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A comunicação humana

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A comunicação humana
Professora: natália elvira sperandio
Definição de Comunicação:
Comunicação → do latim communicatio, que significa ação de repartir, de dividir.
Hoje → a comunicação “é o meio pelo qual um homem influencia o outro e, por seu turno, é pelo outro influenciado” (D’AZEVEDO, 1970, p. 11).
A comunicação é também condutora do processo social.
Abrangência da Comunicação:
Homem urbano do ocidente → gasta 70% do seu tempo ativo ouvindo, falando, lendo, escrevendo. 
Mas podemos acreditar que 100% de sua vida envolve comunicação
Modalidades de Comunicação:
Sempre que nós nos comunicamos com alguém, nós temos um objetivo, uma finalidade, e utilizamos vários códigos que representam os nossos pensamentos, desejos e sentimentos;
A comunicação pode ocorrer através de diferentes tipos de linguagem. Mas em que consiste a linguagem?
A linguagem é todo sistema de sinais convencionais (símbolos linguísticos, sonoros, visuais, gestuais) que nos permite realizar atos de comunicação.
Tipos de linguagem:
Verbal: é aquela que utiliza a língua (oral ou escrita), ou seja, tem por unidade a palavra.
 
 Não-verbal: é a que possui outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, a imagem, a dança, por exemplo.
Mista: utiliza tanto a palavra quanto as demais unidades, como histórias em quadrinhos, teatro, televisão, cinema, charges, alguns anúncios publicitários.
Componentes da Comunicação:
1 – Fonte: indivíduo ou organização de onde emana a mensagem.
2 – Codificador: transmite a mensagem da fonte ao receptor.
Quando a fonte for também responsável pela codificação → codificador-fonte.
3 – Mensagem: informação que o codificador deseja transmitir ao receptor.
4 – Código: conjunto de sinais e/ou símbolos utilizados na comunicação.
5 – Canal: meio usado para enviar a mensagem do codificador ao decodificador.
6 – Decodificador: traduz (decodifica) a mensagem para o receptor.
7 – Receptor: destino da mensagem.
Quando o receptor for também responsável pela decodificação → decodificador-receptor.
Identifique os componentes básicos da comunicação presentes nos seguintes eventos comunicativos:
Em um estádio de futebol, o placar eletrônico informa que o jogo está empatado por zero a zero.
Um turista brasileiro, que não fala uma palavra de alemão, está em um bar de Berlim tentando pedir com gestos que o garçom lhe sirva uma cerveja.
O pai conversa com a filha ao telefone e diz que vai chegar atrasado para o jantar
O processo de Comunicação: 
Fidelidade versus ruído.
Fidelidade é a transmissão e recepção da mensagem com total exatidão.
Ruído: é tudo o que afeta , em graus diversos, a transmissão de uma mensagem.
QUANTO MAIS RUÍDO, MENOS FIDELIDADE
QUANTO MENOS RUÍDO, MAIS FIDELIDADE
Fatores relacionados ao processo comunicacional:
1 – Habilidades comunicadoras → capacidade de o indivíduo produzir mensagens o mais fiéis possível.
Aperfeiçoamento das habilidades comunicadoras → aumenta a fidelidade da comunicação.
Codificador-fonte
Decodificador-receptor
2 – Atitudes: modo de proceder ou agir, comportamentos, julgamentos.
Podem ser favoráveis ou desfavoráveis → para consigo próprio, para com o outro, para com o assunto.
Quanto mais favoráveis → menos ruído provocarão.
3 – Nível de conhecimento: O codificador-fonte deve conhecer o assunto da mensagem e adequá-lo ao nível de conhecimento do decodificador-receptor.
Tanto o codificador-fonte quanto o decodificador-receptor podem saber muito, saber pouco ou saber nada do assunto.
4 – Sistema social: o papel social que o indivíduo desempenha na sociedade determina escolhas de comunicação.
Ele também pode se comunicar de acordo com o sistema social do receptor.
5 – Sistema cultural: os valores culturais de um povo determinam normas de comportamento culturalmente aceitáveis ou não.
Diferenças também podem ocorrer dentro de uma mesma cultura (ex.: pessoas com passados culturais diferentes). 
6 – Idiossincrasias (características próprias ao indivíduo): maneira peculiar de ver, de sentir, de reagir às coisas.
7 – Ideologias: conjunto de ideias, de concepções e doutrinas próprias a um indivíduo, a uma classe social ou a uma época e que são oriundas dos grupos nos quais nos incluímos.
Elas estão presentes não somente nas palavras selecionadas, mas também “por detrás” delas.
8 – Mensagem: três fatores podem determinar a fidelidade ou o ruído na mensagem:
Código da mensagem → o código deve ser conhecido pelo receptor para que haja comunicação.
Conteúdo da mensagem → a informação contida na mensagem deve atender aos interesses da comunicação.
Tratamento da mensagem → tratamento afável e polido → afeta positivamente a mensagem;
 → tratamento áspero e autoritário → afeta negativamente a mensagem.
 
Identifique os fatores relacionados ao processo comunicativo em cada exemplo abaixo. Justifique sua resposta:
Houve fidelidade ou ruído no processo comunicativo da charge abaixo. Caso a fidelidade tenha sido afetada, qual o componente básico da comunicação foi o responsável por essa transgressão? Justifique sua resposta.
 
 
As habilidades comunicadoras são concebidas por Didio (2013) como a capacidade de o indivíduo produzir mensagens o mais fiéis possíveis. O autor cita as principais habilidades que um bom codificador-fonte e decodificador—receptor devem ter para aumentar a fidelidade da comunicação. Quais são essas habilidades? Justifique sua resposta com um exemplo.
 
 
Língua oral x escrita:
As duas modalidades da língua portuguesa, a oral e a escrita, são vistas como práticas sociais, já que o estudo das línguas se funda em usos (MARCUSCHI, 2008, p. 16);
Essas modalidades não devem ser vistas de forma dicotômica, mas fazendo parte de um continuum tipológico que vai do texto mais formal ao mais informal, tendo como perspectiva o gênero discursivo (conversação, carta familiar, entrevista de televisão, relatório, conferência, artigo de divulgação, artigo científico) que está sendo observado.
A oralidade e a escrita são, portanto, práticas e usos da língua com características específicas, pois apresentam condições de produção distintas;
A modalidade escrita não pode ser entendida como uma representação da fala, já que não consegue reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade, tais como prosódia, gesto, olhar;
Por outro lado, a escrita caracteriza-se por apresentar elementos próprios, ausentes na modalidade oral, como o tipo e tamanho de letras, cores, formatos, que desempenham, graficamente, a função dos gestos, da mímica e da prosódia
Assim, oralidade e escrita são práticas e usos da língua com especificidades e condições distintas de realização, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos;
Ambas possibilitam a criação de textos coesos e coerentes, permitindo a elaboração de exposições formais e informais, variações estilísticas, sociais, dialetais, entre outras;
Como manifestação da prática oral, a fala é adquirida de modo natural em contextos informais do dia a dia e nas relações sociais que se estabelecem desde o momento em que o bebê tem seus primeiros contatos com a mãe;
O aprendizado e o uso da língua natural são uma forma de inserção cultural e socialização. Já a escrita é a manifestação formal do letramento. Ela é adquirida em contextos formais, principalmente, na escola e apresenta caráter de maior prestígio como bem cultural desejável.
FALA
interação face a face;
planejamento simultâneo ou quase simultâneo à execução;
impossibilidade de apagamento;
sem condições de consulta a outros textos;
ampla possibilidade de reformulação: essa reformulação é marcada, pública, pode ser promovida tanto pelo falante como pelo ouvinte;
acesso imediato ao feedback (retroalimentação, monitoração, resposta) do ouvinte;
o falante pode processar o texto, redirecionando-o a partir das reações do ouvinte.ESCRITA
interação à distância (espaço-temporal);
planejamento anterior à execução;
possibilidade de revisão para operar correções;
livre consulta a outros textos;
a reformulação pode não ser tão marcada, é privada e promovida apenas pelo escritor;
sem possibilidade de feedback imediato;
o escritor pode processar o texto a partir das possíveis reações do leitor.
Para analisar adequadamente um texto (falado ou escrito), é preciso identificar os componentes que fazem parte da situação comunicativa, pois eles favorecem a interpretação dos papéis dos interlocutores (falante-ouvinte / escritor-leitor) num evento de fala particular, determinando os componentes linguísticos desse texto.
Para se estabelecer as relações que diferem as duas modalidades da língua (falada e escrita), sem que haja distorção do que realmente ocorre, é necessário considerar as condições de produção. São essas condições que possibilitam a efetivação de um evento comunicativo e são distintas em cada modalidade.
Níveis da linguagem
A língua portuguesa é falada do mesmo modo em todas as regiões? Por todas as classes sociais? 
Ela passou por modificações no transcorrer do tempo?
O que significa dizer que a língua não é uma unidade homogênea e uniforme?
Variação Diacrônica/histórica e sincrônica
Antigamente
Carlos Drummond de Andrade
“Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.
As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entremente, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passava a manta e azulava, dando às de Vila-Diogo….”
É quando duas ou mais formas de um mesmo vocábulo coexistem durante algum tempo até uma delas desaparecer e a outra permanecer.
Variação diafásica: A língua varia de acordo com o contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina o modo de falar, que pode ser formal ou informal. Esta variação, portanto, refere-se ao registro empregado pelo falante em determinado contexto interacional, ou seja, depende da situação em que a pessoa está inserida.
 
A diversidade linguística é resultante de vários motivos:
Geográfica/diatópica: que envolve variações regionais. Nesse tipo de variação, as diferenças mais comuns são as do plano fonético (pronuncia, entonação) e no plano lexical (uso de palavras distintas para designar um mesmo referente)
Social/diastrática/sociocultural: que compreendem as variações provenientes da idade, sexo, profissão, nível de estudos, classe social, as quais podem determinar traços originais dentro da linguagem individual. 
Dentro das variações sociais teríamos:
Linguagem culta ou padrão que é eleito pela própria comunidade como o de maior prestígio, refletindo um índice de cultura a que todos pretendem chegar. O dialeto social culto é quase sempre usado pela literatura e por outras espécies de linguagem escrita, exceto, as cartas familiares, a literatura dita popular ( o cordel, por exemplo), os diálogos mais realistas dos romances, os versos das músicas populares etc. Quanto ao léxico, ou vocabulário, há maior variedade na linguagem culta, maior precisão no emprego dos significados maior incidência de vocábulos técnicos
Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está  prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em  todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da  saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010.
Linguagem coloquial: é aquela utilizada em nosso cotidiano nas situações em que o nível de formalidade é menor, portanto, requer menor adequação às regras gramaticais. A linguagem coloquial, ou linguagem popular, é mais dinâmica, sendo marcada por grande fluidez verbal, já que não existe a preocupação excessiva com a norma-padrão da língua. Nela são permitidos recursos expressivos da linguagem, como gírias, e pode ser mais facilmente encontrada nos textos literários, nos quais se admitem licenças poéticas. 
Até quando?
Não adianta olhar pro céu 
Com muita fé e pouca luta 
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer 
E muita greve, você pode, você deve, pode crer 
Não adianta olhar pro chão 
Virar a cara pra não ver 
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus 
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
 Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento)
Língua coloquial:
Variante espontânea;
Utilizada em relações informais;
Sem preocupações com as regras da gramática normativa;
Presença de coloquialismos (expressões próprias da fala), tais como: pega leve, se toca, tá rolando etc.
Uso de gírias;
Uso de formas reduzidas ou contraídas (pra, cê, peraí, etc.)
Uso de “a gente” no lugar de nós;
Uso frequente de palavras para articular ideias (tipo assim, ai, então, etc.);
Língua culta:
Usada em situações formais e em documentos oficiais;
Maior preocupação com a pronúncia das palavras;
Uso da norma culta;
Ausência do uso de gírias;
Variante prestigiada.
 
Os registros constituem compartimentos estanques? Ou seja, limites fixos ou rígidos?
 
 Registro coloquial 
E na linguagem escrita, ocorre o mesmo? 
 
Língua – padrão
Observação das normas
gramaticais
Língua que infringe as
Normas gramaticais
Linguagem Formal x Linguagem Informal
Certo, errado ou adequado?
Tendo em vista que existem vários níveis de linguagem, é natural que se pergunte o que é considerado “certo” e o que é considerado “errado” em um determinado idioma;
Na verdade, devemos pensar a língua em termos de “adequação”;
Ou seja, a fim de que o processo de comunicação seja eficiente, devemos sempre ter em vista o que vamos dizer (a mensagem), a quem se destina (destinatário), o local e como a mensagem será transmitida.
Não há um registro mais certo do que o outro, mas mais adequado ou inadequado à situação de comunicação.
“As diferentes variedades da língua são utilizadas em situações razoavelmente bem definidas. Assim, qualquer pessoa modifica sua maneira de falar conforme esteja discutindo no bar com os amigos, ou respondendo a uma entrevista para obter emprego.” (PERINI, 2007, p. 24)
Competência Comunicativa:
Permite ao falante saber o que falar e como falar com quaisquer interlocutores em quaisquer circunstâncias, de acordo com normas de adequação definidas em sua cultura.
Normas de adequação → dizem ao falante quando e como monitorar seu estilo.
Situações que exijam mais formalidade → os estilos de linguagem serão mais monitorados.
Situaçõesque exijam menos formalidade → estilos mais coloquiais.
Em todos esses contextos, o falante deverá levar em conta o papel social que está desempenhando.
Preconceito Linguístico:
O português do Brasil apresenta uma unidade surpreendente;
Brasileiro não sabe falar português;
Português é muito difícil;
As pessoas sem instrução falam tudo errado;
O lugar onde melhor se fala português no Brasil é no Maranhão;
O certo é falar assim porque se escreve assim;
É preciso saber gramática para falar e escrever bem;
O domínio da norma padrão é um instrumento de ascensão social.
(BAGNO, 2015)
Referências:
ANDRADE, Maria Lúcia da C. V. de O. Língua falada e língua escrita: como se processa a construção textual. Reunião anual da SBPC, 1998, Natal, RN. Disponível em: <www.fflch.usp.br/dlcv/lport/pdf/ maluv002.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2010.
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. 56º ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.
DIDIO, Lucie. Leitura e produção de textos. São Paulo: Atlas, 2013.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
PERINI, Mário Alberto . Gramática descritiva do português. 4º ed. São Paulo: Ática, 2007.

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