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Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 76 AULA 02: Pessoas jurídicas: Conceito, classificação, começo e fim de sua existência legal, desconsideração. Olá amigos! Prontos para mais uma aula de direito civil? Esperamos que a sua resposta para esta pergunta seja positiva. Esta aula, assim como a nossa aula anterior, não tem um conteúdo teórico muito extenso, mas colocamos novamente muitas questões para que você possa praticar bastante. Dê prioridade às questões da ESAF, mas tente é claro, dentro do possível, resolver todas as questões (isto ajuda muito no aprendizado). Tenha atenção! Os assuntos; LINDB, Pessoa Natural e Pessoa Jurídica normalmente são cobrados nas provas e as questões que envolvem estes itens, de certa forma, não apresentam grandes dificuldades, sendo muitas vezes questões “repetidas” ou, então, literais ao texto da lei, portanto, procure assimilar bem estes conteúdos para garantir acertos em sua prova. Vamos começar os trabalhos! Assim como fizemos na aula passada, incluímos nesta aula o tópico domicílio, agora no que diz respeito à pessoa jurídica. Pessoas Jurídicas (CC arts. 40 a 69): Em nossa aula passada, estudamos as pessoas naturais, a respeito do seu começo e do seu fim, da capacidade e da personalidade. Estas pessoas (pessoas naturais) são dotadas de capacidade jurídica, porém, para a realização de determinados empreendimentos uma só pessoa se torna fraca e, sozinha, dificilmente alcançaria seus objetivos. Com isto, surge a necessidade de agrupar as pessoas para que juntas tenham mais força de realização. Da necessidade de conjugação de esforços, para a realização de determinados fins, temos a atribuição de capacidade jurídica a entes abstratos, formados ora pelo ¹conjunto de pessoas, ora por ²conjugação patrimonial. Assim, formam-se as pessoas jurídicas, que são entidades a quem a lei confere personalidade, para que desta forma possam ser sujeito de direitos e obrigações. É importante observarmos que a personalidade desta chamada pessoa jurídica não se confunde, em regra, com a personalidade de cada um dos seus membros. Desta forma, uma de suas principais características é a atuação na vida jurídica com personalidade distinta da de seus membros. Esta separação de personalidades leva à separação também dos patrimônios – respeitando o princípio da Autonomia Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 76 Patrimonial - Assim, em regra, não podem ser penhorados os bens dos sócios por dívidas da sociedade. (o patrimônio dos sócios, em algumas situações, poderá ser atingido e isto será explicado ainda nesta aula) As pessoas jurídicas que surgirão poderão ter os mais variados fins, sem numerá-las taxativamente, podemos citar, desde o próprio conceito de Estado, passando pelas fundações, pelas sociedades, até as chamadas associações de bairro, ou, então, pelas associações esportivas. “Mas de onde vem a natureza jurídica destas pessoas?” Existem diversas teorias que tentam explicar a natureza jurídica da pessoa jurídica. Dentre essas teorias existem as que negam a existência da pessoa jurídica – ¹Teorias Negativistas, e as que afirmam sua existência – ²Teorias Afirmativistas. Para a Teoria Negativista só existem no Direito os seres humanos, carecendo as denominadas pessoas jurídicas de qualquer atributo de personalidade. Por isso chama-se negativista, porque nega existência à pessoa jurídica. Os que a defendem sustentam que a denominação pessoa jurídica mascara um patrimônio coletivo ou uma propriedade coletiva. As Teorias Afirmativistas estão divididas entre ¹Teorias da Ficção e ²Teorias da Realidade. São duas as Teorias da Ficção: a Teoria da Ficção Legal – criada por Savigny, considera a pessoa jurídica uma criação artificial da lei. Uma ficção jurídica, uma abstração que é diversa da realidade. Deste modo, os adeptos desta teoria dizem que os direitos são prerrogativas concedidas apenas ao homem nas relações com seus semelhantes. Pois somente o homem tem existência real e psíquica para expressar sua vontade para deliberar, e o poder de ação. Assim, quando se atribuem direitos a pessoas de outra natureza, isso se trata de simples criação da mente humana, constituindo-se uma ficção jurídica. A capacidade das pessoas jurídicas, sendo criação ficta do legislador, é limitada na medida de seus interesses; e a Teoria da Ficção Doutrinária – que vem a ser uma variação da Teoria explicada acima, onde defende que a pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual, sendo uma ficção criada pela doutrina. Três são as Teorias da Realidade: a primeira é a Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica – a pessoa jurídica é considerada por esta teoria como sendo uma realidade sociológica, que nasce através de imposição das forças sociais; a segunda é a Teoria da Realidade Jurídica ou Institucionalista – é parecida com a teoria objetiva pela importância dada a eventos sociológicos. Deste modo considera a pessoa jurídica como uma organização social destinada a um serviço ou ofício e, por isso, personificadas; e a terceira é a Teoria da Realidade Técnica – que diz que a personificação de grupos sociais é um expediente de ordem técnica. É um atributo deferido pelo Estado para certas entidades que o merecem Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 76 e que observaram os requisitos por ele estabelecidos. A teoria da realidade técnica é a adotada pelo código civil de 2002. Após a explicação e conceituação das teorias acima, continuamos com a ideia de que todo o ordenamento jurídico é destinado a regular a vida dos indivíduos, o direito tem por finalidade o homem como sujeito de direitos. Deste modo, criam-se institutos jurídicos em prol do indivíduo, criam-se pessoas jurídicas como forma de se atribuir maior força ao ser humano, para que este possa realizar determinadas tarefas, as quais seriam impraticáveis se estivesse sozinho. Assim, da mesma forma que o Direito atribui direitos e impõe obrigações à pessoa natural, também o faz com as pessoas jurídicas. Existem, para cada tipo de pessoa jurídica, condições, objetivas e subjetivas, determinadas em lei. Portanto, o conceito de pessoa jurídica é uma objetivação do ordenamento jurídico. Encara-se a pessoa jurídica como uma realidade técnica, como uma criação do direito, porque assim está estabelecido em lei. - Constituição da Pessoa Jurídica Não basta simplesmente que as pessoas se unam para formar uma pessoa jurídica. Há um requisito muito importante, qual seja, a vontade das pessoas sobre a criação de uma pessoa jurídica para determinado fim. É esta vinculação de vontades, vinculação jurídica entre as pessoas, ou entre os membros, que dá unidade orgânica ao ente criado e, com isto, este ente se torna uma pessoa desvinculada da vontade daquelas que a criaram e, também, com autonomia perante seus membros. Através desta unidade de vontades de criar um ente abstrato surge a personificação. Vocês se recordam, quando estudamos pessoas naturais, que a partir do momento em que uma pessoa nasce com vida ela adquire personalidade? Pois bem, para a pessoa jurídica este momento de aquisição da personalidade sedá quando há uma conjunção de vontades em torno da criação deste ente abstrato. A partir deste momento este adquire personalidade própria, independente da personalidade de seus sócios. Contudo, não basta a simples vontade dos indivíduos para a constituição da pessoa jurídica. A lei impõe certos requisitos, que serão mais severos ou menos severos de acordo com a modalidade de ente a ser criado. Preenchendo estes requisitos, a pessoa jurídica será considerada regular e estará apta a utilizar-se de todas as suas prerrogativas em sua vida jurídica. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 76 Desta forma, regula-se a pessoa jurídica1 de modo muito parecido com a pessoa natural, pois, se tem para a pessoa jurídica como há para a pessoa natural; o nascimento, seu registro, aquisição de personalidade, capacidade, domicílio, sua morte e até mesmo regulação quanto à sucessão. Além do explicado acima (e pensando em questões de provas), saiba que para as pessoas jurídicas de direito privado, assunto que abordaremos mais a frente, temos: “CC Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.” Desta forma os estatutos e os atos constitutivos das pessoas jurídicas de direito privado são registrados no Cartório de Registro Civil das pessoas jurídicas. Este registro além de servir de prova, possui natureza constitutiva, por ser atributivo de personalidade, da capacidade jurídica. Para a constituição da pessoa jurídica existem três requisitos básicos: ¹a vontade humana criadora, ²obediência as condições legais para sua formação e ³finalidade lícita. A ¹vontade humana criadora ou o direcionamento da vontade de várias pessoas em torno de uma finalidade comum e de um novo organismo é fundamental. No princípio, existe uma pluralidade de membros que, por sua vontade, tornam-se uma unidade, a pessoa jurídica, que futuramente passará a existir como ente autônomo. 1 Não é unânime na doutrina e nas várias legislações a denominação pessoa jurídica. Outras denominações devem ser lembradas, tais como: pessoas morais (direito francês), coletivas (direito português), místicas, civis, fictícias, abstratas, intelectuais, universalidade de pessoas e de bens, etc. Entretanto, o termo pessoa jurídica é o mais tradicional e o que consta do nosso código civil. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 76 Superada esta primeira fase de manifestação da vontade para a criação do novo ente, a pessoa jurídica já existe em estado latente. Para que exista de fato, será preciso observar o segundo requisito: ²observância das determinações legais. Para que a vontade de criar o ente tome forma e resulte na criação de uma pessoa jurídica, vindo esta a gozar de suas prerrogativas na vida civil, deve-se respeitar e cumprir o que a lei determinar a respeito de sua criação. É a lei que ditará qual o caminho a seguir para que aquela vontade se materialize num corpo coletivo. Por fim, a pessoa jurídica que resultou de uma vontade, foi criada de acordo com a lei, deve obedecer ao terceiro requisito: ³ter um fim lícito. Pois, não se pode admitir que uma pessoa jurídica, criada de acordo com a lei, venha a atentar contra esta, através de atos ilícitos. Sua finalidade e seus atos precisam estar em conformidade com a lei, em prol de toda a sociedade, de acordo com os bons costumes e com o direito, sua finalidade precisa ser lícita. - Capacidade e Representação da Pessoa Jurídica Quando estudamos a capacidade da pessoa natural, vimos que ela é decorrente da personalidade atribuída à pessoa. Com a pessoa Jurídica se passa da mesma maneira, porém, se para a pessoa natural esta capacidade será plena para a pessoa jurídica ela vai ser limitada à finalidade para a qual foi criada. Os poderes dados à pessoa jurídica estão estipulados nos ¹atos constitutivos, em seu ²ordenamento interno e, também, na ³lei, uma vez que seus estatutos não podem contrariar normas cogentes. Assim, depois de registrada a pessoa jurídica, o Direito reconhece-lhe a atividade no mundo jurídico, começando com este ato a sua capacidade para as atividades compatíveis com a sua natureza. Neste momento de reconhecimento no mundo jurídico, a pessoa jurídica recebe: denominação, domicílio e nacionalidade (todos decorrentes da personalidade). Sob o aspecto da representação, para o exercício do direito, a pessoa jurídica não pode agir senão através do homem. Há, portanto, uma vontade humana que opera na pessoa jurídica, condicionada a suas finalidades2. Na realidade, nem sempre a vontade do diretor ou administrador que se manifesta pela pessoa jurídica coincide com sua própria vontade. Ele é apenas um instrumento ou órgão da pessoa jurídica, entendendo-se assim, que há duas vontades que não se confundem. Por exemplo, o diretor ou presidente pode manifestar a 2 Não há de se confundir esta representação da pessoa jurídica, com aquela representação dos incapazes. Enquanto no caso dos incapazes a representação irá ocorrer porque existe a incapacidade de fato ou de exercício, no caso da pessoa jurídica a representação existe apenas para que esta possa agir e praticar atos da vida civil. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 76 vontade da pessoa jurídica em assembleia geral e esta vontade não coincidir com a sua. - Classificação da Pessoa Jurídica Convém darmos um aviso no começo deste item: Preste muita atenção na classificação das pessoas jurídicas! Apesar de não ser muito extensa, ela apresenta muitos detalhes e subdivisões, sendo amplamente cobrada em provas. Vamos a ela: I. quanto à nacionalidade estas podem ser ¹nacionais e ²estrangeiras. A nacionalidade da pessoa jurídica deve ser vista sob o prisma da sua constituição. A nacional é a que foi organizada conforme a lei brasileira e tem no país a sede de sua administração. A estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não poderá, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos previstos em lei, ser acionista de sociedadeanônima brasileira. Se autorizada a funcionar no Brasil: sujeitar-se-á às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos aqui praticados; deverá ter representante no Brasil; e poderá nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil. II. quanto à estrutura interna estas podem ser divididas em ¹corporação e ²fundação. A corporação (universitas personarum) é um conjunto de pessoas que, apenas coletivamente, goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única, por exemplo: as associações e as sociedades. A fundação (universitas bonorum) é o patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade. São as fundações (públicas e privadas). Observação: as associações e as sociedades também têm um patrimônio, que representa um meio para a consecução dos fins perseguidos pelos sócios, mas, nas fundações, o patrimônio é o elemento principal, junto com o objetivo a que se destina. III. A terceira classificação e talvez a mais importante para fins de prova é quanto à função e capacidade sendo divididas em duas espécies conforme expresso no CC, pessoas jurídicas de ¹direito público e pessoas jurídicas de ²direito privado. “CC Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.” Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 76 Por sua vez, as pessoas jurídicas de direito público podem ser subdivididas em: Direito público externo, regulamentadas pelo direito internacional e abrangendo: nações estrangeiras, Santa Sé, Uniões Aduaneiras, Organismos internacionais. Neste sentido, temos artigo 42 do CC: “art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público”. Direito público interno, que podem ser administração direta – que são: a União, os Estados, os Territórios3, o Distrito Federal e os Municípios; ou administração indireta – descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de interesse público como as Autarquias, Associações Públicas, Fundações Públicas, Agências executivas e reguladoras. Estão elencados no art. 41: “CC Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.” As pessoas jurídicas de direito privado – são instituídas por iniciativa de particulares e dividem–se em: fundações particulares, associações, sociedades simples e empresárias, organizações religiosas, partidos políticos e, ainda, incluídas pela lei 12.441 de 2011, as empresas individuais de responsabilidade limitada. “CC Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.” Preste atenção! Já foi cobrado em provas: 1. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. 3 A classificação dos territórios não é pacifica. Alguns civilistas os colocam como fazendo parte da administração direta, já para o direito administrativo estes são colocados como da administração indireta. De todo modo, destacamos que conforme a Constituição Federal, art.18, §2, os territórios federais integram a União, ou seja, territórios não são considerados entes da federação. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 76 2. Os sindicatos embora não mencionados expressamente no art. 44, possuem natureza de associação civil, estando, pois, dentro das pessoas jurídicas de direito privado. 3. Cuidado para não confundir um profissional autônomo com empresa individual. Empresa individual está normatizada no art. 980-A do CC, que diz: “A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País”. (Artigo incluído pela Lei nº 12.441, de 2011). Assim, qualquer pessoa – tanto física com jurídica, pode constituir uma empresa individual. Já o profissional autônomo é pessoa física que presta serviços de forma eventual sem relação de emprego. Enquadra-se também como profissional autônomo, o profissional liberal, que é aquela pessoa que exerce, por conta própria, atividade econômica, de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. 4. Outro detalhe importante é o que diz respeito às fundações, estas, embora genericamente estejam listadas entre as pessoas jurídicas de direito privado, se tiverem atuação que, de certa forma, se assemelhem às Autarquias, terão personalidade jurídica de direito público (em prova, estará escrito unicamente Fundações Públicas). IMPORTANTE! Informação ESAF (algumas pessoas jurídicas já cobradas em prova): São pessoas jurídicas de direito público interno, entre outras, as Autarquias, a União, os Estados e as fundações públicas, as associações públicas, as agências reguladoras ou executivas. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é uma autarquia, assim como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência é pessoa jurídica de direito público interno de administração indireta, é fundação pública. “Vocês podem explicar como fica a situação, por exemplo, de condomínios e de sociedades irregulares? Em que classificação estas entidades se enquadram?” Há determinadas entidades com muitas das características das pessoas jurídicas que vimos até agora, mas que, no entanto, não chegam a ganhar personalidade (são grupos despersonalizados), pois, faltam requisitos imprescindíveis à personificação, são os grupos com personificação anômala, alguns autores utilizam o termo personalidade judiciária. Temos como exemplos destas entidades: a família; a massa falida; o espólio; o condomínio; a herança jacente ou vacante. Em geral, estes grupos possuem capacidade processual e Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 76 também possuem legitimidade ativa e passiva para demandar e ser demandado em ações na justiça. Os grupos despersonalizados que mais aparecem em questões de concurso são: A massa falida - nome que é dado ao conjunto de bens após a sentença declaratória de falência. Será representado por um síndico, que será o substituto da empresa ou pessoa que faliu. A herança jacente ou vacante - herança jacente é o nome que se dá a herança quando uma pessoa morre sem deixar testamento e não se conhece nenhum herdeiro, e os bens da herança jacente são declarados vacantes quando não se apresentar nenhum herdeiro ou se aparecer algum, renunciar a herança. Este acervo de bens será representado por um curador. O espólio - é o conjunto de direitos e obrigações do de cujus4. Será representado em juízo, até que se nomeie um inventariante, por um administrador provisório. O condomínio– sobre o condomínio há controvérsias na doutrina. Quando se tratar de condomínio que é a propriedade comum ou conjunta sobre alguma coisa não possui personalidade jurídica. O problema está nos condomínios de edifícios. Portanto tenha atenção extra se aparecer em prova, analisando muito bem as alternativas antes de responder a questão. Como regra considere-os despersonalizados. Será representado pelo síndico. Também se destaca a família como uma entidade não personificada, pois apesar de seus laços de sangue, cada membro preserva sua individualidade e é responsável por suas obrigações. As sociedades sem personalidade jurídica - são aquelas que existem e funcionam, mas não possuem existência legal porque não fizeram seu registro no órgão competente ou falta autorização legal para seu funcionamento. Serão representadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens. As sociedades irregulares ou de fato são aquelas que não cumpriram alguns requisitos para sua regular formação, como por exemplo, uma empresa que deixa de registrar seu ato constitutivo na Junta Comercial. Estas empresas possuem legitimidade para cobrar em juízo seus créditos, não podendo o devedor alegar a irregularidade de sua constituição para se negar ao pagamento da dívida. Mas não podem ser sujeitos de direitos, e os bens particulares dos sócios respondem igualmente com os bens da empresa por dívidas contraídas em nome desta. 4 Expressão jurídica para denominar a pessoa que faleceu. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 76 - Começo e Fim da Existência Legal da Pessoa Jurídica A pessoa jurídica tem sua origem, em regra, com um ¹ato jurídico ou ²em decorrência de normas. Existe diferença, porém, entre a origem das pessoas jurídicas de direito público e das de direito privado. As pessoas jurídicas de direito público se não são criadas em razão de fatos históricos (criação do próprio Estado, por exemplo), o são por normas, sejam estas: constitucionais; legais; ou, até mesmo, por meio de tratados internacionais (no caso das pessoas jurídicas de direito público externo). Já as pessoas jurídicas de direito privado obedecem a um processo que pode se dar de três formas: o ¹sistema da livre associação (a emissão de vontade dos instituidores é suficiente para a criação do ente personificado); o ²sistema do reconhecimento (há necessidade de um decreto de reconhecimento); e o ³sistema das disposições normativas (neste sistema dá-se liberdade de criação humana, sem necessidade de ato estatal que a reconheça, mas exige-se que a criação dessa pessoa obedeça a condições predeterminadas). Em nosso direito, são duas as fases para a concretização da pessoa jurídica: o ¹ato constitutivo e a formalidade do ²registro. Na primeira fase, há a constituição da pessoa jurídica por um ato unilateral entre pessoas vivas ou por testamento (se a pessoa faleceu e deixou estipulado a sua criação como ato de última vontade). Nesta fase temos um elemento material que se exterioriza; nos atos de reunião dos sócios, as condições dos estatutos, etc. Há, também, um elemento formal que é a transcrição do que foi acertado por escrito. Este ato poderá ser público ou particular – salvo para as fundações, em que o instrumento público ou o testamento é essencial. Após a existência do ato escrito e da autorização passa-se à segunda fase: o registro. O ato de constituição das pessoas jurídicas de direito privado e o seu registro estão normatizados nos artigo 45 e 46 do CC: “Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registo todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 76 IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.” Informação de questão ESAF (2010/SMF-RJ - Fiscal de Rendas) “O registro da pessoa jurídica declarará o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente.” Enquanto para a pessoa natural o fim da existência ocorre com a morte, para a pessoa jurídica pode ocorrer por causas diversas. Basicamente, o fim da existência legal da pessoa jurídica, pode se dar de 4 formas: De forma convencional – ou seja, quando seus membros decidirem pelo seu fim, de acordo com o quórum previsto nos estatutos da empresa ou na lei. De forma legal – em razão de motivos determinados em lei, mais precisamente no art. 1.034 do CC: “art. 1.034 A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade”. De forma administrativa – quando a pessoa jurídica, para seu funcionamento, precisa de autorização do poder público e pratica atos nocivos ou contrários aos seus fins. De forma Judicial – quando ocorrer alguns dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto, principalmente quando a sociedade se desviar dos fins para os quais foi constituída. Após o encerramento das atividades pessoa jurídica, seu processo de extinção se realizará através da ¹dissolução e da ²liquidação. Este processo de extinção se mostra necessário para que se dê destinação aos bens da empresa, se pague todas as dívidas e para que se faça a partilha do que restar entre os sócios. A liquidação da pessoa jurídica, segundo o art. 51 do CC, ocorrerá nos casos de dissolução ou de cassação de autorização para funcionamento. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 76 “Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.” Desta forma, podemos perceber que o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no registro não acontece no momento em que ela é dissolvida. O cancelamento da sua inscrição acontece somente após encerrada a sua regular liquidação.Continuando na análise do Código Civil, há duas pessoas jurídicas, para as quais o nosso o código reservou dois capítulos específicos, dentro do Título Pessoas Jurídicas, são elas; as associações e as fundações. Então vamos ao seu estudo mais detalhado! - Associações: No código civil de 2002, as associações estão compreendidas entre os artigos 53 a 61. O artigo 53 nos dá uma primeira ideia sobre as associações: “Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.” As associações se prestam aos mais variados fins, desde que não econômicos, e preenchem, assim, as mais variadas finalidades na sociedade. Qualquer atividade lícita e de fins não econômicos pode ser buscada por uma associação. No artigo 54 do CC estão enumerados os requisitos obrigatórios que devem constar nos estatutos de toda e qualquer associação: “Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 76 VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.” Outras disposições podem ser acrescentadas, mas estas, que estão no texto da lei, são essenciais. Os estatutos são a lei orgânica da pessoa jurídica, a norma de obediência obrigatória para os fundadores da associação e, também, para todos aqueles que no futuro venham a ela se associar. A vontade dos novos membros se manifesta através da adesão à associação e consequentemente aos seus regulamentos. Algumas observações: nada impede que a associação tenha várias sedes, sendo uma principal e outras subsidiárias; a admissão de novos sócios deve atender aos interesses da associação, o estatuto pode determinar que sejam preenchidos certos requisitos para que alguém tenha a qualidade de sócio; a demissão não se confunde com a exclusão, porque esta tem caráter de penalidade e só pode ser aplicada se for dado direito a ampla defesa ao associado envolvido, já a demissão decorre da iniciativa do próprio interessado, por oportunidade ou conveniência sua; é importante que o estatuto estabeleça a providência de fundos, se este vai ser proveniente de contribuições dos próprios sócios ou de terceiros, ou se, então, a associação vai exercer alguma atividade que lhe forneça meios financeiros, entretanto sem que com isso descaracterize sua finalidade. O artigo 55 do CC diz: “Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais”. Este artigo pode dar margem para algumas confusões no sentido da dificuldade de se saber, no caso concreto, se é válida a atribuição de vantagens especiais a sócios, o que contraria a finalidade primeira do dispositivo que é a igualdade de direitos. O melhor é interpretar que toda associação deve garantir os direitos mínimos aos associados e que as vantagens são excepcionais a algumas categorias, que por sua natureza sejam diferenciadas. Seguindo! No art. 56 encontramos o seguinte: “Art.56 A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único: Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto”. Temos aqui a figura dos associados com ou, então, sem participação em quotas ou fração ideal do patrimônio da entidade. Também chamados de sócios patrimoniais e de sócios meramente Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 76 contributivos. Na verdade, o que este artigo quer proteger é o interesse da associação, pois cabe à própria entidade definir quem pode ingressar como associado. O simples fato de transferir uma quota ou a qualidade de associado para outra pessoa pode não ser o suficiente para esta pessoa passar a ser sócia, se o estatuto não permitir. A ideia fundamental é no sentido de permitir que a associação faça um juízo de oportunidade e conveniência para a admissão de novos associados. Uma vez admitido o associado, sua exclusão somente será possível por justa causa, obedecido ao estatuto, é o que diz o artigo 57 do CC: “art. 57 A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto”. Nenhuma decisão de exclusão de associado pode prescindir de procedimento que permita ao sócio produzir sua defesa e suas provas, ainda que o estatuto permita e ainda que decidida em assembleia geral, convocada para tal fim. Também neste sentido temos o artigo 58 do CC: “art. 58 Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto”. O estatuto ou a lei estabelecerão os limites ao exercício dos direitos sociais. A assembleia geral é órgão necessário da associação, exerce papel de “poder legislativo” na instituição5. O artigo 59 do CC elenca as matérias privativas da assembleia: “art 59 Compete privativamente à assembleia geral: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. Parágrafo único: Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para este fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.” No mesmo sentido o artigo 60 do CC determina: “A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantindo a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la”. De acordo com a norma legal do artigo 59 do CC – que é uma norma de ordem pública, ou seja, é preceito imperativo, que não admite disposição em contrário pela vontade privada, competirá somente à 5 O “Poder Executivo” da pessoa jurídica é exercido por um diretor ou uma diretoria, podendo ser criados outros órgãos auxiliares, dependendo do tamanho da entidade. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 76 assembleia geral a ¹destituição dos administradores e a ²alteração do estatuto. “Vocês falaram em dissolução da pessoa jurídica. O que acontecerá com o patrimônio de uma associação quando esta for dissolvida?” A resposta a sua pergunta está no art. 61, o seu estudo deve ser literal ao texto do CC: “Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicosdesignada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.” Para finalizarmos o assunto associação, observe este enunciado do STJ: Jornada III STJ 142: “Os partidos políticos os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se- lhes o CC”. - Fundações: Vimos que nas associações o que importa são as pessoas, a reunião de pessoas, a coletividade. Já nas fundações, há de início um patrimônio despersonalizado, destinado a um fim. As fundações têm sua razão de ser no patrimônio destinado a determinada finalidade. Assim está no artigo 62 do CC: “Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.” Trata-se, como se depreende do artigo, de um conjunto de bens, que recebe personalidade para a realização de um fim determinado. O patrimônio se personaliza quando obtém sua existência legal, deste Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 76 modo, uma fundação não é qualquer conjunto de bens. A dotação se fará por escritura pública ou testamento. As fundações poderão ter finalidade religiosa moral, cultural ou de assistência. Há questões de provas que ficam apenas na análise literal do § único do art. 62, no entanto é importante que você saiba que há também os seguintes enunciados: Jornada I STJ 8: “A constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC 62 par. ún.” Jornada I STJ 9: “O CC par. ún., deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações de fins lucrativos” Para que se aperfeiçoe a personalidade jurídica da fundação, ou seja, para que se possa dizer que esta existe como pessoa jurídica, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: instituição, por meio de escritura pública ou testamento, de dotação especial de bens livres de ônus, da qual conste a finalidade específica da fundação, que deve ser religiosa, moral, cultural ou de assistência; estatutos que a regerão; aprovação dos estatutos pelo órgão do Ministério Público e o registro da escritura de instituição. A criação da fundação se dá pelo denominado negócio jurídico fundacional e o registro a personifica, fazendo com que tenha capacidade, patrimônio, sede e administração6. No primeiro requisito (instituição) para a criação de uma fundação, existem dois momentos bem definidos: um é a ¹vontade de sua constituição, que neste caso se exterioriza no ato de fundação propriamente dito; e o outro é o ato de ²dotação de um patrimônio, que lhe dará vida. Neste ato de dotação, estão compreendidos: a reserva de bens livres7, a indicação dos fins e a maneira pela qual o acervo será administrado. Atenção: Sabendo os requisitos acima, em provas da ESAF você precisa saber também que há duas fases na constituição da fundação: O ¹Ato Constitutivo e o ²Registo. - Modalidades de formação da fundação: 1. Direta – neste modo, a própria pessoa instituidora projeta e regulamenta a fundação. 2. Fiduciária – neste modo, o instituidor entrega a tarefa de organizá-la a outra pessoa. 6 Diniz. Direito Fundacional. 7 Estes bens têm que ser livres, pois qualquer ônus sobre eles colocaria em risco a existência da entidade. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 76 Atenção: o instituidor da fundação pode ser tanto pessoa natural quanto pessoa jurídica. Vimos que a constituição da fundação é feita com dotação de bens, mas o que ocorre quando esta dotação não for suficiente? Esta situação esta expressa no art. 63 do CC: “art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante”. Então, se caso os bens forem insuficientes para a constituição da fundação, eles serão destinados a outra fundação que tenha a mesma ou semelhante finalidade da que não pôde ser criada, mas isso só acontecerá se o instituidor não tiver disposto de forma diferente no estatuto. Atarefa de elaborar o estatuto – que é a lei interna da fundação - cabe ao instituidor ou, então, o instituidor deverá designar quem elabore o estatuto. Depois de ultrapassada esta fase, o estatuto será apresentado ao Ministério Público8 – órgão fiscalizador das fundações, que examinará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são suficientes para atender as suas finalidades. Neste sentido temos o artigo 66 do CC: “art.66 Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. §1º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. (ADIn 2794) §2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público”. Importante: Em decorrência da ADIn 2794, o STF declarou inconstitucional o §1 do art. 66 do CC. Em vista da eficácia erga omnes da decisão do STF em ADIn, não está mais em vigor o CC art. 66, §1º. Compete, então, ao Ministério Público do Distrito Federal velar pelas fundações no DF. Em se tratando de fundações federais de direito público esta atribuição de velar cabe, sim, ao Ministério Público Federal, independentemente de funcionar ou não no DF ou nos eventuais Territórios. 8 Esta fiscalização será feita por meio da Promotoria de Justiça das Fundações, nas cidades em que houver este cargo na divisão administrativa da instituição. Nas cidades menores esta tarefa caberá ao Promotor Público. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 76 Nos estados, esta competência é do Ministério Público do Estado em que se situa a fundação. Nesta mesma perspectiva, de ação do Ministério Público, temos o parágrafo único, do artigo 65 do CC: “art. 65 Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art.62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em180 (cento e oitenta) dias, a incumbência caberá ao Ministério Público”. Como vimos, se o instituidor não fizer o estatuto e a pessoa por ele designada também não fizer, caberá ao Ministério Público esta tarefa. Qualquer alteração do estatuto também deve ser submetida à apreciação do Ministério Público. Sobre alterações no estatuto temos o artigo 67 do CC: “art. 67 Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I – seja deliberada por 2/3 (dois terços) dos componentes para gerir e representar a fundação; II – não contrarie ou desvirtue o fim desta; III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.” Caso a alteração não tenha sido aprovada por unanimidade, a minoria vencida poderá requerer a impugnação no prazo de 10 dias, isso conforme o artigo 68 do CC: “art. 68 Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em 10 (dez) dias”. Existem certas peculiaridades no que diz respeito às fundações: A primeira é quanto aos seus bens, estes não podem ser vendidos. Normalmente, tais bens são inalienáveis, porque é sua existência que assegura a vida das fundações, não podendo, desta forma, ser desviados de sua destinação original. Claro que dependendo da situação, comprovada a necessidade da venda, esta pode ser autorizada pelo juiz competente9, com a audiência do Ministério Público. O produto da venda deve ser aplicado na fundação ou em outros bens destinados a sua 9 Sem esta autorização a venda será nula. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 76 manutenção; na fundação, o elemento pessoa natural pode não ser múltiplo, uma vez que basta uma só pessoa para sua criação; o patrimônio é o elemento fundamental das fundações; os fins também são imutáveis, porque são fixados pelo instituidor; nas fundações os administradores não são sócios, podem ser denominados como membros contribuintes, fundadores, beneméritos, efetivos, etc. Outra peculiaridade está no artigo 64 do CC: “art. 64 Constituída a fundação por negócio Jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial”. Portanto, a promessa do instituidor, que se materializa na dotação de bens ou direitos, possui caráter irrevogável e irretratável. Se uma pessoa prometer e não cumprir, poderá o juiz através de mandado judicial executar a promessa. Sobre o tema extinção da fundação temos o artigo 69 do CC e o art. 1.204 do CPC: “CC art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.” “CPC art. 1.204. Qualquer interessado ou órgão do Ministério Público promoverá a extinção da fundação quando: I – se tornar ilícito o seu objeto; II – for impossível a sua manutenção; III – se vencer o prazo de sua existência”. Passemos agora a outro assunto muito importante, a chamada desconsideração da pessoa jurídica. - Desconsideração da Pessoa Jurídica Quando estudamos a natureza jurídica das pessoas jurídicas, as classificamos como realidade técnica. A pessoa jurídica decorre da técnica do direito, é criação jurídica para a realização de certos objetivos. Neste sentido temos que as pessoas jurídicas possuem existência distinta da de seus membros. Existem, porém, determinados casos onde esta distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa natural não pode ser Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 76 mantida. Casos estes em que a personalidade da pessoa jurídica foi utilizada para fugir a suas finalidades, para lesar terceiros. Quando isto acontece, a personalidade jurídica deve ser desconsiderada, decidindo o julgador como se o ato ou negócio houvesse sido praticado pela pessoa natural. Não se trata de considerar sistematicamente nula a pessoa jurídica, mas, em casos específicos e determinados, desconsiderá-la, apenas temporariamente. O assunto esta regulado pelo artigo 50 do CC: “Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo ¹desvio de finalidade, ou pela ²confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.” Portanto, a teoria da desconsideração (ou disregard of the legal entity), como assinala Venosa10, “...autoriza o juiz, quando há desvio de finalidade, a não considerar os efeitos da personificação, para que sejam atingidos bens particulares dos sócios ou até mesmo de outras pessoas jurídicas, mantidos incólumes, pelos fraudadores, justamente para propiciar ou facilitar a fraude”. O abuso da personalidade jurídica conforme expresso no CC ocorre em dois casos: Desvio de finalidade11. Confusão patrimonial12. Como assinala Galhardo Jr., “para que se desconsidere a pessoa jurídica, é necessário que o dano causado seja decorrente do uso fraudulento ou abusivo da autonomia patrimonial. Quando a fraude e o abuso de direito podem ser combatidos sem a necessidade de afastar-se a personalidade distinta da pessoa jurídica (como quando é aplicável o regramento dos vícios dos atos jurídicos), a teoria da desconsideração é inócua (...)”. -Proteção dos direitos da personalidade CC Art. 52. “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.” Observe que a aplicação da proteção aos direitos da personalidade não é feita indistintamente para todos os casos. Quanto a este assunto temos o seguinte enunciado do STJ: STJ 227: ” a pessoa jurídica pode sofrer dano moral” 10 Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed. 11 Desvio de finalidade - o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica. 12 Confusão Patrimonial - subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial do patrimônio da pessoa jurídica ou de seus sócios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 76 - Responsabilidade das Pessoas Jurídicas13 A responsabilização vai acontecer quando uma pessoa for prejudicada, quando houver um dano – seja ele patrimonial ou moral, sendo necessário também que exista um nexo de causalidade entre este dano e o ato de um agente – que foi o causador do dano. A existência de dano gera a responsabilidadee a obrigação de reparação deste dano. Assim, a responsabilidade das pessoas jurídicas pode se dar no âmbito civil e penal. No âmbito penal, por exemplo, a Lei nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998, que fala sobre os crimes ambientais, responsabiliza administrativa, civil e penalmente as pessoas jurídicas, aplicando penas restritivas de direitos, prestação de serviços à comunidade e multa. No âmbito civil a responsabilidade da pessoa jurídica pode ser: - contratual, que está no art. 389 do CC: “Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado”. - extracontratual também chamada de delitual ou aquiliana, que decorrem de atos ilícitos e impõe a todos o dever de não lesar os outros, e se mesmo assim o fizer a obrigação de reparar este dano. Toda pessoa jurídica de direito privado responde pelos danos causados a terceiros, qualquer que seja a natureza de seus fins. Para as pessoas jurídicas de direito público a responsabilidade é objetiva sob a modalidade do risco administrativo, conforme art. 43: “art. 43 As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”. Como vimos, na responsabilidade civil objetiva, as pessoas jurídicas de direito público interno têm obrigação de reparar tão só pela existência do fato danoso e do nexo causal (que é a chamada Teoria do Risco), não existe a necessidade de culpa. É assegurado, no entanto, a estas pessoas, o direito de ação contra os causadores do dano se estes agirem com culpa ou dolo. Porém se houver a culpa concorrente entre o agente e a vítima a indenização será reduzida pela metade. E se a culpa for exclusiva da vítima o Estado se exonerará da obrigação de indenizar. O mesmo acontecendo no caso de força maior e fato exclusivo de terceiro. 13 O assunto reponsabilidade civil será abordado com mais detalhes em outra aula. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 76 - Domicílio da Pessoa Jurídica É a sede jurídica da pessoa jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações. É o local de suas atividades habituais, de seu governo, administração ou direção, ou ainda, aquele determinado no ato constitutivo. Estabelece o artigo 75 do CC: “Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.” O § 1º do artigo 75, vem ajudar às pessoas que necessitam processar uma entidade com estabelecimentos em vários lugares, ao dizer que cada um deles será considerado domicílio para os atos neles praticados. Já, o § 2º do artigo 75 diz respeito às pessoas jurídicas estrangeiras que tenham estabelecimento no Brasil, que serão demandadas no foro de sua agência aqui localizada, de acordo com as obrigações contraídas por cada uma delas. ....................................................................................................... Terminada mais uma aula, caros amigos, como de costume, vamos à prática, com a resolução de mais questões. Mandem suas dúvidas para nossos e-mails. Como ainda não há um fórum de dúvidas, procuraremos, ao término das aulas teóricas, disponibilizar tais questionamentos em pdf para todos os alunos. Um abraço e bons estudos. Aline Santiago & Jacson Panichi Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 76 QUESTÕES ESAF E SEU RESPECTIVO COMENTÁRIO. 01. ESAF/2012/ACE/MDIC. Sobre as pessoas jurídicas, assinale a opção correta. a) São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, cabendo ao poder público conceder ou negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. b) São pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas, as fundações e os partidos políticos. c) São pessoas jurídicas de direito privado, entre outras, as sociedades civis, religiosas, científicas, literárias e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional. d) As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. e) Prescreve em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. a. Errada. Art. 44 § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. A respeito deste assunto temos o Enunciado 143 da III Jornada de Direito Civil - Art. 44: “A liberdade de funcionamento das organizações religiosas não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame, pelo Judiciário, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos.” b. Errada. Fundações (não públicas) e os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. (tema recorrente ESAF) c. Errada. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. d. Correta. e. Errada. A diferença entre prescrição e decadência será detalhada em aula futura. Resumidamente: Para o direito civil (falamos isto porque no direito tributário, por exemplo, o conceito é de certa forma diferente), prescrição é a perda do direito à pretensão à ação (de ingressar em juízo). Já decadência é a perda do direito material (que é o direito propriamente dito que tem a pessoa) Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 76 De certa forma, a prescrição atinge diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela tutelado, já a decadência, ao contrário, atinge diretamente o direito material e por via oblíqua acaba por atingir a ação. Art. 45 Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscriçãono registro. (outro tema recorrente nas provas da ESAF). Gabarito letra D. 02. ESAF/2012/CGU/PREVENÇÃO DA CORRUPÇÃO E OUVIDORIA. Considerando as disposições atinentes às pessoas jurídicas, assinale a opção incorreta. a) Obrigam à pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. b) Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. c) As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado, constituindo-se, as autarquias e as associações públicas, como de direito público interno. d) As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. e) Partidos políticos com representação no Congresso Nacional são pessoas jurídicas de direito público interno. a. Correta. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. b. Correta. Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. c. Correta. Arts 40 e 41. d. Correta. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 76 e. Errada. Importante: Como já falamos na questão anterior, fundações (não públicas) e os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado (tema recorrente ESAF). No caso das fundações lembre-se que elas podem admitir personalidade jurídica de direito público, são as fundações públicas. Gabarito E. 03. ESTRATÉGIA CONCURSOS/2012/SIMULADO ACE (MDIC). Assinale a opção incorreta. a) Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. b) Teodósio, na administração de sua empresa, Fios e Cabos SA, praticou ato caracterizado pelo desvio de finalidade. Neste caso, poderá ser despersonalizada a pessoa jurídica tendo em vista a situação de abuso de sua personalidade. c) Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. d) Entre outras, são pessoas jurídicas de direito público interno, as autarquias, as fundações públicas, os estados, os municípios, as associações públicas, as agências reguladoras e outras entidades de caráter público criadas por lei. e) Paulo, agente público de órgão federal, agindo nesta qualidade, causou dano a terceiro. A União, nesta situação, responderá objetivamente pelo dano, no entanto terá direito regressivo contra Paulo, causador do dano, em caso de culpa ou dolo. a) Correta. CC art. 48 § único. b) Incorreta. Cuidado com palavras parecidas que tem significados completamente diferentes. Desconsideração é a palavra que deveria ter sido empregada nesta afirmação. Até mesmo pessoas da área do direito, por vezes, empregam a palavra despersonalização de forma equivocada. Despersonalizar é retirar a personalidade jurídica, sendo que tal fato não ocorre quando da hipótese do Art. 50: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 76 da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Que fique bem claro que não se retira a personalidade da pessoa jurídica e nem ocorre a sua extinção, mas apenas a sua desconsideração. c) Correto. CC art. 45. d) Correto. Tenha bastante atenção à diferenciação entre pessoas de direito público e de direito privado, isto é bastante cobrado em provas. e) Correto. CC Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Gabarito letra B. 04. ESAF/2010/MTE/Auditor Fiscal do Trabalho - Prova 2. Assinale a opção incorreta. a) As pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado são regidas, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelo Código Civil, salvo disposição em contrário. b) A existência civil das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. c) Nos atos judiciais e extrajudiciais, as pessoas jurídicas serão representadas, ativa e passivamente, por quem os respectivos estatutos designarem, porém, não havendo designação estatutária, serão representadas pelos seus prepostos. d) As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. e) A constituição das pessoas jurídicas de direito privado pode ser anulada, por defeito do ato respectivo, dentro do prazo decadencial de 3 anos, contado a partir da data da publicação de sua inscrição no registro. Vamos à análise das alternativas: A alternativa “a” está correta de acordo com o art. 41, parágrafo único: “Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 76 público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código”. A alternativa “b” está correta de acordo com o art. 45. “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”. A alternativa “c” está errada tendo em vista o art. 12, VI do Código de Processo Civil. “Serão representados em juízo, ativa e passivamente: VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores”; A alternativa “d” está correta de acordo com o art. 43. “As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidadecausem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”. A alternativa “e” está correta de acordo com o art. 45. “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro”. Gabarito letra C. 05. ESAF/2009/Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Federal - Prova 1. Na criação de fundação há duas fases: a) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, podendo revestir-se da forma particular, e a do registro público. b) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, pois requer instrumento particular ou testamento, e a do assento no registro competente. c) a do ato constitutivo, que deve ser escrito, e a da aprovação do Poder Executivo Federal. d) a da elaboração do estatuto por ato inter vivos, (instrumento público ou particular), sem necessidade de conter a dotação especial, e a do registro. e) a do ato constitutivo, que só pode dar-se por meio de escritura pública ou testamento, e a do registro. Para responder a esta questão vamos utilizar o CC art. 62: “art. 62 Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 76 Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência”. De acordo com este artigo e conforme comentado em aula, a criação de uma fundação obedece duas fases: a ¹do ato constitutivo – que se dá por meio de escritura pública ou testamento, e a ²do registro. Gabarito letra E. 06. ESAF/2007/SEFAZ-CE/Analista Jurídico. Para que uma fundação particular adquira personalidade jurídica será preciso: a) elaboração de seu estatuto pelo instituidor ou por aquele a quem ele cometer a aplicação do patrimônio. b) aprovação do seu estatuto pelo Ministério Público. c) dotação e aprovação da autoridade competente com recurso ao juiz. d) dotação e registro do seu estatuto. e) dotação, elaboração e aprovação dos estatutos, e registro. Vamos ao código civil: Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Portanto, para que uma fundação particular adquira personalidade jurídica terão que ser vencidas quarto fases: dotação, elaboração e aprovação dos estatutos e registro. Veja que a mais completa é a alternativa “e”. Gabarito letra E. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 76 07. ESAF/2006/TCU/Analista de Controle externo. As associações públicas são a) pessoas jurídicas de direito público interno de administração indireta. b) empresas públicas. c) autarquias federais especiais. d) agências reguladoras. e) pessoas jurídicas de direito público interno de administração direta. Vamos ao Código Civil, art.41: Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. E lembre-se! Fazem parte da administração direta: a União, os Estados, os Territórios14, o Distrito Federal e os Municípios Gabarito letra A. 08. ESAF/2006/CGU/Analista de Finanças e Controle -Correição - Prova 3. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é considerada a) pessoa jurídica de direito privado. b) pessoa jurídica de direito público interno de administração indireta. c) associação. d) sociedade simples. e) pessoa jurídica de direito público interno de administração direta. A chave da questão está em saber o que exatamente é a CVM, esta é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Agora a resolução ficou simples não é mesmo? Gabarito, alternativa “b”. Você deve ter visto melhor este assunto no direito administrativo, mas para complementar a questão - fazem parte da administração indireta: 1. As autarquias, 2. As fundações públicas, 3. As sociedades de economia mista e 4. As empresas públicas. As duas últimas, sociedades de economia mista e empresas públicas, embora 14 A classificação dos territórios não é pacifica. Alguns civilistas os colocam como fazendo parte da administração direta, já para o direito administrativo estes são colocados como da administração indireta. De todo modo, destacamos que conforme a Constituição Federal, art.18, §2, os territórios federais integram a União, ou seja, territórios não são considerados entes da federação. Direito Civil para AFRF Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula – 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 76 fazendo parte da administração indireta, têm personalidade jurídica de direito privado. Gabarito letra B. 09. ESAF/2006/ IRB/Analista. São pessoas jurídicas de direito público interno, entre outras, a) União, Estados, Territórios, autarquias, fundações e partidos políticos. b) Fundações, associações, autarquias e Municípios. c) União, Estados, Distrito Federal e partidos políticos. d) Associações, fundações públicas e autarquias. e) Autarquias, União, Estados e fundações públicas. Este tipo de questionamento quanto a classificação das pessoas jurídicas é bastante comum, não só na ESAF como, também, em outras bancas. Lembre-se! Associações Públicas e Fundações Públicas é que são de direito público. Se na questão estiver escrito
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