Buscar

CCJ0051-WL-B-PA-02-TP Argumentação-74683

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Título 
Teoria e Prática da Argumentação Jurídica 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
2 
Tema 
Silogismo a serviço da argumentação. 
Objetivos 
- Identificar conceito e estrutura do silogismo. 
- Estabelecer uma relação entre o raciocínio positivista e o silogismo ? método pelo qual aquele se operacionaliza. 
- Reconhecer a importância do raciocínio silogístico para a argumentação jurídica. 
- Identificar a relevância da razoabilidade para a persuasão de cada tipo de auditório. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Silogismo 
1.1. definição 
1.2. estrutura 
2. Silogismo e Positivismo 
3. Silogismo e Argumentação 
4. Razoabilidade e argumentação silogística 
  
  
Aplicação Prática Teórica 
O ensino de Direito no Brasil fundou suas raízes em forte influência do chamado Positivismo jurídico. Segundo essa doutrina, os profissionais 
que atuam na solução de conflitos levados ao Judiciário deveriam encontrar o sentido do direito no sistema de normas escritas que regulam a vida 
social de um determinado povo. 
De acordo com os adeptos dessa teoria, portanto, a prática jurídica deveria limitar-se à aplicação objetiva das normas vigentes ao caso 
concreto que se pretendia analisar, por meio de um método denominado silogismo. Esse método caracteriza-se por uma operação lógica em que 
compete ao juiz amoldar os acontecimentos da vida cotidiana à norma proposta pelo Estado. 
Na prática, o silogismo[1] apresenta três proposições ? premissa maior, premissa menor e conclusão ? que se dispõem de tal forma que a 
conclusão deriva de maneira lógica das duas premissas anteriores. Mas será que a lei deve ser aplicada a qualquer custo, ou cabe ao magistrado 
interpretar a vontade do legislador e usar a norma com razoabilidade? Nesse sentido, vamos refletir sobre o caso concreto que se lê. 
  
Caso Concreto 
"AMAR É FACULDADE, CUIDAR É DEVER", DIZ MINISTRA. 
A Terceira Turma do Superior Tribunal de JusƟça (STJ) condenou um pai a indenizar em R$ 200 mil a filha por "abandono afeƟvo". A decisão é inédita. Em 
2005, a Quarta Turma do STJ havia rejeitado indenização por dano moral por abandono afeƟvo. 
O caso julgado é de São Paulo. A autora obteve reconhecimento judicial de paternidade e entrou com ação contra o pai por ter sofrido abandono material 
e afeƟvo durante a infância e adolescência. O juiz de primeira instância julgou o pedido improcedente e atribuiu o distanciamento do pai a um "comportamento 
agressivo" da mãe dela em relação ao pai. A mulher apelou à segunda instância e afirmou que o pai era "abastado e próspero". O Tribunal de JusƟça de São Paulo 
(TJSP) reformou a sentença e fixou a indenização em R$ 415 mil. 
No recurso ao STJ, o pai alegou que não houve abandono e, mesmo que Ɵvesse feito isso, não haveria ilícito a ser indenizável e a única punição possível 
pela falta com as obrigações paternas seria a perda do poder familiar. 
A ministra Nancy Andrighi, da Terceira Turma, no entanto, entendeu que é possível exigir indenização por dano moral decorrente de abandono afetivo 
pelos pais. "Amar é faculdade, cuidar é dever", afirmou ela na decisão. Para ela, não há moƟvo para tratar os danos das relações familiares de forma diferente de 
outros danos civis. 
"Muitos magistrados, calcados em axiomas que se focam na existência de singularidades na relação familiar  - senƟmentos e emoções -, negam a 
possibilidade de se indenizar ou compensar os  danos decorrentes do descumprimento das obrigações parentais a que estão sujeitos os genitores", afirmou a 
ministra. "Contudo, não existem restrições legais à aplicação das regras relaƟvas à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar, no 
direito de família". 
A ministra ressaltou que, nas relações familiares, o dano moral pode envolver questões subjeƟvas, como afeƟvidade, mágoa ou amor, tornando diİcil a 
idenƟficação dos elementos que tradicionalmente compõem o dano moral indenizável: dano, culpa do autor e nexo causal. Porém, entendeu que a paternidade 
traz vínculo objeƟvo, com previsões legais e consƟtucionais de obrigações mínimas. 
"Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de cuidar, que é dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerarem 
ou adotarem filhos", argumentou a ministra. 
No caso analisado, a ministra ressaltou que a filha superou as dificuldades sentimentais ocasionadas pelo tratamento como "filha de segunda classe", 
sem que fossem oferecidas  as mesmas condições de desenvolvimento dadas aos filhos posteriores, mesmo diante da "evidente" presunção de paternidade e até 
depois de seu reconhecimento judicial. 
Alcançou inserção profissional, consƟtuiu família e filhos e conseguiu "crescer com razoável prumo". Porém, os senƟmentos de mágoa e tristeza 
causados pela negligência paterna perduraram, caracterizando o dano. O valor de indenização estabelecido pelo TJ-SP, porém, foi considerado alto pelo STJ, que 
reduziu a R$ 200 mil, valor que deve ser atualizado a partir de 26 de novembro de 2008, data do julgamento pelo tribunal paulista. 
  
  
Questão discursiva 
No caso concreto apresentado, percebe -se que o Judiciário reconheceu o direito à indenização por danos morais decorrentes de abandono afeƟvo. Até 
então, entendia-se que o amor é um bem jurídico não exigível, razão pela qual as indenizações eram sistemaƟcamente negadas. 
Releia a afirmação da Ministra Nancy Andrighi acerca dessa questão: "Muitos magistrados, calcados em axiomas que se focam na existência de 
singularidades na relação familiar - sentimentos  e emoções -, negam a possibilidade de se indenizar ou compensar os danos decorrentes do descumprimento das 
obrigações parentais a que estão sujeitos os genitores". 
Com base nas informações recebidas na aula de hoje, comente, em até 10 linhas, a citação da Ministra Nancy Andrighi. Utilize, para tanto, os 
conceitos discutidos na aula de hoje. 
 
[1] FETZNER, Néli Luiza Cavalieri (Org. e Aut.); TAVARES, Nelson; VALVERDE, Alda. Lições de argumentação jurídica. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, capítulo 1. 
  
Plano de Aula: Teoria e Prática da Argumentação Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
Estácio de Sá Página 1 / 2
Título 
Teoria e Prática da Argumentação Jurídica 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
2 
Tema 
Silogismo a serviço da argumentação. 
Objetivos 
- Identificar conceito e estrutura do silogismo. 
- Estabelecer uma relação entre o raciocínio positivista e o silogismo ? método pelo qual aquele se operacionaliza. 
- Reconhecer a importância do raciocínio silogístico para a argumentação jurídica. 
- Identificar a relevância da razoabilidade para a persuasão de cada tipo de auditório. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Silogismo 
1.1. definição 
1.2. estrutura 
2. Silogismo e Positivismo 
3. Silogismo e Argumentação 
4. Razoabilidade e argumentação silogística 
  
  
Aplicação Prática Teórica 
O ensino de Direito no Brasil fundou suas raízes em forte influência do chamado Positivismo jurídico. Segundo essa doutrina, os profissionais 
que atuam na solução de conflitos levados ao Judiciário deveriam encontrar o sentido do direito no sistema de normas escritas que regulam a vida 
social de um determinado povo. 
De acordo com os adeptos dessa teoria, portanto, a prática jurídica deveria limitar-se à aplicação objetiva das normas vigentes ao caso 
concreto que se pretendia analisar, por meio de um método denominado silogismo. Esse método caracteriza-se por uma operação lógica em que 
compete ao juiz amoldar os acontecimentos da vida cotidiana à norma proposta pelo Estado. 
Na prática, o silogismo[1] apresenta três proposições ? premissa maior, premissa menor e conclusão ? que se dispõem de tal forma que a 
conclusão deriva de maneira lógica das duas premissas anteriores. Mas será que a lei deve ser aplicadaa qualquer custo, ou cabe ao magistrado 
interpretar a vontade do legislador e usar a norma com razoabilidade? Nesse sentido, vamos refletir sobre o caso concreto que se lê. 
  
Caso Concreto 
"AMAR É FACULDADE, CUIDAR É DEVER", DIZ MINISTRA. 
A Terceira Turma do Superior Tribunal de JusƟça (STJ) condenou um pai a indenizar em R$ 200 mil a filha por "abandono afeƟvo". A decisão é inédita. Em 
2005, a Quarta Turma do STJ havia rejeitado indenização por dano moral por abandono afeƟvo. 
O caso julgado é de São Paulo. A autora obteve reconhecimento judicial de paternidade e entrou com ação contra o pai por ter sofrido abandono material 
e afeƟvo durante a infância e adolescência. O juiz de primeira instância julgou o pedido improcedente e atribuiu o distanciamento do pai a um "comportamento 
agressivo" da mãe dela em relação ao pai. A mulher apelou à segunda instância e afirmou que o pai era "abastado e próspero". O Tribunal de JusƟça de São Paulo 
(TJSP) reformou a sentença e fixou a indenização em R$ 415 mil. 
No recurso ao STJ, o pai alegou que não houve abandono e, mesmo que Ɵvesse feito isso, não haveria ilícito a ser indenizável e a única punição possível 
pela falta com as obrigações paternas seria a perda do poder familiar. 
A ministra Nancy Andrighi, da Terceira Turma, no entanto, entendeu que é possível exigir indenização por dano moral decorrente de abandono afetivo 
pelos pais. "Amar é faculdade, cuidar é dever", afirmou ela na decisão. Para ela, não há moƟvo para tratar os danos das relações familiares de forma diferente de 
outros danos civis. 
"Muitos magistrados, calcados em axiomas que se focam na existência de singularidades na relação familiar  - senƟmentos e emoções -, negam a 
possibilidade de se indenizar ou compensar os  danos decorrentes do descumprimento das obrigações parentais a que estão sujeitos os genitores", afirmou a 
ministra. "Contudo, não existem restrições legais à aplicação das regras relaƟvas à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar, no 
direito de família". 
A ministra ressaltou que, nas relações familiares, o dano moral pode envolver questões subjeƟvas, como afeƟvidade, mágoa ou amor, tornando diİcil a 
idenƟficação dos elementos que tradicionalmente compõem o dano moral indenizável: dano, culpa do autor e nexo causal. Porém, entendeu que a paternidade 
traz vínculo objeƟvo, com previsões legais e consƟtucionais de obrigações mínimas. 
"Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de cuidar, que é dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerarem 
ou adotarem filhos", argumentou a ministra. 
No caso analisado, a ministra ressaltou que a filha superou as dificuldades sentimentais ocasionadas pelo tratamento como "filha de segunda classe", 
sem que fossem oferecidas  as mesmas condições de desenvolvimento dadas aos filhos posteriores, mesmo diante da "evidente" presunção de paternidade e até 
depois de seu reconhecimento judicial. 
Alcançou inserção profissional, consƟtuiu família e filhos e conseguiu "crescer com razoável prumo". Porém, os senƟmentos de mágoa e tristeza 
causados pela negligência paterna perduraram, caracterizando o dano. O valor de indenização estabelecido pelo TJ-SP, porém, foi considerado alto pelo STJ, que 
reduziu a R$ 200 mil, valor que deve ser atualizado a partir de 26 de novembro de 2008, data do julgamento pelo tribunal paulista. 
  
  
Questão discursiva 
No caso concreto apresentado, percebe -se que o Judiciário reconheceu o direito à indenização por danos morais decorrentes de abandono afeƟvo. Até 
então, entendia-se que o amor é um bem jurídico não exigível, razão pela qual as indenizações eram sistemaƟcamente negadas. 
Releia a afirmação da Ministra Nancy Andrighi acerca dessa questão: "Muitos magistrados, calcados em axiomas que se focam na existência de 
singularidades na relação familiar - sentimentos  e emoções -, negam a possibilidade de se indenizar ou compensar os danos decorrentes do descumprimento das 
obrigações parentais a que estão sujeitos os genitores". 
Com base nas informações recebidas na aula de hoje, comente, em até 10 linhas, a citação da Ministra Nancy Andrighi. Utilize, para tanto, os 
conceitos discutidos na aula de hoje. 
 
[1] FETZNER, Néli Luiza Cavalieri (Org. e Aut.); TAVARES, Nelson; VALVERDE, Alda. Lições de argumentação jurídica. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, capítulo 1. 
  
Plano de Aula: Teoria e Prática da Argumentação Jurídica 
TEORIA E PRÁTICA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA
Estácio de Sá Página 2 / 2

Outros materiais