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Aula105 - Direito Civil - Aula 02

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Direito Civil para AFRF 
Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - 
Aula – 02 
 
 
Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 76 
 
AULA 02: Pessoas jurídicas: 
Conceito, classificação, começo e fim de sua 
existência legal, desconsideração. 
 
 
Olá amigos! Prontos para mais uma aula de direito civil? Esperamos 
que a sua resposta para esta pergunta seja positiva. 
 
Esta aula, assim como a nossa aula anterior, não tem um conteúdo 
teórico muito extenso, mas colocamos novamente muitas questões 
para que você possa praticar bastante. Dê prioridade às questões da 
ESAF, mas tente é claro, dentro do possível, resolver todas as questões 
(isto ajuda muito no aprendizado). Tenha atenção! Os assuntos; LINDB, 
Pessoa Natural e Pessoa Jurídica normalmente são cobrados nas provas e 
as questões que envolvem estes itens, de certa forma, não apresentam 
grandes dificuldades, sendo muitas vezes questões “repetidas” ou, então, 
literais ao texto da lei, portanto, procure assimilar bem estes conteúdos 
para garantir acertos em sua prova. 
Vamos começar os trabalhos! Assim como fizemos na aula passada, 
incluímos nesta aula o tópico domicílio, agora no que diz respeito à 
pessoa jurídica. 
 
Pessoas Jurídicas (CC arts. 40 a 69): 
 
Em nossa aula passada, estudamos as pessoas naturais, a respeito 
do seu começo e do seu fim, da capacidade e da personalidade. Estas 
pessoas (pessoas naturais) são dotadas de capacidade jurídica, porém, 
para a realização de determinados empreendimentos uma só pessoa se 
torna fraca e, sozinha, dificilmente alcançaria seus objetivos. Com isto, 
surge a necessidade de agrupar as pessoas para que juntas tenham mais 
força de realização. 
 Da necessidade de conjugação de esforços, para a realização de 
determinados fins, temos a atribuição de capacidade jurídica a entes 
abstratos, formados ora pelo ¹conjunto de pessoas, ora por 
²conjugação patrimonial. 
 Assim, formam-se as pessoas jurídicas, que são entidades a quem a 
lei confere personalidade, para que desta forma possam ser sujeito de 
direitos e obrigações. 
É importante observarmos que a personalidade desta chamada 
pessoa jurídica não se confunde, em regra, com a personalidade de 
cada um dos seus membros. Desta forma, uma de suas principais 
características é a atuação na vida jurídica com personalidade distinta 
da de seus membros. Esta separação de personalidades leva à separação 
também dos patrimônios – respeitando o princípio da Autonomia 
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Aula – 02 
 
 
Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 76 
Patrimonial - Assim, em regra, não podem ser penhorados os bens dos 
sócios por dívidas da sociedade. (o patrimônio dos sócios, em algumas 
situações, poderá ser atingido e isto será explicado ainda nesta aula) 
As pessoas jurídicas que surgirão poderão ter os mais variados fins, 
sem numerá-las taxativamente, podemos citar, desde o próprio conceito 
de Estado, passando pelas fundações, pelas sociedades, até as chamadas 
associações de bairro, ou, então, pelas associações esportivas. 
 
“Mas de onde vem a natureza jurídica destas pessoas?” 
 
Existem diversas teorias que tentam explicar a natureza jurídica da 
pessoa jurídica. Dentre essas teorias existem as que negam a existência 
da pessoa jurídica – ¹Teorias Negativistas, e as que afirmam sua 
existência – ²Teorias Afirmativistas. 
Para a Teoria Negativista só existem no Direito os seres 
humanos, carecendo as denominadas pessoas jurídicas de qualquer 
atributo de personalidade. Por isso chama-se negativista, porque nega 
existência à pessoa jurídica. Os que a defendem sustentam que a 
denominação pessoa jurídica mascara um patrimônio coletivo ou uma 
propriedade coletiva. 
 
As Teorias Afirmativistas estão divididas entre ¹Teorias da 
Ficção e ²Teorias da Realidade. 
São duas as Teorias da Ficção: a Teoria da Ficção Legal – criada 
por Savigny, considera a pessoa jurídica uma criação artificial da lei. Uma 
ficção jurídica, uma abstração que é diversa da realidade. Deste modo, os 
adeptos desta teoria dizem que os direitos são prerrogativas concedidas 
apenas ao homem nas relações com seus semelhantes. Pois somente o 
homem tem existência real e psíquica para expressar sua vontade para 
deliberar, e o poder de ação. Assim, quando se atribuem direitos a 
pessoas de outra natureza, isso se trata de simples criação da mente 
humana, constituindo-se uma ficção jurídica. A capacidade das pessoas 
jurídicas, sendo criação ficta do legislador, é limitada na medida de seus 
interesses; e a Teoria da Ficção Doutrinária – que vem a ser uma 
variação da Teoria explicada acima, onde defende que a pessoa jurídica 
não tem existência real, mas apenas intelectual, sendo uma ficção criada 
pela doutrina. 
Três são as Teorias da Realidade: a primeira é a Teoria da 
Realidade Objetiva ou Orgânica – a pessoa jurídica é considerada por 
esta teoria como sendo uma realidade sociológica, que nasce através de 
imposição das forças sociais; a segunda é a Teoria da Realidade Jurídica 
ou Institucionalista – é parecida com a teoria objetiva pela importância 
dada a eventos sociológicos. Deste modo considera a pessoa jurídica 
como uma organização social destinada a um serviço ou ofício e, por isso, 
personificadas; e a terceira é a Teoria da Realidade Técnica – que diz 
que a personificação de grupos sociais é um expediente de ordem técnica. 
É um atributo deferido pelo Estado para certas entidades que o merecem 
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e que observaram os requisitos por ele estabelecidos. A teoria da 
realidade técnica é a adotada pelo código civil de 2002. 
 
Após a explicação e conceituação das teorias acima, continuamos 
com a ideia de que todo o ordenamento jurídico é destinado a regular a 
vida dos indivíduos, o direito tem por finalidade o homem como sujeito de 
direitos. Deste modo, criam-se institutos jurídicos em prol do indivíduo, 
criam-se pessoas jurídicas como forma de se atribuir maior força ao ser 
humano, para que este possa realizar determinadas tarefas, as quais 
seriam impraticáveis se estivesse sozinho. 
Assim, da mesma forma que o Direito atribui direitos e impõe 
obrigações à pessoa natural, também o faz com as pessoas jurídicas. 
Existem, para cada tipo de pessoa jurídica, condições, objetivas e 
subjetivas, determinadas em lei. Portanto, o conceito de pessoa jurídica 
é uma objetivação do ordenamento jurídico. Encara-se a pessoa jurídica 
como uma realidade técnica, como uma criação do direito, porque assim 
está estabelecido em lei. 
 
 
- Constituição da Pessoa Jurídica 
 
Não basta simplesmente que as pessoas se unam para formar uma 
pessoa jurídica. Há um requisito muito importante, qual seja, a vontade 
das pessoas sobre a criação de uma pessoa jurídica para determinado 
fim. É esta vinculação de vontades, vinculação jurídica entre as 
pessoas, ou entre os membros, que dá unidade orgânica ao ente criado e, 
com isto, este ente se torna uma pessoa desvinculada da vontade 
daquelas que a criaram e, também, com autonomia perante seus 
membros. 
 Através desta unidade de vontades de criar um ente abstrato surge 
a personificação. 
 
Vocês se recordam, quando estudamos pessoas naturais, que a 
partir do momento em que uma pessoa nasce com vida ela adquire 
personalidade? Pois bem, para a pessoa jurídica este momento de 
aquisição da personalidade sedá quando há uma conjunção de vontades 
em torno da criação deste ente abstrato. A partir deste momento este 
adquire personalidade própria, independente da personalidade de seus 
sócios. 
 Contudo, não basta a simples vontade dos indivíduos para a 
constituição da pessoa jurídica. A lei impõe certos requisitos, que serão 
mais severos ou menos severos de acordo com a modalidade de ente a 
ser criado. Preenchendo estes requisitos, a pessoa jurídica será 
considerada regular e estará apta a utilizar-se de todas as suas 
prerrogativas em sua vida jurídica. 
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 Desta forma, regula-se a pessoa jurídica1 de modo muito parecido 
com a pessoa natural, pois, se tem para a pessoa jurídica como há para a 
pessoa natural; o nascimento, seu registro, aquisição de personalidade, 
capacidade, domicílio, sua morte e até mesmo regulação quanto à 
sucessão. 
Além do explicado acima (e pensando em questões de provas), 
saiba que para as pessoas jurídicas de direito privado, assunto que 
abordaremos mais a frente, temos: 
 
“CC Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito 
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, 
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder 
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato 
constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das 
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o 
prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
Art. 46. O registro declarará: 
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando 
houver; 
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; 
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e 
extrajudicialmente; 
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que 
modo; 
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações 
sociais; 
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, 
nesse caso.” 
 
 Desta forma os estatutos e os atos constitutivos das pessoas 
jurídicas de direito privado são registrados no Cartório de Registro Civil 
das pessoas jurídicas. Este registro além de servir de prova, possui 
natureza constitutiva, por ser atributivo de personalidade, da capacidade 
jurídica. 
 Para a constituição da pessoa jurídica existem três requisitos 
básicos: ¹a vontade humana criadora, ²obediência as condições legais 
para sua formação e ³finalidade lícita. 
 A ¹vontade humana criadora ou o direcionamento da vontade de 
várias pessoas em torno de uma finalidade comum e de um novo 
organismo é fundamental. No princípio, existe uma pluralidade de 
membros que, por sua vontade, tornam-se uma unidade, a pessoa 
jurídica, que futuramente passará a existir como ente autônomo. 
 
1
 Não é unânime na doutrina e nas várias legislações a denominação pessoa jurídica. Outras denominações 
devem ser lembradas, tais como: pessoas morais (direito francês), coletivas (direito português), místicas, civis, 
fictícias, abstratas, intelectuais, universalidade de pessoas e de bens, etc. Entretanto, o termo pessoa jurídica é 
o mais tradicional e o que consta do nosso código civil. 
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 Superada esta primeira fase de manifestação da vontade para a 
criação do novo ente, a pessoa jurídica já existe em estado latente. 
 Para que exista de fato, será preciso observar o segundo requisito: 
²observância das determinações legais. Para que a vontade de criar o 
ente tome forma e resulte na criação de uma pessoa jurídica, vindo esta a 
gozar de suas prerrogativas na vida civil, deve-se respeitar e cumprir o 
que a lei determinar a respeito de sua criação. É a lei que ditará qual o 
caminho a seguir para que aquela vontade se materialize num corpo 
coletivo. 
 Por fim, a pessoa jurídica que resultou de uma vontade, foi criada 
de acordo com a lei, deve obedecer ao terceiro requisito: ³ter um fim 
lícito. Pois, não se pode admitir que uma pessoa jurídica, criada de 
acordo com a lei, venha a atentar contra esta, através de atos ilícitos. 
Sua finalidade e seus atos precisam estar em conformidade com a lei, em 
prol de toda a sociedade, de acordo com os bons costumes e com o 
direito, sua finalidade precisa ser lícita. 
 
 
- Capacidade e Representação da Pessoa Jurídica 
 
 Quando estudamos a capacidade da pessoa natural, vimos que ela é 
decorrente da personalidade atribuída à pessoa. Com a pessoa Jurídica se 
passa da mesma maneira, porém, se para a pessoa natural esta 
capacidade será plena para a pessoa jurídica ela vai ser limitada à 
finalidade para a qual foi criada. 
 Os poderes dados à pessoa jurídica estão estipulados nos ¹atos 
constitutivos, em seu ²ordenamento interno e, também, na ³lei, uma 
vez que seus estatutos não podem contrariar normas cogentes. 
 Assim, depois de registrada a pessoa jurídica, o Direito 
reconhece-lhe a atividade no mundo jurídico, começando com este ato a 
sua capacidade para as atividades compatíveis com a sua natureza. 
Neste momento de reconhecimento no mundo jurídico, a pessoa 
jurídica recebe: denominação, domicílio e nacionalidade (todos 
decorrentes da personalidade). 
 Sob o aspecto da representação, para o exercício do direito, a 
pessoa jurídica não pode agir senão através do homem. Há, portanto, 
uma vontade humana que opera na pessoa jurídica, condicionada a suas 
finalidades2. Na realidade, nem sempre a vontade do diretor ou 
administrador que se manifesta pela pessoa jurídica coincide com sua 
própria vontade. Ele é apenas um instrumento ou órgão da pessoa 
jurídica, entendendo-se assim, que há duas vontades que não se 
confundem. Por exemplo, o diretor ou presidente pode manifestar a 
 
2 Não há de se confundir esta representação da pessoa jurídica, com aquela 
representação dos incapazes. Enquanto no caso dos incapazes a representação irá 
ocorrer porque existe a incapacidade de fato ou de exercício, no caso da pessoa jurídica 
a representação existe apenas para que esta possa agir e praticar atos da vida civil. 
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vontade da pessoa jurídica em assembleia geral e esta vontade não 
coincidir com a sua. 
 
 
- Classificação da Pessoa Jurídica 
 
Convém darmos um aviso no começo deste item: Preste muita 
atenção na classificação das pessoas jurídicas! Apesar de não ser 
muito extensa, ela apresenta muitos detalhes e subdivisões, sendo 
amplamente cobrada em provas. Vamos a ela: 
 
I. quanto à nacionalidade estas podem ser ¹nacionais e 
²estrangeiras. A nacionalidade da pessoa jurídica deve ser vista sob o 
prisma da sua constituição. 
A nacional é a que foi organizada conforme a lei brasileira e tem no 
país a sede de sua administração. 
A estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não poderá, sem 
autorização do Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por 
estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos 
previstos em lei, ser acionista de sociedadeanônima brasileira. 
Se autorizada a funcionar no Brasil: sujeitar-se-á às leis e aos 
tribunais brasileiros, quanto aos atos aqui praticados; deverá ter 
representante no Brasil; e poderá nacionalizar-se, transferindo sua sede 
para o Brasil. 
 
II. quanto à estrutura interna estas podem ser divididas em 
¹corporação e ²fundação. 
A corporação (universitas personarum) é um conjunto de 
pessoas que, apenas coletivamente, goza de certos direitos e os exerce 
por meio de uma vontade única, por exemplo: as associações e as 
sociedades. 
A fundação (universitas bonorum) é o patrimônio personalizado 
destinado a um fim que lhe dá unidade. São as fundações (públicas e 
privadas). 
 
Observação: as associações e as sociedades também têm um 
patrimônio, que representa um meio para a consecução dos fins 
perseguidos pelos sócios, mas, nas fundações, o patrimônio é o elemento 
principal, junto com o objetivo a que se destina. 
 
III. A terceira classificação e talvez a mais importante para fins de 
prova é quanto à função e capacidade sendo divididas em duas 
espécies conforme expresso no CC, pessoas jurídicas de ¹direito público 
e pessoas jurídicas de ²direito privado. 
 
“CC Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e 
de direito privado.” 
 
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 Por sua vez, as pessoas jurídicas de direito público podem ser 
subdivididas em: 
 
Direito público externo, regulamentadas pelo direito internacional e 
abrangendo: nações estrangeiras, Santa Sé, Uniões Aduaneiras, 
Organismos internacionais. Neste sentido, temos artigo 42 do CC: 
 
“art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros 
e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público”. 
 
Direito público interno, que podem ser administração direta – que 
são: a União, os Estados, os Territórios3, o Distrito Federal e os 
Municípios; ou administração indireta – descentralizados, criados por lei, 
com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de 
interesse público como as Autarquias, Associações Públicas, Fundações 
Públicas, Agências executivas e reguladoras. Estão elencados no art. 41: 
 
“CC Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.” 
 
As pessoas jurídicas de direito privado – são instituídas por 
iniciativa de particulares e dividem–se em: fundações particulares, 
associações, sociedades simples e empresárias, organizações religiosas, 
partidos políticos e, ainda, incluídas pela lei 12.441 de 2011, as empresas 
individuais de responsabilidade limitada. 
 
“CC Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.” 
 
 
Preste atenção! Já foi cobrado em provas: 
 
1. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. 
 
3 A classificação dos territórios não é pacifica. Alguns civilistas os colocam como fazendo 
parte da administração direta, já para o direito administrativo estes são colocados como 
da administração indireta. De todo modo, destacamos que conforme a Constituição 
Federal, art.18, §2, os territórios federais integram a União, ou seja, territórios não 
são considerados entes da federação. 
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2. Os sindicatos embora não mencionados expressamente no art. 
44, possuem natureza de associação civil, estando, pois, dentro das 
pessoas jurídicas de direito privado. 
 
3. Cuidado para não confundir um profissional autônomo com 
empresa individual. Empresa individual está normatizada no art. 980-A 
do CC, que diz: “A empresa individual de responsabilidade limitada será 
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, 
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior 
salário-mínimo vigente no País”. (Artigo incluído pela Lei nº 12.441, de 
2011). Assim, qualquer pessoa – tanto física com jurídica, pode 
constituir uma empresa individual. Já o profissional autônomo é pessoa 
física que presta serviços de forma eventual sem relação de emprego. 
Enquadra-se também como profissional autônomo, o profissional liberal, 
que é aquela pessoa que exerce, por conta própria, atividade econômica, 
de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. 
 
4. Outro detalhe importante é o que diz respeito às fundações, 
estas, embora genericamente estejam listadas entre as pessoas 
jurídicas de direito privado, se tiverem atuação que, de certa forma, se 
assemelhem às Autarquias, terão personalidade jurídica de direito público 
(em prova, estará escrito unicamente Fundações Públicas). 
 
 
IMPORTANTE! Informação ESAF (algumas pessoas jurídicas já cobradas 
em prova): São pessoas jurídicas de direito público interno, entre outras, 
as Autarquias, a União, os Estados e as fundações públicas, as 
associações públicas, as agências reguladoras ou executivas. O Conselho 
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é uma autarquia, assim 
como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Fundação Centro 
Brasileiro para a Infância e Adolescência é pessoa jurídica de direito 
público interno de administração indireta, é fundação pública. 
 
 
“Vocês podem explicar como fica a situação, por exemplo, de 
condomínios e de sociedades irregulares? Em que classificação 
estas entidades se enquadram?” 
 
Há determinadas entidades com muitas das características das 
pessoas jurídicas que vimos até agora, mas que, no entanto, não 
chegam a ganhar personalidade (são grupos despersonalizados), 
pois, faltam requisitos imprescindíveis à personificação, são os grupos 
com personificação anômala, alguns autores utilizam o termo 
personalidade judiciária. Temos como exemplos destas entidades: a 
família; a massa falida; o espólio; o condomínio; a herança jacente ou 
vacante. Em geral, estes grupos possuem capacidade processual e 
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também possuem legitimidade ativa e passiva para demandar e ser 
demandado em ações na justiça. 
 
Os grupos despersonalizados que mais aparecem em questões de 
concurso são: 
 
 A massa falida - nome que é dado ao conjunto de bens após a 
sentença declaratória de falência. Será representado por um 
síndico, que será o substituto da empresa ou pessoa que faliu. 
 A herança jacente ou vacante - herança jacente é o nome que se 
dá a herança quando uma pessoa morre sem deixar testamento e 
não se conhece nenhum herdeiro, e os bens da herança jacente são 
declarados vacantes quando não se apresentar nenhum herdeiro ou 
se aparecer algum, renunciar a herança. Este acervo de bens será 
representado por um curador. 
 O espólio - é o conjunto de direitos e obrigações do de cujus4. 
Será representado em juízo, até que se nomeie um inventariante, 
por um administrador provisório. 
 O condomínio– sobre o condomínio há controvérsias na doutrina. 
Quando se tratar de condomínio que é a propriedade comum ou 
conjunta sobre alguma coisa não possui personalidade jurídica. O 
problema está nos condomínios de edifícios. Portanto tenha atenção 
extra se aparecer em prova, analisando muito bem as alternativas 
antes de responder a questão. Como regra considere-os 
despersonalizados. Será representado pelo síndico. 
 Também se destaca a família como uma entidade não 
personificada, pois apesar de seus laços de sangue, cada membro 
preserva sua individualidade e é responsável por suas obrigações. 
 As sociedades sem personalidade jurídica - são aquelas que 
existem e funcionam, mas não possuem existência legal porque não 
fizeram seu registro no órgão competente ou falta autorização legal 
para seu funcionamento. Serão representadas pela pessoa a quem 
couber a administração de seus bens. As sociedades irregulares 
ou de fato são aquelas que não cumpriram alguns requisitos para 
sua regular formação, como por exemplo, uma empresa que deixa 
de registrar seu ato constitutivo na Junta Comercial. Estas 
empresas possuem legitimidade para cobrar em juízo seus créditos, 
não podendo o devedor alegar a irregularidade de sua constituição 
para se negar ao pagamento da dívida. Mas não podem ser sujeitos 
de direitos, e os bens particulares dos sócios respondem igualmente 
com os bens da empresa por dívidas contraídas em nome desta. 
 
 
 
 
 
 
4
 Expressão jurídica para denominar a pessoa que faleceu. 
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- Começo e Fim da Existência Legal da Pessoa Jurídica 
 
A pessoa jurídica tem sua origem, em regra, com um ¹ato jurídico 
ou ²em decorrência de normas. Existe diferença, porém, entre a origem 
das pessoas jurídicas de direito público e das de direito privado. 
As pessoas jurídicas de direito público se não são criadas em 
razão de fatos históricos (criação do próprio Estado, por exemplo), o são 
por normas, sejam estas: constitucionais; legais; ou, até mesmo, por 
meio de tratados internacionais (no caso das pessoas jurídicas de direito 
público externo). 
Já as pessoas jurídicas de direito privado obedecem a um 
processo que pode se dar de três formas: o ¹sistema da livre associação 
(a emissão de vontade dos instituidores é suficiente para a criação do 
ente personificado); o ²sistema do reconhecimento (há necessidade de 
um decreto de reconhecimento); e o ³sistema das disposições normativas 
(neste sistema dá-se liberdade de criação humana, sem necessidade de 
ato estatal que a reconheça, mas exige-se que a criação dessa pessoa 
obedeça a condições predeterminadas). 
 
Em nosso direito, são duas as fases para a concretização da 
pessoa jurídica: o ¹ato constitutivo e a formalidade do ²registro. 
Na primeira fase, há a constituição da pessoa jurídica por um ato 
unilateral entre pessoas vivas ou por testamento (se a pessoa faleceu e 
deixou estipulado a sua criação como ato de última vontade). Nesta fase 
temos um elemento material que se exterioriza; nos atos de reunião dos 
sócios, as condições dos estatutos, etc. Há, também, um elemento formal 
que é a transcrição do que foi acertado por escrito. Este ato poderá ser 
público ou particular – salvo para as fundações, em que o instrumento 
público ou o testamento é essencial. 
Após a existência do ato escrito e da autorização passa-se à 
segunda fase: o registro. 
 
O ato de constituição das pessoas jurídicas de direito privado e o 
seu registro estão normatizados nos artigo 45 e 46 do CC: 
 
“Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado 
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, 
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registo todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das 
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o 
prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
Art. 46. O registro declarará: 
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando 
houver; 
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; 
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e 
extrajudicialmente; 
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IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que 
modo; 
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações 
sociais; 
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, 
nesse caso.” 
 
Informação de questão ESAF (2010/SMF-RJ - Fiscal de Rendas) 
“O registro da pessoa jurídica declarará o modo por que se administra e 
representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente.” 
 
Enquanto para a pessoa natural o fim da existência ocorre com a 
morte, para a pessoa jurídica pode ocorrer por causas diversas. 
Basicamente, o fim da existência legal da pessoa jurídica, pode se 
dar de 4 formas: 
 
De forma convencional – ou seja, quando seus membros 
decidirem pelo seu fim, de acordo com o quórum previsto nos 
estatutos da empresa ou na lei. 
 
De forma legal – em razão de motivos determinados em lei, mais 
precisamente no art. 1.034 do CC: 
 
“art. 1.034 A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a 
requerimento de qualquer dos sócios, quando: 
I - anulada a sua constituição; 
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade”. 
 
De forma administrativa – quando a pessoa jurídica, para seu 
funcionamento, precisa de autorização do poder público e pratica 
atos nocivos ou contrários aos seus fins. 
 
De forma Judicial – quando ocorrer alguns dos casos de 
dissolução previstos em lei ou no estatuto, principalmente quando 
a sociedade se desviar dos fins para os quais foi constituída. 
 
Após o encerramento das atividades pessoa jurídica, seu processo 
de extinção se realizará através da ¹dissolução e da ²liquidação. Este 
processo de extinção se mostra necessário para que se dê destinação aos 
bens da empresa, se pague todas as dívidas e para que se faça a partilha 
do que restar entre os sócios. 
 
A liquidação da pessoa jurídica, segundo o art. 51 do CC, 
ocorrerá nos casos de dissolução ou de cassação de autorização para 
funcionamento. 
 
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“Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização 
para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que 
esta se conclua. 
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação 
de sua dissolução. 
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, 
às demais pessoas jurídicas de direito privado. 
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição 
da pessoa jurídica.” 
 
 Desta forma, podemos perceber que o cancelamento da inscrição da 
pessoa jurídica no registro não acontece no momento em que ela é 
dissolvida. O cancelamento da sua inscrição acontece somente após 
encerrada a sua regular liquidação.Continuando na análise do Código Civil, há duas pessoas jurídicas, 
para as quais o nosso o código reservou dois capítulos específicos, dentro 
do Título Pessoas Jurídicas, são elas; as associações e as fundações. 
 
Então vamos ao seu estudo mais detalhado! 
 
 
- Associações: 
 
No código civil de 2002, as associações estão compreendidas entre 
os artigos 53 a 61. O artigo 53 nos dá uma primeira ideia sobre as 
associações: 
 
“Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem 
para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.” 
 
As associações se prestam aos mais variados fins, desde que não 
econômicos, e preenchem, assim, as mais variadas finalidades na 
sociedade. Qualquer atividade lícita e de fins não econômicos pode 
ser buscada por uma associação. 
 
No artigo 54 do CC estão enumerados os requisitos obrigatórios 
que devem constar nos estatutos de toda e qualquer associação: 
 
“Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a 
dissolução. 
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VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.” 
 
Outras disposições podem ser acrescentadas, mas estas, que estão 
no texto da lei, são essenciais. Os estatutos são a lei orgânica da pessoa 
jurídica, a norma de obediência obrigatória para os fundadores da 
associação e, também, para todos aqueles que no futuro venham a ela se 
associar. A vontade dos novos membros se manifesta através da adesão 
à associação e consequentemente aos seus regulamentos. 
 
Algumas observações: nada impede que a associação tenha 
várias sedes, sendo uma principal e outras subsidiárias; a admissão de 
novos sócios deve atender aos interesses da associação, o estatuto pode 
determinar que sejam preenchidos certos requisitos para que alguém 
tenha a qualidade de sócio; a demissão não se confunde com a exclusão, 
porque esta tem caráter de penalidade e só pode ser aplicada se for dado 
direito a ampla defesa ao associado envolvido, já a demissão decorre da 
iniciativa do próprio interessado, por oportunidade ou conveniência sua; é 
importante que o estatuto estabeleça a providência de fundos, se este vai 
ser proveniente de contribuições dos próprios sócios ou de terceiros, ou 
se, então, a associação vai exercer alguma atividade que lhe forneça 
meios financeiros, entretanto sem que com isso descaracterize sua 
finalidade. 
 
O artigo 55 do CC diz: 
 
“Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir 
categorias com vantagens especiais”. 
 
Este artigo pode dar margem para algumas confusões no sentido da 
dificuldade de se saber, no caso concreto, se é válida a atribuição de 
vantagens especiais a sócios, o que contraria a finalidade primeira do 
dispositivo que é a igualdade de direitos. O melhor é interpretar que toda 
associação deve garantir os direitos mínimos aos associados e que as 
vantagens são excepcionais a algumas categorias, que por sua 
natureza sejam diferenciadas. 
 
 Seguindo! No art. 56 encontramos o seguinte: 
 
“Art.56 A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser 
o contrário. 
Parágrafo único: Se o associado for titular de quota ou fração ideal do 
patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na 
atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo 
disposição diversa do estatuto”. 
 
Temos aqui a figura dos associados com ou, então, sem 
participação em quotas ou fração ideal do patrimônio da entidade. 
Também chamados de sócios patrimoniais e de sócios meramente 
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contributivos. Na verdade, o que este artigo quer proteger é o interesse 
da associação, pois cabe à própria entidade definir quem pode ingressar 
como associado. O simples fato de transferir uma quota ou a qualidade de 
associado para outra pessoa pode não ser o suficiente para esta pessoa 
passar a ser sócia, se o estatuto não permitir. 
A ideia fundamental é no sentido de permitir que a associação faça 
um juízo de oportunidade e conveniência para a admissão de novos 
associados. Uma vez admitido o associado, sua exclusão somente será 
possível por justa causa, obedecido ao estatuto, é o que diz o artigo 57 do 
CC: 
 
“art. 57 A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim 
reconhecida em procedimento que assegure o direito de defesa e de recurso, 
nos termos previstos no estatuto”. 
 
Nenhuma decisão de exclusão de associado pode prescindir de 
procedimento que permita ao sócio produzir sua defesa e suas provas, 
ainda que o estatuto permita e ainda que decidida em assembleia geral, 
convocada para tal fim. Também neste sentido temos o artigo 58 do CC: 
 
“art. 58 Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função 
que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma 
previstos na lei ou no estatuto”. 
 
O estatuto ou a lei estabelecerão os limites ao exercício dos 
direitos sociais. 
 
 A assembleia geral é órgão necessário da associação, exerce 
papel de “poder legislativo” na instituição5. O artigo 59 do CC elenca as 
matérias privativas da assembleia: 
 
“art 59 Compete privativamente à assembleia geral: 
I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto. 
Parágrafo único: Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste 
artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para este 
fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de 
eleição dos administradores.” 
 
 No mesmo sentido o artigo 60 do CC determina: “A convocação dos 
órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantindo a 1/5 (um 
quinto) dos associados o direito de promovê-la”. 
 
De acordo com a norma legal do artigo 59 do CC – que é uma 
norma de ordem pública, ou seja, é preceito imperativo, que não admite 
disposição em contrário pela vontade privada, competirá somente à 
 
5 O “Poder Executivo” da pessoa jurídica é exercido por um diretor ou uma diretoria, 
podendo ser criados outros órgãos auxiliares, dependendo do tamanho da entidade. 
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assembleia geral a ¹destituição dos administradores e a ²alteração do 
estatuto. 
 
“Vocês falaram em dissolução da pessoa jurídica. O que 
acontecerá com o patrimônio de uma associação quando esta for 
dissolvida?” 
 
A resposta a sua pergunta está no art. 61, o seu estudo deve ser literal 
ao texto do CC: 
 
“Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, 
depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no 
parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicosdesignada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à 
instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. 
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos 
associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste 
artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições 
que tiverem prestado ao patrimônio da associação. 
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, 
em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, 
o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do 
Distrito Federal ou da União.” 
 
Para finalizarmos o assunto associação, observe este enunciado do STJ: 
 
Jornada III STJ 142: “Os partidos políticos os sindicatos e as 
associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-
lhes o CC”. 
 
 
- Fundações: 
 
Vimos que nas associações o que importa são as pessoas, a reunião 
de pessoas, a coletividade. Já nas fundações, há de início um patrimônio 
despersonalizado, destinado a um fim. 
As fundações têm sua razão de ser no patrimônio destinado a 
determinada finalidade. Assim está no artigo 62 do CC: 
 
“Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura 
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o 
fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, 
morais, culturais ou de assistência.” 
 
 Trata-se, como se depreende do artigo, de um conjunto de bens, 
que recebe personalidade para a realização de um fim determinado. O 
patrimônio se personaliza quando obtém sua existência legal, deste 
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modo, uma fundação não é qualquer conjunto de bens. A dotação se fará 
por escritura pública ou testamento. 
 As fundações poderão ter finalidade religiosa moral, cultural ou de 
assistência. Há questões de provas que ficam apenas na análise 
literal do § único do art. 62, no entanto é importante que você saiba 
que há também os seguintes enunciados: 
 
Jornada I STJ 8: “A constituição de fundação para fins científicos, 
educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC 62 
par. ún.” 
Jornada I STJ 9: “O CC par. ún., deve ser interpretado de modo a excluir 
apenas as fundações de fins lucrativos” 
 
 Para que se aperfeiçoe a personalidade jurídica da fundação, 
ou seja, para que se possa dizer que esta existe como pessoa jurídica, é 
necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: instituição, por 
meio de escritura pública ou testamento, de dotação especial de bens 
livres de ônus, da qual conste a finalidade específica da fundação, que 
deve ser religiosa, moral, cultural ou de assistência; estatutos que a 
regerão; aprovação dos estatutos pelo órgão do Ministério Público e o 
registro da escritura de instituição. 
 A criação da fundação se dá pelo denominado negócio jurídico 
fundacional e o registro a personifica, fazendo com que tenha capacidade, 
patrimônio, sede e administração6. 
No primeiro requisito (instituição) para a criação de uma 
fundação, existem dois momentos bem definidos: um é a ¹vontade de 
sua constituição, que neste caso se exterioriza no ato de fundação 
propriamente dito; e o outro é o ato de ²dotação de um patrimônio, 
que lhe dará vida. Neste ato de dotação, estão compreendidos: a reserva 
de bens livres7, a indicação dos fins e a maneira pela qual o acervo será 
administrado. 
 
 Atenção: Sabendo os requisitos acima, em provas da ESAF você 
precisa saber também que há duas fases na constituição da 
fundação: O ¹Ato Constitutivo e o ²Registo. 
 
 
- Modalidades de formação da fundação: 
 
1. Direta – neste modo, a própria pessoa instituidora projeta e 
regulamenta a fundação. 
2. Fiduciária – neste modo, o instituidor entrega a tarefa de 
organizá-la a outra pessoa. 
 
 
6 Diniz. Direito Fundacional. 
7 Estes bens têm que ser livres, pois qualquer ônus sobre eles colocaria em risco a 
existência da entidade. 
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Atenção: o instituidor da fundação pode ser tanto pessoa 
natural quanto pessoa jurídica. 
 
Vimos que a constituição da fundação é feita com dotação de bens, 
mas o que ocorre quando esta dotação não for suficiente? Esta 
situação esta expressa no art. 63 do CC: 
 
“art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela 
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em 
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante”. 
 
Então, se caso os bens forem insuficientes para a constituição 
da fundação, eles serão destinados a outra fundação que tenha a mesma 
ou semelhante finalidade da que não pôde ser criada, mas isso só 
acontecerá se o instituidor não tiver disposto de forma diferente no 
estatuto. 
Atarefa de elaborar o estatuto – que é a lei interna da fundação - 
cabe ao instituidor ou, então, o instituidor deverá designar quem elabore 
o estatuto. Depois de ultrapassada esta fase, o estatuto será apresentado 
ao Ministério Público8 – órgão fiscalizador das fundações, que 
examinará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são 
suficientes para atender as suas finalidades. Neste sentido temos o artigo 
66 do CC: 
 
“art.66 Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde 
situadas. 
§1º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao 
Ministério Público Federal. (ADIn 2794) 
§2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, 
em cada um deles, ao respectivo Ministério Público”. 
 
 
Importante: Em decorrência da ADIn 2794, o STF declarou 
inconstitucional o §1 do art. 66 do CC. Em vista da eficácia erga omnes 
da decisão do STF em ADIn, não está mais em vigor o CC art. 66, §1º. 
 
 Compete, então, ao Ministério Público do Distrito Federal velar 
pelas fundações no DF. 
 
Em se tratando de fundações federais de direito público esta 
atribuição de velar cabe, sim, ao Ministério Público Federal, 
independentemente de funcionar ou não no DF ou nos eventuais 
Territórios. 
 
8 Esta fiscalização será feita por meio da Promotoria de Justiça das Fundações, nas 
cidades em que houver este cargo na divisão administrativa da instituição. Nas cidades 
menores esta tarefa caberá ao Promotor Público. 
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Nos estados, esta competência é do Ministério Público do Estado em 
que se situa a fundação. 
 
Nesta mesma perspectiva, de ação do Ministério Público, temos o 
parágrafo único, do artigo 65 do CC: 
 
“art. 65 Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em 
tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases 
(art.62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à 
aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo 
instituidor, ou, não havendo prazo, em180 (cento e oitenta) dias, a incumbência 
caberá ao Ministério Público”. 
 
Como vimos, se o instituidor não fizer o estatuto e a pessoa por ele 
designada também não fizer, caberá ao Ministério Público esta tarefa. 
Qualquer alteração do estatuto também deve ser submetida à apreciação 
do Ministério Público. 
 
Sobre alterações no estatuto temos o artigo 67 do CC: 
 
“art. 67 Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a 
reforma: 
I – seja deliberada por 2/3 (dois terços) dos componentes para gerir e 
representar a fundação; 
II – não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a 
denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.” 
 
Caso a alteração não tenha sido aprovada por unanimidade, a 
minoria vencida poderá requerer a impugnação no prazo de 10 dias, isso 
conforme o artigo 68 do CC: 
 
“art. 68 Quando a alteração não houver sido aprovada por votação 
unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão 
do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para 
impugná-la, se quiser, em 10 (dez) dias”. 
 
Existem certas peculiaridades no que diz respeito às fundações: 
 
A primeira é quanto aos seus bens, estes não podem ser vendidos. 
Normalmente, tais bens são inalienáveis, porque é sua existência que 
assegura a vida das fundações, não podendo, desta forma, ser 
desviados de sua destinação original. Claro que dependendo da situação, 
comprovada a necessidade da venda, esta pode ser autorizada pelo juiz 
competente9, com a audiência do Ministério Público. O produto da venda 
deve ser aplicado na fundação ou em outros bens destinados a sua 
 
9 Sem esta autorização a venda será nula. 
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manutenção; na fundação, o elemento pessoa natural pode não ser 
múltiplo, uma vez que basta uma só pessoa para sua criação; o 
patrimônio é o elemento fundamental das fundações; os fins 
também são imutáveis, porque são fixados pelo instituidor; nas fundações 
os administradores não são sócios, podem ser denominados como 
membros contribuintes, fundadores, beneméritos, efetivos, etc. 
 
Outra peculiaridade está no artigo 64 do CC: 
 
“art. 64 Constituída a fundação por negócio Jurídico entre vivos, o instituidor é 
obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens 
dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado 
judicial”. 
 
Portanto, a promessa do instituidor, que se materializa na 
dotação de bens ou direitos, possui caráter irrevogável e irretratável. 
Se uma pessoa prometer e não cumprir, poderá o juiz através de 
mandado judicial executar a promessa. 
 
Sobre o tema extinção da fundação temos o artigo 69 do CC e o 
art. 1.204 do CPC: 
 
 
“CC art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a 
fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, 
ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu 
patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, 
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou 
semelhante.” 
 
“CPC art. 1.204. Qualquer interessado ou órgão do Ministério Público 
promoverá a extinção da fundação quando: 
I – se tornar ilícito o seu objeto; 
II – for impossível a sua manutenção; 
III – se vencer o prazo de sua existência”. 
 
 
Passemos agora a outro assunto muito importante, a chamada 
desconsideração da pessoa jurídica. 
 
 
- Desconsideração da Pessoa Jurídica 
 
 Quando estudamos a natureza jurídica das pessoas jurídicas, as 
classificamos como realidade técnica. A pessoa jurídica decorre da 
técnica do direito, é criação jurídica para a realização de certos objetivos. 
 Neste sentido temos que as pessoas jurídicas possuem existência 
distinta da de seus membros. Existem, porém, determinados casos onde 
esta distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa natural não pode ser 
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mantida. Casos estes em que a personalidade da pessoa jurídica foi 
utilizada para fugir a suas finalidades, para lesar terceiros. 
 Quando isto acontece, a personalidade jurídica deve ser 
desconsiderada, decidindo o julgador como se o ato ou negócio houvesse 
sido praticado pela pessoa natural. 
Não se trata de considerar sistematicamente nula a pessoa jurídica, 
mas, em casos específicos e determinados, desconsiderá-la, apenas 
temporariamente. O assunto esta regulado pelo artigo 50 do CC: 
 
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado 
pelo ¹desvio de finalidade, ou pela ²confusão patrimonial, pode o juiz 
decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de 
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou 
sócios da pessoa jurídica.” 
 
Portanto, a teoria da desconsideração (ou disregard of the legal 
entity), como assinala Venosa10, “...autoriza o juiz, quando há desvio de 
finalidade, a não considerar os efeitos da personificação, para que sejam 
atingidos bens particulares dos sócios ou até mesmo de outras pessoas 
jurídicas, mantidos incólumes, pelos fraudadores, justamente para 
propiciar ou facilitar a fraude”. 
O abuso da personalidade jurídica conforme expresso no CC ocorre 
em dois casos: Desvio de finalidade11. 
 Confusão patrimonial12. 
 
Como assinala Galhardo Jr., “para que se desconsidere a pessoa jurídica, 
é necessário que o dano causado seja decorrente do uso fraudulento ou 
abusivo da autonomia patrimonial. Quando a fraude e o abuso de 
direito podem ser combatidos sem a necessidade de afastar-se a 
personalidade distinta da pessoa jurídica (como quando é aplicável o 
regramento dos vícios dos atos jurídicos), a teoria da 
desconsideração é inócua (...)”. 
 
 
-Proteção dos direitos da personalidade 
 
CC Art. 52. “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção 
dos direitos da personalidade.” Observe que a aplicação da proteção aos 
direitos da personalidade não é feita indistintamente para todos os 
casos. Quanto a este assunto temos o seguinte enunciado do STJ: 
STJ 227: ” a pessoa jurídica pode sofrer dano moral” 
 
10 Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed. 
11 Desvio de finalidade - o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso 
abusivo da personalidade jurídica. 
12 Confusão Patrimonial - subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de 
separação patrimonial do patrimônio da pessoa jurídica ou de seus sócios, ou, ainda, dos 
haveres de diversas pessoas jurídicas. 
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- Responsabilidade das Pessoas Jurídicas13 
 
A responsabilização vai acontecer quando uma pessoa for 
prejudicada, quando houver um dano – seja ele patrimonial ou moral, 
sendo necessário também que exista um nexo de causalidade entre este 
dano e o ato de um agente – que foi o causador do dano. 
A existência de dano gera a responsabilidadee a obrigação de 
reparação deste dano. Assim, a responsabilidade das pessoas jurídicas 
pode se dar no âmbito civil e penal. 
No âmbito penal, por exemplo, a Lei nº 9605 de 12 de fevereiro de 
1998, que fala sobre os crimes ambientais, responsabiliza administrativa, 
civil e penalmente as pessoas jurídicas, aplicando penas restritivas de 
direitos, prestação de serviços à comunidade e multa. 
 
No âmbito civil a responsabilidade da pessoa jurídica pode ser: 
 
- contratual, que está no art. 389 do CC: “Não cumprida a 
obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, e honorários de advogado”. 
- extracontratual também chamada de delitual ou aquiliana, que 
decorrem de atos ilícitos e impõe a todos o dever de não lesar os outros, 
e se mesmo assim o fizer a obrigação de reparar este dano. 
 
Toda pessoa jurídica de direito privado responde pelos danos 
causados a terceiros, qualquer que seja a natureza de seus fins. Para as 
pessoas jurídicas de direito público a responsabilidade é objetiva sob a 
modalidade do risco administrativo, conforme art. 43: 
 
“art. 43 As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente 
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a 
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, 
por parte destes, culpa ou dolo”. 
 
Como vimos, na responsabilidade civil objetiva, as pessoas 
jurídicas de direito público interno têm obrigação de reparar tão só pela 
existência do fato danoso e do nexo causal (que é a chamada Teoria do 
Risco), não existe a necessidade de culpa. É assegurado, no entanto, 
a estas pessoas, o direito de ação contra os causadores do dano se estes 
agirem com culpa ou dolo. 
Porém se houver a culpa concorrente entre o agente e a vítima a 
indenização será reduzida pela metade. E se a culpa for exclusiva da 
vítima o Estado se exonerará da obrigação de indenizar. O mesmo 
acontecendo no caso de força maior e fato exclusivo de terceiro. 
 
 
 
13 O assunto reponsabilidade civil será abordado com mais detalhes em outra aula. 
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- Domicílio da Pessoa Jurídica 
 
É a sede jurídica da pessoa jurídica, onde os credores podem 
demandar o cumprimento das obrigações. É o local de suas atividades 
habituais, de seu governo, administração ou direção, ou ainda, aquele 
determinado no ato constitutivo. Estabelece o artigo 75 do CC: 
 
 
“Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas 
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu 
estatuto ou atos constitutivos. 
 
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares 
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele 
praticados. 
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á 
por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada 
uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a 
que ela corresponder.” 
 
 
 O § 1º do artigo 75, vem ajudar às pessoas que necessitam 
processar uma entidade com estabelecimentos em vários lugares, ao 
dizer que cada um deles será considerado domicílio para os atos neles 
praticados. Já, o § 2º do artigo 75 diz respeito às pessoas jurídicas 
estrangeiras que tenham estabelecimento no Brasil, que serão 
demandadas no foro de sua agência aqui localizada, de acordo com as 
obrigações contraídas por cada uma delas. 
 
 
....................................................................................................... 
 
Terminada mais uma aula, caros amigos, como de costume, vamos 
à prática, com a resolução de mais questões. Mandem suas dúvidas para 
nossos e-mails. Como ainda não há um fórum de dúvidas, procuraremos, 
ao término das aulas teóricas, disponibilizar tais questionamentos em pdf 
para todos os alunos. 
 
Um abraço e bons estudos. 
 
Aline Santiago & Jacson Panichi 
 
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QUESTÕES ESAF E SEU RESPECTIVO COMENTÁRIO. 
 
01. ESAF/2012/ACE/MDIC. Sobre as pessoas jurídicas, assinale a 
opção correta. 
 
a) São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o 
funcionamento das organizações religiosas, cabendo ao poder 
público conceder ou negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos 
constitutivos e necessários ao seu funcionamento. 
b) São pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, 
o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, inclusive as 
associações públicas, as fundações e os partidos políticos. 
c) São pessoas jurídicas de direito privado, entre outras, as sociedades 
civis, religiosas, científicas, literárias e todas as pessoas que forem 
regidas pelo direito internacional. 
d) As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de 
direito privado. 
e) Prescreve em três anos o direito de anular a constituição das 
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, 
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
a. Errada. Art. 44 § 1o São livres a criação, a organização, a 
estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, 
sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro 
dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. 
A respeito deste assunto temos o Enunciado 143 da III Jornada de 
Direito Civil - Art. 44: “A liberdade de funcionamento das organizações 
religiosas não afasta o controle de legalidade e legitimidade 
constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame, pelo 
Judiciário, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus 
estatutos.” 
 
b. Errada. Fundações (não públicas) e os partidos políticos são pessoas 
jurídicas de direito privado. (tema recorrente ESAF) 
 
c. Errada. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os 
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo 
direito internacional público. 
 
d. Correta. 
 
e. Errada. A diferença entre prescrição e decadência será detalhada em 
aula futura. Resumidamente: Para o direito civil (falamos isto porque 
no direito tributário, por exemplo, o conceito é de certa forma diferente), 
prescrição é a perda do direito à pretensão à ação (de ingressar em 
juízo). Já decadência é a perda do direito material (que é o direito 
propriamente dito que tem a pessoa) 
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De certa forma, a prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua 
faz desaparecer o direito por ela tutelado, já a decadência, ao contrário, 
atinge diretamente o direito material e por via oblíqua acaba por atingir a 
ação. 
 
Art. 45 Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a 
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato 
respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscriçãono registro. 
(outro tema recorrente nas provas da ESAF). 
 
Gabarito letra D. 
 
 
02. ESAF/2012/CGU/PREVENÇÃO DA CORRUPÇÃO E OUVIDORIA. 
Considerando as disposições atinentes às pessoas jurídicas, 
assinale a opção incorreta. 
 
a) Obrigam à pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos 
nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. 
b) Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos 
direitos da personalidade. 
c) As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de 
direito privado, constituindo-se, as autarquias e as associações 
públicas, como de direito público interno. 
d) As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente 
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade 
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os 
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
e) Partidos políticos com representação no Congresso Nacional são 
pessoas jurídicas de direito público interno. 
 
 
a. Correta. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos 
administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato 
constitutivo. 
 
b. Correta. Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da personalidade. 
 
c. Correta. Arts 40 e 41. 
 
d. Correta. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são 
civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade 
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os 
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
 
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e. Errada. Importante: Como já falamos na questão anterior, fundações 
(não públicas) e os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito 
privado (tema recorrente ESAF). No caso das fundações lembre-se que 
elas podem admitir personalidade jurídica de direito público, são as 
fundações públicas. 
 
Gabarito E. 
 
03. ESTRATÉGIA CONCURSOS/2012/SIMULADO ACE (MDIC). 
Assinale a opção incorreta. 
a) Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas 
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o 
prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
b) Teodósio, na administração de sua empresa, Fios e Cabos SA, 
praticou ato caracterizado pelo desvio de finalidade. Neste caso, 
poderá ser despersonalizada a pessoa jurídica tendo em vista a 
situação de abuso de sua personalidade. 
c) Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado 
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, 
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do 
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por 
que passar o ato constitutivo. 
d) Entre outras, são pessoas jurídicas de direito público interno, as 
autarquias, as fundações públicas, os estados, os municípios, as 
associações públicas, as agências reguladoras e outras entidades de 
caráter público criadas por lei. 
e) Paulo, agente público de órgão federal, agindo nesta qualidade, 
causou dano a terceiro. A União, nesta situação, responderá 
objetivamente pelo dano, no entanto terá direito regressivo contra 
Paulo, causador do dano, em caso de culpa ou dolo. 
 
a) Correta. CC art. 48 § único. 
 
b) Incorreta. Cuidado com palavras parecidas que tem significados 
completamente diferentes. Desconsideração é a palavra que deveria ter 
sido empregada nesta afirmação. 
Até mesmo pessoas da área do direito, por vezes, empregam a palavra 
despersonalização de forma equivocada. Despersonalizar é retirar a 
personalidade jurídica, sendo que tal fato não ocorre quando da 
hipótese do Art. 50: 
 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio 
de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento 
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da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que 
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos 
aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
 
Que fique bem claro que não se retira a personalidade da pessoa jurídica 
e nem ocorre a sua extinção, mas apenas a sua desconsideração. 
 
 
c) Correto. CC art. 45. 
 
d) Correto. Tenha bastante atenção à diferenciação entre pessoas de 
direito público e de direito privado, isto é bastante cobrado em 
provas. 
 
e) Correto. CC Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são 
civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade 
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os 
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
 
Gabarito letra B. 
 
04. ESAF/2010/MTE/Auditor Fiscal do Trabalho - Prova 2. 
Assinale a opção incorreta. 
 
a) As pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado 
estrutura de direito privado são regidas, no que couber, quanto ao 
seu funcionamento, pelo Código Civil, salvo disposição em contrário. 
b) A existência civil das pessoas jurídicas de direito privado começa 
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, 
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do 
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por 
que passar o ato constitutivo. 
c) Nos atos judiciais e extrajudiciais, as pessoas jurídicas serão 
representadas, ativa e passivamente, por quem os respectivos 
estatutos designarem, porém, não havendo designação estatutária, 
serão representadas pelos seus prepostos. 
d) As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente 
responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, 
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os 
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
e) A constituição das pessoas jurídicas de direito privado pode ser 
anulada, por defeito do ato respectivo, dentro do prazo decadencial 
de 3 anos, contado a partir da data da publicação de sua inscrição 
no registro. 
 
Vamos à análise das alternativas: 
A alternativa “a” está correta de acordo com o art. 41, parágrafo 
único: “Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito 
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público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no 
que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código”. 
A alternativa “b” está correta de acordo com o art. 45. “Começa a 
existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição 
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, 
de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”. 
A alternativa “c” está errada tendo em vista o art. 12, VI do Código de 
Processo Civil. “Serão representados em juízo, ativa e passivamente: VI - 
as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, 
não os designando, por seus diretores”; 
A alternativa “d” está correta de acordo com o art. 43. “As pessoas 
jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos 
dos seus agentes que nessa qualidadecausem danos a terceiros, 
ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, 
por parte destes, culpa ou dolo”. 
A alternativa “e” está correta de acordo com o art. 45. “Começa a 
existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição 
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, 
de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição 
das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, 
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro”. 
 
Gabarito letra C. 
 
 
05. ESAF/2009/Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Federal 
- Prova 1. Na criação de fundação há duas fases: 
 
a) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, podendo revestir-se da 
forma particular, e a do registro público. 
b) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, pois requer instrumento 
particular ou testamento, e a do assento no registro competente. 
c) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, e a da aprovação do 
Poder Executivo Federal. 
d) a da elaboração do estatuto por ato inter vivos, (instrumento 
público ou particular), sem necessidade de conter a dotação 
especial, e a do registro. 
e) a do ato constitutivo, que só pode dar-se por meio de escritura 
pública ou testamento, e a do registro. 
 
Para responder a esta questão vamos utilizar o CC art. 62: 
“art. 62 Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública 
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se 
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
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Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, 
morais, culturais ou de assistência”. 
 
De acordo com este artigo e conforme comentado em aula, a criação de 
uma fundação obedece duas fases: a ¹do ato constitutivo – que se dá 
por meio de escritura pública ou testamento, e a ²do registro. 
 
Gabarito letra E. 
 
06. ESAF/2007/SEFAZ-CE/Analista Jurídico. Para que uma fundação 
particular adquira personalidade jurídica será preciso: 
 
a) elaboração de seu estatuto pelo instituidor ou por aquele a quem 
ele cometer a aplicação do patrimônio. 
b) aprovação do seu estatuto pelo Ministério Público. 
c) dotação e aprovação da autoridade competente com recurso ao juiz. 
d) dotação e registro do seu estatuto. 
e) dotação, elaboração e aprovação dos estatutos, e registro. 
 
 
Vamos ao código civil: 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura 
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o 
fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins 
religiosos, morais, culturais ou de assistência. 
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, 
em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas 
bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em 
seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo 
instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a 
incumbência caberá ao Ministério Público. 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado 
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, 
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato 
constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das 
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, 
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
Portanto, para que uma fundação particular adquira personalidade jurídica 
terão que ser vencidas quarto fases: dotação, elaboração e aprovação dos 
estatutos e registro. Veja que a mais completa é a alternativa “e”. 
 
Gabarito letra E. 
 
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07. ESAF/2006/TCU/Analista de Controle externo. As associações 
públicas são 
 
a) pessoas jurídicas de direito público interno de administração 
indireta. 
b) empresas públicas. 
c) autarquias federais especiais. 
d) agências reguladoras. 
e) pessoas jurídicas de direito público interno de administração direta. 
 
Vamos ao Código Civil, art.41: 
 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
 
E lembre-se! Fazem parte da administração direta: a União, os 
Estados, os Territórios14, o Distrito Federal e os Municípios 
 
Gabarito letra A. 
 
 
08. ESAF/2006/CGU/Analista de Finanças e Controle -Correição - 
Prova 3. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é considerada 
 
a) pessoa jurídica de direito privado. 
b) pessoa jurídica de direito público interno de administração indireta. 
c) associação. 
d) sociedade simples. 
e) pessoa jurídica de direito público interno de administração direta. 
 
A chave da questão está em saber o que exatamente é a CVM, esta é 
uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Agora a resolução 
ficou simples não é mesmo? Gabarito, alternativa “b”. 
Você deve ter visto melhor este assunto no direito administrativo, mas 
para complementar a questão - fazem parte da administração 
indireta: 1. As autarquias, 2. As fundações públicas, 3. As sociedades 
de economia mista e 4. As empresas públicas. As duas últimas, 
sociedades de economia mista e empresas públicas, embora 
 
14 A classificação dos territórios não é pacifica. Alguns civilistas os colocam como fazendo 
parte da administração direta, já para o direito administrativo estes são colocados como 
da administração indireta. De todo modo, destacamos que conforme a Constituição 
Federal, art.18, §2, os territórios federais integram a União, ou seja, territórios não 
são considerados entes da federação. 
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fazendo parte da administração indireta, têm personalidade jurídica de 
direito privado. 
 
Gabarito letra B. 
 
 
09. ESAF/2006/ IRB/Analista. São pessoas jurídicas de direito público 
interno, entre outras, 
 
a) União, Estados, Territórios, autarquias, fundações e partidos 
políticos. 
b) Fundações, associações, autarquias e Municípios. 
c) União, Estados, Distrito Federal e partidos políticos. 
d) Associações, fundações públicas e autarquias. 
e) Autarquias, União, Estados e fundações públicas. 
 
Este tipo de questionamento quanto a classificação das pessoas jurídicas 
é bastante comum, não só na ESAF como, também, em outras bancas. 
Lembre-se! Associações Públicas e Fundações Públicas é que são de 
direito público. Se na questão estiver escrito

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