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Aula229 - Direito Civil - Aula 07

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Direito Civil para AFRF 
Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi 
Aula - 07 
 
 
Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 78 
AULA 07: Obrigações: modalidades das 
obrigações, transmissão, adimplemento, extinção 
e inadimplemento 
 
Olá Futuro(a) Auditor(a) da Receita Federal! Como vão os estudos? 
 
Esperamos que você esteja conseguindo estudar de forma 
adequada. Lembre-se que o sacrifício é momentâneo e quando você 
visualizar seu nome no diário oficial terá a certeza de que todo esforço 
valeu a pena. 
Primeiramente gostaríamos de pedir desculpas novamente pelo 
atraso e pela alteração no calendário das aulas, mas infelizmente isto foi 
necessário. 
Como falamos no mural de recados o tópico da aula de hoje 
(direito das obrigações) é muito amplo, para vocês terem uma ideia, é 
visto em mais de um período na faculdade de direito. Procuramos 
empregar nesta aula o máximo de diligência, para que você no dia da 
prova possa garantir acertos. 
Tenha bastante atenção a esta aula. Não gostamos de fazer 
previsões (como o próprio nome diz é uma previsão e pode não se 
concretizar), mas acreditamos que, entre as sete questões que devem ser 
dedicadas ao direito civil, será certa a presença de pelo menos uma 
questão sobre os temas da aula de hoje (vislumbramos a possibilidade de 
duas questões). Esta aula em si não é difícil. Embora seja uma aula 
longa, as situações são do cotidiano das pessoas o que de certo modo 
facilita o entendimento. 
A seguir explanaremos, então, sobre o assunto e, novamente, nos 
colocamos a disposição para ajudá-lo(a) por meio dos nossos e-
mails ou do fórum de dúvidas. 
 
“Mas o que é uma obrigação para o mundo jurídico?” 
 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves1 a obrigação, no estudo do 
direito das obrigações, é empregada em seu sentido mais restrito, pois 
apenas os vínculos de conteúdo patrimonial estarão em sua 
abrangência, trata-se daquela relação direta entre as pessoas (que 
tem como objeto direitos de natureza pessoal), onde uma pessoa é 
credora (aquela que pode exigir a prestação) e a outra é devedora 
(aquela que tem a incumbência de cumprir a prestação). 
E, segundo Flavio Tartuce2: “A obrigação pode ser conceituada 
como a relação jurídica transitória existente entre um sujeito ativo 
(credor) e um sujeito passivo (devedor), tendo como objeto imediato a 
prestação.” 
 
1 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva 2012, 2ª ed., pág. 441. 
2 Em, Costa Machado, Código Civil Interpretado, Manole 2012, 5ª ed., pág. 236. 
 
Direito Civil para AFRF 
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Aula - 07 
 
 
Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 78 
Deste modo, direitos de natureza pessoal, também denominados 
direitos de crédito, são aqueles em que há um vínculo entre o chamado 
sujeito ativo (que pode exigir a prestação) e o sujeito passivo (de 
quem se pode exigir o cumprimento da prestação). 
 
 
 
- Modalidades das obrigações (arts. 233 a 285): 
 
 
As obrigações, levando em consideração a qualidade da 
prestação, ou seja, quanto ao objeto, serão classificadas em 
obrigações de dar, obrigações de fazer (estas duas são positivas) e 
obrigações de não fazer (esta é obrigação negativa). 
 
 
 
 
Das obrigações de dar (obligationes dandi). 
 
A prestação de dar consiste em ¹entregar ou, então, ²restituir 
algo ao credor. Mas o compromisso de entrega da coisa já constitui o 
que o nosso ordenamento jurídico chama obrigação de dar. Como 
exemplo tenha um contrato de compra e venda, o vendedor tem 
Elementos que constituem uma obrigação: 
 (elemento subjetivo) 
sujeitos 
ativo 
(para quem a 
prestação é devida) 
passivo 
(é quem deve cumprir 
a obrigação) 
(elemento objetivo) 
objeto 
é o elemento material 
(é a própria 
prestação) 
vínculo obrigacional 
As obrigações quanto ao objeto, classificam-se em 
obrigações de dar obrigações de fazer obrigações de não fazer 
Direito Civil para AFRF 
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Aula - 07 
 
 
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obrigação de dar a coisa e o comprador tem a obrigação de dar o preço 
acordado. 
No direito brasileiro o contrato, por si só, não transfere o domínio, 
visto que apenas gera a obrigação de entregar a coisa alienada, 
enquanto não ocorrer à tradição, a coisa continuará pertencendo ao 
devedor3. A tradição da coisa poderá se dar por entrega ou restituição. 
Mas o direito real, ou seja, a transferência do domínio, ocorrerá somente 
quando houver a tradição (bens móveis) ou quando houver o registro 
(bens imóveis). 
 
A obrigação de dar subdivide-se em: ¹dar coisa certa (arts. 233 
a 242) e ²dar coisa incerta (arts. 243 a 246). A coisa que se vai 
entregar pode ser certa (determinada) ou, então, incerta (que embora 
indeterminada, será ao menos determinável). 
 
Coisa certa (específica) é coisa que pode ser individualizada, ou 
seja, que possui características próprias que permitem a sua 
individualização. É prestação determinada. Exemplo muito comum é de 
um automóvel. Este possui características que são somente suas e de 
nenhum outro, tais como chassi, motor e placa. Outro exemplo, seria um 
determinado quadro de um artista famoso. 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela 
embora não mencionados, salvo se o contrário resultar ¹do título ou ²das 
circunstâncias do caso. 
 
Em regra a obrigação principal abrange os seus acessórios, mas 
poderá haver estipulação diferente em contrato ou, então, isto poderá 
ser determinado pelas circunstâncias do caso. Além disso, após 
assumir a obrigação (e até a entrega da coisa) o devedor (que ainda 
detém a coisa) deve ter o cuidado de conservá-la. Isto é o que 
observamos, por exemplo, com relação à compra e venda: “Art. 492. Até 
o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do 
vendedor, e os do preço por conta do comprador”. 
 
Se a coisa ¹se perder ou ²se deteriorar deve ser avaliado se 
houve ou não culpa do devedor. Havendo culpa do devedor este 
responde também pelas perdas e danos4. (conforme você verá logo à 
frente) 
 
 
 
 
 
3 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 473. 
4 CC Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos 
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (DANO 
EMERGENTE), o que razoavelmente deixou de lucrar (LUCRO CESSANTE). (as 
observações ao texto da lei são nossas) 
Direito Civil para AFRF 
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“Professores, mas quando isto ocorrerá sem culpa do devedor?” 
 
A ideia de ausência de culpa estará associada ao caso fortuito e a força 
maior. Estas situações são imprevisíveis, não cabendo responsabilização a 
pessoa se não lhe deu causa. Além disso, a questão da prova informará 
se houve ou não culpa. 
 
Continuando! 
 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, ¹sem culpa 
do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica 
resolvida a obrigação para ambas as partes; ²se a perda resultar de culpa do 
devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. 
 
Se a coisa se perder (se houver perecimento – perda total da coisa)antes da tradição: 
¹Sem culpa do devedor – resolvida a obrigação, sem perdas e danos. 
As partes voltam ao statu quo ante, voltam à situação original. Portanto, 
se o devedor já recebeu o preço pela coisa, este deve ser restituído à 
outra parte. 
²Com culpa do devedor – o devedor responde pelo equivalente (em 
dinheiro) e mais perdas e danos. 
 
 
Art. 235. Deteriorada a coisa, ¹não sendo o devedor culpado, poderá o 
credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor 
que perdeu. 
Art. 236. ²Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou 
aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em 
outro caso, indenização das perdas e danos. 
 
Se a coisa se deteriorar (veja que a coisa ainda existe, apenas perdeu 
em parte seu valor – é a perda parcial da coisa) 
¹Sem culpa do devedor – se dá por resolvida a obrigação ou pode o 
credor aceitar a coisa, mas com abatimento do preço. 
²Com culpa do devedor – o devedor reponde pelo equivalente ou pode 
o credor aceitar a coisa, mas nas duas situações caberá indenização das 
perdas e danos. 
 
 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus 
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o 
credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os 
pendentes. 
 
Enquanto a tradição, a transferência de domínio, não ocorrer o 
devedor é o dono da coisa, sendo assim, se forem feitos 
melhoramentos e acréscimos, este poderá exigir aumento do preço, 
Direito Civil para AFRF 
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podendo, inclusive, resolver a obrigação caso não haja anuência do 
credor. Pelo §único do art. 237 temos que os frutos percebidos (aqueles 
que já foram colhidos) são do devedor. Restando para o credor os 
frutos pendentes (aqueles que ainda não foram colhidos), justamente 
porque estes ainda integram a coisa e dela não estão separados. 
 
Com relação ao art. 237, já foi cobrado pela ESAF (TRT 7ª/2003) 
um termo que a doutrina costuma utilizar, trata-se da palavra “cômodos”. 
Cômodos “são vantagens produzidas pela coisa, isto é, seus 
melhoramentos e acrescidos, pertencentes ao devedor, que poderá 
exigir por eles aumento no preço ou a resolução da obrigação, se o credor 
não concordar em pagar o quantum apurado.” 
 
A obrigação de restituir (é um tipo de obrigação de dar) ocorre 
quando existe uma coisa alheia que está em poder do devedor, sendo que 
esta coisa deverá ser restituída ao seu verdadeiro dono em momento 
oportuno. Isto é o que ocorre, por exemplo, no contrato de comodato. Se 
você possui TV por assinatura, esta diante desta obrigação perante a 
prestadora de serviço. Ao final do contrato terá que devolver o aparelho 
receptor (a coisa está em seu poder por estipulação contratual, 
comodato, no entanto não é de sua propriedade). Nestes casos, se não 
houver culpa o prejudicado será o credor. Vamos às situações 
possíveis: 
 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, ¹sem culpa do 
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação 
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
Art. 239. Se a coisa se perder ²por culpa do devedor, responderá este pelo 
equivalente, mais perdas e danos. 
 
Se a coisa se perder (se houver perecimento – perda total da coisa) 
antes da tradição: 
¹Sem culpa do devedor – o credor sofre a perda e a obrigação se 
resolve. A ressalva diz respeito a se já tiver começado a correr o período 
de mora do devedor, 
²Com culpa do devedor – o devedor responde pelo equivalente mais 
perdas e danos. 
 
 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar ¹sem culpa do devedor, recebê-
la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se ²por culpa do 
devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. 
 
Se a coisa se deteriorar (novamente destacamos, a coisa ainda existe, 
apenas perdeu em parte seu valor – é perda parcial da coisa) 
¹Sem culpa do devedor – o credor recebe a coisa tal qual se ache. 
²Com culpa do devedor – o devedor responde pelo equivalente mais 
perdas e danos. 
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Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à 
coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado 
de indenização. 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor 
trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código 
atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, 
o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
 
Uma observação importante: não se pode entregar coisa diversa, 
mesmo que seja mais valiosa (art. 313). Se a obrigação é de coisa certa, 
a troca da coisa, se consentida pelas partes, implica a chamada novação 
objetiva (modifica-se a obrigação). Lembre-se que a convenção é lei entre 
as partes. 
 
Na obrigação de dar coisa incerta (genérica), diferentemente do 
que ocorre na prestação anterior, o objeto não é individualizado, mas sim 
genérico. Determina-se apenas o gênero e a quantidade (por sinal, 
estes são requisitos mínimos necessários, porque a coisa, embora seja 
indeterminada, deverá ser ao menos determinável, não se trata de 
uma indeterminação absoluta) a determinação da qualidade será decidida 
quando da entrega da coisa. 
Exemplos: 10kg (quantidade) de arroz (gênero), 30 (quantidade) 
canetas (gênero), 55 litros de água. (veja que sempre sem especificar a 
sua qualidade, falta a sua individualização) 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela 
quantidade. 
 
Quando da escolha da coisa ocorrerá a sua individualização e o que 
até então era apenas determinável passará a ser determinado. Esta 
escolha em regra caberá ao devedor, mas poderá ser do credor se o 
contrato assim estipular. 
No entanto, quando da escolha (ato que também pode se 
denominar concentração), o devedor não poderá dar coisa pior nem ser 
obrigado a dar coisa melhor (art.244). Outro ponto importante é que a 
alegação da perda ou da deterioração da coisa somente poderá ocorrer 
depois da escolha, estando assim já individualizada. 
 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha 
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; 
mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção 
antecedente. 
 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou 
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 
 
 
Direito Civil para AFRF 
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Uma informação importante é a que diz respeito à obrigação pecuniária. 
Obrigação pecuniária é uma espécie de obrigação de dar, mas o 
cumprimento da obrigação ocorre com o pagamento em dinheiro. 
 
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda 
corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes. 
... 
 
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda 
estrangeira,bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da 
moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. 
 
 
 
Das Obrigações de Fazer (obligationes faciendi). 
 
A obrigação de fazer está relacionada a atos positivos ou 
prestação de serviços, consiste na confecção de algo (é claro que 
esta coisa, em determinados casos, deverá posteriormente ser entregue, 
mas isto não tira a qualificação de obrigação de fazer). A doutrina tem 
colocado três tipos de obrigação de fazer: a ¹personalíssima (ou 
infungível); a ²impessoal (ou fungível); e ³a que consiste em emitir 
declaração de vontade. 
 
¹A personalíssima (intuitu personae, infungível) é aquela que, ¹por 
convenção contratual ou ²por qualificações da pessoa, só pode ser 
realizada pessoalmente pelo devedor; 
²a impessoal (fungível) é aquela em que não há exigências, podendo o 
serviço ser realizado por terceiro; e 
³a consistente em emitir declaração de vontade, que deriva de um 
contrato preliminar. 
 
Se a prestação for personalíssima (infungível), o inadimplemento (o 
seu descumprimento) pode acarretar indenização por perdas e danos 
(art.247): Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o 
devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. 
 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível ¹sem culpa do 
devedor, resolver-se-á a obrigação; se ²por culpa dele, responderá por perdas e 
danos. 
No artigo 248, “Se a prestação do fato tornar-se impossível”, 
novamente devemos analisar se houve ou não culpa do devedor, isto 
quando a prestação se tornar impossível: 
¹Sem culpa do devedor – resolve-se a obrigação, sem perdas e danos. 
²Por culpa do devedor – o devedor responde por perdas e danos. 
 
Direito Civil para AFRF 
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O art. 249 traz a possibilidade de a prestação ser executada por 
terceiro, se assim for possível (obrigação impessoal, fungível), e à custa 
do devedor, quando houver recusa ou mora (atraso) por parte deste. 
Além disso, poderá ser devida indenização. 
 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor 
mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem 
prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de 
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois 
ressarcido. 
 
 
Das Obrigações de Não Fazer. 
 
 Agora estamos diante de uma obrigação negativa, o não fazer, é 
o ato de se abster. Nesta situação é preciso que você tenha o 
entendimento de que a pessoa poderia livremente praticar o ato, mas não 
o pratica porque está obrigada a não praticá-lo. Se praticar o ato 
caracteriza-se o inadimplemento. 
 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do 
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não 
praticar. 
 
 
O artigo seguinte, traz a situação do inadimplemento: 
 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o 
credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua 
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar 
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do 
ressarcimento devido. 
 
Modalidades de obrigações quanto aos seus elementos: 
 
Você acabou de ver os tipos de prestação (dar, fazer, não fazer). 
Observando o número de prestações teremos o seguinte: quando a 
prestação for única teremos uma obrigação simples, como, por 
exemplo, quando uma pessoa se obriga a entregar a outra um cavalo; em 
contrapartida, se houver mais de uma prestação, estaremos diante de 
uma obrigação denominada complexa ou composta. 
 
Nas duas situações acima estamos analisando as obrigações quanto aos 
seus elementos. De acordo com esta classificação as obrigações 
poderão, então, ser: ¹simples ou ²compostas (sendo estas subdivididas 
em cumulativas, alternativas e solidárias). 
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Você pode perceber que obrigações compostas envolvem uma 
pluralidade, esta pluralidade poderá ser tanto de objetos quanto de 
sujeitos. 
Pluralidade de objetos: ¹obrigações cumulativas e ²obrigações 
alternativas. 
Pluralidade de sujeitos: ¹sem solidariedade e ²obrigações solidárias. 
 
Quanto à pluralidade de objetos: 
-Obrigações cumulativas. 
 
Há, nas obrigações cumulativas, pluralidade de objetos. Por exemplo, 
entregar um carro e um apartamento. Neste tipo de obrigação o 
cumprimento deve ser num todo, ou seja, os dois objetos devem ser 
entregues. Se isto não ocorrer o inadimplemento (o descumprimento da 
obrigação) será total. Motivo desta afirmação da ESAF: 
“A obrigação cumulativa é a obrigação consistente em um vínculo 
jurídico pelo qual o devedor se compromete a realizar diversas 
prestações, de tal modo que não se considerará cumprida a 
obrigação até a execução de todas as prestações prometidas, sem 
exclusão de uma só.” 
 
-Obrigações alternativas (arts. 252 a 256). 
 
Como o próprio nome já diz, nestas obrigações há opção de escolha, 
que em regra caberá ao devedor. Entrega-se uma coisa ou outra, ou 
seja, pode-se entregar uma das coisas entre as opções acordadas (art. 
252). No entanto deve ficar claro que não pode o devedor entregar 
apenas parte de uma e parte de outra (art. 252 §1º). 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra 
coisa não se estipulou. 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e 
parte em outra. 
 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção 
poderá ser exercida em cada período. 
Importante (já foi cobrado pela ESAF): o que está expresso neste 
parágrafo é o que se denomina jus variandi, trata-se da faculdade de 
escolha de prestação sucessiva em obrigações alternativas. 
 
Se as prestações forem periódicas a escolha, pela prestação “A” ou pela 
prestação “B”, poderá ser feita a cada período (jus variandi). 
obrigação 
alternativa 
EM REGRA o 
DEVEDOR pode 
escolher entre 
cumprir prestação "A" 
cumprir prestação "B" 
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§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime 
entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder 
exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. 
 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se 
tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das 
prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar 
o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o 
caso determinar. 
 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se 
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação 
subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, 
ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor 
de qualquerdas duas, além da indenização por perdas e danos. 
 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do 
devedor, extinguir-se-á a obrigação. 
 
IMPORTANTE: 
Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis 
Já foi afirmação ESAF: “A classificação da obrigação em divisível e 
indivisível tem por base a pluralidade de sujeitos.” 
 
O entendimento dos conceitos de obrigações divisíveis e de obrigações 
indivisíveis é muito importante, porque o fato de ser a obrigação divisível 
ou indivisível trará repercussões no mundo dos negócios jurídicos. Tal 
assunto esta relacionado à pluralidade de sujeitos. Assim fala o art. 
257: 
 
Art. 257. Havendo ¹mais de um devedor ou ²mais de um credor em 
obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e 
distintas, quantos os credores ou devedores. 
 
A obrigação “A” presume-se dividida. 
 
Se a obrigação é divisível presume-se 
dividida em tantas obrigações quanto 
forem necessárias para cada credor 
ou devedor existente. 
(na representação ao lado é como se 
existissem três obrigações, uma para 
cada credor ou devedor – é uma 
presunção) 
 
 
obrigação 
"A2" 
Origação 
"A3" 
obrigação 
"A1" 
Direito Civil para AFRF 
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Na obrigação divisível a resolução de problemas é mais “simples”, porque 
cada um dos coobrigados tem a sua quota parte de responsabilidade. A 
obrigação é rateada entre as partes. 
 
Já foi objeto de cobrança em prova da ESAF o princípio concursu partes 
fiunt, ou seja, as partes se dividem pelos sujeitos. Trata-se da 
presunção legal de que se houver pluralidade de sujeitos, sendo mais de 
um credor ou mais de um devedor, o objeto da prestação poderá ser 
dividido ou fracionado em parcelas iguais e distintas de devedores e 
credores. 
 
Haverá, no entanto, duas exceções com relação à prestação demonstrada 
acima: ¹a indivisibilidade (que será vista a seguir, no art. 258) e ²a 
solidariedade (que é detalhada nos arts. 264 a 285) 
 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma 
coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, ¹por sua natureza, ²por motivo 
de ordem econômica, ou ³dada a razão determinante do negócio jurídico. 
 
 
 
 
A Obrigação é indivisível, pois a ¹coisa 
ou o ²fato não são susceptíveis de 
divisão. 
Exemplos de obrigações indivisíveis: a 
entrega de um carro, a entrega de um 
animal. 
 
 
 
 
IMPORTANTE: Se a obrigação, por algum motivo, for convertida em 
uma obrigação pecuniária, não se deve falar mais em obrigação 
indivisível, pois a prestação em dinheiro tem como característica a 
possibilidade de divisão. 
 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, 
cada um será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do 
credor em relação aos outros coobrigados. 
 
Na obrigação indivisível, como já falado, cada devedor é obrigado pela 
dívida toda. E ainda temos a situação do § único, exemplificada a 
seguir: Se João, Paulo e Vitor são devedores coobrigados da obrigação 
“X”, cada um responde pela dívida toda. Se João, por exemplo, pagar 
a dívida sub-roga-se no direito do credor com relação aos outros. 
 
sempre considerada 
obrigação única 
(indivisível), 
independentemente 
do número de 
credores ou 
devedores 
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Da pluralidade de credores (nos artigos seguintes não há solidariedade 
ativa, a solidariedade será explicada mais à frente). 
 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a 
dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada 
um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe 
caiba no total. 
 
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta 
para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do 
credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, 
compensação ou confusão. 
No caso de negociações (como no caso de remissão – perdão da dívida) 
por parte de um dos credores, por exemplo do credor “A”, os demais 
poderão exigir a prestação, mas deverá ser descontada a parte que 
cabia ao credor “A”. Aqui há uma particularidade, conforme exemplo 
dado por Clóvis Beviláqua5, se a obrigação fosse um Cavalo que custa R$ 
30.000 sendo que “A” remitiu a dívida. “B” e “C” somente podem exigir a 
entrega do cavalo se pagarem os R$ 10.000 ao devedor. 
 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em 
perdas e danos. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os 
devedores, responderão todos por partes iguais. 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse 
pelas perdas e danos. 
 
5
 Em Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 510. 
 
Pagando a todos credores 
conjuntamente 
( neste exemplo "A", "B", "C") 
há desobrigação 
há desobrigação 
há desobrigação 
Pagando somente a um deles (neste 
exemplo, ao credor "A") 
credor "A" recebe o pagamento e dá 
caução de ratificação dos credores 
"B" e "C" 
Ao credor "B" assiste o direito de 
exigir em dinheiro a parte que lhe 
caiba 
Ao credor "C" assiste o direito de 
exigir em dinheiro a parte que lhe 
caiba 
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Das Obrigações Solidárias (arts. 264 a 285). 
 
A solidariedade ocorre quando há ¹mais de um sujeito ativo ou ²mais de 
um sujeito passivo ou, então, ³pluralidade de ambos. Na solidariedade 
não se trata de uma simples pluralidade de sujeitos, porque o direito (dos 
credores) ou a obrigação (dos devedores) nestes casos é pelo total da 
dívida. Na realidade é como se existisse um único credor ou um 
único devedor, no primeiro caso, qualquer um poderá exigir a dívida, já 
no segundo caso, de qualquer um poderá ser exigida a dívida. 
 
 
 
 
 
A solidariedade se aproxima muito da 
obrigação indivisível, mas com esta 
não se confunde. 
 
 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de 
um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à 
dívida toda. 
 
Na solidariedade não há fracionamento. São duas as situações possíveis: 
 
Concorrência de credores (solidariedade ativa) - cada um tem o direito 
de exigir a dívida toda. 
Concorrência dos devedores (solidariedade passiva) - cada um tem a 
obrigação de cumprir a dívida toda. 
 
IMPORTANTISSÍMO: Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta 
da lei ou da vontade das partes. 
 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores 
ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o 
outro. 
 
Da Solidariedade Ativa (concorrência de credores) 
 
Solidariedade ativa é aquela em que há credores solidários. 
 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor ocumprimento da prestação por inteiro. 
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor 
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. 
 
Na solidariedade 
ativa é como se 
existisse um único 
credor, já na 
solidariedade passiva 
é como se existisse 
um único devedor. 
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O devedor pode escolher a quem dos credores solidários pagar, desde que 
ainda não tenha sido cobrado por nenhum deles. (enquanto não for 
cobrado por algum dos credores, pode pagar a qualquer um) 
 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida 
até o montante do que foi pago. 
 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada 
um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que 
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. 
Neste caso, em regra, a solidariedade não passa aos herdeiros, cada um 
poderá exigir apenas a sua parte. A exceção é no caso de obrigações 
indivisíveis, onde a solidariedade permanece. 
 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos 
os efeitos, a solidariedade. 
 
Diferentemente do que ocorreu na obrigação indivisível que perdeu a sua 
qualidade quando resolvida em perdas e danos, a solidariedade se 
mantém mesmo quando a prestação é convertida em perdas e 
danos. 
 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento 
responderá aos outros pela parte que lhes caiba. 
Veja que na relação interna (entre os credores solidários) a dívida pode 
ser fracionada. Se um credor perdoar a dívida ou receber o pagamento, 
terá este que dar aos outros credores a parte que lhes caiba. 
 
 
 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as 
exceções pessoais oponíveis aos outros. 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não 
atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que 
se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. 
Veja que estamos falando de solidariedade ativa (credores solidários). 
 
Na solidariedade ativa (concorrência de credores) 
Se o credor "A" perdoa a dívida ou recebe o pagamento, responderá aos outros 
credores pela parte que lhes caiba (neste modelo aos credores "B" e "C") 
O credor "B" deverá receber de "A" a parte que lhe caiba 
O credor "C" deverá receber de "A" a parte que lhe caiba 
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Uma observação importante: o que acontece com a obrigação solidaria se 
um dos credores vier a se tornar incapaz? Com relação à solidariedade 
este fato não trará repercussão alguma. Permanece a solidariedade. 
 
 
Da Solidariedade Passiva (concorrência de devedores) 
 
De qualquer dos devedores poderá o credor exigir a prestação: 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos 
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido 
parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo 
resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de 
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. 
 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, 
nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu 
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos 
serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais 
devedores. 
 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele 
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência 
da quantia paga ou relevada. 
Exemplo: Se haviam três devedores solidários, se a dívida era de R$30 e 
se foi perdoado o pagamento de R$10 a um dos devedores (remissão da 
dívida). Permanece a dívida de R$20 e a solidariedade dos demais, estes 
somente serão beneficiados em relação à cota já paga ou perdoada. 
 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre 
um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos 
outros sem consentimento destes. 
 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores 
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas 
pelas perdas e danos só responde o culpado. 
 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que 
a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos 
outros pela obrigação acrescida. 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe 
forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções 
pessoais a outro codevedor. 
 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de 
alguns ou de todos os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, 
subsistirá a dos demais. 
O credor neste caso não está remitindo (perdoando) a dívida, 
apenas está renunciado à solidariedade, mas não poderá reclamar aa 
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obrigação como anteriormente. O que ocorre é o seguinte: imagine uma 
dívida de R$ 30.000 com três devedores solidários “A”, ”B” e ”C”. Se o 
credor renunciar a solidariedade em favor de “A”, poderá somente 
reclamar de "A" o valor de R$ 10.000,00, sendo que "B" e "C" 
continuarão respondendo solidariamente por R$ 20.000,00. 
 
 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de 
cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do 
insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os 
codevedores. 
 
Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os 
exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia 
ao insolvente. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, 
responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 
 
Já foi afirmação ESAF: “Tanto na solidariedade como na 
indivisibilidade, ante a pluralidade subjetiva, cada credor pode exigir a 
dívida inteira e cada devedor está obrigado pelo débito todo. O credor que 
receber responderá pela parte dos demais e o devedor que pagar terá 
direito de regresso contra os outros.” 
 
 
-Obrigações quanto ao tempo do adimplemento (do cumprimento): 
de execução ¹instantânea, ²diferida e ³continuada. 
 
Obrigação de execução instantânea (ou momentânea) é aquela que 
em um só ato já está consumada, se constitui a obrigação e no 
momento seguinte esta já é cumprida. Exemplo: A compra à vista 
com a entrega da coisa no instante seguinte. 
 
Obrigação de execução diferida é aquela que ocorre, também, em um 
só ato, mas a obrigação não é cumprida no momento seguinte, mas sim 
em momento futuro. Exemplo: A compra à vista em que a entrega é 
feita em momento futuro. 
 
Obrigação de duração continuada (periódica ou de trato 
sucessivo) é aquela que não se cumpre em um só ato e que ocorre por 
meio de atos reiterados. Exemplo: A compra e venda a prazo (haverá 
prestações periódicas). Exemplo ESAF (2007/PGFN): O fornecimento 
de 50.000 toneladas de petróleo em cinco carregamentos iguais, 
previamente ajustado, é uma obrigação continuada, quanto aotempo de 
adimplemento. 
 
 
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Vamos entrar agora em outro ponto do edital: a transmissão das 
obrigações. 
 
- Transmissão das obrigações (arts. 286 a 303). 
 
A transmissão, seja ela de direitos ou de obrigações, pode verificar-
se tanto por causa de morte, como por atos entre vivos. A transmissão 
que se dá com a morte é disciplinada e mais bem estudada no direito das 
sucessões. A transmissão que julgamos ser mais importante para 
analisarmos, tendo em vista o edital, é aquela realizada pela vontade 
das partes. 
Veja que a obrigação faz parte do patrimônio do credor, por 
consequência, este credor, se quiser, poderá transmiti-la. A mudança da 
figura do credor é o que se chama cessão de crédito. 
 
“Mas o que vem a ser cessão?” 
 
De acordo com Maria Helena Diniz6: “O ato determinante de 
transmissibilidade das obrigações designa-se cessão, que vem a ser 
a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito, de 
um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos, deveres e bens, 
com conteúdo predominantemente obrigatório, de modo que o adquirente 
(cessionário) exerça posição jurídica idêntica à do antecessor (cedente)”. 
 
Cessão é, então, transferência negocial. Neste tipo de negócio teremos a 
presença de três envolvidos: ¹o cedente; o cessionário; e aquele que é 
cedido. 
 
Como espécies de cessão temos: a ¹cessão de crédito; a ²cessão de 
débito; e a ³cessão de contrato. 
 
Vamos analisar cada uma delas: 
 
A cessão de crédito (arts. 286 a 298) enfoca a substituição, por 
ato entre vivos, da figura do credor e isto independentemente do 
consenso do devedor. O crédito, como parte integrante de um 
patrimônio, possui um valor econômico e, sendo assim, é algo que pode 
ser transmitido, tanto de forma onerosa como gratuita. 
Na cessão de crédito temos como figuras do negócio (ou partes 
envolvidas): o cedente (aquele que vende o direito), o cessionário (que 
adquire o direito) e o cedido (que é o devedor original, que deve cumprir 
com a obrigação de pagar a dívida, agora para outra pessoa). O cedido 
não participa ativamente do negócio, mas, como você verá logo a frente, 
ele precisa ser notificado. 
 
6
 Maria Helena Diniz, Manual de direito Civil, Saraiva 2011. 
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Na cessão de crédito, este é transferido tal como foi contratado, o 
que se modifica é a pessoa que irá cobrar a obrigação. De um modo 
geral a cessão de crédito é permitida, mas atente para o art. 286: 
 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser ¹a 
natureza da obrigação, ²a lei, ou ³a convenção com o devedor; a cláusula 
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não 
constar do instrumento da obrigação. 
 
O próprio contrato pode proibir a cessão de crédito (cláusula 
proibitiva da cessão), mas para que isso se torne eficaz perante 
terceiros de boa-fé, a cláusula deve constar no instrumento de 
obrigação, ou seja, no próprio contrato. Em todos os casos, deve-se 
verificar se o terceiro, que está comprando o crédito, teve 
conhecimento da cláusula impeditiva. Se não teve conhecimento, a 
cessão de crédito poderá ser válida, mesmo perante a cláusula 
impeditiva. 
Também, é importante destacar que deve estar presente a 
possibilidade jurídica para a transmissão do crédito, pois as obrigações 
personalíssimas, por sua natureza, não admitem cessão. 
 
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-
se todos os seus acessórios. 
 
Veja então que, em regra, a cessão de um crédito abrange todos os 
seus acessórios, mas esta regra comporta exceção. Basta que exista 
disposição a esse respeito. 
 
A cessão de crédito pode ser ainda: 
 
 ¹Gratuita ou ²onerosa, conforme ela se realize com ou sem 
pagamento por parte do cessionário. 
 
 ¹Total ou ²parcial, pois o cedente pode transferir todo o 
crédito ou, então, somente uma parte, resguardando para si o 
resto. 
 
 ¹Convencional, ²legal ou ³judicial. Convencional é quando 
decorre da vontade livre e espontânea entre o cedente e o 
cessionário. Legal é decorrente de lei, pois existem casos em 
que a própria lei prevê esta cessão. Judicial é a que decorre 
de sentença judicial, como por exemplo, nos casos de 
sucessão onde haverá a partilha dos bens. Como os créditos 
também são bens, estes vão ser transferidos para os 
herdeiros. 
 
 Pode ser ¹pro soluto, quando, com a transferência, o 
cedente deixa de ter responsabilidade pelo pagamento do 
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crédito, pela solvência do devedor, mas continua responsável 
pela sua existência; ou ²pro solvendo, quando o cedente 
continua responsável pelo pagamento, caso o cedido ou 
devedor não o faça. 
 
Já foi afirmação de prova, mas de outra banca: “Na cessão pro soluto do 
crédito, o cedente não responde pela solvência do devedor, mas apenas 
pela existência do crédito”. 
 
Embora a cessão de crédito seja um negócio jurídico não solene 
(ou consensual), pois não depende de forma determinada, convém 
que a cessão seja feita por escrito, pois assim terá validade contra 
terceiros7, conforme vemos no art. 288. “É ineficaz, em relação a 
terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se 
mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das 
solenidades do § 1o do art. 654”. (Art. 654, § 1º: “O instrumento 
particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a 
qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga 
com a designação e a extensão dos poderes conferidos”) 
 
O art. 289 nos diz o seguinte: “O cessionário de crédito 
hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do 
imóvel”. Trata-se de garantia para o cessionário, pois com esta atitude 
– de averbação na escritura do imóvel no registro de imóveis, o ato de 
cessão gera efeitos contra todos (erga omnes). 
 
No art. 290 temos a informação quanto à necessidade de 
notificação do devedor: “A cessão do crédito não tem eficácia em 
relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado 
se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou 
ciente da cessão feita”. Assim, a cessão de crédito não está 
condicionada a aceitação do devedor, mas ele deve ser notificado 
de quem é o credor da obrigação, para poder efetuar o pagamento. Esta 
notificação ao devedor pode ser feita tanto pelo cedente (aquele que está 
cedendo) como pelo cessionário (aquele que está adquirindo o direito). 
Como dito anteriormente, a cessão prescinde (não precisa) de 
autorização do devedor, que dela, apenas, deve ter ciência. O devedor 
não faz parte diretamente do negócio jurídico que é a cessão de crédito. 
Se a cessão foi desmembrada, e existirem vários credores, o 
devedor deve ser informado de tal situação e esta não deve lhe gerar 
maiores gastos, ou seja, sua situação não poderá ser agravada sem 
sua concordância. 
 
Veja o art. 291: “Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, 
prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido”, 
 
7Esses “terceiros” citados no texto da lei devem ter interesse no patrimônio das partes. Não podendo ser 
qualquer pessoa. 
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esta situação irá ocorrer, quando o crédito for vendido várias vezes, para 
diferentes pessoas. Nestes casos não está obrigado o devedor a procurar 
o último cessionário para fazer o pagamento. De acordo com o artigo, ele 
pagará ao cessionário que lhe apresentar o título do crédito cedido. Se 
isso vier a causar algum dano para os demais cessionários, será resolvido 
entre eles. 
 
O art. 294 fala das exceções (das defesas que dispõe o devedor), e 
diz assim: 
 
Art. 294 O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe 
competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento 
da cessão, tinha contra o cedente. 
 
Desse modo, se o devedor podia em sua defesa, por exemplo, 
alegar erro ou, então, dolo contra o cedente, também poderá fazê-lo 
contra o cessionário. Isso se dá, porque o crédito se transfere com as 
mesmas características que possuía originariamente. 
 
A responsabilidade do cedido é cumprir com a obrigação. Já a 
reponsabilidade do cedente, nas cessões a título oneroso, ainda que 
não se responsabilize pelo cumprimento da obrigação, está na existência 
do crédito ao tempo da cessão. Isto também é valido nas cessões a 
título gratuito, se o cedente agiu de má-fé. É o que diz o art. 295: 
 
Art. 295 Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se 
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao 
tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões 
por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
 
Art. 296 Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela 
solvência8 do devedor. 
 
O cedente, em regra, assume apenas obrigação de garantia e 
existência do credito, mas veja que é verdadeira a informação: “O 
cedente pode responder pela solvência do devedor”, basta que haja 
estipulação neste sentido (convencionada entre as partes). O artigo 297 
continua: 
 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, 
não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; 
mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver 
feito com a cobrança. 
 
Se as partes convencionaram a responsabilidade do cedente, este 
não pode ser responsabilizado por mais do recebeu, respeitando o que foi 
dito no art. 297. 
 
8
 Solvência é a situação econômica positiva, quando os haveres superam, em valores, às dívidas. 
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Finalizando o assunto cessão de crédito, temos o art. 298: 
 
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo 
credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não 
tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os 
direitos de terceiro. 
 
 
A cessão de débito (ou assunção de dívida), que não ocorre 
sem a anuência do credor, de acordo com Maria Helena Diniz é um 
negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor será o cedente e, com 
anuência expressa do credor (será o cedido), transfere a um terceiro 
(assuntor ou cessionário) os encargos obrigacionais, de modo que este 
assume sua posição na relação obrigacional, substituindo-o, 
responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com todos os seus 
acessórios. Vamos colocar na prática, veja o exemplo abaixo: 
 
¹João deve pra ²Otávio. Surge, na relação obrigacional, a figura de 
³Paulo, um terceiro, que será o assuntor ou cessionário.³Paulo assume a 
obrigação, que era de ¹João (devedor primitivo), perante ²Otávio 
(credor). 
 
No código civil, o conceito para a assunção de dívida está no art. 
299. “É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o 
consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor 
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o 
credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar 
prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-
se o seu silêncio como recusa”. 
 
 Do que foi dito acima, podemos extrair os pressupostos da cessão 
de débito: 
 
 Existência e validade da obrigação transferida. 
 Substituição do devedor sem alteração na substância do vínculo 
obrigacional, salvo se o novo devedor, ao tempo da assunção da 
dívida, era insolvente e o credor ignorava. 
 Concordância expressa do credor. 
 Observância dos requisitos relacionados para os negócios jurídicos. 
 
A assunção pode ¹liberar o devedor primitivo, ou ²mantê-lo ligado 
ainda à obrigação. Trata-se de uma opção das partes, uma escolha do 
credor. Entretanto, o art. 300 nos diz: “Salvo assentimento expresso 
do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da 
dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor”. 
 
 
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“O que isto expresso no art. 300 quer dizer?” 
 
O fiador, por exemplo, não é obrigado a garantir um devedor que 
não conhece, que não confie. A ideia é no sentido de que as garantias 
ditas especiais não permanecerão com a assunção se não houver menção 
expressa a este respeito. No entanto, permanecem as garantias dadas 
pelo devedor primitivo ligadas a sua pessoa. 
 
Quanto as suas características a cessão de débito: ¹possui natureza 
contratual; ²se o negócio exigir forma especial, assim deverá ser feito, 
caso contrário à forma é livre; ³os vícios possíveis são os dos negócios 
jurídicos em geral. 
 
 
Importante (já foi cobrado pela ESAF). 
A assunção de dívida (cessão de débito) pode se dar através de 
dois modos: ¹por acordo entre o terceiro e o credor; ou ²por acordo 
entre o terceiro e o devedor. 
 
 Expromissão é quando o terceiro contrai perante o credor 
a obrigação de liquidar o débito. O acordo é entre o terceiro e 
o credor. Esta expromissão pode ocorrer com a liberação do 
devedor – assunção perfeita, ou manter-se o devedor 
cumulativamente responsável pela obrigação – assunção de 
débito imperfeita. 
 Delegação, se o devedor transferir a terceiro, com a 
anuência do credor, o débito com este contraído. Subdivide-
se em: primitiva, se o terceiro assumir toda a dívida, 
excluído o devedor original; e simples ou cumulativa, se o 
terceiro entrar na relação obrigacional unindo-se ao devedor 
primitivo, que continuará vinculado. 
 
De todo modo, o principal efeito da assunção é a substituição do 
devedor na relação obrigacional. 
 
Os artigos 301 e 302 apresentam outros efeitos da assunção: 
 
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o 
débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, 
exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação. 
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que 
competiam ao devedor primitivo. 
 
 Assim, na falta de estipulação expressa, as exceções (defesas) 
oponíveis pelo primitivo transferem-se ao terceiro, salvo as exceções 
pessoais. 
 
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Temos também o art. 303 “O adquirente de imóvel hipotecado 
pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, 
notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, 
entender-se-á dado o assentimento”. Pois quem adquire um imóvel que 
está hipotecado, na maioria das vezes, absorve no preço o valor da 
hipoteca e se assume a dívida a partir daquele momento. Se o credor, 
notificado da mudança e da assunção da dívida, não se manifestar no 
prazo estabelecido pela lei, dá-se o seu assentimento. 
 
 
 A cessão da posição contratual (próximo ponto que será visto) não 
tem sido muito cobrada e como, de certo modo, envolve conhecimentos 
específicos sobre contratos, não acreditamos que possa ser alvo de 
questionamento em seu concurso. De todo modo, seria bom você dar 
uma olhada, por isto incluímos na aula. 
 
A cessão de posição contratual é a transferência da inteira 
posição ativa e passiva, do conjunto de direitos e obrigações de que é 
titular uma pessoa, derivados de contrato bilateral já ultimado, mas de 
execução ainda não concluída. 
Nesse negócio, vamos ver que uma das partes (cedente), com o 
consentimento do outro contratante (cedido), transfere sua posição no 
contrato a um terceiro (cessionário). Para que não ocorra confusão com a 
terminologia, chama-se o contrato original de contrato base. 
Vimos que na cessão de crédito substitui-se uma das partes na 
obrigação, apenas do lado ativo e em um único aspecto da relação 
jurídica. O mesmo acontecendo na assunção de dívida. Entretanto, ao 
transferir uma posição contratual, transfere-se todo um conjunto de 
direitos e deveres, consequentemente, transfere-se o crédito e também 
o débito, isto não como contrato principal, mas como parte, como 
elemento do negócio jurídico. 
A cessão de posição contratual possui como objeto a substituição de 
uma das partes no contrato, o qual objetivamente permanecerá o mesmo. 
Assim, a cessão de todos os créditos e de todas as pretensões presentes 
e futuras e a assunção de todas as dívidas não esgota o conteúdo jurídico 
do tema em estudo. Ou seja, o negócio jurídico básico, ultrapassa o 
somatório dos direitos transferidos. O que se transfere é uma relação 
jurídica fundamental, e não a soma de créditos e débitos. 
A cessão de posição contratual situa-se basicamente nas relações a 
prazo, duradouras, mas não está por elas limitada. Portanto, enquanto 
um contrato não estiver completamente exaurido, o que não se confunde 
com contrato cumprido, haverá possibilidade de cessão de posição 
contratual, dependendo sempre da necessidade econômica das partes. O 
caso concreto é que mostrará a necessidade. 
 
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A concordância do terceiro-cedido é de suma importância para a 
formação da cessão de posição contratual. Essa concordância, embora 
necessária, pode ser simultânea, prévia ou posterior ao negócio jurídico. 
 
 Haverá concordância contemporânea ou simultânea quando 
uma das partes manda a proposta de cessão diretamente às 
outras duas. 
 Haverá concordância posterior se a concordância do cedido 
ocorrer após o acerto da cessão entre cedente e cessionário. 
 Haverá concordância prévia quando no contrato base já 
houver previsão e autorização para uma futura cessão. 
 
A falta de consentimento do cedido impede o aperfeiçoamento da 
cessão e o relacionamento entre cedente e cessionário permanece no 
campo da responsabilidade pré-contratual. 
O principal efeito da cessão de contrato é a substituição de uma das 
partes de contrato–base, permanecendo este íntegro em suas 
disposições. 
 
Todo complexo contratual, direitos e obrigações provenientes do 
contrato transferem-se ao cessionário. 
 
Na cessão de posição contratual, o cedente é responsável pela 
existência do contrato, por sua validade e pela posição que está cedendo. 
Caso não ocorram tais circunstâncias, a solução será uma indenização por 
perdas e danos, com ressarcimento da quantia acordada para a 
transferência da posição contratual. Ainda que o negócio seja 
gratuito, poderá gerar direito à indenização. Em se tratando de 
cessão onerosa, a responsabilização independe de culpa. A culpa 
funcionará, talvez, como um reforço para o quantum indenizatório. 
Na hipótese de inexistir o contrato cedido, ou de não existir de 
forma que permita a eficácia da cessão, há, na verdade, uma 
impossibilidade do negócio por inexistência de objeto. 
O cedente não se responsabiliza pelo adimplemento9 do contrato. 
Pode, no entanto, assumir perante o cessionário uma garantia, maior ou 
menor, dependendo das cláusulas do negócio, pelo adimplemento das 
obrigações contratuais do cedido. Porém, se não houver expressado 
menção do tipo de garantia, existirá uma caução fidejussória10, nada 
impedindo, no entanto, que as partes coloquem a responsabilidade 
solidária total ou parcial, restrita a determinado valor, ou mesmo restrita 
a uma só assunção de dívida do contrato base. 
Na transferência de posição contratual, devem as partes identificar 
claramente o objeto do negócio, sempre que possível avisando o cedente 
 
9
 Pelo cumprimento do contrato. 
10
 As garantias contratuais se dividem em reais e fidejussórias. Nas reais é oferecido um bem para assegurar o 
cumprimento da obrigação, através de hipoteca, penhor ou anticrese. Já nas garantias fidejussórias é uma 
pessoa quem vai assegurar o cumprimento da obrigação, através de aval ou fiança. 
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ao cessionário de todas as cláusulas do contrato cedido. É muito 
importante, que no mesmo instrumento ou em instrumento à parte, em 
cópia fiel, conste o contrato base. Deste modo, estará o cessionário 
plenamente ciente da situação contratual que está assumindo. Como 
também deve o cedente dar todas as informações necessárias ao 
cessionário, para que ele tenha condições de cumprir com seu novo 
acordo. 
O acordo preparatório entre cedente e cessionário não produz 
qualquer efeito quanto ao cedido sem sua anuência, ainda que posterior. 
Com a transferência de sua posição contratual, ausenta-se o 
cedente da relação jurídica. Neste tipo de negócio, podem as partes 
estipular que há uma cessão de posição contratual, mas que o cedido 
pode agir contra o cedente em caso de inadimplemento do cessionário. 
Entretanto, as partes devem manifestar-se expressamente quanto a isso, 
caso não o façam haverá total liberação do cedente. 
Quanto ao cessionário e o cedido, ambos passam a ser partes no 
contrato-base. O cessionário toma o lugar do cedente nos direitos e 
obrigações. O cedido só se libertará de suas obrigações contratuais com 
pagamento ao cessionário após tomar conhecimento e anuir na cessão. O 
contrato pode ser cedido em trânsito, isto é, parcialmente cumprido. 
Lembrem-se: só se transferem as relações jurídicas ainda 
existentes. 
 Transfere-se a posição contratual no estado em que se encontra 
para o cedente. Todos os acessórios dos direitos conferidos pelo contrato 
também se transmitem ao cessionário, inclusive sua posição subjetiva de 
parte processual. As garantias para o contrato, fiança, hipoteca, penhor, 
prestadas por terceiro, necessitam do consentimento deste para 
permanecerem íntegras. 
 
Resumindo: 
 
Efetivar-se-áa cessão de contrato somente se: 
 
1. O contrato transferido for bilateral. 
2. O contrato for suscetível de ser cedido de maneira global. 
3. Houver transferência ao cessionário não só dos direitos como 
também dos deveres do cedente. 
4. O cedido consentir, prévia ou posteriormente, uma vez que a 
cessão de contrato implica, concomitantemente, uma cessão de 
crédito e uma cessão de débito. 
5. Houver observância dos requisitos do negócio jurídico. 
6. A obrigação não for personalíssima, nem houver cláusula vedando a 
cessão. 
 
 
 
 
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A cessão de contrato produz as seguintes consequências jurídicas: 
 
1. Transferência do crédito e do débito de um dos contraentes a um 
terceiro. 
2. Subsistência da obrigação. 
3. Liberação do cedente do liame contratual se houver consentimento 
do credor ou se se configurar hipótese em que a lei dispensa tal 
concordância. 
 
Atenção: a falta de texto expresso em lei, não inibe o negócio de 
cessão de posição contratual. Este contrato entra no campo dos contratos 
atípicos e situa-se no direito dispositivo das partes. O vigente CC faz 
referência expressa a essa possibilidade, em seu art. 425: “É lícito as 
partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas 
neste código”. 
 
 
- Adimplemento e extinção das obrigações: 
 
Pagamento. 
 
 A obrigação tem papel fundamental na nossa sociedade, faz circular 
a riqueza. Mas uma vez cumprida à obrigação, ocorre o seu 
adimplemento e o sujeito passivo fica liberado da obrigação. Exaure-se 
esta obrigação, ainda que outra obrigação idêntica venha a surgir 
posteriormente entre as mesmas partes. Normalmente a obrigação se 
extingue pelo pagamento, o meio normal ou ordinário de extinção das 
obrigações. E neste sentido, entende-se por pagamento, como toda 
forma de cumprimento da obrigação. 
 Portanto, há pagamento, para ambas as partes: na compra e 
venda, o comprador deve pagar “dinheiro”, e o vendedor deve pagar a 
“coisa”, entregando-a ou colocando-a a disposição do comprador. 
 Justamente por poder o pagamento assumir as mais variadas 
formas, se torna difícil sua classificação quanto à natureza jurídica, pois é 
impossível compreender o pagamento como sendo de natureza unitária. 
 
Um dos requisitos essenciais do pagamento é a intenção, daquele 
que paga, de extinguir a obrigação assumida. O que importa no 
pagamento é a realização real da prestação. Normalmente, quem paga 
é o próprio devedor. Porém, pode acontecer de outros fazerem o 
pagamento e o credor deve aceitar o pagamento ainda que provenha de 
terceiros. É neste sentido o art. 304: 
 
Art. 304 Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, 
usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do 
devedor. 
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Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em 
nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. 
 
Deste modo, temos três categorias de pessoas aptas a figurar como 
solvens (termo jurídico que designa aquele que paga). O primeiro, como 
vimos, é o próprio devedor, por si mesmo, ou seu representante. Pode 
também pagar, o terceiro, interessado ou não. O terceiro interessado é 
o que está no caput do art. 304, e como exemplo temos o fiador. O 
art.304 §único, fala em terceiro não interessado, que também tem o 
direito de pagar se o fizer em nome e por conta do devedor (como 
exemplo, temos um pai que paga a dívida de seu filho). Neste último caso 
não há representação, autorização ou mesmo ciência do devedor. 
 
O pagamento deve ser aceito e o solvens tem a mesma legitimidade 
de consignar11, que tinha o devedor original, se houver resistência por 
parte do credor em receber o pagamento. 
 
Se o terceiro não interessado pagar em seu próprio nome, tem 
direito a reembolsar-se do que pagar, mas não adquire os direitos do 
credor. Há somente direito a uma ação simples de cobrança. Deste modo 
está no art. 305: 
 
“Art. 305 O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, 
tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do 
credor. 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao 
reembolso no vencimento.” 
 
Se, porém, o terceiro pagar sem que o devedor tome conhecimento 
ou diante de sua oposição, sendo que havia meios para que o devedor 
pudesse ilidir (impedir) a ação de cobrança do credor, não caberá 
reembolso do pagamento ao terceiro. Neste sentido temos o art. 306: “O 
pagamento feito por terceiro, ¹com desconhecimento ou ²oposição 
do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o 
devedor tinha meios para ilidir a ação”. 
 
O art.307 trata do pagamento que importe em transmissão de 
propriedade: 
 
Art. 307 Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, 
quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. 
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais 
reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente 
não tivesse o direito de aliená-la. 
 
 
11
 O termo consignar vem de uma medida chamada consignação em pagamento, que ocorre quando o credor 
se recusa a receber o pagamento, e o devedor, para não ficar inadimplente, faz esta consignação em 
pagamento, ou seja, deposita em juízo o valor. O devedor não ficará inadimplente até que se decida a questão. 
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Para a transmissão do domínio deverão estar presentes todos os 
requisitos do negócio jurídico. Se porém tratar-se de coisa fungível12, já 
consumida pelo credor de boa-fé, não se pode mais reclamar a coisa. O 
assunto se resolverá por indenização. 
Para que se configure a situação do art.307 §único são necessárias 
três condições: ¹que o pagamento seja de coisa fungível; ²que tenha 
havido boa-fé por parte do accipiens (termo jurídico para designar quem 
recebe); e ³que tenha sido consumida a coisa. Enquanto não consumida, 
haverá direito à repetição, no todo ou em parte da coisa. 
 
A regra geral sobre quem recebe é a do art. 308. “O pagamento 
deve ser feito ¹ao credor ou ²a quem de direito o represente, sob 
pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em 
seu proveito”. No entanto, podem ocorrer exceções. Tanto o credor 
poderá estar inibido de receber, como o devedor poderá, em certas 
situações especiais, pagar validamente a quem não seja credor. Como 
também podem os contraentes, no momento de fazer o contrato, 
estipular que o accipiens seja um terceiro, que não tenha nenhuma 
relação material com a dívida, mas está intitulado para recebê-la. 
 
Atenção: Em regra, se o pagamento não for efetuado ao credor ou ao seu 
representante, será ineficaz. Entretanto, da leitura do art. 308, vimos que 
o pagamento pode ser feito a pessoa não intitulada e mesmo assim valer 
se houver ratificação do credor ou de seu representante. 
 
No art. 311 temos outro caso de pagamento à pessoa que não o 
credor, trata-se do portador de recibo de quitação: “Considera-se 
autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se ascircunstâncias contrariarem a presunção daí resultante”. A 
presunção é a de que quem se apresenta com um recibo firmado por 
terceiro possui mandato específico para receber, é portador de quitação. 
 
Já no art. 309 temos a figura do credor putativo, que é a pessoa 
que tenha a mera aparência de credor ou de pessoa autorizada a 
receber: “O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda 
provado depois que não era credor”. A lei condiciona a validade do 
pagamento ao fato de o accipiens ter a aparência de credor e estar o 
solvens de boa-fé. Restará ao verdadeiro credor haver o pagamento do 
falso accipiens. 
 
Há casos em que o devedor pode ver-se livre da obrigação, mesmo tendo 
pagado a terceiro não intitulado. Isso ocorrerá em três situações: 
 
1. Na hipótese que estudamos em que ocorre a ratificação, pelo 
credor, do pagamento recebido (art. 309). 
 
12
 Art. 85. “São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade”. 
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2. Na hipótese em que o pagamento reverterá em benefício do credor 
(art. 308, visto acima, a prova será do solvens). 
3. E, por fim, na hipótese do credor putativo. 
 
O art. 310 refere-se ao pagamento feito à pessoa incapaz de 
quitar: “Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de 
quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente 
reverteu”. 
 
 Outra situação que inibe o credor de receber é a do art. 312: “Se o 
devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o 
crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não 
valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, 
ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor”. 
 Quanto ao pagamento, este deve compreender quanto ao seu 
objeto àquilo que foi acordado. Não sendo obrigado a receber nem mais, 
e nem menos que o acordado. 
 Quanto ao objeto do pagamento, começaremos com o art. 313. “O 
credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é 
devida, ainda que mais valiosa”. 
 Como regra geral, só existirá solução da dívida, com a entrega do 
objeto. Se a prestação é complexa, constantes de vários itens, não se 
cumprirá a obrigação enquanto não atendidos todos. 
 O art. 315. “As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no 
vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto 
nos artigos subsequentes”. E o artigo 317 admite a intervenção judicial 
para a correção do valor no pagamento do preço quando “por motivos 
imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da 
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz 
corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o 
valor real da prestação”. Neste caso temos a aplicação da Teoria da 
Imprevisão13, que traz exceção ao tema quanto ao objeto do pagamento, 
é a correção judicial do contrato. 
 E, neste mesmo tema, temos o art. 316, que diz que: “É lícito 
convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas”. 
Este art. está relacionado aos índices de correção monetária, portanto 
cláusula móvel das prestações, algo que, sem dúvida, converte-se em 
terreno acidentado para o interessado. 
 
O art. 318 traz uma proibição: “São nulas as convenções de 
pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para 
compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, 
excetuados os casos previstos na legislação especial”. Assim, negócios em 
moeda estrangeira somente são permitidos, por exceção, nos contratos 
de importação e exportação; nos contratos de compra e venda de câmbio 
e nos contratos celebrados com pessoa residente e domiciliados no 
 
13
 Quando imprevistos alheios ao contrato e vontade das partes autorizam a revisão do contrato pelo juiz. 
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exterior. Trata também da proibição da chamada cláusula de ouro, que 
está mais relacionada à legislação especial de natureza financeira. 
Os pagamentos contratados em medida ou peso devem 
obedecer aos costumes do lugar. Os termos arroba, braças, alqueires 
podem variar de acordo com as regiões em que as obrigações houverem 
de ser cumpridas. Este é o teor do art. 326. “Se o pagamento se houver 
de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que 
aceitaram os do lugar da execução”. 
A prova do pagamento é a demonstração material, é manifestação 
externa de um acontecimento. Quem paga tem direito a prova desse 
pagamento, que é a quitação. 
 
Vamos ver os artigos 319 e 320 conjuntamente: 
 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o 
pagamento, enquanto não lhe seja dada. 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, 
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem 
por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, 
ou do seu representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a 
quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a 
dívida. 
 
 Aí estão os requisitos do recibo, instrumento da quitação. Trata-se 
de prova cabal de pagamento, porque em juízo não se aceitará prova 
exclusivamente testemunhal para provar o pagamento, se o valor exceder 
ao teto legal. Este é o conteúdo do art. 227: 
 
Art. 227 Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se 
admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior 
salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. 
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova 
testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por 
escrito. 
 
 A quitação, contendo os requisitos do art. 320, não necessita ter 
a mesma forma do contrato. É dever do credor dar a quitação, uma 
vez recebido o pagamento. Se o credor se recusar a conceder a quitação 
ou não a der na forma devida, pode o devedor acioná-lo, e a sentença 
substituirá a regular quitação. 
 
 Há débitos literais, isto é, representados por um título. Para tais 
casos diz o art. 321 “Nos débitos, cuja quitação consista na devolução 
do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, 
declaração do credor que inutilize o título desaparecido”. A posse do título 
pelo credor é presunção de que o título não foi pago. Daí a necessidade 
da declaração. 
 
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 A partir do art. 322 o código civil trata das presunções de 
pagamento, que são relativas, admitindo, portanto, prova em contrário. 
“Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última 
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as 
anteriores”. Pois seria lógico que se entende que o credor não receberia a 
última prestação se as anteriores não houvessem sido pagas. Porém, 
admite-se prova em contrário. Um exemplo disso são nossas contas de 
luz, gás, telefone, em que se lê: “a quitação da última conta não faz 
presumir a quitação de débitos anteriores”. 
 
Art. 323. “Sendo a quitação do capital sem reserva

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