser praticado, e desde que, pelo regime
do casamento, a indenização, de algum
modo, venha a recair sobre os seus bens.
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Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se
 comprometer por outrem, se este, depois de se ter
 obrigado, faltarà prestação.
Obs: se o terceiro concordar, ele passa a responder.
Obs: a promessa de fato de terceiro é fonte de uma
 obrigação de fazer, qual seja, fazer com que uma
 pessoa integre relação jurídica com outra
Exercícios – Semana 3
Caso concreto 01
Considere o seguinte contrato hipotético:
 DO OBJETO DO CONTRATO
Cláusula 1ª. O presente contrato tem como OBJETO, o bem imóvel X,
 pertencente ao PERMUTANTE (A), situado na Cidade de Erechim –
 RS, cujo valor atinge a quantia de R$ 542.00,00 (quinhentos e
 quarenta e dois mil reais), livre de qualquer ônus ou litígio; e o
 bem imóvel Y, de propriedade do PERMUTANTE (B), situado na
 Cidade de Pelotas – RS, cujo valor atinge a quantia de R$
 545.000,00 (quinhentos e quarenta e cinco mil reais), livre de
 qualquer ônus ou impedimento.
 DA PERMUTA
 Cláusula 2ª. O PERMUTANTE (A) transfere ao PERMUTANTE (B), a
 partir da assinatura deste contrato, a posse e os direitos sobre o
 bem imóvel descrito na cláusula anterior, passando o último a se
 responsabilizar pelos tributos que atinjam o bem.
 Cláusula 3ª. O PERMUTANTE (B) transfere ao PERMUTANTE (A), a
 partir da assinatura deste instrumento, a posse e os direitos sobre
 o bem imóvel descrito na cláusula 1ª, passando o último a se
 responsabilizar pelos tributos que atinjam o bem.
 Cláusula 4ª. As partes respondem por quaisquer vícios contidos nos
 bens que porventura possam existir, entregando-os desta forma,
 com todas as garantias.
 DAS OBRIGAÇÕES
Cláusula 5ª. Caso qualquer dos imóveis, objeto do presente contrato,
 esteja ocupado, o PERMUTANTE deverá desocupá-lo
 imediatamente após a assinatura do presente, devendo também
 responder pela evicção do mesmo.
Considerando as cláusulas contratuais acima e tomando por base o
 direito contratual, classifique
FUNDAMENTADA E JUSTIFICADAMENTE este contrato quanto:
A) Ao momento de aperfeiçoamento.
B) Quanto à forma.
C) Quanto ao sacrifício patrimonial das partes.
Caso concreto 02
PEDRO perdeu sua mãe, LUIZA, em um acidente de ônibus. A empresa
 de ônibus em que viajava LUIZA havia firmado contrato de seguro
 contra danos pessoais ocorridos durante a viagem (incluindo,
 obviamente, eventuais acidentes) com a SEGURADORA S/A. No
 contrato de seguro, os beneficiários eram indeterminados, não
 havendo especificação nominal dos passageiros, mesmo porque o
 contrato foi celebrado antes das passagens serem vendidas. Após a
 morte da mãe, PEDRO ajuizou ação diretamente contra a
 SEGURADORA a fim de cobrar o valor do prêmio, mas a sentença
 julgou improcedente a ação por entender que a SEGURADORA era
 parte ilegítima, alegando que PEDRO deveria ter demandado
 contra a empresa de ônibus, já que não havia contrato entre LUIZA
 e a SEGURADORA. A sentença foi confirmada pelo Tribunal de
 Justiça Estadual, pelas mesmas razões, conforme se extrai do
 excerto do acórdão ora colacionado:
"Ocorre que a relação jurídica obrigacional constitui-se
 pelo vínculo jurídico entre as partes, que no caso diz
 respeito apenas a seguradora e o segurado, não
 cabendo ao terceiro exigir o cumprimento do contrato,
 que só poderá ser discutido pelos contratantes, muito
 embora exista cláusula que possa beneficiar terceira
 pessoa. Tanto isso é verdade, que no caso em tela,
 pretende a seguradora excluir sua obrigação, inclusive
 perante o segurado, aduzindo que este violou cláusulas
 do contrato, como por exemplo, o fato de estar
 dirigindo embriagado. Ora, tal argumento é claro, não
 diz respeito ao direito do apelante, caso seja
 comprovada a culpa pelo acidente do segurado, mas
 simplesmente às partes contratantes. [...] Vê-se, pois,
 que tal obrigação vincula as partes contratantes, não
 podendo se admitir que os lesados por atos do segurado
 a acionem diretamente, face ausência de relação
 jurídica material entre as partes, apelante e apelada"
Ainda inconformado, PEDRO entrou com Recurso Especial
 contra o acórdão do Tribunal alegando que a
 Seguradora teria legitimidade passiva na demanda.
Neste contexto e tomando como parâmetro a teoria geral
 do direito contratual, responda JUSTIFICADA E
 FUNDAMENTADAMENTE:
A) Identifique e explique a que princípio do direito
 contratual se refere o excerto do acórdão colacionado.
B) À luz do direito material, analise se Pedro poderia ter
 demandado diretamente contra a Seguradora e
 explique se há possibilidade de o acórdão ser reformado
 pelo STJ.

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