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Direito Penal para AFT - Parte 2

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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT 
PROFESSOR PEDRO IVO 
 
Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT 
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AULA 03 – DO CRIME – PARTE 02 
 
Olá, Pessoal!!! 
 
Hoje prosseguiremos tratando da parte referente ao crime e chegaremos a 
alguns pontos de muita importância para sua PROVA. 
Lembre-se de que os conceitos tratados anteriormente serão essenciais para o 
correto entendimento do que virá e, portanto, caso ainda haja dúvidas, “ganhe 
tempo” e releia o que já vimos nas outras aulas. 
 
Dito isto, vamos começar! 
 
Bons estudos!!! 
****************************************************** 
3.1 CRIME DOLOSO 
 
Ao se examinar a conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalista, é ela um 
comportamento voluntário e que o conteúdo da vontade é seu fim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nessa concepção, a vontade é o componente subjetivo da conduta, faz parte 
dela e dela é inseparável. 
Se Tício mata Mévio, não se pode dizer de imediato que praticou um fato típico 
(homicídio), embora essa descrição esteja no art. 121 do CP ("matar alguém"). 
Isto porque o simples fato de causar o resultado (morte) não basta para 
preencher o tipo penal objetivo. É indispensável que se indague o conteúdo da 
vontade do autor do fato, ou seja, o fim que estava contido na ação, já que ela 
PARA A TEORIA FINALISTA DA AÇÃO, A CONDUTA É COMPOSTA 
DE AÇÃO/OMISSÃO SOMADA AO DOLO PERSEGUIDO PELO 
AUTOR, OU À CULPA EM QUE ELE TENHA INCORRIDO POR NÃO 
OBSERVAR DEVER OBJETIVO DE CUIDADO. 
ANTES DA PROPOSIÇÃO DESSA TEORIA, A TEORIA CLÁSSICA, 
ADOTADA ATÉ A REFORMA DO CÓDIGO PENAL DE 1984 NO 
BRASIL, CONSIDERAVA ELEMENTOS DA CONDUTA APENAS A 
AÇÃO/OMISSÃO E O RESULTADO. 
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(a ação) não pode ser compreendida sem que se considere a vontade do 
agente. 
Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão 
de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. A vontade é querer alguma coisa e 
o dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal. 
Assim, pode-se definir o dolo como: 
 
 
 
 
 
 
3.1.1 TEORIAS DO DOLO 
 
Existem três teorias que tratam do dolo. São elas: 
 
1. TEORIA DA REPRESENTAÇÃO � Para esta teoria, se o agente 
prevê o resultado como possível e ainda assim opta por continuar a 
conduta, já está caracterizado o dolo. Aqui, pouco importa se o 
agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
Sendo assim, imagine que Tício sai de casa em sua moto para ir a 
uma entrevista de emprego. Durante o percurso, devido a um 
congestionamento, resolve “cortar” pela calçada e, logo em um 
momento inicial, depara-se com inúmeros pedestres. Certo de sua 
perícia na moto, prossegue e acaba atropelando Mévio. 
Segundo a teoria da representação, o ato será considerado doloso, 
pois, ao subir na calçada e se deparar com pessoas, Tício já poderia 
prever o resultado como possível, mesmo que não o desejasse 
sinceramente. 
 
2. TEORIA DA VONTADE � Esta teoria engloba o conceito da teoria da 
representação no que diz respeito à necessidade da previsão do 
resultado, entretanto, amplia os “requisitos” para a caracterização do 
dolo, incluindo, também, a obrigatoriedade da vontade de 
produzir o resultado. 
 
3. TEORIA DO ASSENTIMENTO � Segundo esta teoria, há dolo não só 
quando o agente quer o resultado, mas também quando realiza a 
conduta assumindo o risco de produzi-lo. 
 
A CONSCIÊNCIA E A VONTADE NA REALIZAÇÃO DA 
CONDUTA TÍPICA OU A VONTADE DA AÇÃO ORIENTADA 
PARA A REALIZAÇÃO DO TIPO. 
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3.1.2 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL 
 
O Código Penal dispõe a respeito do crime doloso em seu artigo 18, nos 
seguintes termos: 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco 
de produzi-lo; 
 
Do exposto, pergunto a você: Qual foi (ou quais foram) a(s) teoria(s) 
adotada(s) pelo Código Penal? 
Resposta: A teoria da vontade (quando o inciso I diz “o agente quis o 
resultado”) e a do assentimento (quando o supra inciso dispõe “ou assumiu 
o risco de produzi-lo”). 
Assim, podemos resumir que o dolo é, primordialmente, VONTADE DE 
PRODUZIR O RESULTADO. Entretanto, também há dolo na conduta de 
quem, após prever e estar ciente de que pode provocar o resultado, 
ASSUME O RISCO DE PRODUZÍ-LO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1.3 ELEMENTOS DO DOLO 
 
São elementos do dolo: 
 
I – CONSCIÊNCIA DO ATO E DO RESULTADO ��� O sujeito ativo deve saber 
exatamente o que está fazendo ou deixando de fazer. Ademais, deve 
relacionar sua ação/omissão com o resultado desejado, ou seja, o nexo 
causal deve ser também percebido pelo agente. A esta percepção dá-se o 
nome de momento intelectual do dolo, quando ele sabe que, com tal 
conduta, o resultado típico será alcançado. 
 
OO CCÓÓDDIIGGOO PPEENNAALL AADDOOTTOOUU AASS SSEEGGUUIINNTTEESS TTEEOORRIIAASS PPAARRAA 
CCAARRAACCTTEERRIIZZAARR OO DDOOLLOO:: 
11 –– TTEEOORRIIAA DDAA VVOONNTTAADDEE ��� OO AAGGEENNTTEE QQUUIISS OO RREESSUULLTTAADDOO;; 
22 –– TTEEOORRIIAA DDOO AASSSSEENNTTIIMMEENNTTOO ��� OO AAGGEENNTTEE AASSSSUUMMIIUU OO RRIISSCCOO 
DDEE PPRROODDUUZZII--LLOO.. 
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II – VONTADE DE AGIR, OU SE OMITIR, E PRODUZIR O RESULTADO ��� Este 
elemento é dito momento volitivo, ou seja, o agente tem o desejo de 
realizar a conduta. Assim, no anterior (consciência) ele sabe o que faz; 
neste (vontade), quer fazer isso. 
 
O dolo inclui não só o objetivo que o agente pretende alcançar, mas 
também os meios empregados e as conseqüências secundárias de sua 
atuação. 
Mas como assim? 
Bem, há duas fases na conduta: uma interna e outra externa. 
 
A interna opera-se no pensamento do autor (e se não passa 
disso, é penalmente indiferente), e consiste em: 
a) propor-se a um fim (matar um inimigo, por exemplo); 
 
b) selecionar os meios para realizar essa finalidade (escolher um 
explosivo, por exemplo); e 
 
c) considerar os efeitos concomitantes que se unem ao fim 
pretendido (a destruição da casa do inimigo, a morte de outras 
pessoas que estejam com ele etc.). 
 
A segunda fase consiste em exteriorizar a conduta, numa atividade em que 
se utilizam os meios selecionados conforme a normal e usual capacidade 
humana de previsão. 
Caso o sujeito pratique a conduta nessas condições, age com dolo e a ele se 
podem atribuir o fato e suas conseqüências diretas (morte do inimigo e de 
outras pessoas, a demolição da casa, o perigo para os transeuntes etc.). 
 
 
 
 
3.1.4 ESPÉCIES DE DOLO 
 
A doutrina subdivide o dolo em diversas espécies. Tratarei aqui das que são 
importantes para a sua PROVA. Vamos conhecê-las. 
 
 
Eu vou matar 
o Tício com 
minha arma! 
EELLEEMMEENNTTOOSS DDOO DDOOLLOO:: 
CCOONNSSCCIIÊÊNNCCIIAA ((EELLEEMMEENNTTOO IINNTTEELLEECCTTUUAALL)) ++ VVOONNTTAADDEE ((EELLEEMMEENNTTOO VVOOLLIITTIIVVOO)) 
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3.1.4.1 DOLO DIRETO E DOLO INDIRETO 
 
Também denominado dolo determinado, o dolo direto ocorre quando o 
agente quer atingir um resultado específico com a conduta. É o caso, por 
exemplo, do matador profissional que, após receber uma determinada 
quantia em dinheiro, mata a vítima com um tiro certeiro. 
Diferentemente, o dolo indireto ou indeterminado é aquele que não se 
dirige a um resultado certo. Subdivide-se em DOLO ALTERNATIVO E 
DOLO EVENTUAL. 
A partir de agora redobre a sua atenção, pois estamos tratando de um 
ponto que é questão recorrente em PROVA. 
 
• DOLO ALTERNATIVO � Verifica-se quando o agente não possui 
previsão de um resultado específico, satisfazendo-se com um ou 
outro, indistintamente. 
Dá-se o dolo alternativo, por exemplo, quando a namorada 
ciumenta surpreende seu amado conversando com outra e, 
revoltada, joga uma granada no casal, querendo matá-los ou feri-
los. 
Perceba que ela quer produzir um resultado e não “o” resultado. 
No exemplo acima, se o resultado for a morte, responderá a 
agente por homicídio. Mas e se o resultado for ferimentos? 
Responderá por lesão corporal ou tentativa de homicídio? 
Em caso de dolo alternativo, o agente sempre responderá pelo 
resultado mais grave, ou seja, pela tentativa de homicídio. 
 
• DOLO EVENTUAL � No dolo eventual, o sujeito prevê o resultado 
e, embora não o queira propriamente atingir, pouco se importa 
com a sua ocorrência (“eu não quero, mas se acontecer, para mim 
tudo bem; não é por causa desse risco que vou parar de praticar 
minha conduta; não quero, mas também não me importo com a 
sua ocorrência”). 
Seria o exemplo do indivíduo que coleciona armas e, em 
determinado dia, resolve testar seu armamento. Prosseguindo no 
intento, aponta um fuzil na direção de uma estrada na qual “quase 
nunca passa alguém”. 
Pensa: “Aqui quase nunca passa alguém, então, se passar bem na 
hora que eu atirar, azar de quem estava no lugar errado na hora 
errada”. 
Perceba que o indivíduo assumiu o risco. 
Efetua o disparo e acerta uma pessoa, matando-a. 
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Neste caso, responderá o indivíduo por homicídio doloso, pois 
presente se encontra o dolo eventual. Observe o interessante 
julgado do STF sobre o tema: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cabe o dolo eventual a todos os delitos que com ele tenham 
compatibilidade. Digo isto porque em alguns casos, como na previsão do 
artigo 180 do Código Penal, só é cabível o dolo direto, não sendo possível o 
eventual. Observe: 
 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em 
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de 
crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba 
ou oculte: (grifo nosso) 
 
A expressão “que sabe” traz a obrigatoriedade da vontade imediata de 
cometer o delito, ou seja, o dolo direto. 
 
 
 
 
 
 
HC 91159/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 2.9.2008. (HC-91159) 
Salientou-se que, no Direito Penal contemporâneo, além do dolo 
direto — em que o agente quer o resultado como fim de sua ação e o 
considera unido a esta última — há o dolo eventual, em que o sujeito 
não deseja diretamente a realização do tipo penal, mas a aceita 
como possível ou provável (CP, art. 18, I, in fine). 
Relativamente a este ponto, aduziu-se que, dentre as várias teorias 
que buscam justificar o dolo eventual, destaca-se a do assentimento 
ou da assunção, consoante a qual o dolo exige que o agente 
aquiesça em causar o resultado, além de reputá-lo como possível. 
Observou-se que para a configuração do dolo eventual não é 
necessário o consentimento explícito do agente, nem sua consciência 
reflexiva em relação às circunstâncias do evento, sendo 
imprescindível, isso sim, que delas (circunstâncias) se extraia o dolo 
eventual e não da mente do autor. 
SSEENNDDOO AASSSSIIMM,, PPAARRAA SSUUAA PPRROOVVAA,, NNÃÃOO SSEE EESSQQUUEEÇÇAA:: 
AAPPAARREECCEEUU AA EEXXPPRREESSSSÃÃOO ““QQUUEE SSAABBEE””,, VVOOCCÊÊ JJÁÁ SSAABBEE QQUUEE 
NNÃÃOO ÉÉ CCAABBÍÍVVEELL OO DDOOLLOO EEVVEENNTTUUAALL.. 
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3.1.4.2 ABERRATIO CAUSAE (DOLO GERAL) 
 
Aberratio causae é o erro na causa que produz o delito. Ocorre quando o 
sujeito, pensando ter atingido o resultado que queria, pratica uma nova 
conduta com finalidade diversa e, posteriormente, constata-se que o 
resultado foi ocasionado pela segunda conduta. 
Para exemplificar, imagine que Tício, pensando em matar Mévio, bate 
com um pedaço de ferro em sua cabeça. Certo de ter matado Mévio, 
coloca-o dentro de um saco e lança o corpo dentro de um rio, a fim de 
ocultar o delito. 
Dias depois, o saco é encontrado por policiais e o exame do cadáver 
determina que a morte foi causada por asfixia, e não pela pancada. 
Neste caso, temos um erro na relação de causalidade, mas este erro, 
para o Direito Penal, é irrelevante, pois o que importa é se o agente 
queria um resultado e o alcançou. 
 
3.2 CRIME CULPOSO 
 
A doutrina constantemente trata sobre este tema, entretanto, não se 
chegou ainda a um conceito único de crime culposo. 
A lei, por sua vez, limita-se a prever as modalidades da culpa e dispõe 
sobre o assunto da seguinte forma: 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
[...] 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por 
imprudência, negligência ou imperícia. 
 
“Mas, professor... Como assim??? Não há nenhum conceito doutrinário de 
crime culposo para facilitar o entendimento?” 
Caro(a) aluno(a), unindo os diversos conceitos apresentados pela doutrina 
e seguindo a linha de raciocínio das bancas, podemos dizer que o crime 
culposo é: 
 
OO QQUUEE SSEE VVEERRIIFFIICCAA QQUUAANNDDOO OO AAGGEENNTTEE,, DDEEIIXXAANNDDOO DDEE 
OOBBSSEERRVVAARR OO DDEEVVEERR OOBBJJEETTIIVVOO DDEE CCUUIIDDAADDOO,, PPOORR 
IIMMPPRRUUDDÊÊNNCCIIAA,, NNEEGGLLIIGGÊÊNNCCIIAA OOUU IIMMPPEERRÍÍCCIIAA,, RREEAALLIIZZAA 
VVOOLLUUNNTTAARRIIAAMMEENNTTEE UUMMAA CCOONNDDUUTTAA QQUUEE PPRROODDUUZZ RREESSUULLTTAADDOO 
NNAATTUURRAALLÍÍSSTTIICCOO IINNDDEESSEEJJAADDOO,, NNÃÃOO PPRREEVVIISSTTOO EE NNEEMM 
QQUUEERRIIDDOO,, QQUUEE PPOODDIIAA,, CCOOMM AA DDEEVVIIDDAA AATTEENNÇÇÃÃOO,, TTEERR EEVVIITTAADDOO.. 
 
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Para exemplificar, não sei se você acompanhou (sei que concurseiro não vê 
muita televisão), recentemente tivemos um caso amplamente divulgado de 
uma mãe que estava com seu filho em um carrinho de bebê e, ao 
esquecer-se de acionar o freio das rodas, o carrinho caiu na linha férrea e o 
trem passou por cima. 
Neste caso, tivemos um final feliz, pois nada aconteceu com a criança. 
Mas e se o resultado morte ocorresse? A mãe seria responsabilizada? 
Claro que sim, pois produziu um resultado indesejado, não previsto e nem 
querido, que podia, com a devida atenção (acionamento dos freios), ser 
evitado. 
 
Bom, agora que você já sabe o conceito geral de crime culposo, vamos 
prosseguir com uma análise mais detalhada desta espécie de delito. Conforme 
já vimos, dentro de uma concepção finalista, culpa é o elemento normativo da 
CONDUTA, pois sua constataçãodepende da valoração do caso concreto. 
Os crimes culposos, normalmente, são previstos no chamado tipo penal 
aberto, pois a lei não diz expressamente no que consiste o comportamento 
culposo, reservando esta avaliação ao Juiz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entretanto, é importante ressaltar que nada impede a definição de um crime 
culposo em um tipo fechado, tal como ocorre no delito de receptação culposa 
previsto no Código Penal. Observe: 
 
Art. 180 
[...] 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
TIPO PENAL ABERTO 
FALA-SE EM TIPO ABERTO QUANDO O LEGISLADOR, EM RAZÃO DA 
IMPOSSIBILIDADE DE PREVER TODAS AS CONDUTAS PASSÍVEIS DE 
ACONTECER NA SOCIEDADE, CRIA TIPOS NOS QUAIS NÃO DESCREVE 
DE FORMA COMPLETA E PRECISA O COMPORTAMENTO CONSIDERADO 
PROIBIDO E CRIMINOSO, O QUE IMPÕE A NECESSIDADE DE 
COMPLEMENTAÇÃO PELO INTÉRPRETE DA NORMA. 
NESSA LINHA, TIPO ABERTO É AQUELE QUE TRAZ EM SEU BOJO 
REQUISITOS NORMATIVOS, DE FORMA A EXIGIR DO APLICADOR DO 
DIREITO A REALIZAÇÃO DE JUÍZO NORMATIVO. 
EXEMPLIFICANDO: PRATICAR ATO OBSCENO. A NORMA PENAL NÃO 
ESPECIFICA O QUE SEJA ATO OBSCENO, CABENDO AO INTÉRPRETE 
BUSCAR A SUA DEFINIÇÃO. 
 
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§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela 
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem 
a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. (grifo 
nosso) 
 
3.2.1 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO 
 
Após estes conceitos iniciais, vamos aprofundar o assunto verificando os 
elementos que compõem o crime culposo. São eles: 
 
1. CONDUTA HUMANA; 
2. VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO; 
3. RESULTADO NATURALÍSTICO; 
4. NEXO CAUSAL; 
5. TIPICIDADE; e 
6. PREVISIBILIDADE. 
 
3.2.1.1 CONDUTA HUMANA 
 
Como já estudamos, nos crimes dolosos a vontade do agente está 
focada na realização de resultados objetivos ilícitos. O FIM 
ALMEJADO OU ACEITO É ILÍCITO. 
Diferentemente, nos crimes culposos o que importa não é o fim do 
agente (que é normalmente lícito), mas o modo e a forma imprópria 
com que atua. 
Os tipos culposos proíbem, assim, condutas em decorrência da 
forma de atuar do agente para um fim proposto, e não pelo fim em 
si. 
Se um motorista, por exemplo, dirige velozmente para chegar a 
tempo de assistir à missa domingueira e vem a atropelar um 
pedestre, o fim lícito não importa, pois agiu ilicitamente ao não 
atender ao cuidado necessário a que estava obrigado em sua ação, 
dando causa ao resultado lesivo (lesão, morte). 
Essa inobservância do dever de cuidado faz com que essa sua ação 
configure uma ação típica. 
Para ficar ainda mais claro, podemos dizer que no crime culposo a 
vontade do agente se limita a pratica de uma conduta perigosa, 
por ele aceita e desejada. 
 
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“Mas professor, nos vimos que no dolo eventual o agente também 
não quer diretamente atingir o fim ilícito. Qual a diferença?” 
Perceba que no dolo eventual ele prevê o resultado e, embora não o 
queira propriamente atingir, pouco se importa com a sua ocorrência. 
Diferentemente, na culpa, o agente, sinceramente, não quer e 
acredita que o resultado não vai ocorrer. Isso ainda ficará mais claro 
no decorrer da aula. Fique tranquilo(a). 
Para finalizar, é importante citar que o crime culposo pode ser 
praticado por ação ou omissão. 
 
3.2.1.2 VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO 
 
Sabemos que uma das principais características da vida em sociedade 
é a impossibilidade de se fazer tudo o que é almejado, pois os 
interesses de terceiras pessoas e da própria comunidade impõem 
barreiras que não podem ser afrontadas. 
Mais quais são essas barreiras? 
Há algum tempo falava-se muito da necessidade de se utilizar o cinto 
de segurança, entretanto, poucas pessoas usavam. 
Após a normatização da conduta, trazendo previsão de penalização, o 
que aconteceu? Todos começaram a usar. 
Neste sentido, fica claro que estas barreiras são impostas pelo próprio 
ordenamento jurídico a todas as pessoas, visando regular o pacífico 
convívio social e garantir o DEVER OBJETIVO DE CUIDADO. 
E o que é esse dever objetivo de cuidado? 
Quem vive em sociedade não deve causar dano a terceiro, sendo-lhe 
exigido o dever de cuidado, indispensável para evitar tais lesões. 
Assim, se o agente não observa esses cuidados, causando com isso 
dano a bem jurídico alheio, responderá por ele. 
Como muitas das atividades humanas podem provocar perigo para os 
bens jurídicos, sendo inerentes a elas um risco que não pode ser 
suprimido inteiramente sob pena de serem totalmente proibidas 
(dirigir um veículo, operar um maquinismo, lidar com substâncias 
tóxicas etc.), procura a lei estabelecer quais os deveres e cuidados 
que o agente deve ter quando desempenha certas atividades 
(velocidade máxima permitida nas ruas e estradas, utilização de 
equipamento próprio em atividades industriais, exigência de 
autorização para exercer determinadas profissões etc.). 
Em razão de existir em todo delito culposo essa VIOLAÇÃO AO 
DEVER OBJETIVO DE CUIDADO, alguns doutrinadores referem-se 
a ele como o objeto central de estudo do “Direito Penal da 
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Negligência”, o gênero que teria como espécies as seguintes 
MODALIDADES: 
 
• NEGLIGÊNCIA; 
• IMPERÍCIA ; 
• IMPRUDÊNCIA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2.1.3 RESULTADO NATURALÍSTICO 
 
No crime culposo, o resultado naturalístico funciona como elementar 
do tipo penal. Sendo assim, podemos concluir que: 
 
 
 
 
RELEMBRANDO!!! 
IMPERÍCIA É QUANDO ALGUÉM QUE DEVERIA DOMINAR UMA TÉCNICA 
NÃO A DOMINA. É O CASO DO MÉDICO QUE ERRA NA HORA DE SUTURAR 
UM PACIENTE. 
DEPOIS DE SEIS ANOS ESTUDANDO MEDICINA, ELE DEVERIA SABER 
SUTURAR. SE NÃO SABE, É IMPERITO. 
NEGLIGÊNCIA É QUANDO AQUELE QUE DEVERIA TOMAR CONTA PARA 
QUE UMA SITUAÇÃO NÃO ACONTEÇA, NÃO PRESTA A DEVIDA ATENÇÃO 
E A DEIXA ACONTECER. 
É O CASO DA MÃE QUE DEVERIA TOMAR CONTA DO NENÉM QUANDO 
ESTÁ DANDO BANHO NELE, VAI ATENDER O TELEFONE E O NENÉM 
ACABA SE AFOGANDO. ELA NÃO QUERIA E NEM ASSUMIU O RISCO DE 
MATÁ-LO, MAS NÃO TOMOU CONTA O SUFICIENTE PARA EVITAR SUA 
MORTE. 
IMPRUDENTE É A PESSOA QUE NÃO TOMA OS CUIDADOS QUE UMA 
PESSOA NORMAL TOMARIA. É A PESSOA QUE, AO DAR MARCHA-RÉ COM 
O CARRO, ESQUECE DE OLHAR PARA TRÁS E ACABA ATROPELANDO 
ALGUÉM. 
TTOODDOO CCRRIIMMEE CCUULLPPOOSSOO ÉÉ UUMM 
CCRRIIMMEE MMAATTEERRIIAALL!!!!!! 
IIMMPPRRUUDDÊÊNNCCIIAA,, NNEEGGLLIIGGÊÊNNCCIIAA EE IIMMPPEERRÍÍCCIIAA SSÃÃOO 
MMOODDAALLIIDDAADDEESS,, EE NNÃÃOO EESSPPÉÉCCIIEESS DDEE CCUULLPPAA.. 
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Em si mesma, a inobservância do dever de cuidado não constitui 
conduta típica porque é necessário outro elemento do tipo culposo: o 
resultado. 
Só haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao cuidado 
resultar lesão a um bem jurídico. Se, apesar da ação descuidada do 
agente, não houver resultado lesivo, não haverá crime culposo.O resultado não deixa de ser um "componente de azar" da conduta 
humana no crime culposo (dirigir sem atenção pode ou 
não causar colisão e lesões em outra pessoa). 
Não existindo o resultado (não havendo a colisão), não 
se responsabilizará por crime culposo o agente que 
inobservou o cuidado necessário, ressalvada a hipótese 
em que a conduta constituir, por si mesma, em um ilícito 
penal (a contravenção de direção perigosa de veículo, prevista no art. 
34 da LCP, por exemplo). 
A exigência do resultado lesivo para a existência do crime culposo 
justifica-se pela função política garantidora que deve orientar o 
legislador na elaboração do tipo penal. 
Não haverá crime culposo mesmo que a conduta contrarie os 
cuidados objetivos e se verifique que o resultado se produziria da 
mesma forma, independentemente da ação descuidada do agente. 
Assim, se alguém se atira sob as rodas do veículo que é dirigido pelo 
motorista na contramão de direção, não se pode imputar a este o 
resultado (morte do suicida). Trata-se, no caso, de mero caso 
fortuito. 
Evidentemente, deve haver no crime culposo, como em todo fato 
típico, a relação de causalidade entre a ação e o resultado, 
obedecendo-se ao que dispõe a lei brasileira no art. 13 do CP. 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do 
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido. 
 
3.2.1.4 NEXO CAUSAL 
 
Como se trata de crime MATERIAL há que ser verificado a relação entre a 
conduta e o resultado a fim de caracterizar o delito, ou seja, em 
consonância com a teoria da equivalência dos antecedentes causais, 
deve ser provado que o RESULTADO ADVEIO DA CONDUTA. 
 
 
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3.2.1.5 TIPICIDADE 
 
Sendo elemento do fato típico nos crimes materiais consumados, a 
tipicidade precisa estar presente para a configuração do crime culposo. 
Como já vimos, nada mais é do que a adequação do fato concreto ao 
descrito na lei. 
 
3.2.1.6 PREVISIBILIDADE OBJETIVA 
 
É a possibilidade de uma pessoa comum, com 
inteligência mediana, prever o resultado. 
Com você já sabe, o tipo culposo é diverso do doloso. 
Há na conduta não uma vontade dirigida à realização 
do tipo, mas apenas um conhecimento potencial de 
sua concretização, vale dizer, uma possibilidade de 
conhecimento de que o resultado lesivo pode ocorrer. 
Esse aspecto subjetivo da culpa é a possibilidade de conhecer o perigo 
que a conduta descuidada do sujeito cria para os bens jurídicos alheios e 
a possibilidade de prever o resultado conforme o conhecimento do 
agente. A essa possibilidade de conhecimento e previsão dá-se o nome 
de previsibilidade. 
A previsibilidade, conforme o Professor Damásio, “é a possibilidade de 
ser antevisto o resultado, nas condições em que o sujeito se encontrava. 
Exige-se que o agente, nas circunstâncias em que se encontrava, 
pudesse prever o resultado de seu ato. A condição mínima de culpa em 
sentido estrito é a previsibilidade; ela não existe se o resultado vai além 
da previsão.” 
 
Mas qual fato não pode ser previsto pelo homem? Não se pode prever 
que existe a possibilidade de um louco se jogar na frente de um carro? 
Claro que sim, há louco para tudo neste mundo! 
É evidente, porém, que não é essa previsibilidade em abstrato de que se 
fala, pois, se não se interpreta o critério de previsibilidade informadora 
da culpa com certa flexibilidade, o resultado lesivo sempre seria atribuído 
a seu causador. 
Não se pode confundir o dever de prever, fundado na diligência ordinária 
de um homem qualquer, com o poder de previsão. Diz-se, então, que 
estão fora do tipo penal dos delitos culposos os resultados que estão fora 
da previsibilidade objetiva de um homem razoável, não sendo culposo o 
ato quando o resultado só teria sido evitado por pessoa extremamente 
prudente. 
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Assim, só é típica a conduta culposa quando se puder estabelecer que o 
fato era possível de ser previsto pela perspicácia comum, normal dos 
homens. Esse indivíduo comum, de atenção, diligência e perspicácia 
normais à generalidade das pessoas é o que se convencionou chamar de 
HOMEM MÉDIO. 
Os homens, porém, são distintos no que concerne à inteligência, 
sagacidade, instrução, conhecimentos técnicos específicos etc., variando 
a condição de prever os fatos em cada um. 
Assim, a previsibilidade, segundo a doutrina, deve ser estabelecida 
também conforme a capacidade de previsão de cada indivíduo. A essa 
condição dá-se o nome de previsibilidade subjetiva. 
Verificado que o fato é típico diante da previsibilidade objetiva (do 
homem razoável), só haverá reprovabilidade ou censurabilidade da 
conduta (culpabilidade) se o sujeito pudesse prevê-la (previsibilidade 
subjetiva). 
 
Vamos exemplificar: 
 
José, um exímio atirador, realiza a conduta voluntária de limpar sua 
pistola em um quarto onde seus sobrinhos estão brincando. 
Age com inobservância do cuidado objetivo manifestado através da 
imprudência, que é a prática de um ato perigoso. 
Como assim? 
Embora saiba dos riscos de acidente que a limpeza de arma de fogo traz, 
espera levianamente que nada ocorra, pois confia na sua perícia no trato 
com armas. Dessa forma, dá um golpe de segurança na arma para que 
se houvesse algum cartucho na câmara este fosse ejetado, retira o 
carregador e começa a limpeza da arma apontando-a sempre no sentido 
oposto do que brincam seus sobrinhos. 
Durante a limpeza, a arma dispara, o projétil atinge a janela, ricocheteia 
e lesiona seu sobrinho. 
Ocorre que José deveria, antes de dar o golpe de segurança, ter retirado 
o carregador, pois da forma como agiu, colocou um projétil na câmara da 
arma. 
Percebe-se, no exemplo citado, que o homem prudente e de 
discernimento (homem médio) colocado nas condições de José não agiria 
como ele agiu, pois não precisa ser um atirador perfeito para saber do 
perigo existente na limpeza de um armamento. 
Dessa forma, configurada está a previsibilidade objetiva. 
Quando, ao comparar a conduta do sujeito com o dever de cautela 
genérico, observa-se que ele não agiu da forma imposta pelo cuidado 
objetivo, facilmente conclui-se que o fato é típico. 
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3.2.2 ESPÉCIES DE CULPA 
 
Quanto às espécies, podemos classificar a culpa em: 
 
3.2.2.1 CULPA CONSCIENTE X CULPA INCONSCIENTE 
 
Essa divisão tem como fator distintivo a previsão do agente acerca do 
resultado naturalístico provocado pela sua conduta. 
Na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas espera que ele 
não ocorra. Acredita o agente que pode evitá-lo com suas habilidades 
(culpa com previsão). 
Exemplo clássico dessa espécie de culpa é dada pelo Professor Mirabete, 
no qual o caçador, avistando um companheiro próximo ao animal que 
deseja abater, confia em sua habilidade de exímio atirador para não 
atingi-lo, mas, quando dispara, acaba causando a morte da vítima. 
Diferentemente, na culpa inconsciente, o resultado não é previsto 
pelo agente, embora previsível. É a culpa comum, que se manifesta pela 
imprudência, negligência ou imperícia. 
Caro aluno, tudo claro? Então agora pergunto um dos principais 
questionamentos trazidos pelas bancas. Existe diferençaentre CULPA 
CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL? 
Resposta: Claro que sim!!! A culpa consciente se diferencia do dolo 
eventual. 
No dolo eventual o agente tolera a produção do resultado, o evento 
lhe é indiferente, tanto faz que ele ocorra ou não. Ele assume o risco de 
produzi-lo. 
Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o resultado, não 
assume o risco e nem ele lhe é tolerável ou indiferente. O evento 
lhe é representado (previsto), mas confia em sua não-produção. 
Para resumir tudo isso e você NÃO ERRAR EM PROVA, imagine que Tício 
comete uma conduta que ocasiona um resultado naturalístico 
penalmente punível. 
Qual será a frase adequada para Tício no caso de dolo eventual? 
E no caso de culpa consciente? 
 
Abaixo apresento a resposta (Com uma linguagem bem clara!!!): 
 
 
 
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3.2.2.2 CULPA PRÓPRIA X CULPA IMPRÓPRIA 
 
Esta classificação baseia-se na intenção de produzir o resultado 
naturalístico. 
 
Na culpa própria ou propriamente dita o agente não quer e nem 
assume o risco de produzir o resultado. É, por assim dizer, a culpa 
propriamente dita. 
Contrariamente, na culpa imprópria ou por extensão ou por 
assimilação ou por equiparação, o agente por erro, fantasia ou outra 
situação fática, que se real justificaria sua conduta, provoca 
intencionalmente um resultado ilícito. 
Cuida-se, na verdade, de dolo, eis que o agente quer a produção do 
resultado, mas, por motivos da política criminal, no entanto, o Código 
Penal aplica a um crime doloso a punição correspondente a um crime 
culposo. (art. 20, par. 1º, CP). 
 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de 
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se 
previsto em lei. 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado 
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, 
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro 
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo 
 
Vamos exemplificar a culpa imprópria: 
Mévia, 16 anos, é proibida pelos pais de se encontrar com Tício, seu 
namorado. Triste com tal situação, e sem poder sair de casa pela porta 
no período noturno, resolve sair pela janela. 
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Prosseguindo no seu intento, desce pela janela até o quintal, passa pelos 
quatro cachorros da casa que, por conhecerem a menina, não latem e, 
por fim, vai ao encontro do amado. 
Aproximadamente às 2 da manhã, Mévia volta para sua casa, passa 
pelos cachorros, que novamente não latem, e começa a subir na sacada 
para entrar pela janela. 
Caio, pai de Mévia, avista um vulto tentando entrar em sua casa e atira 
certeiramente. Ao descer para ver o corpo, percebe que alvejou sua 
filha. 
O agente efetuou os disparos com arma de fogo, com intenção de matar. 
Tinha dolo direto. Agiu, contudo, com o chamado “ERRO INESCUSÁVEL 
QUANTO À ILICITUDE DO FATO”, pois foi imprudente. 
“Mas como assim imprudente?” 
Ele poderia ter sido mais cauteloso, já que o vulto não trazia ameaça e, 
com o silêncio dos cachorros, somente poderia ser pessoa da casa. 
Desta forma, responde por homicídio culposo. 
 
3.2.3 COMPENSAÇÃO DE CULPAS 
 
Vamos começar este tópico exemplificando para facilitar o entendimento: 
Imagine que Tício avança o semáforo no sinal vermelho e, 
concomitantemente, um carro trafega na contramão. Os dois batem e ficam 
com lesões corporais. 
Neste caso, como fica claro, os dois foram imprudentes e se enquadram no 
delito de lesão corporal culposa. Será possível a compensação de culpas? 
A resposta é NEGATIVA, ou seja: 
 
 
 
 
 
3.2.4 EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO 
 
O parágrafo único do artigo 18 do Código Penal deixa claro que só haverá 
penalização para um delito cometido de forma culposa quando houver 
previsão legal. Observe: 
 
Art. 18 [...] 
NNÃÃOO SSEE AADDMMIITTEE AA CCOOMMPPEENNSSAAÇÇÃÃOO DDEE CCUULLPPAASS NNOO DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL 
BBRRAASSIILLEEIIRROO,, UUMMAA VVEEZZ QQUUEE PPRREEVVAALLEECCEE OO CCAARRÁÁTTEERR PPÚÚBBLLIICCOO DDAA 
SSAANNÇÇÃÃOO PPEENNAALL CCOOMMOO FFUUNNDDAAMMEENNTTOO PPAARRAA AA SSUUAA PPRROOIIBBIIÇÇÃÃOO.. 
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Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém 
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o 
pratica dolosamente. 
 
O furto, por exemplo, por não trazer previsão, não existe na modalidade 
culposa. 
Para complementar, veja as importantes palavras do STJ: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2.5 TENTATIVA NO CRIME CULPOSO 
 
O crime se diz tentado quando o agente não o consuma por circunstâncias 
alheias à sua vontade. O intento do agente era consumar a infração, atingir 
o bem jurídico protegido na extensão pretendida, todavia, é interrompido, 
mas não por vontade própria. 
Essa vontade qualifica-se como dolosa, porque a intenção do agente era 
consumar a infração penal ou produzir o resultado criminoso. 
Nos crimes culposos, não se admite a tentativa porque a vontade inicial é 
dirigida ao descumprimento único e exclusivo do dever objetivo de cuidado, 
mas não se vincula, em momento algum, a vontade com a realização do 
resultado, sob pena de se verificar a modalidade dolosa. 
Então se cair na prova que a TENTATIVA nunca é aceita para delitos 
culposos, está correto??? NÃÃÃÃÃÃÃOOOOO, pois: 
 
 
 
 
STJ - HABEAS CORPUS: HC 12161 SP 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. DENÚNCIA. 
INÉPCIA. EX-PREFEITO MUNICIPAL. CRIME DE RESPONSABILIDADE. 
DECRETO-LEI Nº 201/67. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO 
PENAL. EXAME APROFUNDADO DE PROVAS. Súmula 164-STJ:"O prefeito 
municipal, após a extinção do mandato, continua sujeito a processo por 
crime previsto no art. 1º, do Decreto-Lei nº 201, de 27.2.67." 
De acordo com o princípio da excepcionalidade dos crimes culposos 
(parágrafo único do art. 18 do CP)a punição por dolo é a regra, 
enquanto a sanção por culpa é excepcional, só sendo admitida 
quando a lei textualmente o prevê. (grifo nosso) 
ÉÉ AADDMMIITTIIDDAA AA TTEENNTTAATTIIVVAA NNAA HHIIPPÓÓTTEESSEE DDEE 
CCUULLPPAA IIMMPPRRÓÓPPRRIIAA!!!!!! 
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Resumindo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CCUULLPPAA 
MMOODDAALLIIDDAADDEESS 
EESSPPÉÉCCIIEESS 
IIMMPPRRUUDDÊÊNNCCIIAA 
NNEEGGLLIIGGÊÊNNCCIIAA 
IIMMPPEERRÍÍCCIIAA 
CCOONNSSCCIIEENNTTEE 
IINNCCOONNSSCCIIEENNTTEE 
PPRRÓÓPPRRIIAA 
IIMMPPRRÓÓPPRRIIAA 
EELLEEMMEENNTTOOSS 
CCOONNDDUUTTAA 
HHUUMMAANNAA 
VVIIOOLLAAÇÇÃÃOO DDOO 
DDEEVVEERR OOBBJJEETTIIVVOO 
DDEE CCUUIIDDAADDOO 
RREESSUULLTTAADDOO 
NNAATTUURRAALLÍÍSSTTIICCOO 
NNEEXXOO CCAAUUSSAALL 
TTIIPPIICCIIDDAADDEE 
PPRREEVVIISSIIBBIILLIIDDAADDEE 
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3.3 CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO 
 
Quando estudarmos a parte do Código Penal referente aos crimes e 
respectivas cominações, você perceberá que existem determinados delitos que 
possuem uma penalização definida para uma conduta básica e outras penas 
mais rigorosas previstas para resultados mais graves advindos da conduta. 
Têm-se denominado tais infrações de crimes qualificados pelo resultado. 
Observe um exemplo: 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de 
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
[...] 
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é 
de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se 
resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem 
prejuízo da multa. (grifo nosso) 
 
São quatro as espécies de crimes qualificados pelo resultado: 
 
1 – DOLO NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQÜENTE ��� Há intenção 
do agente de praticar tanto a conduta típica quanto produzir o resultado 
agravador. 
Exemplo: O agente espanca vítima com a intenção de provocar-lhe aborto (art. 
129, § 2º, V). Tem dolo de lesões corporais e dolo de provocar, como 
conseqüência, o aborto. 
 
2 – CULPA NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQÜENTE ��� A prática do 
tipo dá-se de forma culposa, assim como seu resultado. 
Exemplo: Acidentalmente causa lesões corporais a outrem que, devido a elas, 
corre risco de vida (art. 129, § 1º, II). 
Outro exemplo é o caso dos crimes culposos de perigo comum, resultando 
lesão corporal grave ou morte. Veja: 
 
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão 
corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é 
aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. 
No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena 
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aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena 
cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. 
 
3 – CULPA NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQÜENTE ��� A primeira 
conduta é culposa, mas a segunda, que a agrava, é cometida dolosamente. 
Exemplo: Sem querer, o agente causa lesões corporais, mas, propositalmente, 
deixa de prestar socorro (art. 129, § 7º). 
 
4 – DOLO NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQÜENTE (CRIME 
PRETERDOLOSO OU PRETERINTENCIONAL) ��� Neste caso, o agente 
produz mais do que pretende. Na primeira conduta, tem a intenção de praticá-
la, mas o resultado acaba sendo mais grave do que esperava ou queria. Esse é 
o chamado crime preterdoloso, pois o resultado foi pior do que pretendido. 
Exemplo: Tendo a intenção de provocar lesões à vítima, dá-lhe um soco; ela 
cai, bate a cabeça numa pedra e morre. 
Também existe no caso de latrocínio, se a morte após o roubo não era 
desejada (art. 157, § 3º). 
OBS: Se o agente do roubo assume o risco da qualificadora morte, teremos 
dolo no antecedente e dolo no consequente. Observe o elucidativo julgado do 
supremo tribunal Federal: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos agora tratar especificamente desta quarta espécie qualificadora que, 
como já visto, recebe a denominação de crime preterdoloso. 
 
3.3.1 CRIME PRETERDOLOSO 
 
STJ, RESP 418.183/DF 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. LATROCÍNIO. CONCURSO DE 
AGENTES. PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA. 
INAPLICABILIDADE. 
I - O roubo com morte é delito qualificado pelo resultado, 
sendo que este plus, na melhor dicção da doutrina, pode ser 
imputado na forma de dolo ou de culpa. 
II - No roubo, mormente praticado com arma de fogo, 
respondem, de regra, pelo resultado morte, situado 
evidentemente em pleno desdobramento causal da ação 
delituosa, todos que, mesmo não agindo diretamente na 
execução da morte, contribuíram para a execução do tipo 
fundamental (Precedentes). Se assumiram o risco, pelo evento 
respondem. Recurso provido 
 
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Preterdolo é uma expressão que advêm do latim praeter dolum, ou seja, 
além do dolo. Grosso modo, podemos dizer que o crime preterdoloso, 
também chamado de preterintencional, é aquele que ocorre quando a 
conduta dolosa gera a produção de um resultado mais grave do que o 
efetivamente desejado pelo agente. 
O crime preterdoloso é um crime misto, em que há uma conduta que é 
dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e que é culposa pela geração de outro 
resultado, ocorrido pela inobservância do cuidado objetivo, que não era 
objeto do crime fundamental. 
Não há aqui um terceiro elemento subjetivo ou forma nova de dolo ou 
mesmo de culpa. Como bem acentua Pimentel, "é somente a combinação 
de dois elementos - dolo e culpa - que se apresentam sucessivamente no 
decurso do fato delituoso: a conduta inicial é dolosa, enquanto o resultado 
final dela advindo é culposo. Há, como se tem afirmado, dolo no 
antecedente e culpa no conseqüente. 
Exemplo típico é o apresentado no artigo 129, parágrafo 3º, do Código 
Penal, que dispõe da seguinte forma: 
 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. [...] 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que 
o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de 
produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (grifei) 
 
Perceba, Caro(a) Aluno(a), que o legislador tipifica a conduta de gerar 
lesões corporais (caput) e adiciona um resultado agravador que é a morte 
da vítima produzida a título de culpa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.3.2 DISPOSIÇÃO DO CÓDIGO PENAL SOBRE O TEMA 
 
De forma bem objetiva para a sua PROVA, guarde o seguinte: 
PELO RESULTADO QUE AGRAVA A PENA, SÓ RESPONDE O AGENTE QUE O 
HOUVER CAUSADO AO MENOS CULPOSAMENTE, conforme leciona o artigo 
19 do Código Penal: 
 
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só 
responde o agente que o houver causado ao menos 
culposamente. 
 
Desta forma, o resultado mais grave, se culposo, deve ser objetivamente 
previsível, ou seja, previsível ao HOMEM MÉDIO para que possa ser 
imputado ao agente. 
 
3.4 ERRO DE TIPO 
 
Para começar este tópico, e a fim de que você entenda corretamente o 
assunto, é preciso que se faça uma pergunta: “Erro e ignorância são palavras 
sinônimas? “Em um primeiro momento, podemos dizer que não, mas para a 
SUA PROVA a resposta é SIM. 
“Mas como assim, professor?” 
Vamos compreender: 
O erro é um acontecimento humano de estado positivo, ou seja, o erro é a 
falsa representação da realidade, é a crença de ser A, sendo B, é o equivocado 
conhecimento de um elemento. 
Para o Direito, o erro é o vício de consentimento e, sendo este um 
acontecimento humano, não podia o Direito Penal deixar de tratar da matéria. 
A ignorância, por sua vez, é um acontecimento humano de estado negativo. 
A ignorância difere do erro por ser a falta (e não a falsa) de representação da 
realidade, o total desconhecimento, isto é, a ausência do saber de determinado 
objeto. 
Na ciência jurídica, no entanto, não cabe a diferenciação entre estado negativoe estado positivo do acontecimento humano. Para nossa disciplina legal, 
predomina uma tese unificadora. Ambos, erro e ignorância, no Direito Penal, 
são semelhantes em suas conseqüências ou, como nas palavras de Alcides 
Munhoz Neto: 
“incidem sobre o processo formativo da vontade, viciando-lhe o elemento 
intelectivo, ao induzir o sujeito a querer coisa diversa da que teria querido, se 
houvesse conhecido a realidade. 
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Sendo assim, podemos resumir que, para o Código Penal Brasileiro: 
 
 
 
3.4.1 CONCEITO 
 
Erro de tipo é a falsa percepção da realidade acerca dos elementos 
constitutivos do tipo penal. 
É o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre 
os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários 
da norma penal incriminadora. 
É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da 
figura típica incriminadora ou a presença de requisitos da norma permissiva. 
O erro de tipo pode ser: 
 
• ESSENCIAL ��� O erro recai sobre dados principais do tipo. 
Exemplo: Tício vai caçar na floresta e, para isso, esconde-se atrás de 
uma árvore. A fim de abater sua caça, aponta sua arma para uma moita, 
que não para de mexer (para frente e para trás). 
Acreditando ser uma onça, atira e acerta uma pessoa que estava lá. A 
pessoa morre. 
Ocorre erro de tipo, pois não sabia Tício que atirava em um ser humano. 
É erro de tipo essencial, pois recaiu sobre dado principal do tipo (art. 
121: matar alguém). 
 
• ACIDENTAL ��� O erro recai sobre dados periféricos do tipo. 
Exemplo: Mévio vai a um supermercado para furtar sal. Chegando em 
casa com o produto do furto, percebe que é açúcar. 
É erro de tipo, pois não sabia que estava subtraindo açúcar. 
É erro de tipo acidental, pois o fato de ser sal ou açúcar é periférico ao 
tipo. 
 
 
 
 
 
ERRO E IGNORÂNCIA SE EQUIVALEM!!! 
NNOO EERRRROO DDEE TTIIPPOO EESSSSEENNCCIIAALL,, OO AAGGEENNTTEE,, SSEE AAVVIISSAADDOO DDOO EERRRROO,, 
PPAARRAA IIMMEEDDIIAATTAAMMEENNTTEE OO QQUUEE IIAA FFAAZZEERR.. 
NNOO EERRRROO DDEE TTIIPPOO AACCIIDDEENNTTAALL,, OO AAGGEENNTTEE,, SSEE AAVVIISSAADDOO DDOO EERRRROO,, 
OO CCOORRRRIIGGEE EE CCOONNTTIINNUUAA AA AAGGIIRR IILLIICCIITTAAMMEENNTTEE.. 
 
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O erro de tipo encontra previsão no artigo 20 e parágrafos do CP: 
 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de 
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se 
previsto em lei. 
 
Antes de prosseguirmos, alguns conceitos são necessários. Sendo assim, 
vamos abrir o nosso já conhecido dicionário do concurseiro e aprender, ou 
relembrar, conceitos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.4.2 ESPÉCIES 
 
O erro de tipo essencial pode ser de duas espécies: 
1. INESCUSÁVEL, VENCÍVEL OU INDESCULPÁVEL ��� Neste caso, 
apesar do erro, fica claro que tal poderia ter sido evitado. É a mesma 
situação que já vimos quando tratamos do conceito de HOMEM MÉDIO 
relacionado com a culpa. 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
 
• TIPO PENAL ��� É O CONJUNTO DOS ELEMENTOS DO CRIME DESCRITOS NA 
NORMA PENAL. TODO TIPO PENAL POSSUI, NO MÍNIMO, UM NÚCLEO, QUE VEM A 
SER O “VERBO” QUE REPRESENTA A CONDUTA (AÇÃO OU OMISSÃO) HUMANA 
DESCRITA. 
• ELEMENTOS OBJETIVOS ��� OS ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO REFEREM-SE AO 
ASPECTO MATERIAL DA INFRAÇÃO PENAL, DIZENDO RESPEITO À FORMA DE 
EXECUÇÃO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC. 
• ELEMENTOS SUBJETIVOS ��� OS ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL, 
TAMBÉM CONHECIDOS NA DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DO INJUSTO, 
DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLÓGICO DO AGENTE, OU SEJA, À SUA 
INTENÇÃO. 
• ELEMENTOS NORMATIVOS ��� OS TIPOS PENAIS PODEM CONTER ELEMENTOS NA 
SUA FORMAÇÃO QUE NÃO SÃO DE COMPREENSÃO IMEDIATA, COMO OS 
ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZÃO DA NECESSIDADE DE UM JUÍZO 
DE VALOR SOBRE OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTÉM ELEMENTOS 
NORMATIVOS, ALÉM DE O LEGISLADOR INCLUIR EXPRESSÕES COMO MATAR, 
SUBTRAIR, OFENDER, ETC., INCLUI AINDA EXPRESSÕES COMO SEM ‘JUSTA 
CAUSA’, ‘INDEVIDAMENTE’, ‘FRAUDULENTAMENTE’, ETC., QUE SÃO CONSIDERADOS 
ELEMENTOS NORMATIVOS. 
• ELEMENTARES ��� DENOMINAM-SE ELEMENTARES AS EXPRESSÕES (PALAVRAS OU 
SIGNOS LINGÜÍSTICOS) QUE DESCREVEM O CONTEÚDO BÁSICO DO TIPO PENAL, 
SEM AS QUAIS A DESCRIÇÃO RESTA INCOMPLETA. SÃO ELEMENTARES DO TIPO 
PENAL DESCRITO NO ARTIGO 155 DO CP (CRIME DE FURTO): “SUBTRAIR PARA SI 
OU PARA OUTREM, COISA ALHEIA MÓVEL”. 
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2. ESCUSÁVEL, INVENCÍVEL, DESCULPÁVEL ��� É o erro que não 
advêm da CULPA do agente, ou seja, qualquer pessoa MÉDIA, naquela 
situação, incidiria naquele erro. 
 
A partir da análise destas duas espécies no caso concreto serão definidos os 
efeitos de erro de tipo. Desde já é importante citar que, nos termos do 
“caput” do artigo 20 do CP, seja o erro INESCUSÁVEL ou ESCUSÁVEL, ele 
SEMPRE EXCLUI O DOLO. 
Mas e a culpa? 
Aí sim vai depender da espécie, ou seja, o erro escusável EXCLUI O DOLO 
E A CULPA, gerando a impunidade total do fato. 
Diferentemente, o erro inescusável exclui o dolo, mas permite a punição 
por crime culposo. 
Desta forma, podemos afirmar que, se Tício, por não olhar a placa do 
veículo, leva o carro alheio para sua casa, ele será punido a título de culpa, 
por tratar-se de crime inescusável, correto? ERRADO!!!!! 
Como vimos, a penalização por crime culposo tem caráter excepcional e 
como a lei não tipifica a conduta CULPOSA para o crime de furto, 
independentemente de ser escusável ou inescusável, permanecerá o agente 
impune. 
Resumindo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.4.3 DESCRIMINANTES PUTATIVAS 
 
Caro(a) Aluno(a), neste tópico vou adentrar somente no que importa para 
sua PROVA, não abordando assim aspectos referentes à culpabilidade. 
Sobre as descriminantes putativas, preceitua o Código Penal: 
ERRO DE 
TIPO 
ESSENCIAL 
INESCUSÁVEL 
ESCUSÁVEL 
EXCLUI O DOLO E 
A CULPA 
EXCLUI O DOLO, 
MAS NÃO A 
CULPA 
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Art. 20 [...] 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado 
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, 
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro 
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
 
Putativo significa algo que se supõe verdadeiro, embora, na verdade, não o 
seja. Há uma incongruência ou contradição entre a representação fática do 
agente e a situação objetiva ou real. 
No momento da conduta, o autor imagina ser esta não-ilícita, pois supõe 
existir uma situação que na verdade não há. Se tal situação realmente 
existisse, a conduta do agente tornar-se-ia lícita. 
Portanto, dois pontos extremos são as chaves para a compreensão das 
descriminantes putativas: o mundo real e o mundo imaginário. As condutas 
praticadas na realidade apresentam sua ilicitude. Porém, no plano das 
idéias do agente as mesmasteriam seu caráter lícito. 
 
 
 
 
 
 
 
Ainda estudaremos a fundo as excludentes de ilicitude, mas por enquanto é 
importante ao menos uma noção básica: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPREENDER PARA APRENDER 
EXCLUSÃO DE ILICITUDE É UMA CAUSA EXCEPCIONAL QUE RETIRA O 
CARÁTER ANTIJURÍDICO DE UMA CONDUTA TIPIFICADA COMO CRIMINOSA. 
NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, SÃO CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE: 
• ESTADO DE NECESSIDADE - QUANDO O AUTOR PRATICA A CONDUTA 
PARA SALVAR DE PERIGO ATUAL DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO. 
• LEGÍTIMA DEFESA - CONSISTE EM REPELIR MODERADAMENTE 
INJUSTA AGRESSÃO A SI PRÓPRIO OU A OUTRA PESSOA. 
• ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL - QUANDO O AUTOR TEM 
O DEVER DE AGIR E O FAZ DE ACORDO COM DETERMINAÇÃO LEGAL. 
• EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO - CONSISTE NA ATUAÇÃO DO 
AGENTE DENTRO DOS LIMITES CONFERIDOS PELO ORDENAMENTO 
LEGAL. 
EM SÍNTESE, DESCRIMINANTE PUTATIVA É UMA CAUSA 
EXCLUDENTE DE ILICITUDE, ERRONEAMENTE IMAGINADA PELO 
AGENTE. ELA NÃO EXISTE NA REALIDADE, MAS O AGENTE PENSA 
QUE SIM, POIS ESTÁ ERRADO. 
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A doutrina admite três hipóteses de descriminantes putativas: 
 
a) Erro sobre os pressupostos fáticos (supor situações de fato) de 
uma causa de exclusão da ilicitude. � Imaginemos que Tício está na 
rua e avista Mévio, seu desafeto. Ao se aproximar, Mévio coloca a mão no 
bolso e Tício, imaginando que Mévio tiraria uma arma, efetua 3 disparos 
certeiros, matando Mévio. 
Posteriormente, Tício, que pensou estar agindo em legítima defesa, verifica 
que Mévio não possuía arma e iria somente tirar um isqueiro do seu bolso. 
Ocorreu a chamada LEGITIMA DEFESA PUTATIVA. 
 
b) Erro relativo aos limites da causa de justificação � Caio, 
fazendeiro, fica o dia todo em sua janela com uma espingarda apontada 
para a entrada de sua propriedade. Sempre que um posseiro tenta invadir 
sua propriedade, ele, certeiramente, atira e mata o indivíduo. Cuida-se da 
figura do excesso, pois a defesa da propriedade não permite esse tipo de 
reação desproporcional. 
 
c) Erro sobre a existência da causa de justificação (supor estar 
autorizado) � Caio encontra sua mulher praticando adultério com Mévio. 
Sem pensar, pega sua arma e mata os dois. 
Imagina estar agindo de acordo com a LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA, que 
não é causa de exclusão de ilicitude aceita em nosso ordenamento jurídico. 
O agente errou quanto à existência da descriminante. 
 
O artigo 20, parágrafo 1º, trata unicamente da situação de ERRO SOBRE 
OS PRESSUPOSTOS FÁTICOS (SUPOR SITUAÇÕES DE FATO) DE UMA 
CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE e atribui os seguintes efeitos: 
 
 
 
 
 
 
 
3.4.4 ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO 
 
Sobre o tema, dispõe o Código Penal: 
 
SITUAÇÃO DE FATO QUE, SE EXISTISSE, TORNARIA A AÇÃO LEGÍTIMA 
1–ERRO PLENAMENTE JUSTIFICADO � ISENTA DE PENA 
2–ERRO INESCUSÁVEL � RESPONDE POR CULPA (CASO HAJA PREVISÃO 
LEGAL) 
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Art. 20 
[...] 
 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 
Há determinadas situações nas quais o agente não erra por conta própria, 
mas sim de forma provocada, isto é, determinada por outrem (agente 
provocador). Este erro provocado pode ser doloso ou culposo. 
Quando o agente provocador atua com dolo, a ele será imputado o delito. 
Suponha-se que o médico, desejando matar o paciente, entrega à 
enfermeira uma injeção que contém veneno, afirma que se trata de um 
anestésico e faz com que ela a aplique. 
A enfermeira agiu por erro determinado por terceiro, e não dolosamente, 
respondendo apenas o médico. 
Ocorre que também pode o provocador agir culposamente e, nestes casos, 
teremos um efeito diferenciado. 
Imagine que um vendedor de carro, por engano, fornece um veículo sem 
freios para que um pretenso comprador realize um “test drive”. Ao sair da 
loja, o comprador atropela dois indivíduos. 
Neste caso, responde o agente provocador e também o provocado, desde 
que seu erro seja inescusável. 
 
3.4.5 ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA 
 
Caro(a) aluno(a), sabe aquele indivíduo que tudo 
que faz, faz errado? Então, é exatamente dele que 
trataremos agora. No erro sobre a pessoa, o sujeito, 
não satisfeito em decidir matar alguém, ainda ERRA 
a pessoa. 
É o caso de Tício, que querendo atirar em Mévio, 
confunde a pessoa visada e mata Caio. 
Atenção que aqui não estamos tratando de um indivíduo que erro o alvo e 
sim daquele que, por confusão, acredita estar matando A e acaba matando 
B. 
Sobre o tema, preceitua o Código Penal: 
 
Art. 20 
[...] 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado 
não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições 
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ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o 
agente queria praticar o crime. 
 
Perceba que o final do supra-exposto parágrafo diz que se deve considerar 
a qualidade da vítima contra quem o delito seria cometido. Sendo assim, 
imaginemos que Tício quer matar seu pai, mas o confunde com seu tio, 
irmão gêmeo, matando-o. Neste caso, a agravante, cometer crime contra 
ascendente, prevista no artigo 61, será aplicada? 
A resposta é positiva, pois não importa o que ocorreu e sim o que o agente 
queria que ocorresse. 
“Mas, professor, como vamos saber exatamente, na realidade, o que o 
agente estava pensando?” 
Boa pergunta... Depois que você passar na prova eu tento responder. Por 
enquanto, atenha-se à teoria!!! 
 
3.4.6 ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) 
 
Neste tipo de erro, diferentemente do ocorrido no erro sobre a pessoa, o 
agente não se confunde quanto à pessoa, mas erra o alvo e acaba 
acertando outra. 
Exemplo: Tício mira em Mévio, mas acerta uma criança. Neste caso, 
responderá pelo homicídio doloso, mas não de forma qualificada (crime 
cometido contra criança), pois, como vimos no item anterior, vale o que ele 
quer fazer e não o que ele fez. 
 
3.4.7 ERRO DE PROIBIÇÃO (ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO) X 
DESCONHECIMENTO DA LEI. 
 
Para começar este tema cabe uma importante pergunta: 
O não conhecimento da lei pode ser utilizado pelo agente como forma de 
ficar isento de pena? 
A resposta é negativa e o efeito deste desconhecimento encontra previsão 
no artigo 21 do Código Penal, que dispõe: 
 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro 
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se 
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua 
ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era 
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possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. 
(grifo nosso) 
 
Mas todos interpretam as leis da mesma forma? Claro que não. 
Imaginemos um indivíduo que, lendo a lei de drogas, “interpreta” ser 
possível a plantação em sua casa da planta da maconha para fins 
medicinais. Este indivíduo poderá alegar o TOTAL DESCONHECIMENTO 
DA LEI?A resposta é negativa, pois como vimos o desconhecimento da lei é 
inescusável. Entretanto, poderá alegar um erro quanto ao entendimento da 
ilicitude do fato, ou seja, um ERRO DE PROIBIÇÃO. 
O erro de proibição pode ser definido como a falsa percepção do agente 
acerca do caráter ilícito do fato típico por ele praticado, de acordo com um 
juízo profano, isto é, possível de ser alcançado mediante um procedimento 
de simples esforço de sua consciência. 
O indivíduo conhece a existência da lei penal, mas desconhece ou interpreta 
mal seu conteúdo, ou seja, não compreende adequadamente seu caráter 
ilícito. 
 
 
 
 
7 
 
 
 ******************************************************************** 
 
FUTURO(A) APROVADO, MUITO BOM!!! 
AQUI VOCÊ ACABA DE FINALIZAR MAIS UM 
IMPORTANTE TEMA RUMO À TÃO SONHADA 
APROVAÇÃO. 
DITO ISTO, RESPIRE FUNDO, RECARREGUE AS 
SUAS ENERGIAS E VAMOS À LUTA COM O 
ÚLTIMO TEMA DE NOSSA AULA!!! 
 
************************************************************* 
 
 
SE ESSE DESCONHECIMENTO FOR INEVITÁVEL, ISENTA 
DE PENA. 
DIFERENTEMENTE, SE EVITÁVEL, PODE REDUZIR A 
PENA. 
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3.5 ITER CRIMINIS 
 
Iter criminis é uma expressão em latim, que significa "caminho do delito", 
utilizada no direito penal para se referir ao processo de evolução de um crime, 
ou seja, descrevendo as etapas que se sucederam desde o momento em que 
surgiu a idéia do delito até a sua consumação. 
 O Iter criminis costuma ser divididos em duas fases: A fase interna e a fase 
externa. 
 
3.5.1 FASE INTERNA 
 
Na fase interna, dá-se a cogitação do crime. 
A cogitação refere-se ao plano intelectual acerca da prática criminosa, com 
a visualização do resultado querido. 
Essa fase é interna ao sujeito, está em sua mente, em sua cabeça, logo, 
não é punível. De fato, a conduta penalmente relevante é somente aquela 
praticada por seres humanos e projetada no mundo exterior. 
 
3.5.2 FASE EXTERNA 
 
A fase externa engloba os atos preparatórios, os atos de execução e a 
consumação do delito. 
 
• ATOS PREPARATÓRIOS ��� São atos externos ao agente, que passam da 
cogitação à ação objetiva, como, por exemplo, a aquisição da arma para 
a prática de homicídio. Os atos preparatórios, regra geral, não são 
puníveis. Com relação às exceções, não se preocupe para sua PROVA. 
 
• ATOS DE EXECUÇÃO ��� São aqueles dirigidos diretamente à prática do 
crime. No Brasil, o Código Penal, em seu artigo 14, inciso II, definiu que 
o crime se diz tentado quando iniciada a execução e esta não se 
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Assim, exige-se 
que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da própria 
conduta típica, adentrando no núcleo do tipo. 
É o caso, por exemplo, de efetuar disparos de arma de fogo contra uma 
pessoa 
 
• CONSUMAÇÃO ��� É aquela na qual estão presentes os elementos 
essenciais que constituem o tipo penal. É, por isso, um crime completo 
ou perfeito, pois a conduta criminosa se realiza integralmente. 
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Para exemplificar, em um homicídio em que a conduta é “matar alguém”, 
dizemos que o crime foi condumado com a morte de um ser humano 
provocado por outra pessoa. 
 
Resumindo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
************************************************************ 
 
 
 
 
 
 
 
OH YES, 
VOU 
MATAR!!! 
COGITAÇÃO PREPARAÇÃO 
PROIBIDO!!! 
IMAGENS 
FORTES!!! 
EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO 
JÁ 
COMPREI 
A ARMA 
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Caros alunos, 
 
Finalizamos mais uma aula e agora é hora de consolidar os conceitos com 
exercícios e uma atenta releitura dos pontos principais. 
Siga com força nos estudos, pois a prova está cada vez mais próxima e, em 
breve, se Deus quiser, todo esforço será coroado com a tão sonhada e tão 
esperada aprovação. 
Nos momentos de cansaço, imagine como poderá estar sua vida daqui a 
pouco tempo e lembre-se SEMPRE que só depende de você. 
 
Abraços e bons estudos, 
 
Pedro Ivo 
 
"Consulte não a seus medos, mas a suas esperanças e sonhos. 
Pense não sobre suas frustrações, mas sobre seu potencial não usado. Preocupe-se não com o 
que você tentou e falhou, mas com aquilo que ainda é possível a você fazer.” 
 
(Papa João XXIII) 
 
 
************************************************************ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou 
imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato 
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
Agravação pelo resultado 
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o 
houver causado ao menos culposamente. 
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Descriminantes putativas 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, 
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de 
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Erro determinado por terceiro 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
Erro sobre a pessoa 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. 
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da 
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. 
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EXERCÍCIOS 
 
1. (ESAF / MPU / 2004) É correto afirmar que: 
 
A) pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o 
houver causado dolosamente. 
B) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de pena. 
C) responde pelo crime o terceiro que não determina o erro. 
D) é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, 
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. 
E) no caso de erro sobrea pessoa, consideram-se para efeitos penais, as 
condições ou qualidades da vítima efetivamente atingida. 
 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS: 
Alternativa “A” � Vimos que existem delitos em que o resultado culposo agrava a 
pena. Exemplo: Crime Preterdolosos. 
Alternativa “B” � O erro quanto à pessoa não isenta de pena, nos termos do 
parágrafo 3º do artigo 20: 
 
Art. 20 
[...] 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de 
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, 
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
 
Alternativa “C” � Tenta confundir o candidato incluindo a palavra “não”. Na 
verdade, responde pelo crime o terceiro que DETERMINA o erro. Observe: 
 
Art. 20 
[...] 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 
Alternativa “D” � É a reprodução exata do parágrafo 1º do artigo 20, que versa 
sobre as descriminantes putativas. Observe: 
 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. 
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como 
crime culposo 
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Nesta questão fica clara a importância da leitura dos dispositivos do Código Penal. 
 
Alternativa “E” � No erro sobre a pessoa, consideram-se as qualidades de quem 
se queria atingir. 
 
2. (ESAF / MPU / 2004) A diferença entre dolo eventual e culpa 
consciente consiste no fato de que: 
 
A) no dolo eventual a vontade do agente visa a um ou outro resultado; e na culpa 
consciente o sujeito não prevê o resultado, embora este seja previsível. 
B) no dolo eventual a vontade do agente não visa a um resultado preciso e 
determinado; e na culpa consciente o agente conscientemente admite e aceita o 
risco de produzir o resultado. 
C) no dolo eventual, não é suficiente que o agente tenha se conduzido de maneira 
a assumir o resultado, exige-se mais, que ele haja consentido no resultado; já na 
culpa consciente, o sujeito prevê o resultado, mas espera que este não aconteça. 
D) se o agente concordou em última instância com o resultado, não agiu com dolo 
eventual, mas com culpa consciente. 
E) se não assumiu o risco de produzir, mas tão-só agiu com negligência, houve 
dolo eventual e não culpa consciente. 
 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS: Mais uma sobre dolo eventual e culpa consciente. Esse tipo de 
questão aparece muito em prova. A alternativa C trata de forma perfeita sobre 
estes dois institutos. 
Alternativa “A” � Na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas espera 
sinceramente não atingí-lo. Quando o agente não prevê o resultado, temos a 
culpa comum. 
Alternativa “B” � Insere o conceito de dolo indireto na culpa consciente. 
Alternativa “D” � Se o agente concorda com o resultado, age com dolo e não com 
culpa. 
Alternativa “E” � Se agiu com negligência, ocorreu CULPA e não DOLO. 
 
3. (ESAF / MPU / 2004) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é 
praticado: 
 
A) isenta o réu de pena, pois o agente visa a atingir certa pessoa e, por acidente 
ou erro no uso dos meios de execução, vem a atingir outra. 
B) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições que contarão 
para qualificar ou agravar o delito, serão as da vítima que se pretendia atingir e 
não as da efetivamente ofendida. 
C) não isenta o réu de pena, e o erro é reconhecido quando o resultado do crime é 
único e não houve intenção de atingir pessoa determinada. 
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D) isenta o réu de pena, e ocorre quando o agente, por erro plenamente 
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria 
a ação legítima. 
E) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições da vítima 
efetivamente atingida é que contarão para qualificar ou agravar o delito. 
 
GABARITO: B 
COMENTÁRIOS: Exige do candidato o conhecimento do parágrafo 3º do artigo 20 
do CP. 
 
 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de 
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, 
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
 
4. (ESAF / MPU / 2004) "Praticar, com o fim de transmitir a outrem 
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o 
contágio" (CP. art. 131). No texto - "com o fim de transmitir" - configura 
elemento: 
 
A) Subjetivo 
B) Naturalístico 
C) Normativo 
D) Subjetivo do tipo 
E) Circunstancial 
 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS: Com frequência encontramos em prova questões deste tipo, ou 
seja, exigindo a diferenciação entre os elementos do tipo. Para relembrar: 
ELEMENTOS OBJETIVOS DESCRITIVOS: São os objetos (coisas), seres 
(agentes), animais, coisas ou atos perceptíveis pelos sentidos. Não precisam de 
nenhuma valoração. 
ELEMENTOS NORMATIVOS: São aqueles que devem ter uma valoração, um 
juízo de valor. Como exemplo as expressões: “indevidamente”, “digna” , “saúde”. 
ELEMENTOS SUBJETIVOS: Vivem no interior no psiquismo do sujeito, na esfera 
do pensamento; todo dolo possui um elemento subjetivo que é a consciência. 
Como exemplo, "para ocultar desonra própria", "com o fim de transmitir doença a 
outrem", "de que se sabe inocente", “para si ou para outrem”. 
Logo, fica claro que temos na expressão destacada um elemento subjetivo do tipo, 
o qual será necessário para caracterizar a conduta tipificada a título de dolo. 
 
 
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5. (ESAF / Auditor Fiscal / 2003) No tocante ao erro quanto à ilicitude do 
fato, pode-se afirmar que: 
 
A) quando for evitável não se permite a redução da pena. 
B) é considerado evitável o erro se o agente atua ou se omite com a consciência 
da ilicitude do fato. 
C) o engano recai sobre elemento do tipo penal e exclui o dolo. 
D) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, 
poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
E) é também conhecido como erro de proibição, sendo o desconhecimento da lei 
escusável. 
 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS: Exige o conhecimento do artigo 21, que dispõe: 
 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, 
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um 
terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. 
 
Alternativa “A” � Se evitável, permite-se a redução da pena de um sexto a um 
teço. 
Alternativa “B” � Transcreve de forma errada o parágrafo único do artigo 21. É 
considerado evitável o erro se o agente atua ou se omite SEM a consciência da 
ilicitude. 
Alternativa “C” � A alternativa C trata de hipótese de erro de tipo e não de erro 
de proibição, pois afirma que o erro incide sobre elemento do tipo penal, excluído 
o dolo. 
Alternativa “D” � Resposta fácil de ser encontrada, pois reproduz o caput do 
artigo 21. 
Alternativa “E” � O desconhecimento da lei é INESCUSÁVEL. 
 
6. (ESAF / TCE – RN / 2000) "Exigir, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que

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