Buscar

Aula106 - Direito Empresarial - Aula 04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 96 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 96 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 96 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 96 
 
 
APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 2 
TÓPICOS DA AULA DE HOJE ............................................................................................. 3 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................ 3 
NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................. 3 
DIFERENÇA ENTRE A COBRANÇA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESÁRIO E DO DEVEDOR 
CIVIL ............................................................................................................................. 4 
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................... 4 
PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA ................................................................................................ 5 
PROCESSO DA FALÊNCIA EM SI ........................................................................................ 6 
PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESÁRIO ............................................................ 6 
LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA ......................................................... 9 
DO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA ................................................................................ 10 
SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVÊNCIA ........................................................................ 11 
IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA .................................................................................. 12 
EXECUÇÃO FRUSTRADA ................................................................................................. 13 
ATOS DE FALÊNCIA ....................................................................................................... 14 
PEDIDO DE FALÊNCIA .................................................................................................... 15 
TERCEIRO PRESSUPOSTO – SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA ................................. 16 
TERMO LEGAL DA FALÊNCIA ........................................................................................... 18 
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS ...................... 18 
SUSPENSÃO DAS AÇÕES ................................................................................................ 19 
RESTRIÇÕES PESSOAIS AO FALIDO ................................................................................ 20 
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA ...................................................................................... 20 
ATUAÇÃO DO JUIZ ........................................................................................................ 20 
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................................ 21 
ÓRGÃOS DA FALÊNCIA .................................................................................................. 22 
ADMINISTRADOR JUDICIAL ............................................................................................ 22 
ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES ................................................................................. 26 
COMITÊ DE CREDORES .................................................................................................. 28 
EFEITOS DA SENTENÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA........................................................... 30 
APURAÇÃO DO ATIVO DO DEVEDOR ................................................................................ 32 
A RESTITUIÇÃO DE BENS DE TERCEIROS ......................................................................... 33 
VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS ................................................................. 34 
LIQUIDAÇÃO DO PROCESSO FALIMENTAR ........................................................................ 36 
PAGAMENTOS DAS DÍVIDAS ........................................................................................... 39 
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA ....................................................................................... 40 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................................................... 42 
SUJEITO ATIVO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL .................................................................... 42 
MEIOS DE SE RECUPERAR A EMPRESA ............................................................................. 43 
FORO PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL .................................................................. 44 
DO PEDIDO E PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................ 44 
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................ 47 
FASE DELIBERATIVA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL............................................................. 48 
A RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM SI ................................................................................... 50 
CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA .................................................. 52 
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ...................................................................................... 54 
HOMOLOGAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL .......................................... 55 
QUESTÕES COMENTADAS .............................................................................................. 58 
QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ............................................................................ 87 
GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ..................................................... 96 
 
AULA 04 – 6. RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL. FALÊNCIA. 
CLASSIFICAÇÃO CREDITÓRIA. 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 96 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá, meus amigos. Como estão?! 
 
Sejam bem-vindos a mais uma aula de DIREITO EMPRESARIAL para o 
concurso de AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL. 
 
Agradeço, novamente, a todos por estarem em mais um encontro conosco, 
depositando confiança neste humilde trabalho. 
 
Relembremos o nosso edital, já deixando grifados os pontos vistos nas 
primeiras aulas: 
 
DIREITO COMERCIAL: 1. Empresa. Empresário. Estabelecimento. 2. 
Microempresa e empresa de pequeno porte (Lei Complementar nº 123/2006). 
3. Prepostos. Escrituração. 4. Conceito de sociedades. Sociedades não 
personificadas e personificadas. Sociedade simples. 5. Sociedade 
limitada. Sociedades por ações. Sociedade cooperativa. Operações 
societárias. Dissolução e liquidação de sociedades. 6. Recuperação 
judicial e extrajudicial. Falência. Classificação creditória. 7. Nota 
promissória. Cheque. Duplicata. 
 
Hoje, falaríamos sobre microempresa e empresa de pequeno porte. 
Contudo, falaremos sobre falência e recuperação judicial, deixando aquele 
assunto para o último encontro (aula 06). 
 
Vamos aos trabalhos? Temos muito assunto pela frente! 
 
Deixamos nosso e-mail, para dúvidas: 
 
gabrielrabelo@estrategiaconcursos.com.br 
 
Quaisquer dúvidas, por favor, enviem, estamos à disposição. 
 
Forte abraço! 
 
Gabriel Rabelo 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br3 de 96 
 
 
TÓPICOS DA AULA DE HOJE 
 
Da aula de hoje, vocês aprenderão basicamente o seguinte: 
 
Aula 04: 6. Recuperação judicial e extrajudicial. Falência. Classificação 
creditória. 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
Faremos um passeio pelos aspectos históricos, bem como pela legislação que 
rege, arrematando com as questões comentadas. 
 
NOÇÕES GERAIS 
 
Como é sabido, dificilmente consegue na prática viver o empresário sem que se 
utilize das compras e vendas a prazo. 
 
Honrar as dívidas no vencimento indica que a empresa possui o que Rubens 
Requião chama de “normalidade econômica”. Não honrar com as obrigações 
pode ter um efeito não muito desejado para o empresário, como, por exemplo, 
a cobrança por execução judicial. 
 
Com efeito, a regra é a execução singular por partes dos credores. O credor X 
tem um valor a receber, entra em juízo para saldá-lo. O credor Y tem um valor 
a receber, entra em juízo para liquidá-lo. Todavia, quando essas dívidas tomam 
proporções épicas, superando o total de bens, a execução individual não atende 
critérios de isonomia, pois a propositura antecipada da ação é que garantiria a 
satisfação do crédito e não a importância do crédito. Assim, a falência existe 
justamente para que se evite esse tipo de prejuízo. 
 
Agravando-se, quando a crise começa a tomar efeitos mais vultosos, atingindo 
uma quantidade maior de credores, há que se perquirir se o empresário não foi 
à bancarrota, sujeitando-se à decretação da falência. 
 
A falência, a um só tempo, é instrumento que garante: 
 
- Igualdade entre os credores (princípio da par conditio creditorum); 
- Exclusão do mercado de empresários com insucesso; 
- Mecanismo de controle da economia. 
 
Em tempos remotos, mais especificamente, à época da Lei das XII Tábuas, a 
quantia confessada ou julgada deveria ser paga em trinta dias. Acabando-se o 
prazo, aplicava-se a tomada da pessoa e dos bens do devedor, levando-o ao 
magistrado. Persistindo a dívida, o devedor ficava preso. No caso de um 
terceiro ou o próprio devedor não aniquilar a obrigação as conseqüências 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 96 
podiam ser a escravidão, morte ou esquartejamento. Observe-se que a garantia 
era, literalmente, pessoal. 
 
Somente na Idade Contemporânea é que o direito passou a discernir 
adequadamente a figura do devedor da do criminoso, ganhando a falência um 
aspecto patrimonial. 
 
No Brasil, a legislação falimentar tem início no período colonial, ganhando uma 
parte específica no Código Comercial de 1.850, chamada “das quebras”. 
 
O direito foi se aperfeiçoando até chegarmos à Lei 11.101/2005, que, embora 
apresente falhas, é a que vige no regime jurídico pátrio. 
 
O importante aqui, para concursos, é que se note que a falência, ao longo da 
história, deixou de ser um instituto forjado para consagrar a desonra dos 
devedores, para ser um aparelho de satisfação das dívidas e obrigações que o 
empresário toma no curso de suas atividades. 
 
DIFERENÇA ENTRE A COBRANÇA CONCURSAL DO DEVEDOR 
EMPRESÁRIO E DO DEVEDOR CIVIL 
 
A falência é instituto que se aplica basicamente ao empresário e sociedade 
empresária (vide artigo 1º abaixo). Para os devedores civis, resta o chamado 
concurso de credores, regido pelo Direito Civil. 
 
E qual a vantagem da cobrança do rito empresarial sobre o concurso de 
credores, do âmbito civil? Fábio Ulhoa cita basicamente duas: 
 
- Possibilidade de a empresa se recuperar; 
- Extinção das obrigações do falido mesmo que as dívidas não sejam totalmente 
quitadas (será visto adiante). 
 
Assim, indubitável que o regime falimentar tem um aspecto diferenciado. 
 
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 
A lei 11.101/2005 dispõe que: 
 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos 
simplesmente como devedor. 
 
Com efeito, o primeiro aspecto que devemos saber para concursos é distinguir a 
figura da recuperação judicial da figura da falência. Sobre a recuperação 
extrajudicial, deixaremos para o momento oportuno. 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 96 
Vários aspectos são comuns à falência e à recuperação judicial. Entrementes, o 
que por ora merece destaque é o de que a falência se aplica nos casos em que 
a crise do empresário é tão profunda que não restam alternativas que não a 
extinção do negócio. Ao revés, a recuperação judicial é capaz de propiciar o 
saneamento da atividade. 
 
FALÊNCIA  ENSEJA O FIM DA ATIVIDADE. 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL  PODE OCASIONAR A RECUPERAÇÃO DO 
EMPRESÁRIO. 
 
Na recuperação, o que se quer evitar é justamente a decretação da falência do 
devedor. 
 
Ademais, segundo a própria Lei de Falências e Recuperação Judicial (doravante 
chamada de LRE – Lei de recuperação de empresas): 
 
Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus 
administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob 
fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, (...). 
 
Já na falência: 
 
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o 
direito de administrar os seus bens ou deles dispor. 
 
Destarte, na recuperação judicial, mantém-se o devedor no comando das 
atividades. Contudo, na decretação da falência o que se tem é a indisposição 
dos bens por parte do falido. 
 
PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA 
 
Os princípios geralmente atrelados ao processo falimentar são: 
 
- PAR CONDITIO CREDITORUM: pelo qual todos os credores devem ter 
igualdade de condições para receber seus créditos. 
 
- VINCULAÇÃO PATRIMONIAL: segundo o qual todos os bens e direitos do 
devedor ficam afetados para que haja o efetivo pagamento dos credores. 
 
- MAXIMIZAÇÃO DOS ATIVOS E PRESERVAÇÃO DA EMPRESA: os ativos 
devem ser alienados de maneira ótima, a fim de que se atinja o maior 
montante para a satisfação dos créditos e, também, da forma que propiciem ao 
máximo o aproveitamento dos fatores de produção para a produção de riqueza 
para a economia, preservando postos de trabalho, recolhimento de tributos, 
etc. Ambos estão insculpidos no artigo 75 da LRE: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 96 
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, 
visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos 
produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. 
 
- VIABILIDADE ECONÔMICA DA EMPRESA: o princípio da preservação da 
empresa propõe que os ativos devem ter o máximo possível de solução de 
continuidade. Contudo, deve-se coadunar, ponderar, este princípio com o da 
viabilidade econômica da empresa. Se a crise é irremediável, resta 
impossível que se recupere a empresa pela recuperação judicial, por exemplo. 
 
- CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL: Tratado no artigo 75, parágrafo 
único da LRE: 
 
Art. 75. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da 
celeridade e da economia processual. 
 
Existem alguns outros princípios de aspecto processual (comouniversalidade do 
juízo falimentar, publicidade, entre outros). 
 
PROCESSO DA FALÊNCIA EM SI 
 
Começaremos a falar agora sobre o processo falimentar propriamente dito. A 
doutrina aponta três pressupostos básicos para a instauração da execução 
concursal falimentar, quais sejam: 
 
1) Devedor empresário; 
2) Insolvência; 
3) Sentença declaratória da falência. 
 
Esse processo é o que a doutrina chama de processo pré-falimentar, e tem 
início com a petição inicial da falência se estendendo até a decretação da 
falência por sentença. Estudemo-los amiúde. 
 
PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESÁRIO 
 
Dissemos que a falência se aplica ao empresário individual e à sociedade 
empresária. 
 
Lembre-se do conceito de empresário já tratado quando do estudo do artigo 
966, a saber: 
 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
A própria Lei de Recuperação de Empresas propõe: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 96 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos 
simplesmente como devedor. 
 
As sociedades simples, os profissionais liberais, as sociedades de advogados, as 
cooperativas, portanto, não se sujeitam aos efeitos da Lei 11.101/2005. 
 
Ressalte-se, também, que alguns empresários, embora atendam a todos os 
requisitos para a classificação como tal, estão excluídos, total ou parcialmente 
das aplicações da Lei 11.101/2005, aplicando-se a legislação específica: 
 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras 
entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
 
Este assunto é cobrado de modo constante. Vejamos esta assertiva, elaborada 
pela Fundação Carlos Chagas: 
 
(Procurado do Estado/PGE/PA/2009) A Lei falimentar, a despeito de 
controvérsia doutrinária, claramente estabelece que apenas as sociedades de 
economia mista que exercem atividade econômica estão sujeitas ao processo 
falimentar. 
 
O item está errado. A lei de falências dispõe que as empresas públicas e 
sociedades de economia mista não estão sujeitas à falência, sejam elas 
exploradoras de atividade econômica, sejam prestadoras de serviço público. 
 
Mas, devemos nos perguntar, também, quem poderá postular o pedido de 
falência do devedor (PÓLO PASSIVO). Quem será o SUJEITO (PÓLO) ATIVO 
desta demanda?! 
 
A resposta se encontra no artigo 97 da LRE, cuja redação transcrevemos: 
 
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
 
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; 
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo 
da sociedade; 
IV – qualquer credor. 
 
Assim, grave-se: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 96 
 
 
 
Pólo passivo na falência Empresário ou sociedade empresária 
Pólo ativo na falência 
Próprio devedor (autofalência) 
Cônjuge sobrevivente, herdeiro 
Quotista ou acionista 
Qualquer credor 
 
Vamos lá! Analisemos o pólo ativo da demanda. 
 
A primeira hipótese (LRE, art. 97, I) é o requerimento da falência pelo próprio 
devedor, caso em que teremos a AUTOFALÊNCIA. 
 
A autofalência está disciplinada nos artigos 105, 106 e 107 da LRE. 
 
O artigo 105 dispõe que: 
 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não 
atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá 
requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de 
prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes 
documentos: 
 
I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e 
as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita 
observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório do fluxo de caixa; 
 
II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e 
classificação dos respectivos créditos; 
III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva 
estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade; 
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, 
se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de 
seus bens pessoais; 
V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por 
lei; 
VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os 
respectivos endereços, suas funções e participação societária. 
 
Note-se que a lei impõe ao devedor que, ao constatar a impossibilidade total de 
continuidade das atividades, faça o requerimento da falência. 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 96 
 
Contudo, este instituto é de pouquíssima utilização, já que a medição de 
quando a atividade está bem ou mal é atividade que requer grande dose de 
subjetivismo. 
 
A segunda hipótese é o pedido de falência por cônjuge sobrevivente, qualquer 
herdeiro do devedor ou inventariante (LRE, art. 97, II). Esta hipótese se aplica 
ao empresário individual, que, vindo a falecer, deixa herdeiros. Esses herdeiros, 
então, ao perceberem que não mais é possível a continuidade do empresariado, 
requerem a decretação da falência. 
 
Outra hipótese de pedido de falência é aquele feito por acionista ou quotista de 
sociedade, provando-se a condição de membro da sociedade. 
 
Por fim, a grande massa dos pedidos falimentares são aqueles postulados por 
credor. 
 
Vejam que o artigo 97, IV, fala em qualquer credor. Isto significa dizer que 
pode ser empresário ou não empresário. Sendo empresário, há uma condição 
para o pedido de quebra, qual seja o credor empresário apresentará certidão do 
Registro Público de Empresas que comprove a REGULARIDADE de suas 
atividades (LRE, art. 97, §1º). 
 
Assim, o credor empresário deve ser regular. Não sendo empresário, não vale 
este tipo de exigência. 
 
O pedido de falência quando feito por um credor deve estar acompanhado do 
título executivo. Se o pedido for aforado por causa da impontualidade do 
devedor em pagar, deverá estar vencido. Ao revés, se o pedido de falência se 
basear nos denominados atos de falência (LRE, art. 94, III), não se faz 
necessário o vencimento do título, isto por que o título executivo apenas 
provará que o credor possui realmente o direito ao pedido de quebra. 
 
LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA 
 
Visto quem é o pólo ativo e passivo do processo falimentar, sabemos que deve 
existir um ajuizamento desta ação. E onde se passa o processo falimentar? Um 
contribuinteque tenha filiais por todo o Brasil, pode ser demandado em 
qualquer destas comarcas?! 
 
Segundo a LRE: 
 
Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, 
deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do 
principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha 
sede fora do Brasil. 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 96 
Portanto, vejam, amigos, que o foro competente é do LOCAL DO PRINCIPAL 
ESTABELECIMENTO do devedor. E não se confunda a expressão local do 
principal estabelecimento com a constituição jurídica destes estabelecimentos, a 
saber, matriz e filial. 
 
O que a lei pretende dizer é que o juízo competente é aquele em que se possua 
o MAIOR VOLUME DE RECURSOS. Não se trata necessariamente da matriz, 
repito. A lógica é a de que o local onde o volume de transações for maior será 
aquele em que haverá maior vulto de bens e direitos para satisfação dos 
credores. 
 
E isso já foi cobrado? Decerto que sim: 
 
(FGV/Agente Fiscal de Rendas/RJ/2008) O juízo competente para decretação da 
falência é o do local em que se situa a sede do devedor, ou da filial de empresa 
que tenha sede fora do Brasil. 
 
Está incorreto. O escorreito é o juízo onde esteja o principal estabelecimento. O 
principal estabelecimento é aquele em que está concentrado o maior volume 
das operações empresariais. O que importa é o ponto de vista econômico, e não 
o jurídico. Assim, não necessariamente será o local da sede. 
 
Se for sociedade estrangeira, vale a mesma regra, deve-se buscar a filial 
economicamente mais importante. 
 
DO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA 
 
Diz-se que o juízo da falência é universal. Isto significa dizer, em lição 
simplória, que, em regra, TODAS as ações referentes a bens, interesses e 
negócios serão processadas e julgadas pelo juízo em que o feito da falência 
tramita. Com fulcro na LRE: 
 
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as 
ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas 
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar 
como autor ou litisconsorte ativo. 
 
Assim, como se depreende da leitura do próprio dispositivo, algumas causas 
não são atraídas para o juízo falimentar, quais sejam: 
 
- As que não sejam reguladas pela LRE, quando a massa falida for autora ou 
litisconsorte ativa. 
- As causas trabalhistas. 
- As causas fiscais. 
- As ações que demandam quantia ilíquida (LRE, art. 6º, §1º). 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 96 
SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVÊNCIA 
 
O segundo pressuposto para que a falência do empresário seja decretada é que 
o passivo seja superior ao ativo. Esta situação é conhecida na contabilidade 
como PASSIVO A DESCOBERTO. É descoberto haja vista que não há recursos 
suficientes para saldá-lo com os bens e direitos de que a empresa dispõe. 
 
Contudo, Fábio Ulhoa destaca que não basta a simples existência de passivo a 
descoberto para que se faça a decretação da falência. A insolvência possui, 
assim, caráter jurídico e não econômico. Praticando determinados atos 
estatuídos pela lei, caracterizado está o estado de insolvência. Todavia, se não 
praticar, mesmo que seja deficitário o ativo em relação ao passivo, não há 
fundamento para a decretação da falência. 
 
Assim, só se decretará a falência de determinado devedor se ele: 
 
1 – Incorrer em impontualidade injustificada no cumprimento de obrigação 
líquida (LRE, art. 94, I). 
2 – Incorrer em execução frustrada (LRE, art. 94, II). 
3 – Praticar determinados atos de falência (LRE, art. 94, III). 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar 
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 96 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA 
 
Segundo a Lei de Falências: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
 
Assim, o pedido de falência de devedor com base em impontualidade 
injustificada pressupõe: 
 
a) Falta de pagamento sem relevante razão de direito de dívida no 
vencimento. Se houver razão de direito para o atraso, não há fundamento para 
o pedido, como, por exemplo, cobrança de dívida prescrita. 
b) Que a dívida seja líquida. 
c) Que a dívida ultrapasse 40 salários-mínimos. Contudo, caso a dívida seja 
inferior, propõe a LRE que os credores poderão se juntar para atingir este valor 
(LRE, art. 94, §1º). 
d) Que o título esteja protestado. Esse protesto pode ser cambial, quando se 
tratar de título de crédito, ou, então, de protesto especial para fins de falência, 
nos demais casos. 
 
Segundo a LRE: 
 
Art. 94, § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência 
será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 
9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos 
de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica. 
 
A própria lei sugere os casos em que não será decretada a falência por 
impontualidade injustificada. A saber: 
 
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, 
não será decretada se o requerido provar: 
 
I – falsidade de título; 
II – prescrição; 
III – nulidade de obrigação ou de título; 
IV – pagamento da dívida; 
V – qualquer outro fato que extingaou suspenda obrigação ou não legitime a 
cobrança de título; 
VI – vício em protesto ou em seu instrumento; 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 96 
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, 
observados os requisitos do art. 51 desta Lei; 
VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do 
pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de 
Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato 
registrado. 
 
Analisemos um quesito de concurso sobre este tema: 
 
(FCC/Analista de Regulação/ANS/2007) Paulo, Pedro e João são credores da 
empresa “Alpha Ltda.”, em decorrência de obrigações líquidas não pagas no 
vencimento e materializadas em títulos executivos protestados, cuja soma 
corresponde a 25 salários mínimos em relação a Paulo, a 18 salários mínimos 
em relação a Pedro e a 10 salários mínimos em relação a João. Nesse caso, é 
certo que a falência da empresa devedora pode ser requerida por: 
 
A) Pedro, com base nos títulos de que é credor. 
B) Paulo, com base nos títulos de que é credor. 
C) Paulo e Pedro, se reunidos em litisconsórcio. 
D) Pedro e João, se reunidos em litisconsórcio. 
E) Paulo e João, se reunidos em litisconsórcio. 
 
Comentários 
 
Trata-se da hipótese prescrita no artigo 94, inciso I. A doutrina denomina 
impontualidade injustificada. Injustificada porque sem relevante razão de 
direito. Veja que a lei exige que: 
 
A obrigação seja líquida; 
O título seja protestado; 
A soma ultrapasse 40 salários mínimos. 
 
Ocorre que a própria lei permite que diversos credores se unam, em 
litisconsorte, para que este valor possa ser alcançado. 
 
Assim, na questão, individualmente, nenhum deles terá competência para 
requerer a falência, contudo, Paulo e Pedro reunidos poderão fazê-lo. 
 
Gabarito  C. 
 
EXECUÇÃO FRUSTRADA 
 
A execução frustrada está prevista no inciso II do artigo 94 da Lei de Falências, 
que prega: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 96 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
 
Nesta hipótese, basicamente, o devedor é executado POR QUALQUER 
QUANTIA LÍQUIDA (veja que não precisa ser 40 salários mínimos) e, 
intimado a fazê-lo em juízo: 
 
- não paga. 
- não deposita quantia para quitar a dívida. 
- não penhora bens suficientes para a quitação. 
 
Havendo o enquadramento nestes três itens, encerra-se a execução e o credor, 
munido de uma declaração judicial da omissão, ingressa com ação pedindo a 
falência. Ressalte-se, o título não precisa estar protestado e não há que se 
atingir o montante de 40 salários mínimos. 
 
O item foi cobrado no concurso para Auditor Substituto de Conselheiro do TCM 
RJ, em 2008 (item incorreto): 
 
(FGV/Auditor/TCM/RJ/2008) O protesto do título é condição especial para 
decretação da falência com fundamento em execução frustrada. 
 
 
ATOS DE FALÊNCIA 
 
Por fim, a última hipótese caracterizadora da insolvência representa os 
chamados atos de falência e estão previstos no artigo 94, III, que, por não ser 
demais, repetimos: 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar 
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 96 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
Na ocorrência dos atos de falência, o pedido de falência descreverá os fatos que 
a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que 
serão produzidas (LRE, art. 94, §5º). 
 
PEDIDO DE FALÊNCIA 
 
Concebidos tais pressupostos, a pessoa de direito deve ajuizar o pedido de 
falência. Quando a falência for requerida por terceiros, há para o devedor um 
prazo para contestação do pedido. 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 
(DEZ) DIAS. 
 
Dissemos que a falência pode ser fundada na impontualidade injustificada, na 
execução frustrada ou nos atos de falência. 
 
Se o aforamento tiver se dado por impontualidade injustificada ou 
execução frustrada, o devedor por elidir (eliminar, suprimir) a falência, 
fazendo um depósito da quantia reclamada, correspondente ao valor total do 
crédito, acrescido da correção monetária, juros e honorários advocatícios. Nesta 
hipótese, o pedido de falência será denegado e o credor levará consigo os 
valores obtidos para que haja satisfação da dívida. 
 
Art. 98. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do 
art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor 
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e 
honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso 
julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do 
valor pelo autor. 
 
Assim, ficam para o requerido (devedor) as seguintes possibilidades quando do 
pedido da falência: 
 
- Apenas contesta o pedido. Aqui, se o magistrado acolhe as teses da defesa, 
denega a falência. Ao revés, declara a continuidade do procedimento. 
 
- Contesta o pedido e deposita o valor. Nesta hipótese, o devedor não só 
deposita o valor, mas, também, contesta o pedido. Se o magistrado julgar a 
contestação procedente, o depósito será levantado em favor do requerido 
(devedor). Caso contrário, se julgado o pedido procedente, não será declarada 
a falência do devedor, posto que o depósito elisivo fora efetuado. 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 96 
- Apenas deposita. Nesta hipótese, o juiz denega a falência e recolhe o valor 
para o credor. 
 
- Não contesta nem deposita. Neste caso, o juiz declara a falência se 
restarem atendidos os demaisrequisitos para tanto. 
 
- Apresentar pedido de recuperação judicial. 
 
Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua 
recuperação judicial. 
 
TERCEIRO PRESSUPOSTO – SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA 
 
De posse de tudo o que já foi dito, resta ao magistrado duas alternativas: 
declarar ou denegar o pedido de falência. 
 
A sentença que denegar o pedido de falência deve ter o cuidado de analisar o 
comportamento do requerente quando do pedido. Agindo de má-fé, a lei estatui 
que seja o requerido indenizado (LRE, art. 101. 
 
Ademais, outra hipótese em que a decretação da falência será denegada é 
quando houver o depósito elisivo. 
 
Falemos agora da sentença que decreta a falência procedente. 
 
A Lei 11.101/2005 determina que: 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que 
forem a esse tempo seus administradores; 
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação 
judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para 
esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; 
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, 
relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e 
classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, 
sob pena de desobediência; 
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no 
§ 1o do art. 7o desta Lei; 
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, 
ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei; 
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do 
falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se 
houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 96 
devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI 
do caput deste artigo; 
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses 
das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de 
seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática 
de crime definido nesta Lei; 
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da 
falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da 
decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei; 
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na 
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na 
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; 
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e 
outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido; 
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do 
falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, 
observado o disposto no art. 109 desta Lei; 
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-
geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda 
autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na 
recuperação judicial quando da decretação da falência; 
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às 
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor 
tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. 
 
Esta sentença declaratória há que ser publicada no órgão oficial e, caso haja 
possibilidade financeira, em jornal de grande circulação. 
 
Segundo a Lei de Falências, art. 100: Da decisão que decreta a falência cabe 
agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. 
 
O agravo, na forma retida ou na de instrumento, é o recurso cabível contra 
decisão interlocutória. Decisão interlocutória é o ato do juiz, com caráter 
decisório, mas que não extingue o procedimento (no nosso caso, a falência). 
Embora a Lei de Falências seja silente, o agravo cabível contra a sentença que 
decreta a falência é o agravo de instrumento. 
 
A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do 
devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento 
proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para 
a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos 
(LF, art. 77). 
 
Além da identificação completa do devedor falido e dos motivos que ensejaram 
a falência, merecem destaque: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 96 
TERMO LEGAL DA FALÊNCIA 
 
O artigo 99, II, fixa que: 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação 
judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para 
esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; 
 
Trata-se do termo legal da falência, que é o LAPSO TEMPORAL ANTES DA 
DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA em que os atos praticados pelo devedor podem 
vir a serem considerados como ineficazes. 
 
Assim, se houver evidências, por exemplo, de que o empresário estava se 
desfazendo de seu patrimônio, antes da decretação da quebra, de forma 
gradual para evitar a constrição judicial, tal postura poderá ser considerada 
ineficaz. 
 
E como saber qual o termo legal da falência?! Bem, vimos que a insolvência do 
devedor pode se dar por: a) impontualidade injustificada (quando é necessário 
o protesto); b) execução frustrada (o título não precisa estar protestado); e c) 
atos de falência. 
 
Se o pedido de falência se basear em impontualidade injustificada, teremos 
uma hipótese. 
 
Imaginemos que em 31 de agosto de 2011 o magistrado decrete sentença que 
declara a falência do empresário X, por pedido do credor Y, que protestou o 
título em 15 de setembro de 2009. O juiz, ao sentenciar, deve olhar para 
quando houve o primeiro protesto por falta de pagamento (não 
necessariamente do credor Y). No nosso caso, olharemos para a data de 15 de 
setembro de 2009 e andaremos 90 dias para trás, até 15 de junho de 2009. 
 
Diz-se, então, que esse período, de 15/06/2009 a 31/08/2011 é considerado o 
termo legal da falência. 
 
Se o pedido se basear em execução frustrada ou atos de falência, esses 90 dias 
são tomados da data em que o pedido foi ajuizado. 
 
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS 
PÚBLICOS 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 96 
A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica 
extinção da concessão, na forma da lei (LF, art. 195). Esse item já foi cobrado 
no concurso para Juiz Substituto do TJDFT, em 2008 (item correto): 
 
(TJDFT/Juiz Substituto/2008)A decretação da falência das concessionárias de 
serviços públicos implica extinção de concessão. 
 
 
SUSPENSÃO DAS AÇÕES 
 
A lei de falências prescreve que: 
 
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e 
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do 
sócio solidário. 
 
Com efeito, se determinado credor tem valor a receber perante certo 
empresário cuja quebra é declarada, o prazo prescricional para que esse valor 
seja cobrado é suspenso. Esse prazo, contudo, volta a fluir após a sentença que 
der encerramento ao processo falimentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a 
correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento 
da falência. 
 
Os credores que tiverem execuções correndo contra o devedor deverão 
HABILITAR os créditos no processo falimentar. 
 
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em 
hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) 
dias contado do deferimento do processamento da recuperação, 
restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou 
Ações contra 
o devedor 
Regra: Suspensão da prescrição e de todas as ações e 
execuções em face do devedor 
Exceções: 
1) Quantia ilíquida; 
2) Crédito trabalhista, até a apuração do crédito; 
3) As ações tributárias na recuperação judicial, ressalvado 
parcelamento nos termos do CTN e da legislação ordinária 
específica; 
4) Ações em que o falido figure como autor ou litisconsorte 
ativo. 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 96 
continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento 
judicial. 
 
RESTRIÇÕES PESSOAIS AO FALIDO 
 
Com a decretação da falência, algumas conseqüências advêm para a pessoa do 
falido, como, por exemplo: 
 
Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres: 
 
III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e 
comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas 
cominadas na lei; 
 
Destarte, não pode o falido se ausentar do local em que a falência é 
processada, regra voltada para o empresário individual. 
 
As correspondências do falido atinentes às atividades empresariais sofrem 
parcial quebra do sigilo prevista pela Constituição Federal, vez que todas as 
correspondências que concernem ao empresariado devem ser enviados ao 
administrador judicial. 
 
 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do 
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
 
III – na falência: 
 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o 
que não for assunto de interesse da massa; 
 
 
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA 
 
A administração da falência incumbe basicamente a: 
 
- magistrado; 
- órgãos da falência: administrador judicial, comitê de credores, assembléia 
geral de credores; 
- ministério público. 
 
ATUAÇÃO DO JUIZ 
 
O magistrado é quem, eminentemente, conduz o processo falimentar. 
Basicamente, ele: 
 
- Conduz o processo falimentar; 
- Pode autorizar a venda antecipada de bens; 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 96 
 
Art. 111. O juiz poderá autorizar os credores, de forma individual ou coletiva, 
em razão dos custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de 
imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de 
classificação e preferência entre eles, ouvido o Comitê. 
 
Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável 
desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão 
ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante 
autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas. 
 
- Nomeia e aprova as contas prestadas pelo administrador judicial; 
- Entre outras tantas providências. 
 
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
A intervenção do Ministério Público se dá nos casos previstos em lei, ora como 
fiscal da lei, ora com tarefas de cunho administrativo. O MP, em síntese, age 
como fiscal da lei, em seu dia a dia. Na lei de falências, sua atuação maior se 
dará em havendo evidências de tipos penais. 
 
Vejamos algumas das hipóteses que podem contar com a participação do 
Parquet: 
 
Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no 
art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou 
o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de 
credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra 
a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. 
 
Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante 
do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da 
falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no 
Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação 
de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, 
fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento 
do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores. 
 
Art. 30, 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer 
ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê 
nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei. 
 
Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser 
proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério 
Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência. 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 96 
 
ÓRGÃOS DA FALÊNCIA 
 
Além do juiz e do MP, a falência possui órgãos próprios, a saber: administrador 
judicial, comitê de credores, assembléia de credores. 
 
ADMINISTRADOR JUDICIAL 
 
O administrador judicial é o principal auxiliar do juiz no processo falimentar. A 
legislação falimentar lhe acometeu diversas atribuições correlacionadas com a 
administração da falência. Atua ele sob direcionamento do magistrado e 
fiscalização do Comitê de Credores (se existente). 
 
O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa 
jurídica especializada (LF, art. 22). 
 
Vejamos como isso é cobrado em certames: 
 
(Ministério Público do Estado de SP/Promotor/2008) Não é admissível a 
nomeação de pessoa jurídica para a função de administrador judicial, que deve 
ser necessariamente desempenhada por profissional de nível universitário, 
inscrito no órgão de classe competente. 
 
Resta claramente incorreto o item, uma vez que o administrador judicial pode 
ser pessoa física ou jurídica. 
 
Lembre-se do que dissemos acima, quando falamos do conteúdo da sentença 
declaratóriada falência: 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na 
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na 
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei; 
 
Portanto, o administrador judicial é nomeado quando for proferida a sentença 
que decretar a quebra. 
 
Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á o nome 
de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de 
recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. 
 
Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à 
remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente 
contratadas para auxiliá-lo (LF, art. 25). 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 96 
 
O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador 
judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de 
complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o 
desempenho de atividades semelhantes (LF, art. 24). 
 
As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo 
juiz, que considerará a complexidade dos trabalhos a serem executados e os 
valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes 
(LF, art. 22, §1º). 
 
A função do administrador judicial difere quando se tratar de recuperação 
judicial ou de falência. Na recuperação extrajudicial não existe a figura do 
administrador judicial. 
 
Esse assunto já foi abordado com as seguintes questões... 
 
(FCC/Auditor de Contas Públicas TCE PB/2006) Uma das semelhanças 
existentes entre os regimes jurídicos da recuperação judicial e da recuperação 
extrajudicial é a nomeação de um administrador judicial para gerir o empresário 
devedor. 
 
O item está incorreto. Não se nomeia administrador judicial na recuperação 
extrajudicial. 
 
Na recuperação judicial, uma vez que o devedor não perde o direito de 
administrar seus bens, ao administrador judicial caberá precipuamente 
a fiscalização das atividades da empresa e o cumprimento da 
recuperação judicial, conforme o artigo 22, II, da LF. 
 
Já na falência, ele passará a administrar a sociedade, pois, como dito 
acima, com a decretação da falência perde o devedor o direito de 
administrar seus bens ou deles dispor. 
 
As atribuições do administrador judicial estão previstas na lei, que assim 
dispõe: 
 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do 
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
 
I – na recuperação judicial e na falência: 
 
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o 
inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II 
do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação 
judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada 
ao crédito; 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 96 
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores 
interessados; 
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de 
servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; 
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer 
informações; 
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei; 
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; 
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos 
previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada 
de decisões; 
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas 
especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; 
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; 
 
II – na recuperação judicial: 
 
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação 
judicial; 
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no 
plano de recuperação; 
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades 
do devedor; 
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que 
trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei; 
 
III – na falência: 
 
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores 
terão à sua disposição os livros e documentos do falido; 
b) examinar a escrituração do devedor; 
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o 
que não for assunto de interesse da massa; 
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo 
de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e 
circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a 
responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 
desta Lei; 
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de 
arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; 
g) avaliar os bens arrecadados; 
h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, 
para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a 
tarefa; 
i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos 
credores; 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 96 
j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou 
sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou 
dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; 
l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a 
cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; 
m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens 
apenhados, penhorados ou legalmente retidos; 
n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, 
cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de 
Credores; 
o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o 
cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; 
p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) dia do mês 
seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique 
com clareza a receita e a despesa; 
q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu 
poder, sob pena de responsabilidade; 
r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou 
renunciar ao cargo. 
 
A saída do cargo de administrador pode se dar por substituição ou destituição. 
 
Vejamos um caso de substituição: 
 
Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador 
judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de 
administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação 
judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos 
legais ou teve aprestação de contas desaprovada. 
 
§ 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de 
administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o 
(terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou 
representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. 
 
Caso venha a ser nomeado e, somente depois, se constate tal situação, será o 
administrador substituído do exercício do cargo. 
 
Já a destituição tem caráter punitivo, como se comprova à leitura do seguinte 
artigo legal: 
 
Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer 
interessado, poderá determinar a destituição do administrador judicial ou de 
quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando verificar desobediência 
aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou 
prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros. 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 96 
E como fica a remuneração nestes casos? 
 
Segundo o artigo 24 da LF: O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da 
remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento 
do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no 
mercado para o desempenho de atividades semelhantes. 
 
O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao 
trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de 
suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações 
fixadas na Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração. 
 
Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas 
desaprovadas. 
 
Assim, se o administrador judicial for substituído por que renunciou, sem 
relevante razão, não fará jus à remuneração, ou, então, se for destituído por 
desídia, culpa, dolo, ou descumprimento, também não fará jus. Item incorreto. 
 
Os créditos devidos ao administrador judicial e seus auxiliares serão 
classificados como extraconcursais – art. 84. 
 
A ESAF, parecendo ter gostado do assunto, exigiu da seguinte forma o assunto: 
 
(ESAF/Procurador do DF/2007) Em julho de 2005, foi requerida a falência da 
sociedade empresária K-Lote Ltda. que atua no ramo da construção civil. Tal 
falência foi decretada em maio de 2006, encerrando a fase pré-falimentar. 
Nesse processo o administrador judicial fará jus a uma remuneração que será 
classificada como crédito trabalhista. 
 
O item está incorreto. 
 
 
ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES 
 
A assembléia-geral é o órgão que toma deliberações salutares nos processos de 
recuperação judicial e falimentar. 
 
Trata-se de órgão colegiado, existente tanto na falência quanto na recuperação 
judicial. É característica da nova legislação falimentar, que teve a preocupação 
de assegurar aos credores maior participação no processo. Sua principal função 
é a de deliberar sobre matérias que possam afetar os interesses dos credores. 
 
Suas atribuições estão arroladas no artigo 35 da lei de falências, in verbis: 
 
Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 96 
I – na recuperação judicial: 
 
a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial 
apresentado pelo devedor; 
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua 
substituição; 
d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei; 
e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; 
f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; 
 
II – na falência: 
 
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua 
substituição; 
c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 
desta Lei; 
d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 
 
O CESPE, no concurso para Defensor Público do Estado do Ceará, abordou o 
assunto da seguinte forma: 
 
(Cespe/Defensor Público do Ceará/2007) Considere que determinada sociedade 
empresária, em situação de crise econômico-financeira, tenha requerido sua 
recuperação judicial e que o juízo competente, tendo verificado o cumprimento 
dos requisitos legais, tenha deferido o processamento da referida recuperação. 
Nesse caso, a sociedade empresária somente poderá desistir do pedido de 
recuperação judicial se obtiver a aprovação da desistência na assembléia-geral 
de credores. 
 
Está certo, porquanto compete à Assembléia Geral de credores deliberar sobre 
o pedido de desistência do devedor (LF, art. 35, I, d). 
 
A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1 (um) 
secretário dentre os credores presentes (LF, art. 37). 
Já nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras 
em que haja incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor 
presente que seja titular do maior crédito (LF, art. 37, §1º). 
 
A composição da assembléia é basicamente a seguinte: 
 
Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: 
 
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidentes de trabalho; 
II – titulares de créditos com garantia real; 
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio 
geral ou subordinados. 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 96 
 
A assembléia instalar-se-á, em 1a (primeira) convocação, com a presença de 
credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, 
computados pelo valor, e, em 2a (segunda) convocação, com qualquer número. 
 
Sobre o voto na Assembléia Geral de Credores. Adote-se o seguinte como 
regra: O VOTO DO CREDOR SERÁ PROPORCIONAL AO VALOR DE SEU 
CRÉDITO (LF, art. 38). 
 
Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores 
que representem MAIS DA METADE DO VALOR TOTAL DOS CRÉDITOS 
PRESENTES À ASSEMBLÉIA-GERAL (LF, art. 42). 
 
Esquematizando, teremos: 
 
 
 
Algumas exceções importantes surgem a essa regra, a saber: 
 
- Composição do comitê de credores: será constituído por deliberação de 
qualquer das classes de credores na assembléia-geral (LF, art. 26); 
 
- Forma alternativa de realização de ativo: a forma alternativa de realização do 
ativo depende de deliberação de dois terços dos créditos presentes à 
assembléia (LF, art. 46); 
 
- Deliberação sobre o plano de recuperação judicial: todas as classes de 
credores deverão aprovar a proposta (LF, art. 45). 
 
 
COMITÊ DE CREDORES 
 
Ademais, temos também o chamado COMITÊ DE CREDORES, que é 
FACULTATIVO, seja no processo de recuperação judicial, seja no processo 
falimentar. 
 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 96 
XII – determinará,quando entender conveniente, a convocação da assembléia-
geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda 
autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na 
recuperação judicial quando da decretação da falência; 
 
Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, 
na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições. 
 
Esse item já foi cobrado literalmente pelo Cespe, no certame para Juiz 
Substituto do TJ PI, em 2007, com o seguinte excerto: 
 
(Cespe/Juiz de Direito/TJ PI/2007) No curso da recuperação judicial, não 
havendo comitê de credores, caberá ao administrador judicial exercer as 
atribuições do comitê e, na incompatibilidade deste administrador, caberá ao 
juiz da causa exercer as atribuições do referido comitê. 
 
Vê-se claramente a correção do item. 
 
A composição estabelecida pela LF ao Comitê de Credores é a seguinte: 
 
Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das 
classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição: 
 
I) 1 representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) 
suplentes; 
II) 1 representante indicado pela classe de credores com direitos reais de 
garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; 
III) 1 representante indicado pela classe de credores quirografários e com 
privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes. 
 
E mais, estabelece a lei ainda que: 
 
Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, 
somente os respectivos membros poderão votar. 
 
Todavia, se os representantes quirografários, por exemplo, deixarem de indicar 
um representante, não restará prejuízo para o Comitê. A lei permite que o 
órgão funcione com uma quantidade menor de membros. 
 
Art. 26, 1º A falta de indicação de representante por quaisquer das classes não 
prejudicará a constituição do Comitê, que poderá funcionar com número inferior 
ao previsto no caput deste artigo. 
 
Dentre suas atribuições, constantes do artigo 27 da Lei de Falências, as 
principais são: 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 96 
a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; 
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei. 
 
Existem, ainda, alguns impedimentos no que tange à ocupação dos cargos do 
Comitê de Credores, transcrita: 
 
Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador 
judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de 
administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação 
judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos 
legais ou teve a prestação de contas desaprovada. 
 
O administrador judicial e os membros do Comitê de Credores, logo que 
nomeados, serão intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, 
assinar, na sede do juízo, o termo de compromisso de bem e fielmente 
desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a ele inerentes (LF, 
art. 33). Não assinado o termo de compromisso no prazo previsto, o juiz 
nomeará outro administrador judicial (LF, art. 34). 
 
O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos 
causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, 
devendo o dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em 
ata para eximir-se da responsabilidade (LF, art. 32). 
 
Sobre o administrador judicial, o comitê de credores e a assembléia-geral de 
credores, esses eram os principais aspectos a serem tratados e que podem ser 
cobrados em concurso. 
 
 
EFEITOS DA SENTENÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA 
 
Alguns efeitos decorrem quando da decretação de sentença falimentar. Os 
principais são os seguintes: 
 
1) SÓCIOS COM RESPONSABILIDADE ILIMITADA 
 
Segundo a Lei 11.101... 
 
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios 
ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que 
ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade 
falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o 
desejarem. 
 
Com efeito, se uma sociedade em nome coletivo vir a falir, todos os seus sócios 
também incorrem na mesma conduta, juntos. 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 96 
Se a sociedade for de responsabilidade limitada, por seu turno, não haverá, em 
regra, conseqüências para a sociedade, em vista da autonomia que possui a 
pessoa jurídica (o já propalado princípio contábil da entidade, pelo qual a 
sociedade é diferente da pessoa dos sócios). 
 
De acordo com a lei: 
 
Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos 
controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas 
respectivas leis, será apurada no próprio juízo da falência, independentemente 
da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, 
observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil. 
 
2) PERDA DOS DIREITOS DE ADMINISTRAR OS SEUS BENS 
 
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o 
direito de administrar os seus bens ou deles dispor. 
 
Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, 
requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou 
dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte 
ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos 
cabíveis. 
 
Veja-se que a decretação da falência retira do empresário o poder de 
administrar seus bens ou deles se desfazer. 
 
Entrementes, pode o falido fiscalizar a condução dos seus negócios, conforme 
previsão expressa do parágrafo único. 
 
3) INABILITAÇÃO PARA ATIVIDADES EMPRESARIAIS 
 
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a 
partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, 
respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei. 
 
A inabilitação para as atividades empresariais se dá tão-logo seja decretada a 
falência do empresário e, segundo a própria lei, perdura até a sentença que 
extingue as obrigações do falido. 
 
Cumpre ressaltar, porém, que: 
 
Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: 
 
I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; 
III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 04 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 96 
§ 1o Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser 
motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos 
após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela 
reabilitação penal. 
 
Desse modo, se o empresário for condenado à pena prevista em regime 
falimentar, ficará inabilitado pelo período de 5 anos após a extinção da 
punibilidade. 
 
 
APURAÇÃO DO ATIVO DO DEVEDOR 
 
Logo após a decretação da sentença que declara a falência, o processo 
falimentar

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes