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Educação Infantil E book

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EDUCAÇÃO INFANTIL 
Saberes, valores e desafios. 
MARCOS L SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 SUMÁRIO 
A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS NA EDUAÇÃO INFANTIL _______________ 06 
O PLANEJAMENTO NA PRÁTICA EDUCATIVA ______________________________________ 09 
LIBÂNEO___________________________________________________________________ 13 
PRÁTICAS EDUCATIVAS E PROJETOS NA INFÂNCIA__________________________________14 
CICLO DE CURIOSIDADE E APRENDIZAGEM NA PRÁTICA_____________________________ 18 
INTENSÃO PEDAGÓGICA? _____________________________________________________ 19 
A IMPOTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA 
NA EDUCAÇÃO INFANTIL_______________________________________________________22 
BREVE HISTÓRICO DA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL______________________26 
O QUE É MUSICALIZAÇÃO INFANTIL?_____________________________________________29 
 A MÚSICA E A CRIANÇA_______________________________________________________ 31 
A PRÁTICA EDUCATIVA LÚDICA_________________________________________________ 35 
CONCEPÇÕES TEÓRICAS SOBRE O LÚDICO________________________________________ 36 
O PLANEJAMENTO ESCOLAR PARA TRABALHAR A LUDICIDADE_______________________ 42 
O LÚDICO E ÀS PRÁTICAS METODOLÓGICAS DE ENSINO_____________________________45 
A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NAS PRÁTICAS 
EDUCATIVAS DO ENSINO INFANTIL _____________________________________________47 
O LÚDICO NA PERSPECTIVA DOS TEÓRICOS_______________________________________50 
DIREITO DE BRINCAR. O LÚDICO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA _______________________ 52 
O JOGO, AS BRINCADEIRAS E SUAS CARACTERÍSTICAS______________________________ 54 
 O ESPAÇO CORRETO PARA O LÚDICO___________________________________________ 58 
O LUGAR DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM________________________________________63 
O PAPEL DOS BRINQUEDOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA____________________ 67 
BRINCADEIRA É COISA SÉRIA__________________________________________________ 71 
CONSIDERAÇÕES FINAIS______________________________________________________ 74 
 
 
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 INTRODUÇÃO 
Esta obra é um conjunto de pesquisa bibliográfica, procurei 
demonstrar de forma bem específica à importância da prática de projetos na 
educação infantil, sendo que o intuito maior é compartilhar com os 
educadores: saberes, valores, e desafios como atitude reflexiva em torno 
das especificidades da criança junto a este mecanismo de trabalho. A 
educação infantil é uma das áreas que desafia os profissionais que nela 
trabalham, pois o contexto trazido pelas crianças precisa ser primeiramente 
entendido e estudado com seriedade, compromisso, para depois coloca-las 
em prática de forma adequada. Neste sentido, trabalhar com a metodologia 
de projetos antecipadamente é algo que pode enriquecer as experiências 
tanto das crianças, como nossas também, pois os dois terão a oportunidade 
de socializar, criar e simultaneamente enriquecer seus conhecimentos 
durante as etapas do trabalho. 
 
Aliás, as crianças da educação infantil necessitam de educadores 
competentes, que queiram trabalhar com elas e principalmente que goste de 
crianças, ou seja, que tenha sensibilidade, que saiba intervir quando 
necessário, saiba impor regras e limites com paciência e sabedoria. 
 
Em outras palavras que acredite na sua metodologia de trabalho e a 
partir dela instigue e desafie as crianças com situações enriquecedoras 
garantindo a elas um processo de maturação alicerçado em diferentes 
conhecimentos e valores. E principalmente educadores que conheçam 
muito bem o seu instrumento de trabalho utilizado, fazendo bom uso de 
todas as ferramentas educacionais e lúdicas durante as atividades oferecidas 
às crianças no espaço da educação infantil. 
 
 “Na Educação Infantil as crianças têm direito ao lúdico, à 
imaginação, à criação, ao acolhimento, à curiosidade, à brincadeira, à 
democracia, à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à 
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dignidade, à convivência e à interação com seus pares para a produção de 
culturas infantis e com os adultos, quando o cuidar e o educar são 
dimensões presentes e indissociáveis em todos os momentos do cotidiano 
das unidades educacionais”. 
 
Portanto, exige-se a construção de um novo profissional da Educação 
Infantil que num processo de coautoria, atua como observador participativo 
que “intervém para oferecer, em cada circunstância, os recursos necessários 
à atividade infantil, de forma a desafiar, promover interações, despertar a 
curiosidade, mediar conflitos, garantir realizações, experimentos, 
tentativas, promover acesso à cultura, possibilitando que as crianças 
construam culturas infantis” (Nornativa 1/2013 p.15). 
 
Neste Currículo Integrador, é Imprescindível observar as crianças em 
atividade, com pouca ou nenhuma intervenção em determinados 
momentos, documentar o que se observa (fotografias, vídeos, áudios, 
registros escritos) construir narrativas coletivas a partir destes registros, 
repensar os espaços, materiais e planejar as próximas vivências de modo a 
potencializar e expandir as aprendizagens. 
 
“A documentação” pode ser entendida como reflexão coletiva sobre 
a vivência proposta, processo ligado à programação e à avaliação, à 
experiência, mas dotado de especificidades: a documentação não é o 
projeto, nem a experiência; é algo além, um processo de reflexão sobre a 
prática e de formação contínua. (Marques, 2015) 
 
Portanto, a poética de “escutar com os olhos”, além de dar 
visibilidade ao que acontece na unidade, permite uma flexibilidade no 
planejamento, reelaboração de vivências, levando em conta os novos 
saberes dos bebês, crianças e professores. 
 
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Ou seja, implica que cada professor torne-se um pesquisador, um 
profissional reflexivo, o fio condutor entre as experiências vividas e uma 
discussão crítica sobre a prática para a construção desta tão ansiada 
Pedagogia para a Primeira Infância. 
 
A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS 
PEDAGÓGICOS NA EDUAÇÃO INFANTIL 
Primeiramente antes de iniciarmos uma discussão acerca dos projetos 
educacionais na primeira infância, é de grande valia esclarecer o que é 
projeto, Assim segundo o dicionário Aurélio apud Nogueira (2011, p.30): 
A palavra projeto origina-se do latim projectu, ‘lançado para diante’, e que 
se refere a: Ideia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro; 
plano, intento, desígnio. Empreendimento a ser realizado dentro de 
determinado esquema. Esboço ou risco de obra a se realizar; plano. 
 Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 
1 (2013). 
 
A partir desse conceito, compreende-se que projeto é um caminho 
em construção, onde inúmeras etapas são seguidas para que futuramente se 
consiga o resultado daquilo que se almejava. Na educação, o projeto pode 
ser o alicerce do conhecimento, onde os aprendizes atravessam etapas 
formando o esqueleto do objeto desejado e a partir deste pesquisar, trocar 
ideias e experiências conquistando assim o resultado final, neste caso: a 
aprendizagem. Nesta perspectiva a prática educativa com projetos tem 
muito a colaborar no processo de ensino/aprendizagem, principalmente na 
primeira etapa da educação básica (educação infantil), que por sua vez, 
acolhe os futuros cidadãos de uma sociedade tão exigente. Esta ferramenta 
é um importantíssimo ingrediente para o amadurecimento das habilidades e 
potencialidades dos pequenos aprendizes, pois é durante as etapas do 
projeto que as crianças participarão ativamente do seu próprio 
conhecimento, tornando-se protagonistas das suas próprias descobertas. 
 
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Em consonância a este contexto trazemos a contribuição de Barbosa 
e Horn que asseveram: 
 
A
pedagogia de projetos vê a criança como um ser capaz, 
competente, com um imenso potencial e desejo de crescer. Alguém que se 
interessa, pensa, duvida, procura soluções, tenta outra vez, quer 
compreender o mundo a sua volta e dele participar, alguém aberto ao novo 
e ao diferente. Para as crianças, a metodologia de projetos oferece o papel 
de protagonistas das suas aprendizagens, de aprender em sala de aula, para 
além dos conteúdos, os diversos procedimentos de pesquisa, organização e 
expressão dos conhecimentos (2008, p. 87). 
 
De acordo com as palavras das autoras, a educação infantil é um 
período em que a criança vivencia grandes desafios e descobertas, que por 
sua vez, garante o amadurecimento dos seus aspectos físicos, psíquicos e 
sociais, ampliando assim cada vez mais sua visão de mundo. Além do mais 
a pedagogia de projetos faz com que a criança tenha participação ativa em 
todas as etapas da construção do seu conhecimento. Assim trabalhar com 
projetos na educação infantil é uma excelente forma de atrair o interesse 
pelo conhecimento, pois é neste momento que o educador oferece uma 
gama de estratégias, oportunizando o fazer mútuo, onde não só ele e os 
alunos como toda a comunidade escolar participe constantemente e 
ativamente de cada etapa do projeto. 
 
Segundo Barbosa e Horn (2008, p. 89), “a comunidade educativa 
precisa tornar-se uma comunidade de aprendizagem aberta, onde os 
indivíduos aprendem uns com os outros e onde as investigações sobre o 
emergente têm nessas trocas papel fundamental”. As autoras deixam claro 
que a postura de se trabalhar coletivamente traz benefícios promissores 
para todos e que cada cidadão tem algo novo, diferente e importante para 
compartilhar. Portanto, faz-se necessário ressaltar que todo e qualquer 
projeto tem a necessidade de ser trabalhado em conjunto, onde a troca 
constante de pensamentos tome conta desse processo, criando caminhos, 
desafios e soluções. Registra-se ainda que esta visão de compartilhar 
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saberes seja imprescindível para a formação da criança pequena, pois é 
nesta fase que os valores são adquiridos através daquilo que elas observam 
no seu dia- a -dia. E o educador sendo companheiro nesta caminhada de 
descobertas é quem vai preparar está criança para explorar o mundo a sua 
volta. Dessa forma na pedagogia de projetos o educador não será a peça 
fundamental para desencadear o saber, pelo contrário, ele se juntará as 
crianças na busca pelo conhecimento, onde cada um em seu papel busque 
formas de alcançar o resultado daquilo que deseja. Principalmente porque 
“para se trabalhar com projetos, é essencial que desapareça o educador 
infantil proprietário único do saber e da cultura, que olhe seu aluno como 
‘lousa não preenchida ou mente vazia’ dos ensinamentos que transfere” 
(ANTUNES, 2012, p.17). 
 
Nesta perspectiva podemos perceber de forma clara e objetiva que o 
educador não pode e nem deve ser ou se sentir um ser pronto e acabado nas 
suas atribuições profissionais junto às crianças, pois ele deverá sempre 
estar buscando adquirir novos conhecimentos tendo a consciência de que 
quanto mais ele se sentir incompleto buscara aprender cada vez mais. 
Sendo assim quando falamos em projetos educacionais, falamos em 
possibilidades de alcançar uma aprendizagem significativa das crianças e 
nesta questão, devemos estar atentos a quais tipos de projetos 
trabalharemos para alcançar este objetivo. Acredita-se que para estimular a 
curiosidade infantil, o melhor caminho são os projetos temáticos, que por 
sua vez acabam por chamar atenção em temas que já fazem parte do 
cotidiano das crianças e que elas já têm um conhecimento prévio. 
 
Vale salientar que esses projetos também contribuem para a 
ampliação das competências infantis, no qual permite que a criança 
experimente um vasto repertório de materiais. Podendo assim, estimular o 
processo de maturação em todos os aspectos. Pois a criança que aprende 
por meio da pedagogia de projetos, jamais ficará inerte nas suas 
inquietudes, pois a partir desta ferramenta, ela aprende a ter autonomia, a 
argumentar, a socializar, a solucionar, a compreender, a se posicionar 
durante suas pesquisas educativas e principalmente na sua vida lá fora. 
Além do mais a aprendizagem infantil baseada nos projetos educativos 
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abrange inúmeras competências e habilidades construtivas e fortalecedoras 
do desenvolvimento integral da criança pequena e entre muitos desses 
fatores, está envolvido um indispensável componente: a leitura. Está 
maravilhosa fonte de sabedoria pode ser apreciada durante as pesquisas do 
tema envolvido no projeto, formando vínculos imprescindíveis com o 
pequeno público leitor. Isto é a leitura é uma fonte de sabedoria 
inesgotável, dela nascem os pensamentos, a imaginação, a fantasia, os 
sonhos e isso tudo faz parte do mundo infantil, um mundo cheio de 
expectativas. Assim quando lemos uma história para uma criança estamos 
ampliando suas dimensões cognitivas, afetivas, sociais e culturais. Para 
além de tantos atributos, a pedagogia de projetos é uma estratégia que 
amplia a visão de mundo daqueles que fazem uso dela “é uma possibilidade 
interessante em termos de organização pedagógica porque, entre outros 
fatores, contempla uma visão multifacetada dos conhecimentos e 
informações” (BARBOSA; HORN, 2008 p.53). 
 
Sendo assim, esta metodologia é uma entre muitas outras formas de 
atingir a aprendizagem significativa, ela vem somar com o corpo docente e 
seus aprendizes, ampliando caminhos e propondo desafios relevantes, 
contemplando formas inovadoras de buscar e atingir o amadurecimento 
pessoal, profissional e intelectual. 
 
O planejamento na prática educativa com 
projetos na educação infantil e o papel do 
educador. 
 
O planejamento é um ato constante do ser humano no decorrer das 
suas tarefas cotidianas, pois mesmo sem perceber ele planeja suas ações 
mentalmente e automaticamente. Planejar é necessário quando se trata de 
querer que algo saia da maneira correta, sem que haja surpresas no 
caminho. Segundo o Dicionário Luft (2000, p.524) planejar significa “fazer 
o plano, a planta, o esboço de; projetar, estabelecer o desígnio, o fito de; 
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tencionar”. De acordo com o conceito acima, podemos dizer que todos os 
dias independentes da situação nós fazemos o uso desse instrumento, seja 
no trabalho, em casa ou em qualquer outro lugar. Quando planejamos 
nossas ações fica claro que caminho deveu traçar. Dessa forma o ato de 
planejar na prática com projetos educacionais é fator importantíssimo, pois, 
não só as etapas do processo ganham uma direção, como também as 
crianças aprendem a planejar suas próprias ações e a partir delas 
compreender melhor o que estão aprendendo. Em comentário a essa 
questão Nogueira aponta sobre o ato de planejar para os alunos em 
qualquer idade: 
 
Para os alunos o ato de planejar é também uma aprendizagem e uma 
forma de possibilitar sua autonomia em traçar planos e projetos. É preciso 
fazer os alunos entenderem e aprenderem que o ato de planejar não 
significa que colocamos uma camisa de força no projeto, que tudo terá de 
ser exatamente conforme foi pensado e sonhado inicialmente. Nesse 
processo de aprendizagem em planejamento, eles precisam compreender 
sua importância e necessidade, porém entendendo o conceito de 
flexibilidade e maleabilidade. Utilizando essa estratégia, conseguimos que 
até os alunos da educação infantil realizem seus planejamentos, pelo 
simples fato de contarem o que querem e como querem fazer (2011, p.79). 
 
De acordo com as palavras do autor, fica evidente a relevância desse 
instrumento no processo de ensino/aprendizagem, ainda mais podendo 
utilizá-lo desde a educação infantil, deixando que as crianças aprendam por 
si só, busquem alternativas e se pronunciem sobre o que pode ser mudado
ou acrescentado durante o projeto. Além disso, é de suma importância 
destacar a postura do educador nesse processo, pois é ele quem vai instigar 
as crianças nessa etapa do projeto, dialogando, questionando, e 
argumentando fatos necessários para um trabalho bem elaborado. 
 
Devido a isso na educação infantil é necessário que o educador 
planeje as possibilidades com cautela, estudando cada etapa com paciência, 
podendo acrescentar ou retirar algo que não esteja de acordo com o 
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propósito do projeto. Para tanto, o planejamento é um instrumento que cabe 
tanto ao educador, como a criança, ambos podem planejar o que querem e o 
que pretendem fazer no decorrer do projeto, é uma forma de ambos 
entrarem em sintonia, contribuindo ativamente para uma aprendizagem 
mútua. Assim em cada idade o educador tem diferentes possibilidades para 
se trabalhar e é a partir de tantas características que a criança amplia seus 
horizontes. 
 
Nesse sentido para se trabalhar com a pedagogia de projetos na 
educação infantil é necessário que o educador esteja preparado para tal 
desafio, pois esta tarefa não é fácil, precisa de muita paciência, 
companheirismo, responsabilidade, compreensão, estudo, conhecimento e 
acima de tudo comprometimento com aqueles que estão em constante 
formação: as crianças. Para além de muitos atributos profissionais 
(ANTUNES, 2012, p. 75) propõem algumas citações que são 
imprescindíveis na pedagogia de projetos: 
 
 O conhecimento de diferentes teorias pedagógicas e sua implicação 
no desenvolvimento infantil. Que ao optar pela pedagogia de projetos ou 
uma linha de estímulos cognitivos, sociais e afetivos possa contextualizar 
essa linha de ação com as características pessoais dos alunos. 
 Que conheça muito bem os saberes que os alunos trazem para a 
escola e que faça sempre desses saberes a ponte de ligação com os que em 
sua atividade possa desenvolver. 
 Que jamais confunda a aprendizagem significativa que promove 
com saberes mecânicos que levam a criança a conquistar informações, sem 
o devido conhecimento. 
 Que saiba avaliar significativamente seus alunos, explorando suas 
diferentes linguagens e percebendo seu progresso em face da Zona de 
Desenvolvimento Proximal. 
 Que sua ação se mostre interrogativa, desafiadora e sempre pronta 
para estudar e aprender cada vez mais. 
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 Que se destaque aos olhos dos seus alunos menos como o que ‘tudo 
sabe e bem conhece’ e bem mais como o pesquisador ávido por respostas 
coerentes e que esteja sempre disposto a ajudar os alunos a encontrar as 
respostas que procuram. 
 Que domine diferentes estratégias de ensino e possibilite a estrutura 
de projetos, sempre consistentes e com objetivos claramente definidos. 
Existem inúmeros modelos de projetos e faz-se necessário que os alunos 
possam aprendê-los não somente pelo que em sua essência ensinam, mas 
como estratégias de ação para seu uso pessoal, suas descobertas e pesquisas 
mesmo se não solicitadas pela escola. 
 Que se mostre aberto a construir relacionamento transparente com 
os pais e com a comunidade, acolhendo-os com os subsídios necessários a 
processos de interação significativos. 
 
Extrai do pensamento do autor que o bom educador infantil deve 
saber que trabalhar com crianças pequenas é trabalhar com múltiplas 
culturas, é se reconhecer em cada uma delas, é viver ou reviver partes da 
sua infância, é estar infiltrado num mundo cheio de dinamismo, que precisa 
ser entendido das mais diferentes formas. 
 
 Sobre essa questão, “Filho” compactua com o seguinte pensamento: 
Assim, entendemos que as crianças precisam ser compreendidas em suas 
fantasias, em sua imaginação, em suas múltiplas linguagens, em seus 
constantes movimentos, em suas várias expressões, em suas manifestações 
espontâneas, em suas criações, suas produções e também recriações e 
reproduções... e salientamos que tudo isto só é possível pela inserção do 
professor nesse mundo inusitado e fantástico, pois assim ele poderá 
entender o que as meninas e os meninos desejam para si, e ainda perceber o 
que as crianças nos revelam do que conhecem do mundo, e também ser 
parceiro de suas expectativas, alegrias, emoções, brincadeiras, sentimentos, 
silêncio, choro, olhares, tudo o que é representado neste período da vida, 
tão singular e plural ao mesmo tempo... A o qual estamos chamando de 
infância (2005, p.25). 
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Como se nota a sociedade contemporânea exige um docente que seja 
multifacetado, que saiba falar cem linguagens (assim como as crianças), 
que saiba interagir, encarar e resolver desafios, que saiba se pronunciar, 
que saiba intervir e principalmente, que saiba lidar com crianças. Este 
facilitador deve ter sede de conhecimento, buscar o saber nas mais 
diferentes teorias e procurar contemplar a sua prática por meio destas, saber 
que a missão de formar cidadãos não é fácil e que por isso precisa estar 
sempre atualizado, com ideias novas e estratégias interessantes, pois cada 
vez fica mais difícil acompanhar a criançada que vive no mundo das 
tecnologias. 
 
Libâneo 
Os professores não podem mais ignorar o tablet, o vídeo, o cinema, o 
celular, a internet, que são veículos de informação, de comunicação, de 
aprendizagem, de lazer, porque há tempos o professor e o livro didático, 
deixaram de ser as únicas fontes do conhecimento. Antigamente a escola 
era o centro dos saberes de uma comunidade, era ali que se reunia grande 
parte de conhecimento em literatura e etc. Hoje a escola não é mais o 
centro de busca de saberes e sim uma mediadora de saberes, onde a mesma 
procura exercer o papel de filtrar as informações para os alunos e 
comunidade. Hoje com apenas um clique, temos todos os saberes na ponta 
dos dedos. Mais é imprescindível o papel da escola e dos professores como 
mediadores desses saberes. 
 
Professores, alunos, pais, todos precisam aprender a ler sons, 
imagens, movimentos e a lidar com eles (2009, p.40). De acordo com o 
ponto de vista do autor, o professor tem que se juntar aos meios de 
comunicação, pois eles se transformaram em recursos didáticos, gerando 
uma forma inovadora de abordar os conteúdos escolares. E nas temáticas 
que serão escolhidas para o desenvolvimento do projeto é indispensável 
esses artifícios na busca de informações e conhecimento. Logo a 
metodologia dos projetos também é uma forma de interagir com a 
comunidade interna e externa da instituição infantil, podendo compartilhar 
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ideias e enriquecer o aspecto cognitivo. É uma abertura, para pais, 
professores, alunos, diretores e outros indivíduos falarem a mesma língua, 
buscando formas de chegar a um único objetivo. 
 
Os pais são companheiros importantíssimos nessa caminhada, pois 
eles podem instigar os filhos nesse processo de descobertas. Para que o 
educador infantil consiga transformar a vida das suas crianças, é preciso 
que ele olhe cada um com muito cuidado, que acredite neste ser humano, 
na sua capacidade de construir o mundo a sua volta, que veja está criança 
como protagonista nas suas diversas tarefas e que é regado de conteúdos 
valiosos que podem e devem ser reconhecidos por seus facilitadores. É 
nesta visão de criança ativamente participante do seu processo de 
aprendizagem que o educador tem que traçar os projetos educacionais, 
buscando a partir destes, inculcar o máximo de valores e atitudes, buscando 
temáticas que influenciem o contexto de vida dos alunos, fazendo com que 
eles demonstrem de várias maneiras lá fora o que aprenderam na escola. 
 
PRÁTICAS EDUCATIVAS E PROJETOS NA 
INFÂNCIA 
 
Na educação infantil o educador pode trabalhar com projetos desde o 
berçário, levando em conta que a metodologia aplicada será bastante 
diferenciada e que ele terá que estudar todas as possibilidades para 
promover a aprendizagem dos bebês
envolvidos. Visto que, trabalhar com 
este grupo exige um amplo conhecimento em função das suas dimensões 
cognitivas, afetivas, sociais e culturais. Ainda de acordo com Barbosa e 
Horn (2008, p. 72): Com essas características, fica evidente que as crianças 
bem pequenas necessitam de um modo muito específico de organização do 
trabalho pedagógico e do ambiente físico. Nessa perspectiva, os projetos 
podem constituir-se em um eficiente instrumento de trabalho para os 
educadores que atuam com essa faixa etária. Os projetos com bebês têm 
seus temas derivados basicamente da observação sistemática, da leitura que 
a educadora realiza do grupo e de cada criança. Ela deve prestar muita 
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atenção ao modo como as crianças agem e procurar dar significado às suas 
manifestações. É a partir dessas observações que vai encontrar os temas, os 
problemas, a questão referente aos projetos. Como podemos verificar, o 
educador infantil tem que se submeter a um estudo detalhado em torno das 
crianças antes de programar o que será aprendido e assim proporcionar 
projetos voltados para o que elas precisam adquirir durante o seu 
desenvolvimento integral. 
 
Portanto, para que o educador seja um facilitador competente nas 
suas atribuições é de extrema importância focar-se na sua atualização 
permanente, alicerçando sempre o seu fazer pedagógico nos quatro pilares 
da educação, sendo estes: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a 
conviver e aprender a fazer soma-se a isto adquirir na carreira profissional 
múltiplas competências e habilidades é essencial para se destacar no 
mercado de trabalho e um dos caminhos para adquirir este atributo é ter a 
atitude de aprender a prender, pois “para ser professor, mais do que ensinar 
é preciso gostar de aprender, o que implica compreender que formação 
científica, cultural e política não para, mas continua” (MACHADO, p. 
129). 
 
Por isso na formação continuada o educador tem que ter em mente 
que a prática se faz juntamente com a pesquisa, é nela que ele tem que 
focar o seu conhecimento, buscando sempre inovar seu modo de agir em 
sala de aula e o ato de questionar o saber-fazer é fator primordial no seu 
condicionamento. 
 
A respeito disso Paulo Freire contribui com as seguintes palavras: 
Não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino. Esses que fazeres 
se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, 
reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me 
indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho intervindo educo e 
me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou 
anunciar a novidade (1996, p. 29). 
 
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Para tanto é importante salientar que a formação permanente se faz 
no elo entre teoria e prática, uma complementando a outra, principalmente 
porque é difícil e praticamente impossível desenvolver um trabalho 
eficiente e promissor com somente um desses conhecimentos. Neste 
processo de revigorar a prática docente, o formador tem que utilizar 
constantemente da ação reflexiva, reestruturar sua metodologia, mostrar 
para que veio e que é um cidadão ativo e participante do seu próprio 
crescimento. Como enfatiza Alarcão: A noção de professor reflexivo 
baseia-se na consciência da capacidade de pensamento e reflexão que 
caracteriza o ser humano como criativo e não como mero reprodutor de 
ideias e práticas que lhes são exteriores. 
 
É central, nesta conceptualização, a noção do profissional como uma 
pessoa que, nas situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas, 
atua de forma inteligente e flexível, situada e reativa (2003, p.41). A autora 
destaca bem o lado do professor criativo, envolvido com o seu trabalho, 
que saiba lidar com as diferentes situações existentes na sala de aula e que 
reage de acordo com o que está acontecendo ao seu redor. O 
desenvolvimento profissional do facilitador infantil só é garantido por meio 
de uma aprendizagem que norteia, ou melhor, que envolve o mundo da 
criança pequena, ele tem que pensar na criança que irá formar e amadurecer 
seu pensamento no sentido de que seu crescimento se dará em sintonia com 
este pequeno ser humano. 
 
 De acordo com Machado (2008, p. 149): Um mundo onde a 
profissionalidade é tão complexo exige, com certeza, uma jornada de 
crescimento e de desenvolvimento ao longo do ciclo de vida. Envolve 
crescer, ser, sentir, agir permanentemente; é um processo de 
desenvolvimento e aprendizagem ao longo da vida. Envolve crescimento, 
como o da criança, requer empenhamento, com a criança, sustenta-se na 
integração do conhecimento e da paixão. Esta perspectiva de aprendizagem 
ao longo da vida leva-nos a conceptualizar o desenvolvimento profissional 
como uma caminhada que decorre ao longo de toda a vida; uma caminhada 
que tem fases, que tem ciclos, que pode não ser linear, que se articula com 
os diferentes contextos sistêmicos que a educadora vai vivenciando. 
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Nesse sentido o educador que desenvolve seu trabalho junto com o 
desenvolvimento de suas as crianças, não articula somente saberes, mais 
também sentimentos que fazem uma enorme diferença nesta caminhada. As 
crianças aprendem muito mais quando o educador demonstra interesse por 
eles, pelo que estão sentindo e passando e é a partir da empatia que ele 
conquistará o respeito e o carinho eterno das mesmas. Em vista disso a 
formação dos educadores precisa de um ‘choque térmico’ para que possa 
suprir as necessidades dos alunos e isso só será possível com muita força de 
vontade por parte dos educadores, principalmente porque “não há ensino de 
qualidade, nem reforma educativa, nem renovação pedagógica sem uma 
adequada formação de professores” (NÓVOA apud MACHADO, p. 195). 
Sendo que está adequada formação docente também se faz nos espaços 
tempos da instituição infantil, onde não só educador e criança trocam 
experiências, mais todos os outros (as) profissionais que fazem parte da 
instituição infantil, utilizando assim da reciprocidade aprendendo e 
ensinando ao mesmo tempo, tornando-se praticantes ativos nesse processo 
continuo. Conforme sustentam Azevedo e Alves: 
Conversas entre professores/as sobre suas experiências cotidianas 
nas salas de aula, incluindo, sem grandes formalidades, algumas 
declarações catárticas, ocorrem nos diferentes espaços tempos da Escola. 
Essas conversas, que ocorrem entre uma e outra aula, na hora do recreio, da 
entrada ou da saída, demonstram que o aprender e o ensinar são partes de 
um mesmo processo, que não exclui o professorado; ao contrário, amplia e 
ressignifica seus saberes construindo e orientando sua formação, tecida 
pelas e nas redes de relações/interações vivenciadas no cotidiano. Naquele 
espaço tempo, há pistas e situações concretas que nos ensinam e desvelam 
os caminhos da formação (2004, p. 44). 
Por conseguinte este papel de educador que procura constante 
aprendizado de novas contribuições precisa basear-se em questões que 
norteiam sua ação docente, principalmente nesta questão de lidar com 
crianças em permanente desenvolvimento. É neste sentido, que os 
profissionais da educação têm que repensar a sua prática, indagando seus 
saberes para que o seu trabalho seja desenvolvido com grande propriedade 
e eficácia. 
 
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Assim, seja qual for à metodologia de ensino aplicada aos alunos, 
fica claro a necessidade de profissionais altamente capacitados para lidar 
com qualquer modalidade de ensino e isso só será possível se eles 
potencializarem seus ensinamentos. 
 
 
CICLO DE CURIOSIDADE E APRENDIZAGEM NA 
PRÁTICA. 
 
Muitos processos complexos estão envolvidos e o resultado é a 
construção de aprendizagens, novas conexões, conhecimentos, a facilitação 
para buscar as curiosidades da vida e embarcar em novas pesquisas. É um 
ciclo que não para nunca e que, a cada volta,
desenha caminhos cada vez 
mais claros. Nós (e as crianças!) aprendemos com o processo de investigar 
o que desperta nossa curiosidade, nosso interesse e, consequentemente, o 
que é significativo para nós. 
 
Crianças e cientistas são movidos pelo mesma vontade de descobrir e 
se mobilizam nesse intuito. No caso das crianças, o combustível que 
alimenta o interesse em pesquisar é o valor que os adultos atribuem às suas 
perguntas e a forma como encaminham as experiências de exploração. 
 
A centralidade da educação está nas crianças, mas o professor é o adulto 
capacitado para: perceber os caminhos mais interessantes e férteis; 
provocar com perguntas abertas e instigantes; pesquisar possibilidades 
para manter as crianças curiosas, interessadas, e aprendizes dos processos 
construídos em conjunto. No final dessa jornada, as conquistas serão 
profundas e muito além do conteúdo pesquisado. Para ilustrar esses 
ganhos, reunimos informações de diversas fontes e construímos o Ciclo da 
Curiosidade e da Aprendizagem: Curiosidade dispara a exploração e a 
19 
 
pesquisa. Pesquisas levam às descobertas que, por sua vez, trazem 
sensação de prazer. 
 
O prazer faz a criança praticar mais e aprofundar. A prática leva ao 
domínio (do saber ou da ação). O domínio leva a novas habilidades que 
geram a confiança de que a criança é capaz de aprender. Com isso, 
melhora-se a autoestima que traz segurança. Segura de que pode 
explorar, descobrir e dominar, a criança valoriza seu próprio espírito 
curioso, faz novos questionamentos e pesquisas. 
 
Diversos centros de pesquisa em Educação por todo o mundo 
revelaram o valor dessa abordagem. Agora é uma questão de apurar o olhar 
e mergulhar nas possibilidades identificadas a partir das centenas de 
perguntas que as crianças fazem diariamente. Também é preciso se 
preparar e pesquisar com e sem eles. Nós, adultos, precisamos recuperar o 
espírito curioso perdido na forma como fomos educados, em que as 
perguntas só tinham valor se tivesse relação com as propostas programadas 
pelo professor. Com o tempo fomos desaprendendo a questionar e buscar 
as respostas para saciar interesses. Ainda está em tempo de reaprender… 
que tal resgatar essa habilidade encaminhando a curiosidade das crianças? 
 
INTENSÃO PEDAGÓGICA? 
 
Hora da chegada, hora do café, lavar as mãos, fazer xixi, escovar 
dentes, guardar a mochila, arrumar-se para o pátio, participar das propostas 
de atividade, lavar as mãos novamente, beber o suco, almoçar…. ufa! Uma 
sucessão de incansáveis etapas do dia, marcadas pelo tempo do relógio, 
pelo tempo de cada criança e pelo tempo dos professores e equipes de 
apoio da escola. E, no final de tudo, a tal da intenção pedagógica por trás 
de cada atitude e de cada fala. 
É possível lidar com tudo isso? É preciso ser um professor herói? 
20 
 
 
O que é ensinar com intensão? 
 
Educação com intenção parte de professores comprometidos com as 
crianças. É falar de um profissional ativo e nunca passivo a respeito daquilo 
que faz. Na prática, é dizer que se o professor deixa a turma “brincar 
livremente”, ele o faz com a intensão de trabalhar, por exemplo, as relações 
de grupo entre as crianças, sem a interferência do adulto. É um momento 
escolhido para brincar livre, que, ao se repetir, proporciona ao grupo 
elementos que aprofundam as tais relações. Nesse sentido, o professor 
munido de intenção aumenta ou diminui a quantidade e a diversidade dos 
materiais oferecidos; procura organizar os espaços de modo a favorecer a 
formação de grupos maiores ou menores de crianças; propõe regras para 
compartilhar brinquedos etc., etc., etc.! 
 
Trabalhar com intencionalidade significa tomar decisões deliberadas, 
com objetivo e propósito. Sejam as decisões tomadas durante os momentos 
da rotina, sejam as propostas de experiências nas atividades. A intenção 
está em tudo, e o professor precisa se dar conta disso: quando planeja e 
organiza materiais e ambientes, nas experiências que propicia às crianças, 
nas maneiras de planejar a rotina, na escolha das palavras, frases e 
perguntas, na forma como favorece o agrupamento dos pequenos 
(grandes grupos, pequenos grupos, em pares, separando as panelinhas, 
em relação individual com o professor, com ou sem a interferência do 
educador…), quando direciona as experiências ou quando segue os 
interesses e propostas dos pequenos. 
 
A prática pedagógica parte da interação com as crianças no 
cotidiano, nos desafios propostos e ao refletir sobre as ações pedagógicas: 
quando é o momento de intervir? Como formular as perguntas? Quando 
perseguir os interesses dos pequenos e quando propor experiências e 
aprendizados independentemente dos interesses do grupo? 
Crianças aprendem experimentando. 
21 
 
Elas precisam viver de corpo e alma as situações para construir seus 
aprendizados. Mas isso quer dizer que a Educação Infantil se compõe 
exclusivamente de conteúdos apontados por elas? 
 
Obviamente não! 
 
O profissional e habilitado, é o detentor das possibilidades, do acesso 
às pesquisas e o grande planejador dos contextos de aprendizagem. Além 
disso, existem conteúdos que os pequenos precisam aprender nessa fase da 
vida: 
 
 Hábitos de cuidado e higiene 
 Habilidades como segurar o lápis, manusear a tesoura, o talher etc. 
 Conhecer o meio ambiente, perceber e respeitar a diversidade e muitas 
outras situações, habilidades e valores. 
Por isso, a Educação Infantil tem sim seus grandes objetivos e aqueles 
pequenos construídos no percurso da relação com as crianças. Porém, um 
não exclui ou diminui o outro! 
 
 Planejar e refletir sobre o que as crianças precisam experimentar, 
aprender e a proposição de desafios que partem dos interesses, não 
esquecendo que é preciso lidar com as singularidades. No caso da tesoura, 
por exemplo, é necessário trabalhar o seu manuseio. Mas todas as crianças 
possuem as mesmas habilidades? Estão no mesmo estágio de 
desenvolvimento? Algumas têm mais familiaridade com instrumento do 
que as outras? 
 
Assim, a intenção também reside em perceber aquilo que as crianças 
estão fazendo e aquilo que não estão fazendo. Quais são as demandas de 
aprendizagem e quais as curiosidades. Que tal olhar uma prática para 
aprofundar essa discussão? 
22 
 
 
Quando nos conscientizamos da intencionalidade das nossas ações, 
permitimos que todas as práticas educativas sejam comandadas por 
objetivos claros. Da mesma maneira, permitimos que as crianças ajam com 
intensão ao se expressarem e se envolverem nas rotinas e experiências 
propostas. É um jogo de mão dupla, mas que começa com o professor. 
 
A IMPOTÂNCIA DA MUSICALIZAÇÃO COMO 
FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL. 
A música é muito importante na aprendizagem, pois o aluno convive 
com ela desde muito pequeno e a maioria das crianças gosta de ouvir e 
cantar músicas. Ouvir, aprender uma canção, brincar de roda, são 
atividades que despertam, estimulam e desenvolvem além do gosto 
musical, a convivência, socialização e a inclusão, fazendo com que a 
criança se interaja com o mundo. 
 
 Em muitas culturas a presença da música vem acompanhando a 
história da humanidade e se fazendo presente em diferentes continentes. 
Ela é uma forma de expressão artística, tanto no campo popular, como no 
erudito. A linguagem musical faz-se presente especificamente no Brasil, 
em suas diversas classes sociais e também nas diferentes manifestações 
religiosas que se espalham por todo território nacional. Embora sua 
linguagem seja diversificada, dependendo de onde venha essa expressão 
cultural, a música acompanha o desenvolvimento e as relações 
interpessoais em suas comunidades, bairros e cidades. 
 
A música contribui para o desenvolvimento integral da criança nas
suas dimensões afetiva, cognitiva, motora e social. Ela provoca sentimentos 
23 
 
de bem-estar, organiza os movimentos, promove uma melhor interação, 
além de desenvolver a atenção e concentração das crianças. 
 
Trabalhar música na Educação infantil é despertar na criança essa 
capacidade de um modo interessante e ativo, fazendo da música também, 
um elemento em que desde cedo no contexto escolar das crianças ajuda de 
maneira lúdica e prazerosa o aprendizado. É nessa perspectiva que 
abordarei a música nesse artigo. 
 
Ao longo da história humana, inúmeros os filósofos, psicólogos, 
pedagogos, enfim, pensadores de todas as vertentes do conhecimento e até 
pessoas comuns teorizaram, escreveram ou falaram da importância da 
música para a humanidade. 
 
Na Grécia Antiga, por exemplo, praticamente todos os filósofos 
postularam sobre o papel da música no Universo e na formação do homem. 
Pitágoras de Samos, um dos filósofos dessa época, ensinava como 
determinados acordes musicais e certas melodias criavam reações definidas 
no organismo humano. Segundo Bréscia (2003, p. 31), 
“Pitágoras demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada 
musicalmente num instrumento, pode mudar os padrões de comportamento 
e acelerar o processo de cura”. 
 
Os filósofos pré-socráticos davam tanta importância à música que 
muitos a viam como o elemento que dava ordem ao Universo, que 
harmonizava o caos inicial do qual o mundo foi originado. É a nessa época 
histórica que a música é relacionada com a matemática pela primeira vez. 
 
A música, no entanto, antecede à Antiguidade Clássica. Conforme 
dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em rituais, como 
nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o 
desenvolvimento das sociedades, a música passou a ser utilizada também 
24 
 
em louvor a líderes, como as executadas nas procissões reais no Egito 
antigo e na Suméria. 
 
Atualmente, a música pertence ao universo das belas-artes, pois se 
manifesta pela escolha dos arranjos e combinações de sons. É considerada 
ainda ciência na medida em que as relações entre os elementos musicais 
são relações matemáticas e físicas. 
 
No que tange à sua definição, Houaiss (apud BRÉSCIA, 2003, p. 25) 
diz que a música é uma “combinação harmoniosa de e expressiva de sons e 
a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme 
a época, a civilização etc.” Através dessa combinação harmoniosa de sons, 
a música funciona como elemento de comunicação e identificação dos 
povos. Decorre daí a sua função de transmissão cultural entre as diversas 
gerações desses povos. Nesse sentido, a música tem um papel fundamental 
na educação, pois serve como um elo na transmissão de conhecimentos 
acumulados pelas gerações passadas. 
 
Por sua vez, a importância da música no processo educacional 
infantil está no fato de que esta consegue, de certa forma, trabalhar a 
personalidade da criança, uma vez que consegue promover na criança o 
desenvolvimento de hábitos, atitudes e comportamentos que expressam 
sentimentos e emoções, como atesta Gainza (1988, p. 95): 
 
Em todo processo educativo confunde-se dois aspectos necessários e 
complementares: por um lado à noção de desenvolvimento e crescimento 
(o conceito atual de educação está intimamente ligado à ideia de 
desenvolvimento); por outro, a noção de alegria, de prazer, num sentido 
amplo. […] Educar-se na música é crescer plenamente e com alegria. 
Desenvolver sem dar alegria não é suficiente. Dar alegria sem desenvolver, 
tampouco é educar. 
 
25 
 
Da constatação acima, podemos afirmar que o acesso à música é 
necessário ao processo de educação da criança. Quando esse processo é 
conduzido por pessoas conscientes e competentes, deixa de ser apenas 
recreação, favorecendo uma rica vivência e estimulando o desenvolvimento 
dos meios mais espontâneos de expressão. Isso recupera a música a sua 
condição de linguagem natural, viva, de pensamentos e emoções. 
 
Nessa mesma linha, Bréscia (2003, p. 15) afirma: 
 
O trabalho de musicalização deve ser encarado sob dois aspectos: os 
aspectos intrínsecos à atividade musical, isto é, inerentes à vivência 
musical: alfabetização musical e estética e domínio cognitivo das estruturas 
musicais; e os aspectos extrínsecos à atividade musical, isto é, decorrentes 
de uma vivencia musical orientada por profissionais conscientes, de 
maneira a favorecer a sensibilidade, a criatividade, o senso rítmico, o 
ouvido musical, o prazer de ouvir música, a imaginação, a memória, a 
concentração, a atenção, a autodisciplina, o respeito ao próximo, o 
desenvolvimento psicológico, a socialização e a afetividade, além de 
originar a uma efetiva consciência corporal e de movimentação. 
 
De fato, a associação da música, enquanto atividade lúdica, com os 
outros recursos dos quais dispõem o educador, facilita o processo de 
ensino-aprendizagem, pois incentiva a criatividade do educando através do 
amplo leque de possibilidades que a música disponibiliza. 
 
Aliar a música à educação também obriga o professor a assumir uma 
postura mais dinâmica e interativa junto ao aluno. Assim, o processo de 
aprendizagem se torna mais fácil quando a tarefa escolar atender aos 
impulsos deste último para a exploração e descoberta, quando o tédio e a 
monotonia se tornarem ausentes das escolas, quando o professor, além das 
aulas expositivas e centralizadoras, possa propiciar experiências diversas 
com seus alunos, facilitando assim a aprendizagem. 
 
26 
 
Portanto, a integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos 
e cognitivos, assim como a promoção de integração e comunicação social, 
conferem um caráter significativo à linguagem musical. Além disso, a 
música uma das mais importantes formas de expressão humana, o que por 
si só justifica sua presença no contexto da educação de um modo geral e, 
principalmente, na educação infantil particularmente. 
 
 
BREVE HISTÓRICO DA MUSICALIZAÇÃO NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Para entender como a música se manifesta na educação infantil é 
necessário compreender o seu contexto histórico e analisar seus 
antecedentes no Brasil. 
 
Na história da Educação no Brasil, cuidar das crianças surge como 
ideia pouco relevante na sociedade, e ainda permaneceria assim por muitos 
anos, com algumas mudanças acontecendo gradualmente, mas a ênfase era 
manter a ordem em sala de aula como diz Loureiro (2003) que para a 
escola, o que importava era utilizar o canto como forma de controle e 
integração dos alunos, desse modo, pouca ênfase era dada aos aspectos 
musicais na perspectiva pedagógica. 
 
Leis e normas que regulariam a educação infantil apresentam de 
forma clara como a criança foi tratada em nossa educação. Apenas com a 
nova LDBEN (Brasil, 1996) instituída como lei nº 9.394, se contemplaria o 
ensino de artes no seu Art. 26, da seguinte forma: “componente curricular 
obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma que promova 
desenvolvimento cultural dos alunos”. A partir daí a música passa a ser 
uma linguagem possível na educação infantil já que faz parte da educação 
básica. A construção de uma metodologia para trabalhar a música na 
educação infantil está legalmente aberta. 
27 
 
 
Em 1998, foi publicado, pelo Ministério da Educação (MEC) o 
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI (Brasil, 
1998). Esse documento torna-se orientação metodológica para a educação 
infantil, nele, o ensino de música está centrado em visões novas como a 
experimentação, que tem como fins musicais a interpretação, improvisação 
e a composição, ainda abrange a percepção tanto do silêncio quanto dos 
sons, e estruturas da organização musical. 
 Loureiro (2008) explica que o aprendizado
de música deve 
ser um ato de desprendimento prazeroso, que comungue com as 
experiências da criança sem ser uma imposição ou que busque a 
qualquer custo que a criança domine um instrumento, o qual pode 
minar sua sensibilidade e criatividade. Diante do exposto, 
entende-se que o grande desafio é que a música na educação 
infantil venha a colaborar com o desenvolvimento da criança, 
almejando que essa não seja apenas uma prática 
descontextualizada, mas um complemento, um meio para o 
melhor entendimento e trabalho das muitas atividades realizadas 
na educação infantil, que além de desenvolver a sensibilidade 
musical pode ainda ajudar no desenvolvimento de outras 
potencialidades da criança. 
As dificuldades percebidas em relação ao ensino de música 
instigaram à proposição de um problema norteador deste estudo: 
como a educação musical poderá ajudar no desenvolvimento da 
criança da Educação Infantil? 
A busca por respostas a estas questões suscitam a necessidade do 
delineamento de objetivos que possam orientar essa pesquisa. 
Assim, o objetivo principal deste trabalho é analisar as 
contribuições que o ensino de música pode proporcionar no 
desenvolvimento das crianças na educação infantil e a forma 
como é usada pelos educadores que atuam nesta faixa etária. 
 
28 
 
O RCNEI da ênfase à presença da música na educação infantil, o documento traz 
orientações, objetivos e conteúdos a serem trabalhados pelos professores. A concepção 
adotada pelo documento compreende a música como linguagem e área de 
conhecimento, considerando que está tem estruturas e características próprias, devendo 
ser considerada como: produção, apreciação e reflexão (RCNEI, 1998). O documento 
apresenta ainda orientações referentes aos conteúdos musicais, estes se encontram 
organizados em dois blocos: “O fazer musical”- compreendido como improvisação 
(RCNEI, 1998, p.57), composição e interpretação e o de “Apreciação musical”, ambos 
referentes às questões da reflexão musical. A proposta do RCNEI é uma discussão sobre 
as práticas pedagógicas, aqui em específico a de música, e não engessá-las em modelos 
pré-definidos. 
Os avanços conseguidos foram importantíssimos, e o trabalho trata da 
importância da música enquanto área de conhecimento, possuindo conteúdos e 
metodologias próprias, o que deixa claro o RCNEI. Ainda que ela faça parte da 
educação infantil, e que não seja mais usada como se diz no jargão “como tapa 
buracos”, e sim com a propriedade que fica explicita nos documentos que embasam sua 
utilização e orientam suas metodologias. 
 
Para Chiarelli (2005), a música é importante para o desenvolvimento da 
inteligência e a interação social da criança e a harmonia pessoal, facilitando a integração 
e a inclusão Para ele a música é essencial na educação, tanto como atividade e como 
instrumento de uso na interdisciplinaridade na educação infantil, dando inclusive 
sugestões de atividades para isso. Assim, pensar as funções do ensino de música na 
educação infantil, nos leva ao cotidiano escolar e as práticas dos professores e seus 
alunos, de como a música aparece e suas particularidades, suas possibilidades e 
linguagens. Mas ainda é necessário refletir a respeito de novas possibilidades da música 
na educação infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
O QUE É MUSICALIZAÇÃO INFANTIL? 
 
A Musicalização Infantil é um poderoso instrumento de educação. 
Desenvolve na criança a sensibilidade musical, a concentração, a 
coordenação motora, a sociabilização, a acuidade auditiva, o respeito a si 
próprio e ao grupo, a destreza do raciocínio, a disciplina pessoal, 
o equilíbrio emocional dentre outras qualidades que colaboram na 
formação do indivíduo. Até mesmo antes de nascer, no útero materno, uma 
criança já toma contato com elementos fundamentais da música como o 
ritmo, através das vibrações e pulsações do coração da mãe. 
Ao nascer, a relação de uma criança com a música é imediata, 
através do acalanto da mãe e também através de objetos sonoros da casa e 
do mundo que a cerca. Antes de começar a falar, um bebê canta, 
experimenta sons produzidos com a boca. Quando dá os seus primeiros 
passos até o ponto de poder ficar em pé, o ritmo de uma música o leva 
acompanhar com o corpo os movimentos cadenciados. E é a partir dessa 
relação entre o gesto e o som que uma criança, ouvindo, cantando, 
imitando, dançando, constrói o seu conhecimento musical. 
Musicalizar uma criança é despertar nela à sua expressão 
espontânea. É sensibilizar e desenvolver aquilo que ela já é capaz de fazer, 
e aos poucos ir organizando as informações. Musicalizar, é uma diversão, e 
através desta vivência sonora, rítmica realizadas através de jogos e 
brincadeiras, que o aprendizado musical chega as crianças. Foi-se o tempo 
em que uma aula de música era cansativa para as crianças, onde os 
símbolos musicais apareciam como estranhos desenhos e nada 
representavam para elas. Através da Musicalização Infantil atual, estes 
mesmos símbolos vão fazendo parte da vida da criança, de uma maneira 
muito simples, alegre e agradável. O objetivo principal da Musicalização 
Infantil é fazer com que a criança tenha um contato bem elaborado e 
estruturado com a música. A partir deste contato qualificado, a criança 
inicia um processo de percepção, tornando-se sensível à música, e 
30 
 
ampliando o seu universo sonoro. O resultado de todo este processo é o 
desenvolvimento da musicalidade. 
A musicalização tem um papel fundamental na educação Infantil, 
onde as crianças tem a oportunidade de conceber um alicerce para que 
futuramente possam aprendam a tocar algum instrumento musical. Uma 
aula bem conduzida desenvolve nos alunos noções de ritmo, altura, timbre, 
intensidade, duração, dentre outros conceitos da música. Além dos 
conceitos musicais, a aula tem a condição de desenvolver a coordenação 
motora, a inteligência musical, a socialização, a colaboração mútua, a 
liderança, a criatividade, a imaginação e o trabalho em equipe. 
É importante ressaltar que uma aula de musicalização deve ir de 
encontro com a realidade da escola e das turmas. Pois existem várias 
metodologias diferentes, onde os seus criadores as construíram baseado em 
suas experiências locais. A musicalização deve ser trabalhada de maneira 
lúdica, não pode ser nada imposto e nem exigente. A criança deve sentir 
prazer em participar das aulas, mas é preciso que o professor tenha bastante 
cautela ao aplicar brincadeiras e jogos em excesso, pois as crianças vão 
começar a pensar que a aula serve apenas para um divertimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 A MÚSICA E A CRIANÇA 
Vários estudos confirmam a importância que a música tem para o 
bem estar do bebê, desde quando ele ainda é um feto e está no ventre da 
mãe. A música traz tranquilidade para a mãe e para o bebê, introduzindo-o 
na sensibilização aos sons, desde muito cedo. Não dá pra imaginar um 
mundo sem som e se pararmos para analisar, quase todos os sons que 
ouvimos durante o nosso dia, são como instrumentos musicais tocando 
alguma melodia: os pingos de uma torneira, os trovões, a chuva, as cigarras 
cantando lá fora, o arrastar de um chinelo ao andar, as ondas do mar 
explodindo na praia e tantos outros. A educação musical está fazendo parte 
da educação das crianças, desde a pré-escola pela importância que a música 
traz não só como entretenimento, mas no auxílio do aprendizado da fala, 
como o de aprender a ouvir e na coordenação motora. 
A música tem ainda, o dom de aproximar as pessoas. A criança que 
vive em contato com a música, aprende a conviver melhor com as outras 
crianças e estabelece um meio de se comunicar muito mais harmonioso do 
que aquela que é privada da música, em contra partida, quando aprende a 
tocar algum instrumento, também aprende a ficar sozinha,
sem se sentir 
solitária ou carente de atenção. 
A música ainda beneficia na fala, através das músicas infantis como 
"roda-roda", "o sapo não lava o pé" e outras, onde as sílabas são rimadas e 
repetitivas, fazendo com que a criança entenda o significado das palavras 
através dos gestos que se fazem ao cantar. Portanto, a criança se alfabetiza 
mais rápido. O poder de concentração que a música traz para a criança é 
um dos grandes benefícios em introduzi-la desde cedo em algum 
instrumento. Outro fator importante é que a música é pura matemática e 
certamente aqueles que a estudam desenvolvem maior capacidade de 
aprendizado nessa matéria. 
A utilização da música na educação obriga o professor a assumir 
uma postura mais dinâmica e interativa junto ao aluno. Assim, o processo 
de aprendizagem se torna mais fácil quando a tarefa escolar atender aos 
impulsos deste último para a exploração e descoberta, quando o tédio e a 
monotonia se tornarem ausentes das escolas, quando o professor, além das 
32 
 
aulas expositivas e centralizadoras, possa propiciar experiências diversas 
com seus alunos, facilitando assim a aprendizagem. 
 
É importante destacar que devido à forte influência da sociedade na 
vida das crianças, em relação ao repertório musical oferecido pela mídia, o 
professor da educação infantil e dos anos iniciais depara-se com o grande 
desafio em delimitar, fazer com que a criança descubra, reconheça uma boa 
música. 
 
Sendo assim um dos papéis do professor dentro da sala de aula é se 
organizar, planejar e criar projetos que possibilite, estimule essa escolha 
sabendo que por mais que o aluno sofra influência tanto socioeconômicas 
como familiar ele (professor) será influenciador. 
 
Referente às diferenças entre as músicas que possuem ou não valores 
educativos serão relevantes a formação das crianças dos anos iniciais por 
desenvolver o gosto, a apreciação musical, autonomia e estimular o senso 
crítico. Ao trabalhar a música na escola, não podemos deixar de considerar 
os conhecimentos prévios da criança sobre a música e o professor deve 
tomar isso como ponto de partida, incentivando a criança a mostrar o que 
ela já entende ou conhece sobre esse assunto, deve ter uma postura de 
aceitação em relação à cultura que a criança traz. 
 
Ensinar música tem relação com a percepção e sensibilidade do 
professor em perceber como esta pode ajudar em sua aula, considerando o 
que as crianças querem trabalhar relacionado ao que o professor planejou. 
Ele pode propor atividades e coordená-las, mas é preciso que as crianças 
participem também, escolham músicas ou atividades musicais. A música 
tem como propósito favorecer e colaborar no desenvolvimento dos alunos, 
sem privilegiar apenas alguns alunos, entendendo esta, não como uma 
atividade mecânica e pouco produtiva que se satisfaz com o recitar de 
algumas cantigas e em momentos específicos da rotina escolar, mas 
33 
 
envolve uma atividade planejada e contextualizada, como prevê o RCNEI, 
além de explorar as múltiplas possibilidades que a música tem em seu 
ensino, como explica Loureiro (2003, p.141): 
 
Atenção especial deveria ser dispensada ao ensino de música no 
nível da educação básica, principalmente na educação infantil e no 
ensino fundamental, pois é nessa etapa que o individuo estabelece e 
pode ser assegurada sua relação com o conhecimento, operando-o no 
nível cognitivo, de sensibilidade e de formação da personalidade. 
 
O uso ou o trabalho com a música tem como enfoque o 
desenvolvimento global da criança na educação infantil, respeitando sua 
individualidade, seu contexto social, econômico, cultural, étnico e 
religioso, entendendo a criança como um ser único com características 
próprias, que interage nesse meio com outras crianças e também explora 
diversas peculiaridades em todos os aspectos. 
 
O ensino e o aprendizado da música envolve a construção do sujeito 
musical, a partir da constituição da linguagem da música. O uso dessa 
linguagem irá transformar esse sujeito, tanto no que se refere a seus modos 
de perceber, suas formas de ação e pensamento, quanto seus aspectos 
subjetivos. Em consequência, transformará também o mundo deste sujeito, 
que adquirirá novos sentidos e significados, modificando também a sua 
própria linguagem musical. 
 
34 
 
Os cursos de formação de professores, em geral não contemplam a 
música em nenhuma das suas disciplinas. O que acontece na prática é o 
exercício realizado por alguns professores que trabalham músicas ou 
atividades do gênero, mais por conta própria, por entenderem a 
contribuição da música no desenvolvimento da criança do que mediados 
por um embasamento teórico. A música pode ser usada de forma constante 
nas salas de aula, como por exemplo, para cantar canções e quem as 
crianças digam seus nomes e os nomes de seus colegas, possibilitando uma 
interação muito interessante entre os alunos. Assim, além de promover a 
socialização, a música oferece grande apoio em todo processo de 
aprendizagem por favorecer a ludicidade, a memória e a criatividade. 
Quando falamos no processo de usar a música na educação infantil, temos 
de lembrar que as crianças usam sons de forma espontânea, cantam e criam 
músicas. 
 
É importante ressaltar que o trabalho não se limita a cantar em sala 
de aula, é necessário discutir o tema da canção a ser cantada, ouvir o que as 
crianças querem dizer, o que entendem e se têm alguma canção para sugerir 
sobre o assunto pertinente aquele momento da aula. As crianças possuem 
uma bagagem musical, mesmo que pouca e podem contribuir com suas 
opiniões e sugestões vão se aproximando da música de forma alegre, 
podendo potencializar suas visões de mundo pela música, tendo o professor 
a sensibilidades de tratar a música com exercícios alegres e interessantes e 
pedagógicos que ajudem as crianças a se desenvolverem e a aprenderem 
mais. Na educação infantil existem inúmeras possibilidades de se trabalhar 
a música e os benefícios que ela pode oferecer. Os materiais podem ser 
diversos, não necessariamente é preciso dispor de materiais caros. Isso 
evidencia que um trabalho criativo e competente colaborará com a criança 
para desenvolver sua criatividade, socialização, expressão e também serve 
como estímulo para o aluno da educação infantil aprender mais e de forma 
contextualizada. 
 
A música é por natureza interdisciplinar. Podemos classifica-la como 
uma linguagem ao mesmo tempo matemática e afetiva, que possibilita 
transpor limites geográficos e temporais, sempre inserida em um contexto 
social. A música na escola deve ser integrada como um conteúdo 
35 
 
específico, mas sem perder de vista as possibilidades inter e 
transdisciplinares que ela oferece. 
 
A PRÁTICA EDUCATIVA LÚDICA 
A criança a experiência do brincar estão relacionadas há diferentes 
tempos e espaços, sendo marcada pela continuidade dessa cultura nas 
gerações que surgem, pois a criança, pelo fato de se situar em um contexto 
histórico-social, ou seja, um ambiente estruturado a partir de valores, 
significados e atividades construídas e partilhadas pelos sujeitos que ali 
vivem, incorpora a experiência social e cultural do brincar por meios das 
relações que estabelece com outros sujeitos que ao longo dos tempos 
mudam seu modo de ser e pensar. O brincar constitui-se em um conjunto 
de práticas, conhecimentos e fatos construídos e acumulados pelos sujeitos 
no contexto em que estão inseridos e que facilitam a aprendizagem, 
ensinando e repassando valores essenciais para a vida do ser humano, 
dando a ele uma nova concepção de mundo. 
 
Diante desse contexto, nota-se que ao longo dos tempos a educação 
tem apresentado a necessidade de implantar uma nova pedagogia, já que 
são muitas as dificuldades que as escolas tem em realizar um trabalho de 
qualidade
e são inúmeros os desafios que os educadores enfrentam para 
desempenharem suas atividades escolares e tornarem-se formadores de 
opiniões. A problemática que norteou o estudo foi: de que maneira a prática 
educativa lúdica pode atuar como ferramenta facilitadora à aprendizagem? 
O presente estudo pretende mostrar a prática educativa lúdica como 
ferramenta facilitadora na aprendizagem da educação infantil e a 
importância em adquirir outras estratégias de ensino, insistindo nas 
mudanças metodológicas da educação infantil como uma das ações 
primordiais no ensino educacional. 
 
 
 
 
36 
 
 
CONCEPÇÕES TEÓRICAS SOBRE O LÚDICO 
O exame de textos básicos da educação escritos por filósofos revela 
que, desde a Antiguidade, havia quem defendesse a ideia da atividade do 
próprio aluno 77 como propulsora de seu crescimento intelectual (como 
Sócrates, Santo Agostinho, Montaigne) e o valor da brincadeira na 
aprendizagem (já destacado por Platão em A República). O que aparece de 
novo, a partir do século XVIII, é o fortalecimento dessas ideias, que se 
contrapunham ao que então era pensado ser o processo escolar básico 
(OLIVEIRA, 2011). 
 
Trata-se de um tema complexo, logo, é necessária a elaboração de 
diversas áreas do conhecimento, a fim de se estruturar estudos de cada um 
dos componentes desse processo que faça a união entre a teoria prática. 
Neste sentido, apresentam-se as contribuições teóricas que influenciaram o 
processo e ensino e aprendizagem por meio da ludicidade. Educar crianças 
menores de 6 anos de diferentes condições sociais já era uma questão 
tratada por Comênio (1592-1670), educador e bispo protestante checo. Em 
seu livro A escola da infância, publicado em 1628, afirmava que o nível 
inicial de ensino era o "colo da mãe" e deveria ocorrer dentro dos lares. 
 
Em 1637 elaborou um plano de escola maternal em que recomendava 
o uso de materiais audiovisuais, como livros de imagens, para educar 
crianças pequenas. 
Segundo Oliveira (2011, p. 37), Comênio afiançava que: o cultivo 
dos sentidos e da imaginação precedia o desenvolvimento do lado racional 
da criança. Impressões sensoriais advindas da experiência com manuseio 
de objetos seriam internalizadas e futuramente interpretadas pela razão. 
Também a exploração do mundo no brincar era vista como uma forma de 
educação pelos sentidos. Daí sua defesa de uma programação bem 
elaborada, com bons recursos materiais e boa racionalização do tempo e do 
espaço escolar, como garantia da boa "arte de ensinar", e da ideia de que 
fosse dada à criança a oportunidade de aprender coisas dentro de um campo 
37 
 
abrangente de conhecimentos. Por meio de materiais pedagógicos como 
quadros, modelos e atividades diferentes, como passeios, deveriam ser 
realizadas com as crianças de acordo com suas idades, auxiliando-as a 
desenvolver aprendizagens abstratas, estimular sua comunicação oral. O 
filósofo genebrino Jean Jacques Rousseau (1712-1778) criou uma proposta 
educacional em que combatia preconceitos, autoritarismos e todas as 
instituições sociais que violentassem a liberdade característica da natureza. 
 
Ele se opunha à prática familiar vigente de delegar a educação dos 
filhos aos preceptores, para que estes os tratassem com severidade, e 
destacava o papel da mãe como educadora natural da criança 
(ROUSSEAU, 1995) Revolucionou a educação de seu tempo ao afirmar 
que a infância não era apenas uma via de acesso, um período de preparação 
para a vida adulta, mas tinha valor em si próprio. Caberia ao professor 
afastar tudo o que pudesse impedir a criança de viver plenamente sua 
condição. Em vez do disciplinamento exterior, propunha que a educação 
seguisse a liberdade e o ritmo da natureza, contrariando os dogmas 
religiosos da época, que preconizavam o controle dos infantes pelos adultos 
(NISBET, 1992). 
 
Para Oliveira (2011), Rousseau defendia uma educação não 
orientada pelos adultos, mas que fosse resultado do livre exercício das 
capacidades infantis e enfatizasse não o que a criança tem permissão para 
saber, mas o que é capaz de saber. Pestalozzi (1746-1827), também reagiu 
contra o intelectualismo excessivo da educação tradicional. Considerava 
que a força vital da educação estaria na bondade e no amor, tal como na 
família, e sustentava que a educação deveria cuidar do desenvolvimento 
afetivo das crianças desde o nascimento. Educar deveria ocorrer em um 
ambiente o mais natural possível, em um clima de disciplina estrita, mas 
amorosa, e pôr em ação o que a criança já possui dentro de si, contribuindo 
para o desenvolvimento do caráter infantil. Destacou ainda o valor 
educativo do trabalho manual e a importância de a criança desenvolver 
destreza prática (TEIXEIRA, 1995). 
Segundo Incontri (1997), a adaptação de métodos de ensino ao nível 
de desenvolvimento dos alunos pode ser por intermédio de atividades de 
38 
 
música, arte, soletração, geografia e aritmética, além de muitas outras de 
linguagem oral e de contato com a natureza. Levou adiante a ideia de 
prontidão, já presente em Rousseau, e de organização graduada do 
conhecimento, do mais simples ao mais complexo, que já aparecia em 
Comênio. Sua pedagogia enfatizava ainda a necessidade de a escola treinar 
a vontade e desenvolver as atitudes morais dos alunos. Froebel (1782-
1852), criou em 1837 um kindergarten denominado de "jardim de 
infância", onde crianças e adolescentes, nos quais são pequenas sementes 
que, adubadas e expostas a condições favoráveis em seu meio ambiente, 
desabrochariam sua divindade interior em um clima de amor, simpatia e 
encorajamento, estariam livres para aprender sobre si mesmos e sobre o 
mundo. 
 
Este era concebido como um todo em que cada pessoa seria ao 
mesmo tempo uma unidade e uma parte dele (TEIXEIRA,1995). Os jardins 
de infância divergiam tanto das casas assistenciais existentes na época, por 
incluírem uma dimensão pedagógica, quanto da escola, que demonstrava 
ter, segundo o autor, constante preocupação com a moldagem das crianças, 
praticada de uma perspectiva exterior (INCONTRI, 1997). Elaborou 
canções e jogos para educar sensações e emoções, enfatizou o valor 
educativo da atividade manual, confeccionou brinquedos para a 
aprendizagem da aritmética e da geometria, além de propor que as 
atividades educativas incluíssem conversas e poesias e o cultivo da horta 
pelas crianças. 
 
O manuseio de objetos e a participação em atividades diversas de 
livre expressão por meio da música, de gestos, de construções com papel, 
argila e blocos ou da linguagem possibilitariam que o mundo interno da 
criança se exteriorizasse, a fim de que ela pudesse, então, ver-se 
objetivamente e modificar-se, observar-se, descobrir-se e encontrar 
soluções (INCONTRI, 1997). Já as ocupações consistiam em materiais que 
se modificavam com o uso, tais como: argila, areia e papel, usados em 
atividades de modelagem, recorte, dobradura, alinhavo em cartões com 
diferentes figuras desenhadas, enfiar contas em colar e outras que 
39 
 
buscariam estimular a iniciativa da criança no desenvolvimento de 
atividades formativas pessoais. 
Canções completariam essa lista de materiais e atividades. As 
prendas e as ocupações se articulariam pela mediação da educadora na 
formação da livre expressão infantil, ou seja, daquilo que o autor, dentro de 
seu quadro ideológico, chamou de atividades maternas (TEIXEIRA, 1995). 
Maria Montessori (1879-1952) inclui-se também na lista dos principais 
construtores de propostas sistematizadas para a Educação Infantil no século 
XX. Tendo sido encarregada da seção de crianças com deficiência mental, 
produziu uma metodologia de ensino com base no uso de materiais 
apropriados como recursos educacionais. Em 1907, foi convidada a 
organizar uma sala para educação de crianças sem deficiências dentro de 
uma habitação
coletiva destinada a famílias dos setores populares, 
experiência que denominou "Casa das Crianças" (MONTESSORI, S/D). 
 
Sua proposta desviava a atenção do comportamento de brincar para o 
material estruturador da atividade própria da criança: o brinquedo. Criou 
instrumentos especialmente elaborados para a educação motora ligados, 
sobretudo, à tarefa de cuidado pessoal e para a educação dos sentidos e da 
inteligência, como por exemplo, letras móveis, letras recortadas em 
cartões-lixa para aprendizado de leitura, contadores, como o ábaco, para 
aprendizado de operações com números. Foi ainda quem valorizou a 
diminuição do tamanho do mobiliário usado pelas crianças nas pré-escolas 
e a exigência de diminuir os objetos domésticos cotidianos a serem 
utilizados para brincar na casinha de boneca (MONTESSORI, S/D). 
 
Celestin Freinet foi um dos educadores que renovaram as práticas 
pedagógicas de seu tempo. Para ele, a educação que a escola dava às 
crianças deveria extrapolar os limites da sala de aula e integrar-se às 
experiências por elas vividas em seu meio social. Deveria favorecer ao 
máximo a auto expressão e sua participação em atividades cooperativas, a 
qual lhes proporcionaria a oportunidade de envolver-se no trabalho 
partilhado e em atividades de decisão coletiva, básicos para o 
desenvolvimento (FREINET, 1975). A seu ver, as atividades manuais e 
intelectuais permitem a formação de uma disciplina pessoal e a criação do 
40 
 
trabalho-jogo, que associa atividade e prazer e é por ele encarado como 
eixo central de uma escola popular. Para Nicolau (1998), a pedagogia de 
Freinet organiza-se ao redor de uma série de técnicas ou atividades, entre 
elas as aulas-passeio, o desenho livre, o texto livre, o jornal escolar, a 
correspondência interescolar, o livro da vida. Incluem ainda oficinas de 
trabalhos manuais e intelectuais, o ensino por contratos de trabalho, a 
organização de cooperativas na escola. Diante do contexto, esses estudiosos 
contribuíram com suas teorias em relação à infância e a ludicidade, abriram 
caminhos para maior flexibilização e inovação dos modelos de educação 
infantil nas escolas, constituíram assim, um campo mercadológico por meio 
de: brinquedos, roupas, discos, espetáculos, espaços públicos, isto é, uma 
nova pedagogia, que fizesse com que educadores questionassem suas 
práticas, para buscarem formação escolar básica e/ou especializada 
(INCONTRI, 1997). 
 
Dessa forma, a criança brinca porque é “indispensável ao seu 
equilíbrio afetivo e intelectual que possa dispor de um setor de atividade 
cuja motivação não seja a adaptação ao real senão, pelo contrário, a 
assimilação do real ao eu, sem coações nem sanções”. 81 A brincadeira é, 
então uma atividade que transforma o real, por assimilação quase pura às 
necessidades da criança, em razão dos seus interesses afetivos e cognitivos. 
O jogo, devido a abrangência de significados, é uma forma de expressão da 
linguagem afetiva e refere-se àquele cuja estrutura é o símbolo. Piaget 
(1998) caracteriza o brincar como uma atividade que reflete os estados 
internos do sujeito diante de uma realidade vivida ou imaginada 
(NICOLAU, 1998). Piaget (1998) considera o brincar a linguagem típica da 
criança por ser mais expressiva que a linguagem verbal. Esta razão levou-o 
a atribuir ao jogo um papel de complemento imprescindível à análise da 
criança. 
O jogo representa, ainda, o equivalente ao lúdico da fantasia, além do 
que, atualiza suas imaginações inconscientes, sexuais e agressivas, seus 
desejos e suas experiências vividas. Os estudos de Piaget (1998) oferecem 
contribuições principalmente ao analisar o simbolismo secundário do jogo, 
compreendido como “o simbolismo menos consciente que o das ficções 
comuns” (p.217). O jogo de ficção corresponde à manifestação mais 
importante na criança, que é o pensamento simbólico consciente. Em 
41 
 
relação à aprendizagem, a ludicidade oferece indícios relevantes a respeito 
dos aspectos emocionais envolvidos no processo de conhecer e de 
aprender. No que Macedo, Petty e Passos (2005, p. 121), enfatizam que: 
 
Do ponto de vista teórico, possibilita-nos compreender os processos 
e estruturas psicológicas graças às quais o ser humano produz 
conhecimento; do ponto de vista prático, possibilita-nos analisar 
criticamente as situações que são mais favoráveis para isso. Jogos regras 
e de construção são essencialmente férteis o sentido de criarem um 
contexto de observação e diálogo, dentro dos limites da criança, sobre 
processos de pensar e construir conhecimentos. 
 
Muitos trabalhos com jogos de regras foram inspirados no 
construtivismo de Piaget, para compreender a estrutura cognitiva das 
crianças, bem como favorecer os processos construtivos do pensamento e a 
aprendizagem de forma geral. Dessa forma, por meio da ludicidade, 
segundo Piaget (1998), a criança organiza e pratica regras, elabora 
estratégias e cria procedimentos a fim de vencer as situações-problemas 
referentes aos aspectos afetivo-sociais e morais, pelo fato de exigir relações 
de reciprocidade, cooperação e respeito mútuo. Para Vygotsky (2001), é na 
brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de 
sua idade, seu comportamento diário; afirma que apesar do brinquedo não 
ser aspecto dominante da infância, ele exerce uma enorme influência no 
desenvolvimento infantil. 
 
 Neste sentido, é importante que se saiba o quanto é relevante a 
utilização das brincadeiras infantis, pois a criança sente-se motivada e o 
educador inova sua prática, consegue êxito no processo ensino 
aprendizagem e posteriormente, leva a criança a penar e interagir de forma 
mais dinâmica com seu meio. Deve-se compreender o brincar como ação 
fundamental para o desenvolvimento da pessoa e dos grupos sociais, em 
diferentes épocas e espaços. Pois, o brincar é natural, quando se brinca, 
fica-se altamente concentrado. Para Vigotsky (2001), há a necessidade de 
se usar a ludicidade com mais intensidade, pois a brincadeira é universal e 
42 
 
é própria da saúde. O brincar facilita o crescimento, conduz aos 
relacionamentos grupais. Contudo, aos planejar atividades lúdicas é 
importante que o educador tenha em mente que quando brinca a criança 
experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades, além de 
desenvolver competências, estimular a autoconfiança e a autonomia, 
proporcionar o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da 
concentração e atenção que são essenciais ao bom desempenho da criança 
na escola e na vida. 
 
 
O PLANEJAMENTO ESCOLAR PARA 
TRABALHAR A LUDICIDADE 
O brincar é sem dúvida um meio pelo qual os seres humanos e os 
animais exploram uma variedade de experiências em diferentes situações, 
para diversos propósitos. Segundo Moyles (2002, p.11), “quando uma 
pessoa adquire um novo equipamento, tal como uma máquina de lavar, a 
maioria dos adultos vai dispensar a formalidade de ler o manual de ponta a 
ponta e preferir "brincar" com os controles e funções”. Para Holtz (1998, 
p.12), a aprendizagem para as crianças pequenas é inevitável, pois o brincar 
deve ser valorizado por aqueles envolvidos na educação e na criação das 
crianças pequenas, fazendo a escolha dos materiais lúdicos que são 
reservados no brincar, cujo objetivo deve ter seu efeito sobre o 
desenvolvimento da criança. Porque muitas crianças chegam à escola 
maternal incapazes de envolver-se no brincar, em virtude de uma educação 
passiva que via o brincar como uma atividade barulhenta, desorganizada e 
desnecessária. 
 
Ocorre muitas vezes que os adultos não reconhecem a importância 
do brincar na infância como forma de externar a imaginação, desempenhar 
papéis e 83 colocar no lugar do outro. Com isso, lidam com personagens e 
uma variedade de contextos, levando-os a entender o eu real (HOLTZ, 
1998)

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